Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 19
Lembranças part. 1


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiii galera linda............Senti tanta falta de vcs......
Bem eu fiquei sem net por isso demorei, mais agr eu voltei u.u
Bem vou tentar voltar com o próximo cap rápido......
bjs espero que gostem.......



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Olho para o Simon ainda sem saber como agir. Eu estava surpresa pelo fato da nossa mãe já ter chegado na cidade e o Lipe ter ido atrás da Meg, justo dela!

Escutei um barulho de telefone e percebi que era o do Simon. Rapidamente ele atende e fica durante alguns minutos conversando, logo que ele desliga minha curiosidade fala mais alto.

– Quem era? – pergunto antes que pudesse segurar minha língua.

– A nossa mãe – responde estalando a língua, uma mania muito irritante devo dizer.

–De novo? – pergunto incrédula

– Sim, ela ligou para dizer que não encontrou nenhum ônibus que venha para cá antes da meia noite, por isso, perguntou se nós podíamos ir buscar ela, e eu disse que podia só que demoraria algum tempo. – Contou me olhando de soslaio.

– Ah ótimo era tudo que eu precisava – comentei ironicamente.

– Está reclamando de quê? – pergunta Simon levemente irritado, e antes que eu tivesse a chance de responder, vi Lipe saindo de dentro de casa, mas claro que não foi o fato de ele sair de dentro de casa que me deixou de boca aberta, e sim a maneira com a qual ele estava vestido. Ele usava uma camisa xadrez vermelha com preto de mangas curtas, levemente apertada nos músculos que estavam bem destacados, uma calça jeans um pouco apertada e... Que bunda é essa? E essas coxas? Ai que calor... Ok... Foco.

–Ei Lipe aonde vai desse jeito? – Simon perguntou com a testa franzida.

– Digamos que vá atrás da minha felicidade - Ele disse simplesmente com um sorriso de orelha a orelha.

– Será que essa felicidade tem nome? – pergunta novamente meu "maninho", só que agora com um sorriso travesso nos lábios.

– Nome e sobrenome – Lipe sorri e suspira - Bom, acho melhor eu ir. - Diz já saindo em direção da sua moto e saindo a mil como se a vida dele dependesse de achar a felicidade dele... Pera... Quem é a felicidade dele? Algum tempo depois, ouvi a voz do Simon.

– Poderia pelo menos ter tentado disfarçar – diz Simon sarcástico.

– Disfarçar o que? – pergunto meia avoada.

– O seu interesse no Lipe – diz com os olhos semi cerrados.

– Interesse no Caipira? Endoidou ? – indago não acreditando naquele absurdo.

– Só estou dizendo que poderia ter disfarçado – diz com um bico que eu consideraria fofo, se não estivesse brava com ele.

– Não tinha nada para ser disfarçado – retruquei irritada

– Sei... – Ele se limitou a dizer.

– Quer saber? – digo não esperando a resposta dele. – Tô pouco me lixando se você acredita ou não, até porque não te devo explicação nenhuma – Me levanto do chão e me afasto aos poucos dele.

–Onde você vai? – perguntou segurando meu braço sem nenhuma força.

– Me arrumar. Ainda temos que buscar a mamãe. - Então saí puxando meu braço.

Corri rapidamente para o andar de cima, torcendo para não encontrar a Margarida, as coisas ficariam feias se isso acontecesse. Soltei meus cabelos e senti a água escorrer pelo meu corpo. Enquanto escutava o barulho da água caindo, tentei manter a minha mente limpa de qualquer pensamento. Sem nada. Mas... O que é o nada? Qual o verdadeiro significado dessa palavra de quatro letras? Eu não sabia responder essa pergunta, e foi exatamente nisso que pensei durante o banho, não que eu tenha pensado no nada, mas sim no fato de eu não saber nada. Como não saber o que irá acontecer daqui dois minutos ou no simples fato e não saber o que meu " irmão " na verdade é meu.
Bom, olhando de um ângulo, eu consegui pensar no nada, de uma forma confusa, mas consegui.

Depois de longos cinco minutos, consegui achar uma roupa digamos boa, era uma blusa azul escuro de mangas curtas, uma calça jeans escura e peguei um All Star bege bem claro, coloquei uma pulseira de ouro e um brinco combinando, deixei meus cabelos soltos e passei um gloss claro. Minhas unhas estavam lindas pintadas com esmalte branco e preto. Logo em seguida coloquei algumas peças de roupa dentro de uma bolsa de lado. Dei uma última olhada no espelho e em seguida desci as escadas tomando cuidado para não tropeçar nos meus próprios pés, foi quando ouvi minha barriga roncando e fui até a cozinha a fim de preparar algo para comer. Mas, eu vi Meg e Simon juntos. Confesso que isso me fez perder a fome. Os dois ficaram me olhando.

– Perderam alguma coisa aqui? – perguntei irritada e sem esperar resposta, saí da cozinha e fui até o carro, onde entrei batendo a porta com uma força um tanto quanto exagerada... Mas, quem liga? Provavelmente o Simon, mas estou pouco me lixando para o que ele acha ou deixa de achar.

Assim que me acomodei no banco, vi o Simon entrar no carro com uma carranca enorme, provavelmente pelo fato de eu ter batido a porta fortemente.

Quem liga? Eu não. Margarida sentou ao seu LADO como se ela fosse muito importante, coitada se pensa assim.Olhei para o lado de fora da janela e percebi que seria uma longa viagem até Pontes e Lacerda, por isso coloquei meus fones de ouvido e comecei a escutar algumas músicas que Filipe tinha passado para mim alguns dias atrás...

Não sei ao certo quando dormi, apenas que quando acordei essa parte da música não saía da minha cabeça:

"Posso até sangrar

Que agora já não dói mais, me acostumei

Já parei de chorar

Quando alguém fala de você, eu sei

Te perdi, não dormi, me acabei

Nunca mais, volto atrás

Foi demais, não mereci

Teu amor, sabe Deus onde foi que eu errei

Tudo bem, mas essa noite eu sonhei

Com teus olhos nos meus olhos

Ouvi o som da tua voz

Dizendo que se arrependeu

To morrendo sim, de saudade

Me diz que a dor chegou ao fim

E você vai voltar pra mim"

– Bia.. – escutei Simon me chamando e vi que ele estava tentando me acordar.

– Sim? – Respondi ainda meio desnorteada e pensando na música.

– Levanta! Nós já estamos na rodoviária, e como nós dois sabemos uma hora dessas, a dona Wal deve estar soltando fogo pelo nariz por causa da nossa demora. – diz me puxando delicadamente.

– Ok – me limitei a dizer já saindo do carro com a ajuda dele, e olhando em volta freneticamente. - Aonde está a Meg? – perguntei do nada.

– Ela ficou no hospital – respondeu simplesmente.

Enquanto esperava o Simon acabar de trancar o carro, vasculhei o local a procura de uma perua (que ela nunca me ouça falando ou pensando isso), quando a avistei de longe no mesmo momento que ela também olhou em minha direção.
– Monze, encontrei ela – disse o chamando pelo apelido, pela primeira vez. Eu o puxei na direção dela, e percebi que parecia que fazia décadas que eu não a via, quando na verdade não tinha se passado nem uma semana.

– Filhos? - minha mãe chamou hesitante.

– Oi mãe – a cumprimentei meio fria.

– Olá mamãe – vi Simon a abraçando normalmente, ao contrário de mim.

– Acho que você tem certas coisas para esclarecer. – joguei sendo direta

– Bia.. – Simon me repreendeu.

– Tudo bem querido, eu sei que tenho muitas coisas para explicar. – ela admite com a voz fraca, como... se estivesse chorado – Mas antes quero pedir uma coisa – completa nos olhando.

– O que você quer? – perguntei na espera da resposta.

– Quero visitar o seu pai – diz me olhando em expectativa.

Samy

Olhei para o céu e me surpreendi mais uma vez com a sua magnitude. Era tão azul e limpo, as árvores balançavam com o vento, fazendo com que eu me sentisse livre, absorta no espaço. Sinti o cheiro das flores e o ar puro, que não é muito comum encontrar em qualquer lugar, olhei ao meu redor e percebi a beleza daquele lugar. A forma como a grama balançava, o jeito como os pássaros voavam, tão livres e certos do seu destino. E aí me perguntei "Por quê eu não podia ter a certeza do meu próprio destino? E como as coisas podiam mudar do dia para noite tão facilmente?"

Eu não sei como as coisas foram capazes de mudar do nada, mas posso afirmar que ele foi uma das razões dessa mudança, melhor dizendo, o principal motivo. Até porquê, para uma menina que nasceu com o vírus do HIV a vida não seria fácil, as pessoas sempre julgando antes de conhecer, sentindo medo de pegar a doença e nojo de quem a tinha. Isso nunca foi bom, mas depois de conhecer ele tudo melhorou, foi mais fácil aguentar tudo isso.

– Samy? – virei a cabeça na direção daquela voz que eu tanto amava escutar.

– Oi Fill – disse sorrindo de canto.

– Então, o que faz de bom aqui? – perguntou correspondendo meu sorriso.

– Apenas pensando – Respondi evasiva.

– E o que esta cabeça anda pensando? – Questionou com um sorriso brincalhão.

– Não é nada – respondi me levantando.

– Ei, não me diga que não é nada.- disse com os olhos brilhantes.

– Não é nada que valha a pena – Falei tentando sair dali, mas fui impedida pelos braços, que me agarraram fortemente minha cintura.

– Tudo bem. Se não quiser falar não fale, mas agora eu preciso falar. – Ele me olhou tão profundamente que pensei que ele seria capaz de ver minha alma. – Desde que eu te conheci, me encantei por você. Tu me fez olhar para o mundo de uma forma diferente, assim como você me olhava de uma forma diferente de como o mundo me olha, eu aprendi e cresci com você, e quando dei por mim, já tinha me enfeitiçado no seu encanto. – Ele soltou sem parar uma única vez para buscar ar.

– O que você quer dizer com isso? – Perguntei temendo a resposta.

– Eu q-quero dizer que eu estou apaixonado por você – Responde gaguejando e no momento que se sucedeu, senti seus lábios sobre os meus. No início fiquei estática por causa da surpresa, mas quando sua língua pediu passagem, pela primeira vez foi como se eu saísse do transe. Nossos lábios se moviam em uma sincronia perfeita, sua mão se encontrava na minha nuca enquanto a outra ficava na minha cintura e seus lábios tão macios e convidativos.

Quando o beijo acabou, ficamos um perto do outro esperando a respiração acalmar.

– Eu te amo – sussurrei encostando minha testa na dele – Mas isso não pode acontecer – sentenciei me afastando.

– Por que não? – perguntou com os olhos marejados.

– Porque eu tenho menos de seis meses de vida Filipe – disse saindo correndo dali. Eu não suportaria ver os olhos dele. Sabia que se olhasse encontraria dor lá e não conseguiria viver com isso, não suportaria magoar justo ele.
[...]

Look da Bia: http://www.polyvore.com/bia/set?id=110854096


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Notas finais do capítulo

Bem espero que tenham gostado..............bjs bjs
comentários? favoritação? recomendação? sempre bem vindas.........*-*