- É sim.

- Não é não.

- É SIM!

- NÃO É!

Sam e Amy já estavam brigando de novo. Dessa vez era sobre se o chá em folhas era mais saudável que o chá em saquinho.

- Calem a boca, os dois. – disse Kurt. – Estão me deixando com dor de cabeça.

- Deve ser porque a Katy te deu um tremendo gancho de esquerda. – Lembrou Bill.

- Hunf! Se a Ashlee não tivesse me curado, meu pé ainda estaria quebrado.

- Não foi nada, Katy-san. – disse Ashlee, sem jeito. – Foi só um feitiço simples, qualquer iniciante é capaz de fazer.

- É mesmo... Eu só não consegui fazer por causa do trovão. – disse Kurt.

Nesse momento, uma garotinha meio-esquilo entrou correndo na pousada.

- Alguém me ajude, por favor! Meu gatinho ficou preso em uma árvore!

Ninguém prestou atenção nela. Talvez porque a voz dela era muito baixa, ou porque o salão estava muito barulhento, com todos tomando café e conversando.

- Ei, garotinha, precisa de ajuda? – perguntou New, que estava perto dela.

- Sim, por favor! Meu gatinho vai cair da árvore.

- Árvore? Eu não vi nenhuma árvore por aqui. – disse Amy.

- Ora, você não deve ter enxergado direito naquela chuva de ontem. – disse Sam. – E mesmo se não estivesse chovendo, do jeito que você é, acabaria nem vendo.

- O que você disse, seu Raccoon tarado?

Enquanto Sam e Amy brigavam, os outros saíram pra ajudar a garotinha.

- Muito obrigada. Não sei como Nyan chegou lá em cima. Ele é bem gordo e preguiçoso. – disse a garotinha. – Meu nome é Dorothy. Muito prazer em conhecê-los.

Quando chegaram à árvore, o queixo deles caiu. A árvore tinha mais de 12 metros de altura, e o gato tinha o tamanho de um tigre.

- Acho que consigo tirá-lo dali com um feitiço. – disse Kurt.

- NÃO! Você vai transformá-lo em churrasco chinês! – protestou Katy.

- Ah, vai se ferrar. – disse Kurt, irritado.

- Não liga pra ela, Kurt. Eu sei que você é um grande mago. – disse Vicky, abraçando-o. – Pode deixar comigo! Eu subo em árvores desde que era pequena, eu sou expert nisso.

E com habilidade de uma felina, Vicky escalou a gigante árvore sem nenhum problema. Porém, quando ela chegou perto do ‘gatinho’, ele simplesmente deu um tapão nela e ela caiu.

- Vicky! – gritou Kurt, preparando seu cajado pra uma magia.

Ah, ótimo. Agora eu vou morrer. Pensou Victoria, quando viu o cajado de Kurt brilhando.

Mas ela não explodiu, nem se despedaçou. Ela planou lentamente até o chão como se tivesse um pára-quedas. Victoria aterrissou suavemente no chão, mas seus olhos estavam fechados com força.

- HÁ! Se fu***, Katy! – disse Kurt, animado. – O feitiço funcionou exatamente como eu esperava.

- Foi sorte... – resmungou Katy.

- Kurt! Você me salvou! – exclamou Victoria, meio tonta, mas bem.

Amy se aproximou da árvore. – É preciso inteligência pra isso. – Ela bateu levemente em alguns pontos do tronco. – Mas também preciso de força... Bill, preciso que você bata com força nesse ponto da árvore.

- OK.

- “Sam-cérebro”, fique embaixo do galho onde o gato está.

- Do que você me chamou?

- Faça o que eu mandei!

Sam obedeceu, mas resmungando.

- Agora, acerte a árvore! – Amy gritou para Bill.

Bill deu um tremendo soco na árvore. Ela tremeu violentamente, e o galho onde o gato estava começou a se partir.

Mas o gato simplesmente pulou para outro galho, e o galho partido caiu em cima de Sam.

- Acho que devia ter calculado isso... – dizia Amy enquanto Sam agonizava.

- Me ajuda aqui, caramba! – reclamou Sam, esmagado.

- Você só sabe reclamar! – disse Amy enquanto tirava o galho de cima dele. – Seu fracote.

- Sua burra.

- Seus inúteis. – disse Kurt.

- Olha só quem fala, o mágico de merda. – disseram Sam e Amy juntos.

- É o que?

De repente, todos começaram a brigar. Dorothy parecia que ia chorar. Quando Sam e Amy pareciam que iam cair em cima de Kurt, New gritou:

- Ei, gente! Peguei o gato!

- O QUE?! Como? – perguntaram todos.

- Com um robô que eu construí, ora. – disse New, apontando para um helicóptero de brinquedo enorme, que estava prendendo o gato-tigre com uma rede.

- Nyan! Você está bem? – disse Dorothy, abraçando seu gato. – Muito obrigada!

- De nada. – respondeu New com um sorrisinho.

- Você salvou o Nyan! Como posso te agradecer? Ah, já sei. Por favor, fique com isto. – ela entregou uma pedrinha lisa e opaca para New. – Essa é a pedrinha mais bonita da minha coleção. Cuide bem dela.

- Ah... OK. – New não via nenhuma utilidade em uma pedrinha, mas a guardou mesmo assim.

- OK, agora com isso resolvido, podemos procurar aquela estátua. – disse Victoria. – Mas onde podemos procurar?

Silêncio.

- Quem sabe seja melhor procurar informações sobre ela antes. – disse Kurt.

- Que informações o quê! Eu quero chutar traseiros! – disse Katy.

Enquanto discutiam o que iam fazer, Ashlee notou que Bill estava muito quieto. Sua mão direita estava escondida no bolso de sua calça.

- Bill-san... Você está bem? – perguntou ela.

- Estou. – Estava claro que estava mentindo, pois sua face mostrou uma expressão de dor.

- Bill-san... O seu braço... – Ashlee puxou a mão de Bill pra fora do bolso. – Sua mão... Está toda machucada.

E estava mesmo. A mão de Bill estava vermelha e inchada, e roxa nos nós dos dedos. Também havia muitas farpas de madeira em alguns pontos.

- E-eu estou bem. Só preciso de um curativo e ficarei bem.

- Pode deixar, Bill-san. Minha magia curativa é muito boa. – disse Ashlee, se concentrando pra fazer a magia.

A mão de Bill ficou tão boa quanto antes. – Wow! Muito obrigado! – Bill deu uns socos no ar para testar a mão. – Novinha em folha. Muito obrigado, Ashlee-chan.

- De... De nada. – disse Ashlee, corando bastante.

- Ei, vocês dois! Vão ficar pra trás! – Victoria gritou de longe. Ela e os outros já estavam bem adiantados no caminho de volta à cidade. Com Sam e Amy brigando de novo.

- Já estamos indo! – Bill pegou a mão de Ashlee e correu em direção ao grupo. Ashlee corou violentamente com isso.