Combinei com ele que nós iriamo esquecer dessa história, e apenas deixar com que as coisas acontecessem. Percebi que ficar chorando só me faria perder tempo ao lado do Gerars, e isso era o que eu menos queria que acontecesse.


Passamos as férias todas juntos. Fomos a vários shows, nos divertimos, e por algum momento eu cheguei a esquecer que ele estava prestes a deixar-me. As vezes quando nos lembravamos disso, sentavamos na nossa praça e choravamos juntos por aquela dor imensa que compartilhavamos.


Cada dia que se passava eu tentava parar de amá-lo para que aquela dor que me corroía por dentro pudesse sumir de algum modo, mas era inutil, porque desde que nos conhecemos, eu o amava mais a cada minuto que passavamos juntos, e isso não iria ser diferente agora.



Um dia fizemos um acordo. À meia-noite do penúltimo dia de férias nos encontraríamos lá na escola. Sim, o lugar onde tudo começou. Gerard havia pedido as chaves da escola para o porteiro, que era seu amigo e devia-lhe alguns favores. Ele nos entregou a chave, mas com  a condição de que ninguém jamais nem sonhasse que ele o havia feito, e nós concordamos. Fomos então até minha sala, e sentamos exatamente no fundo, o mesmo lugar em que a pouco acontecera nosso primeiro beijo. Aquele lugar nos aquecia, era estranho estar lá, mas ao mesmo nos passava uma energia boa, confortante.


Assim que deu 12 noite, nós colocamos em prática o nosso trato. Esse trato consistia no seguinte: Nós contariamos um ao outro todos nossos segredos mais profundos, e nenhum poderia se magoar ou ficar nervoso seja lá ele qual for.


Ouvi coisas horríveis do Gerard. Eu nunca imaginei que ele pudesse ter um passado tão sombrio. Em alguns momentos senti-me triste, em outros nervoso, mas não demonstrei, afinal, era nossa condição. Quando chegou a minha vez, contei-lhei tudo: Desde meus problemas com meu pai, até meus segredos mais sombrios, incluindo também, a traição que eu cometera a alguns pares de dias atráz. Pensei que ele ficaria nervoso, ou algo do tipo, mas no final ele sorriu para mim. Não entendi, até que ele me contou que já sabia de tudo. Disse que um dia ele encontrou coincidentemente Ville na rua, então ambos resolveram sentar para conversar e fazer as pases. Assim que se entenderam, Ville contou-lhe. Disse que não queria que essa história chegasse a seus ouvidos pelo modo errado.
Por um lado fiquei contente por ele não ter ficado nervoso, mas por outro fiquei magoado comigo mesmo por ter feito algo assim com o Gee. Não me segurei e comecei a chorar. Desabei em seus braços, que me confortou dizendo que "essas coisas acontecem", etc, e no final disse que estava feliz por ter escutado isso de mim.


Aquele foi o melhor dia de nossas vidas juntos. Tiramos pesos imensos de nossas costas, e isso só serviu para povarmos mais uma vez que nos amavamos incondicionalmente...