7:00. Acordei com o rádio relógio da minha mãe anunciando um novo dia. Me levantei e tomei um banho rápido, descendo assim as escadas.


Cheguei lá embaixo e avistei minha mãe ao telefone. Sua cara era realmente preocupante e isso me assustava, quer dizer, para dizer a verdade nem tanto, afinal, de trajédias eu já estava cheio até o pescoço, uma a mais ou uma a menos àquele ponto já não faria nenhuma diferença.


Desci e ela me olhou assustada, como se não estivesse esperando me ver ali, então desligou o telefone e me fitou com tristeza nos olhos, procurando desfarçar isso o mais rápido possível para que eu não percebesse seu estado, assim tentando desviar sua atenção para uma outra coisa qualquer.


Preocupei-me então naquele instante, questionei-a insistentemente e ela nada dizia, quando percebi então uma lágrima rolando pelo seu rosto, talvez pelo estado de desespero, ou talvez pela notícia que ela não queria me dar(ou não podia).


Fiz então a primeira coisa que me veio à mente. Corri até a casa de Gerard. Toquei a campainha milhares de vezes sem êxito de resposta, foi quando encontrei então um bilhete embaixo da porta com um endereço que eu não sabia ao certo de que se tratava. Olhei então para o rumo de minha casa e avistei minha mãe pela janela, e essa apenas disse sim sobre algo abaixando sua cabeça e saindo dali.


Sem pensar duas vezes disparei a correr pelas ruas sem direção, procurando em desespero aquele endereço desconhecido, quando então cheguei a um lugar conhecido. O aeroporto? Sim, era o aeroporto. Quando finalmente coloquei minhas ideias no lugar e dei-me conta do que se tratava.


Por um momento senti-me congelado, e minhas pernas não respondiam ao meu comando de ir atráz dele. Tentei correr mas não podia. Agaichei ali mesmo e cobri minha cabeça com meus braços, ainda tentando enganar a realidade sobre o que estava ocorrendo ali. Abri meus olhos já embebedados de água e desparei para a pista de vôo, chegando então àquele imenso lugar com milhares de aeronaves por todos os cantos. Corri uma por uma enquanto meus olhos buscavam sua imagem em cada milímetro daquele lugar, quando cheguei então a última aeronave daquele pátio. Sentei-me no chão já vencido pelo cansaço, enquanto as lágrimas saíam descontroladamente de meus olhos fazendo com que todos olhassem para mim, provavelmente buscando alguma explicação para aquilo. De repente senti o calor daquelas turbinas ao serem ligadas. Olhei para cima, foi quando finalmente avistei. Gerard. Sim, era Gerard em uma das janelas, sentado cabisbaixa apenas esperando para partir. Gritei seu nome inumeras vezes, até que finalmente ele olhou em minha direção. Seus olhos palpitavam e tomaram uma expressão de desespero ao ver-me ali. Ele colocou então as mãos na janelinha como que por instinto, em uma tentativa ilusória de que ela se abrisse e ele pudesse então pular para meus braços, de onde nunca deveria ter saído. Foi então que aquele enorme avião começou a acelerar aos poucos, fastando meu Gerard de mim. Corri atraz dele até onde o pude alcançar, quando de repente ele começou a subir. Fitei Gerard pela ultima vez. Meu corpo estava amolecido e minha cabeça matava-me de dor. Meus olhos àquela altura já não conseguiam mais soltar uma lágrima sequer. Era envão. Mas ainda assim eu não conseguia controlar-me. Eu queria que ele visse que eu me importava, queria que ele visse que aquilo fazia-me sangrar, eu... precisava. Foi então que nossos olhares se perderam. Gerard finalmente desapareceu nas nuvems. Meu Gee... se foi.



-FIM-