Cato está vindo em nossa direção, mas ele não tem nada em mãos, isso é estranho, como ele pode vir para cima de nós sem nada para nos matar, Katniss solta uma flecha na direção dele, mas a flecha bate e cai no chão e eu me ligo, ele está com algum tipo de armadura, que impede que a flecha o machuque, Katniss não deve saber ainda o que ele está usando, então eu a aviso rapidamente:

– Ele deve estar usando um tipo de armadura.

Mas eu acabei falando tarde demais, na hora que termino de pronunciar ele já está bem próximo a nós, já estamos prontos para a luta, mas ele não para e nos encara, e sim passa no meio de nós, ele está cansado, deve estar correndo a muito tempo, eu não sou rápido para me ligar nas coisas, só olho em direção da floresta na hora que uma espécie de lobo pousou na planície e os outros estão em volta prontos para correr, são bestantes, monstros que a Capital cria para atormentar os tributos, Katniss já está a minha frente, indo em direção a Cornucópia, e Cato já está lá.

Devido a minha perna machucada eu tento correr, mas não sou tão rápido como antes, sei que Katniss já está chegando lá, quando ela olha para trás e acerta um dos bestantes, assim ela vai perder tempo, ela tem que se salvar, então começo a acenar e a gritar para que ela suba logo na Cornucópia e se salve:

– Vai Katniss!

Ao que parece ela me entende, começando a subir, enquanto eu continuo correndo, eu sei que o meu final pode ter chegado, eu até que estava preparado, mas depois desses dias que passei junto a Katniss me fizeram pensar realmente na possibilidade de ficarmos juntos, com esse pensamento eu me coloco a correr um pouco mais, para alcançar a Cornucópia, chegando lá eu tento subir, mas é complicado, as bestantes já estão ficando bem próximas, faço a única coisa que penso, dou um grito, assim Katniss saberá que estou aqui e me ajudará.

Assim faço e ela me nota, e diz para eu subir, enquanto ela acerta uma flecha na bestante mais próxima ao meu pé, a escalada continua complicada, assim que chego aos pés da Katniss está muito difícil eu me manter, Katniss me ajuda, e juntos eu consigo chegar ao topo da Cornucópia.

Mal estou ali em cima e Cato começa a falar algo, no início é difícil de entender, mas logo eu consigo traduzir, e ao mesmo tempo Katniss que está meio ruim com a audição, pergunta ao Cato o que ele quis dizer, e eu respondo por ele, os bestantes conseguem escalar.

Termino de dizer e eu e a Katniss olhamos para baixo, os bestantes estão começando a se reunir, elas se aproximam do metal, cheiram, e saem para os lados, ao centro encontra se uma bestante de porte razoável, que se prepara e pula, ficando perto de nós, Katniss estava com uma flecha preparada, mas por algum motivo ela não consegue lançar, ela solta apenas um grito e parece que está perdida em algum tipo de pensamento, decido que o melhor é me aproximar dela e passar conforto:

– Katniss?

– É ela!

– Quem? – Não estou entendo o que ela está querendo dizer, não sei o que ela está pensando, e como ela não me responde, eu decido chamar sua atenção novamente:

– Katniss, o que foi? O que está acontecendo?

– São eles Peeta, todos eles, Rue e Cara de Raposa, e todos os outros tributos.

Quando olho para as bestantes, compreendo o que a Katniss quer dizer, olhos, cor do pelo, algumas características de cada tributo morto:

– O que será que fizeram com eles? Você não acha que... Possa ser os olhos deles, acha?

Katniss não responde, ela parece estar pensando em outras coisas além do que estamos vendo e do que ela falou. Mas não temos muito tempo para pensar as bestantes começam a cercar a Cornucópia e se prepararem para pular, e não dá outro eles tentam nos alcançar, um quase morde a Katniss, e outro consegue me empurrar, eu acabo deslizando, mas por estar perto da Katniss, acabo puxando-a comigo.

Por sorte ela consegue se manter, e diz para matar a besta que está tentando me derrubar, eu puxo a faca que tenho guardado comigo e começo a atingir a besta, logo eu consigo, e então Katniss me puxa de volta para a Cornucópia, Katniss se recupera e começa a olhar em volta, eu me concentro em apenas recuperar o fôlego, ter vindo correndo e agora ter sido puxado não é fácil, devido ao machucado na perna não tenho mais a mesma condição.

Estou me recuperando, quando Cato me puxa, não havia percebido que ele se recuperou, ele dá uma chave de braço em meu pescoço, eu me debato, mas não obtenho sucesso, eu estou fraco, Katniss está olhando para nós, ela também ainda não sabe o que fazer.

Ela mira um flecha na direção da cabeça do Cato, mas ele apenas ri e diz:

– Atira, e ele cai comigo!

Cato tem razão, se a Katniss atirar eu caio junto com ele, mas ela te(tem) que se preocupar em salvar a si, mas ela não vai me abandonar, ela me deu muitas provas disso, eles ficam se encarando, e eu já não consigo mais respirar, noto que a mão de Cato não possui a proteção da armadura, com um último esforço, traço um X em cima da mão dele para que Katniss atire ali.

Ela me entendeu, e pelo olhar dela Cato também percebeu, mas ele não notou a tempo e a flecha que Katniss soltou penetrou sua mão e ele me soltou, aproveito para investir contra ele, e derrubá-lo da Cornucópia, ele quase me puxa junto, mas Katniss consegue me pegar e juntos vimos Cato ser atacado pelas bestas.

Claro que para todos o primeiro pensamento é que ele será atacado, o canhão vai soar e a gente ganha os jogos, mas não é bem assim, eu tenho plena consciência da malha estilo armadura que Cato está usando, e por mais transformadas que essas bestas possam ser, com certeza não conseguem atacar ele totalmente, o que leva a ele ter uma morte lenta, que provavelmente vai durar a noite toda.

Som de metal batendo em metal é ouvido, Cato devia ter uma faca, e de tempos em tempos ouve se o som de uma besta gritando, ele não vai morrer sem lutar até o fim. O tempo vai passando, o hino começa e nada da foto do Cato, as bestas continuam atacando e ele não morre, não sei quanto tempo já passou até que Katniss tira a jaqueta e tira sua blusa, nesse meio tempo vejo como ela se encolhe, depois ela me faz deitar, e usando a última flecha faz um torniquete na minha panturrilha, nem havia percebido que eu estava sangrando, ao terminar o curativo ela diz:

– Não durma!

– Você está com frio? – Eu já senti que a temperatura está baixando, e de relance eu vi quando Katniss tirou e colocou a jaqueta rapidamente para usar a blusa para o curativo, não espero nem a sua resposta, abro minha jaqueta e ela se encaixa perfeitamente em mim, e eu fecho, nós dois estamos nos aquecendo, mas sinto que a temperatura continua caindo, a Cornucópia que antes estava quente devido ao sol, começa a ficar gelada, sinto em minhas costas a leve mudança, devido a jaqueta ser uma boa protetora por agora.

– Cato ainda pode ganhar os Jogos! – Katniss diz me tirando de meus pensamentos.

– Não pense dessa forma. – Puxo o capuz, para proteger as orelhas dela, tentando aquecer ela mais. O tempo continua passando, mas nada do Cato morrer, ou o tempo esquentar, Katniss já não aguentando mais diz:

– Porque eles não podem matar ele de uma vez?

– Você sabe o motivo! – O motivo é que assim os idealizadores não podem acabar com a audiência que estão recebendo, todos devem estar com os olhos colados em suas televisões assistindo a essa parte. O tempo passa mais um pouco eu começo a sentir meus olhos pesando, tento não dormir, mas acabo tendo leves cochilos, que fazem com que eu acorde com Katniss berrando meu nome, já entendi que ela tem medo que eu morra, eu tento me manter firme, mas não está fácil.

Penso em uma maneira de distraí-la e por fim vejo que o progresso da lua seria a melhor forma, falo para ela ficar me falando como estão as coisas, para assim eu me manter acordado e também ocupar ela um pouco. Ela em determinado momento fecha os olhos, mas sei que não está dormindo, quando o sol começa a nascer eu sussurro em seu ouvido e ela olha para o céu, depois ela coloca seu ouvido na Cornucópia e escuta a voz do Cato, eu continuei ouvindo seu progresso, apesar de ele ter rodeado a Cornucópia eu acredito que agora ele esteja perto:

– Eu acredito que no momento ele esteja perto, você acha que consegue atirar nele?

– Minha última flecha está em seu torniquete.

– Pode utilizar. – Eu digo e abro a jaqueta para que ela possa sair, ela retira a flecha, amarra o tecido, esquenta as mãos, e vai para a borda procurar Cato, eu decido que posso ajuda-la mais uma vez, eu vou segurar ela para que não tenha que ficar tentando se equilibrar.

Ela olha procurando o lugar em que ele se encontra, e quando o acha, arruma a flecha no arco, mira e atira, assim que ela solta a flecha, eu a puxo de encontro a mim e digo:

– Conseguiu acertar ele? – Ela nem precisa responder, o canhão é soado, e eu me sinto muito feliz por dentro e completo – Nós vencemos Katniss!

– Parabéns a nós dois.

Um buraco se abre e as bestantes entram nele, esperamos que um aerodeslizador venha para recolher os restos do Cato, mas nada acontece então Katniss olha para o céu e diz:

– O que está acontecendo?

– Pode ser o corpo, talvez a gente tenha que se afastar.

– Ok, você acha que consegue chegar ao lago?

– Acho melhor tentar. – Juntos descemos, Katniss se estica e me ajuda a chegar próximo ao lago, quando estamos perto ela enche a mão com água e me dá e depois faz o mesmo para ela. O barulho de tordos nos avisa que um aerodeslizador está próximo e ao nos virarmos vemos o corpo do Cato ser recolhido, agora sim, as trombetas da vitória vão tocar, e vão vir buscar a gente para voltarmos para casa. Mas nada acontece, tudo continua da mesma forma, eu não me aguento e exclamo:

– O que eles estão esperando?

– Não sei. – Katniss começa a olhar para os lados, e na hora que se abaixa para pegar uma flecha, a voz de Claudius Templesmith retumba na arena:

– Olá aos últimos competidores da septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes. A alteração feita antes foi revogada, uma nova avaliação no livro de regras revelou que pode existir apenas um vencedor. Que a sorte esteja sempre ao seu favor.