Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 26
Capítulo 26.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem, deixem-me me explicar sobre a música: não coloquei o refrão, porquê é quase a mesma coisa, tipo, repetitivo, sabe? Então. Aconselho que leiam ouvindo ela (Echo, de Jason Walker).
Então, boa leitura, meu jovens *-*



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A porta parecia não abrir de uma vez e eu já estava quase a arrebentando com o pé, quando vi alguém lá fora. Era Gaara, e ele estava sorrindo com um ursinho na mão. Embora o sol quase me deixasse cega, eu corri até lá e o abracei com toda a força, quase a mesma que ele tem me dado durante todo esse tempo. Mal acredito que depois de quase um mês eu estou finalmente saindo dessa clínica. O tempo que passei aqui foi legal e ao mesmo tempo um pesadelo, e mesmo assim ainda não me sinto tão bem. Tá, eu estou feliz e tudo o mais, mas aquela parte chata e triste continua dentro de mim. Meu maior medo agora é que ela queira me atacar nos momentos felizes que eu deva ter para frente –– como a tal psicóloga maluca que não me falou o nome dela durante todo esse tempo me garantiu ontem a noite.

O combinado era que o Naruto e meus pais também deveriam estar aqui quando eu saísse, mas ele não pôde vir por causa do Leo que piorou mais do que eu esses dias e eu não sei a razão pelos meus pais não estarem aqui. Mas o meu namorado está, e me abraçando tão forte que eu mal consigo respirar direito. Cumpri com a minha palavra e só tenho dado atenção a ele durante essas semanas; o beijando quando menos espera, dando aquele abraço quando percebo que está triste, e principalmente, fazendo ele rir de todas as maneiras possíveis. Ele ficou tão satisfeito que até tentou me ajudar a entender o romance de Romeu e Julieta.

–– Ele se matou porquê percebeu que não conseguiria viver sem ela. –– Foi o que ele disse, e mesmo assim eu continuo não entendendo. Quando fui dizer isso, ele me beijou e percebi que Gaara queria que eu calasse a boca mas era educado demais comigo parar falar uma coisa dessas. E estar com ele para mim agora significa não se sentir tão sozinha todo o tempo.

Confesso que estou sentindo falta de Sai apesar de tudo o que fez e disse enquanto éramos companheiros de quarto. Ele que me ajudou a tirar a agulha que eu recebia o soro porquê a enfermeira morena estava atendendo outro paciente –– disseram para que eu até que ela chegasse lá, mas assim como o meu irmão, eu odeio esperar. Sai me deu um último desenho de presente, onde tinha apenas eu e ele sentamos no gramado. Fiquei emocionada, achei que começaria a chorar, mas graças à Deus tudo o que eu fiz foi agradecê-lo e o abraçar. Minha conclusão nesse momento? Ele não é do tipo que sabe retribuir um abraço como as pessoas que eu conheço.

–– Eu vou achar o seu irmão e a primeira coisa que farei depois vai ser trazer ele aqui para você. –– eu disse para ele e Sai apenas confirmou com a cabeça, ainda com aquela dúvida de que eu ia mesmo conseguir fazer algo assim.

–– O que seria isso? –– pergunto quando Gaara me dá o ursinho e pega a minha mochila.

–– Eu ganhei quando era pequeno, e bem, ele também me traz umas lembranças ruins, então quero que fique para você –– ele explica e não entendo praticamente nada além da parte que ele ganhou.

–– Ah... obrigada? –– suponho não muito certa de que essa deveria ser a melhor resposta após ter ganhado um presente assim. Gaara afirma com a cabeça. –– Preciso colocar um nome nele ou já tem um?

–– Escolhe outro, o que coloquei é muito idiota –– ele diz e acabo rindo.

–– Hum... Vai ser Gaara! –– exclamo olhando para o ursinho e para ele, que parece ficar confuso pela escolha do nome. –– Vai ser esse porquê sei que talvez não vamos ficar juntos para sempre, então eu vou poder me lembrar de você quando perguntar “Onde o Gaara está?”

Ele continua confuso, mas ri para disfarçar e começamos a andar. Estranho o fato de virarmos para a esquerda já que a minha casa fica na outra direção. Gaara tem a mania estúpida de ficar pegando caminhos longos apenas para ficar mais tempo do meu lado –– e não é mentira, ele mesmo me disse ––, porém eu acabei de sair de uma clínica e minhas pernas estão doendo... Queria dizer a ele para não se espantar caso eu mande ele me carregar também assim como a mochila nas costas.

E seguimos neste caminho, e quanto mais longe fica menos parece que vamos chegar de uma vez. Quando Gaara para, primeiro eu agradeço aos céus e depois fico surpresa com a enorme casa verde que está a minha frente. Ele segue em frente e vou atrás, um pouco envergonhada por entrar na casa de alguém assim, sem nem mesmo tocar a campainha. Gaara diz para mim abrir a porta e faço isso, com a mão tremendo porquê comecei a ficar um pouco nervosa –– tudo bem, talvez muito. Esperava milhões de coisas quando a porta deu uma batida leve na parede, mas não tinha nada. Suspirei aliviada embora ainda estou em dúvida do que viemos fazer nessa casa. Gaara manda eu colocar a minha mochila em cima do sofá e vou até lá, quando do nada, a luz é ligada e meus pais, Naruto, Konohamaru, Tenten e Ino saem de lugar nenhum e gritam:

–– SURPRESA!

Tapo a boca com as duas mãos por emoção e susto, e sei que logo vou começar a chorar, pois nunca recebi algo tão lindo como isso. Preso no teto, tem uma faixa enorme branca toda colorida e lá está escrito “Bem-vinda de volta, Saky! NÓS TE AMAMOS!”. Sinto ainda mais vontade de chorar quando leio o apelido e percebo que aquela é a letra de Ino. Minhas mãos agora estão tapando os meus olhos porquê eu realmente comecei a chorar, estou rindo e chorando ao mesmo tempo e Naruto acabou de se sentar ao meu lado, rindo como nunca.

–– Muito obrigada! –– agradeço quando consigo achar a minha voz e retribuo o abraço de Naruto. O meu namorado, que deveria estar sentado no lugar dele, está de braços cruzados e sorrindo no outro sofá. –– Mas vocês quase me mataram agora.

–– A nossa intenção era apenas te mostrar o quanto é especial –– Ino diz e vem até onde estou. Em sua cabeça estava uma pequena coroa com um detalhinhos rosas e coloca na minha, ajeitando um pouco porquê quase deixei ele cair. –– Um pequeno presente para você, Saky.

Fiquei olhando para ela durante um tempo enquanto Ino apoiava o braço sobre o joelho, por estar quase no chão. Sinto uma vontade imensa de abraçá-la e faço isso depois de perceber que está tudo bem, que ela não me fará nenhum mal e quase consigo fazer com que nós duas batêssemos a cabeça na mesa de vidro que está aqui por perto. Esse momento deveria estar sendo gravado, mas dúvido que iria gostar de ver eu mesma chorando desse jeito depois. Ino também está chorando, e bem agora, sei que nossas rivalidades foram embora assim como o meu “ódio” ou sei lá o que eu sentia por ela, dando de presente para ele o lugar de melhor amiga novamente.

–– Eu amo você –– ela sussurra para que apenas eu possa ouvir.

Não sei se foi uma má ideia, mas eu disse a mesma coisa para ela. As coisas parecem que estão se ajeitando aos poucos, mesmo que eu queira que fosse mais rápido. Ino se sentou ao meu lado e percebi que depois disso, tudo vai voltar a ser como antes para mim e para ela. Meus pais sumiram lá para dentro junto com Konohamaru e Tenten, e eu estou sentindo falta de alguém...

–– Onde está o Leo? –– pergunto quando me lembro que ele não está aqui gritando.

–– Onde você acha? –– Naruto pergunta de volta e ajeita o óculos de sol na cabeça. Provavelmente não direi isso em voz alta, mas ele ficou ainda mais bonitinho assim. –– Falei que iríamos fazer uma festa para você e ele disse que iria vir, mas no último segundo disse que não e subiu para o quarto de novo. Não sei se ele ligou para Lavínia depois disso, porém ela apareceu lá logo em seguida. –– Ele parou de falar e olhou para mim. –– Tem que ver o estado que ela está, um caco, e acho que não dorme desde que ele ficou desse jeito. Estou quase apelando com o Leo por causa disso. Poxa, ele tem uma namorada linda e que faz de tudo para ele e ele é tão ingrato, não agradece e nem vai mais na casa dela. É sempre a mesma coisa, e eu não consigo entender como ela sempre tem a capacidade de voltar.

Por um segundo, acho que o Naruto está com ciúmes da Lavínia e sou eu quem não consegue entender o porquê dessa preocupação toda com a garota. Se ela ainda insiste em ficar correndo atrás do Leo, mesmo que ele não dê nenhum sinal de que quer melhorar, o problema não seria dela e não dele? E tudo bem, eu também acho ela linda –– todos os ruivos desse mundo são lindos, aliás ––, mas não é para tanto. Também estou começando a apelar com Leo, porquê não achei que ele fosse desse jeito. Talvez, ele não seja mesmo e isso é apenas uma ação da solidão. Antes que eu começasse a agir para a vida, me sentia muito sozinha e para não admitir que estava mal ou começar a chorar, eu tratava os meus pais mal. Vou fazer uma visita para ele hoje ainda e darei um jeito nisso, pois Lavínia não precisa ficar sofrendo desse jeito, sem deixar de dizer que ela praticamente abandonou a própria vida para ficar cuidando da dele e até agora nada de dar algum resultado.

–– Mais tarde eu vou lá e falarei com ele –– digo e Naruto sorri; sei que o motivo desse sorriso não é porquê vou ver o Leo, mas sim porquê estarei indo na casa dele, o que significa que vou ficar um tempo com ele também. –– O que eu não entendi ainda, é o que estamos fazendo nessa casa aqui... –– digo olhando para o teto e Ino faz a mesma coisa. –– Essa é sua casa, Ino?

–– Não, essa é a sua nova casa –– ela responde e se levanta, puxando Gaara pelo braço. Sei que estamos de bem agora, mas isso não significa que ela pode sair com o meu namorado assim sem a minha permissão desse jeito. –– Você é o novo namorado da Saky, certo? Ela deveria ter me dito que você era ruivo! Uma vez eu tentei pintar o meu cabelo da mesma cor do seu e imagine só? Ele ficou todo vermelho, e não ruivo natural!

Tenho vontade de me levantar e o puxar de volta, porquê estou sim com ciúmes, muito. Antes não éramos tão apegados um ao outro como agora, então se eu fico segundos longe dele, começo a pirar. Espero de verdade que ele tenha vontade de voltar para o meu lado logo, pois quero abraçá-lo neste instante. Continuo olhando para a porta da cozinha por onde os dois entraram de um jeito triste, quando sinto alguém puxando o meu cabelo de leve. Me viro para encarar um Naruto sorridente.

–– O seu cabelo cresceu –– ele informa e é mesmo verdade. Não me pergunte como, mas depois que entrei para a clínica, cresceu mesmo e está batendo na altura da minha cintura (uma das razões por eu estar tão feliz ultimamente). –– O do Leo também está mais ou menos assim.

Porquê ele fala tanto no Leo?! Eu gosto dele, mas ficar falando do Leo e Leo e Leo o tempo todo cansa e eu quero que ele fale de nós dois! Não em algum segundo sentido ou algo assim, e sim... Mentira. Eu quero que ele fale de nós dois em um segundo sentido. Posso até ter me apegado um pouco mais com Gaara esses dias, mas os meus sentimentos por Naruto continuam os mesmos e acho que em vez de diminuírem, eles acabaram foram crescendo e quando ele me abraçou, tive vontade de fazer outra coisa além de retribuir aquilo... E pensei tanto nele enquanto estava internada, que sei o quanto é difícil achar pessoas como ele no mundo; pessoas que te entendem e sabem como te ajudar. Uma das melhores sensações de quando você está com ela, é que não vão te deixar quando precisar de alguma ajuda naquele segundo em que se perder em você mesmo. Naruto é assim, Gaara é assim e Ino também. E com isso, penso o quanto fui idiota imaginando que estava sozinha quando na verdade eu estava rodeada de pessoas maravilhosas que só tinham a intenção de me ajudarem a recomeçar e eu não soube enxergar algo assim tão cedo. Não sou do tipo que não cai muito fácil, mas juro que se eu ficar triste mais para frente, a coisa vai ser diferente dessa vez.

–– Ah, é. Obrigada por notar –– agradeço o que deveria ter sido um elogio e ele sorri mais uma vez. –– Sabe quando os meus pais tiveram essa ideia absurda de comprar uma casa nova?

–– Bem, eu acho que foi um pouco depois que você se internou. Eles falaram que aquela antiga trazia lembranças alegres, mas ainda assim triste, para todos e decidiram vir para cá. E advinhe só? –– Ele se sentou mais perto de mim e aproximou nossos rostos ainda mais. –– Aqui é mais perto da minha casa, então vou poder vir aqui te ver todos os dias.

–– Todos os dias? –– Tentei evitar a animação na minha voz, mas foi inútil.

–– Todos, todos –– ele responde e fecha os olhos, sorrindo. Sinto vontade de me aproximar e o beijar, porém continuo no mesmo lugar. Naruto olha para mim de novo e faz o que eu pretendia, mas não me beija. Ele desvia o caminho e sobe, beijando na verdade a minha testa. Decepção ainda é pouco para definir o que estou sentindo agora, e sei que deveria ter mais determinação, só que eu não quero ter que fazer isso enquanto estiver com o Gaara. Ainda acho que seria injustiça e não faço ideia de como vou terminar com ele.

Depois, com muito trabalho por causa das minhas pernas que às vezes ficam balançando de pura fraqueza, vamos para a cozinha. Lá, encontramos todos sujos de chocolate e meu olhar procurou Gaara no mesmo segundo, o encontrando sentado perto de um balcão, com o cabelo quase todo marrom e com aquela cara de “Por favor, me salva, essa gente é louca” e fui até lá correndo, tentando não rir tanto. Acabei o levando para o meu novo quarto –– Naruto não pareceu gostar muito disso ––, que tem novas fotos minhas com meus “amigos” e uma mesinha para o computador. Sinceramente, eu não vejo necessidade de ter essa coisa ainda. Eu mal uso isso e não sei porquê o meu pai me deu ele quando era menor; imagine uma criança de 8 anos tentando mexer em uma coisa que nunca viu antes na vida? Pois é. Minha mãe quase o matou quando ele apareceu com aquela caixa enorme dentro do carro, e tive que dar adeus para a minha máquina que ficou com Sasori, que depois voltaria para mim e eu não fazia ideia de que isso fosse acontecer. Olho para as paredes enquanto Gaara lava o cabelo no banheiro que acabei de ganhar e eles também pixaram aqui! Em uma está escrito “Você não está sozinha”, de Naruto; na outra “Você é amada”, de Ino; “Você tem a nossa ajuda”, de Tenten; e para finalizar “Nós te amamos, amor da nossa vida!”, dos meus pais. Acho que eu vou chorar de novo. Isso é tão lindo, meu Deus! Eles fizeram todo esse trabalho para me mostrarem o quanto sou especial e deu certo...

–– Porquê você também não escreveu algo para mim? –– pergunto para Gaara enquanto enxugo seu cabelo com uma toalha.

–– Porquê eu não tenho paciência com essas coisas. Ai, Sakura! –– ele exclama segurando as minhas mãos, por ter acabado de puxar uns fios por causa dessa resposta.

–– Você é meu namorado, rapazinho! –– digo me agachando em sua frente e juntei as sobrancelhas para mostrar o quanto estou emburrada com ele. –– Deveria ter pelo menos escrito que...

E ele me beija para me fazer calar a boca mais uma vez. Necessito parar de falar tanto enquanto estou ao lado dele, pois sei que nunca vou conseguir terminar uma conversa ou bronca.

–– Eu estou feliz por você ter saído da clínica e ainda mais por te ver tão feliz e bem –– ele diz e fiquei sem jeito. Ele não me disse nada disso antes, nem quando estávamos na rua e olhe que lá não estava passando ninguém na rua. Entendi que Gaara gosta de dizer as coisas para as pessoas quando não tem ninguém (ninguém mesmo) por perto para poder ouvir nem uma palavrinha que ele diga.

–– É, eu também estou feliz por isso. Mas você bem que poderia ter escrito alguma coisa para mim, né? –– digo fazendo o bico que ele me ensinou.

–– Tá, já que não tem jeito... –– ele cede e sorrio. Corro para pegar o canetão preto que estava em cima da mesinha, porquê não achei alguma coisa melhor.

Ainda com a toalha na cabeça, Gaara pega o canetão um pouco sem jeito e começa a olhar para a parede, acho que para achar o lugar perfeito para poder escrever. Para a minha felicidade, ele escolhe em menos de dois minutos e depois que saiu da minha frente para eu poder ver, lá estava escrito em uma perfeita letra de um escritor “Eu amo você”. Tento segurar a emoção e tapo a boca com as mãos novamente, encantada com o que acabei de ler. Acabo deixando algumas lágrimas caírem enquanto ele se vira para mim, sorrindo. Não tem nada que eu possa falar agora, por isso o puxo pelo braço, fazendo nós dois cairmos na minha nova cama –– que é mil vezes melhor que a outra. Começo a beijá-lo e pego a toalha, tapando nós dois. Quando abro os olhos, ainda estamos perto um do outro e começamos a rir do nada; essa é uma das coisas mais estranhas que eu e Gaara conseguimos fazer quando estamos juntos além das brincadeiras idiotas.

–– Mô –– ele chama e reviro os olhos, não tão impaciente como antes. Aproximo ainda mais meu rosto dele como se perguntasse o que era em silêncio. –– Promete que se algum dia eu me perder, você me acha de novo?

–– Prometo –– digo e sorrio para que ele acredite. Os sorrisos de Gaara são muito raros de se ver, então quando isso acontece é quase como um momento mágico e eu fico encantada assim como a frase que ele escreveu para mim (que eu possivelmente ficarei todas as noites vendo até que caia no sono já que agora tenho um remédio a tomar para que faça isso mais rápido).

–– Você vai voltar para a escola? –– ele muda de assunto, o que eu não gosto muito. Queria continuar com essa conversinha “clichê”.

–– Vou. E você tem ido, certo? –– pergunto de volta passando a mão de leve em seu rosto.

–– Não –– ele responde e junto as sobrancelhas confusa. –– Não tenho ido desde que você parou de ir também.

–– Gaara! Porquê? –– pergunto inconformada.

–– Eu queria esperar você –– ele diz e isso sai tão... lindo. Ele parece estar com vergonha ou algo assim e faz aquele bico que consegue transformá-lo em mais fofo que já é.

–– Ah, senhor Gaara... Mas okay, vamos voltar juntos dessa vez –– garanto e ele abre um sorriso enorme.

–– Ainda se lembra da parada do okay? –– ele pergunta todo animado.

–– Não é óbvio? Você ficou me lembrando dessa palavra praticamente todos os dias –– digo rindo e ele me beija de novo, parando segundos depois para beijar o meu rosto e me fazendo rir alto (o que quase resultou em uma queda feia até o chão).

E Gaara não para de fazer isso, o que faz com que eu ria alto demais e não sei como ninguém veio até aqui ver o que está acontecendo. De repente, ali estava eu e ele em cima de mim e com tudo isso, a minha blusa de frio acabou subindo um pouco, e imagine só? Gaara sequer se atreveu a olhar para lá, o que eu achei um pouco estranho da parte de um garoto, mas agradeci mentalmente porquê provavelmente não saberia o que fazer caso ele colasse a mão ali. Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e ele ficou me olhando em silêncio, o que deve ter feito com que eu ficasse um pouquinho vermelha.

–– Sakura, eu já estou indo para a minha casa, então se quiser vir comigo... –– Naruto aparece na porta e nós dois continuamos do mesmo jeito, mas Gaara coloca todo o peso do corpo sobre mim, literalmente. –– Ah, me desculpe! Eu não queria atrapalhar, juro. Voltem a fazer o que estavam fazendo e... desculpe de novo. Até mais.

–– Naruto, volta aqui! –– grito e ele o faz, muito sem graça, tanto que até se recusa a olhar diretamente para mim.

–– Sério, eu não queria ter atrapalhado o que vocês estavam fazendo... –– ele diz um pouco baixo.

–– Que história é essa? –– pergunto de volta mais alto e eu e Gaara começamos a rir no mesmo segundo; estou rindo mesmo para não chorar, porquê ele é bem mais pesado do que eu pensei. –– Não estávamos fazendo nada.

–– Mas mesmo assim... –– ele começa e só então percebo que também o encheram de chocolate. –– Então, você vai comigo lá em casa?

–– Eu posso ir, namorado? –– pergunto para Gaara enquanto ele se levanta. Acabo soltando um suspiro bem baixinho de alívio.

–– Pode, mas se eu souber que você fez alguma coisa que não deveria, eu vou até lá e acabo com os dois, entenderam? –– Gaara ameaça e isso saiu tão sério que até eu fiquei na obrigação de confirmar com a cabeça. Ele me deu um beijinho de dois segundos e eu queria um de, talvez, dois minutos. Também me levantei da cama quase torcendo o pé e o beijei de verdade enquanto pude ver Naruto olhando para o outro lado.

–– Vamos? –– pergunto para Naruto depois que Gaara desce as escadas e consigo ouvir a porta lá embaixo bater.

–– Ah, ele escreveu algo para você! –– ele diz olhando para a parede e sorri. Chamo seu nome para que ele preste atenção em mim. –– Vamos sim! Quer ir nas minhas costas?

–– Tudo bem... –– concordo e ele se abaixa de costas. Pego impulso no chão e pulo lá, segurando com força em seu pescoço enquanto Naruto vai se erguendo aos poucos. Confesso que achei que iria cair e soltei um gritinho, que depois se transformou em risada.

Descemos as escadas e Ino, Tenten e Konohamaru ainda continuavam brincando com o chocolate e não tinha parte alguma nos três que não estivesse suja. Essa peruca da Ino é muito boa, pois não a vi sequer balançar ou ameaçar cair nenhum segundo sequer até agora como na clínica. Tenten acabou de me ver e veio me abraçar, mas acabei tendo que negar esse abraço por agora e ela entendeu, começando a rir dela mesma logo em seguida. E Konohamaru começa a se lavar na pia feito um louco quando Naruto finge estar zangado com ele. Saímos eu e os dois e Naruto acabou de conseguir sujar as minhas duas bochechas. Ah, que ótimo.

O caminho inteiro ficamos rindo e sujando um ao outro quando tínhamos a oportunidade. Depois de passarmos em uma rua, deixamos Konohamaru em uma casa grande e branca onde quem o recebeu toda sorridente foi a professora Kurenai, que disse que estava feliz em me ver novamente e eu também disse a mesma coisa. Quando chegamos na casa de Naruto, o lugar parece outro. Não tem mais aquela alegria de antes e Lavínia está no sofá chorando enquanto olha para o nada para acabar ainda mais com o clima alegre. Naruto diz para eu fazer companhia para ela enquanto ele fosse tomar um banho e prometeu não demorar. Fui até lá e me sentei ao seu lado e só então ela abriu os olhos, sorrindo fraco até demais para mim quando me percebeu ali.

–– Oi, Lavínia –– cumprimento e apenas sinto uma vontade imensa de abraçá-la forte. Os olhos castanhos claros que antes esbanjavam alegria, agora estão parecendo um mar em uma tempestade, e principalmente, estão frios. Percebo agora o quanto sinto pena dela com tudo o que está acontecendo.

–– Oi, Sakura. Estou feliz por ver que saiu da clínica. Como que você está? –– ela pergunta e sua voz fica tão horrível depois de ter chorado. É sofrido ter que ouvi-la falar em um tom desse tipo.

–– Eu estou bem, e você? –– Me arrependo dois segundos depois por ter feito essa pergunta tão idiota. Não é óbvio que ela não está nada bem? Mas quero que ela me responda, tipo, a verdade.

–– Eu... Ah, ultimamente eu não sei o que responder quando me fazem essa pergunta –– ela diz e seu sutaque tão perfeito acaba desaparecendo. –– Acho que se Leo fosse mais compreensível e me deixasse ajudar, eu estaria melhor. –– Lavínia coça a cabeça um pouco confusa e desesperada e volta a olhar para mim. –– Deve saber como ele está, não é? Pois acho que o que Naruto te disse, ainda não consegue defini-lo agora.

E recomeça a chorar. Chego mais perto e a abraço enquanto ela soluça no meu ouvido, quase gritando algumas vezes. Ai, meu Deus! Se Leo está tão ruim assim, temo que ele não vá me escutar e na verdade a coisa só vai é piorar.

–– Vou conversar com ele e tudo vai se ajeitar, tá? –– digo para ela e Lavínia apenas afirma com a cabeça.

Me levanto do sofá e vou subindo as escadas, achando uma porta com um nome escrito de vermelho com tinta; “Leo”. Bato na porta mas não tenho nenhuma resposta, então entro sem ser convidada quando percebo que está aberta. Quando a abro, não acredito no que vejo; o quarto está quase todo destruído e livros estão ragados por toda a parte enquanto o que eu acredito ser Leo está deitado de costas debaixo de um cobertor que cobre todo seu corpo. Levo a mão a minha boca de tão surpresa e aterrorizada com a cena. Não, este não pode ser o quarto de Leo. Este não é Leo. O Leonardo que conheço nunca ameaçaria riscar o pouquinho que fosse de um livro na vida, então eu acho que errei de porta. Ele se levanta e fica olhando para mim ainda com a coberta sobre a cabeça.

–– Oi, Sakura. Quanto tempo –– ele diz e percebo que está sorrindo; um segundo depois e lágrimas começaram a descer sobre suas bochechas, mas o sorriso continuou ali. Me sentei em uma cadeira que achei perto da cama e que creio que Lavínia fique sentada nela todos os dias.

–– O que é que está acontecendo com você, Leo? –– pergunto enquanto cruzo as pernas.

Em um movimento rápido de apenas uma mão, ele tira o cobertor do rosto e encaro o garoto que eu acreditava ser o mais feliz depois de Naruto, que agora parece a pessoa mais infeliz; o cabelo dele cresceu de uma maneira absurda, ele tem olheiras que chegam a serem pretas e seus olhos não possuem mais aquele brilho de antes.

–– Eu estou triste –– ele responde depois de um tempo que ficamos nos encarando. –– Sabe o que é isso, não é? Se sentir triste, inútil, sozinho...

–– É sério isso? –– o interrompo e acabo soltando uma risada irônica. –– Quem disse aqui que você está sozinho e que é inútil, Leonardo? Ninguém disse. Você não é inútil. Você não está sozinho. Você tem o melhor irmão do mundo e a namorada mais atenciosa também. Sabia que ela largou a escola por sua causa? Que agorinha mesmo estava chorando? Ela tem chorado todo o tempo e você nem dá um abraço nela de vez em quando! –– O tom da minha voz está quase como um grito e não me importo se ele está quase recomeçando a chorar. –– E eu sei sim como é se sentir isso e muito mais, eu sei muito bem. Eu perdi o meu irmão, perdi minha melhor amiga e tudo o que eu era, você acha que eu estou aqui porquê recomecei sozinha? Seu irmão me ajudou, a minha melhor amiga voltou e de algum jeito meu irmão me deu forças. E você deveria saber e entender isso, Leonardo: você não está sozinho. Nunca. Se algum dia olhar para trás, vai saber que Lavínia estará ali para você, assim como Naruto, assim como Jiraya, assim como eu e até os meus pais que gostaram muito de você. –– Ergo a minha blusa de frio e faço ele olhar para as minhas cicatrizes. –– Está vendo isso? Pois bem, foi uma das conseqüências por eu não ter sacado que não estava sozinha antes de tudo acontecer. E se eu fosse você, faria a mesma coisa e pararia de reclamar tanto da vida. Sua família te deixou, ok, todo mundo sabe disso, mas agora você tem uma nova e mil vezes melhor do que aquela outra. –– Paro por um segundo ao perceber que estou gritando mesmo. –– Você não está sozinho, Leo. Não mesmo.

Depois de ter que ouvir esse discurso de pessoa que parece ter enfretado todos os problemas e agora é feliz, Leo sequer pisca. As lágrimas agora mancham ainda mais seu rosto e percebo que ele está com vontade de me abraçar, mas não consegue. Também não consigo sair de onde estou e a primeira coisa que faço é tapar os meus braços novamente, porquê sequer me permito a ficar olhando para estas marcas que agora terei que levar comigo e que possivelmente vão ficar me assombrando para sempre, como Gaara me disse há tempos atrás.

–– Não precisava ter falado assim comigo, poxa –– ele diz e percebo que entendeu de uma vez o que todo mundo tem tentado dizer a ele. –– Tenho que pedir desculpas para a Laví, né?

–– Tem. E se você não fizer isso, quem vai chorar logo, logo será você e não ela –– ameaço ainda com uma voz de mandona e depois acabo sorrindo e o abraçando forte. –– Vamos lá embaixo, ela está aí.

Leo se recusou a tirar a coberta da cabeça, então descemos com ele assim mesmo –– o que é melhor do que nada. Lavínia estava conversando com Naruto ainda no sofá e pude ver como o sorriso dela desaparecia em menos de dois segundos, dando inicio a mais uma “seção” de choro. Quando chegamos, ela mal acreditou e se levantou assustada.

–– O que foi, amore mio? Está se sentindo mal? –– ela pergunta desesperada enquanto procura algum machucado em seu rosto.

–– Laví... desculpa, de verdade –– ele pede e a beija, a abraçando logo em seguida. Eu e Naruto ficamos encantados com a cena e eu não sei se sou eu ou ele quem está chorando mais. Decidimos deixar os dois sozinhos e subimos para o quarto do Naruto e eu quase consegui cair escada à baixo, o que chamou a atenção do casalzinho tão unido agora lá embaixo.

Assim que entrei, soube que esse sim era o quarto de alguém que eu realmente conhecia; ali estava uma cama e em cima dela um violão, um pequeno guarda-roupa fechado com cuidado e perto da janela um piano enorme –– fiquei animadíssima quando passei a mão sobre ele, pois nunca sequer tinha visto um de perto. Naruto se sentou ao meu lado no banco e dei espaço para o “profissional”. Ele olhou para mim depois de um tempo pensando.

–– Vou tocar uma música que você talvez se identifique –– ele diz e afirmo com a cabeça, louca de vontade para ouvir logo. Ele respira fundo e pede silêncio e logo depois começa a tocar com muita sensibilidade. Meu sorriso acaba ficando ainda mais largo quando ele começa a cantar: –– Olá, olá. Tem alguém aí fora? Porque eu não ouço nenhum som. Sozinho, sozinho. Eu realmente não sei onde o mundo está, mas sinto saudades dele agora... –– A voz de Naruto meio que me acalma e ele fica olhando para mim todo o tempo. –– Estou no limite e estou gritando o meu nome, como um tolo a plenos pulmões. Algumas vezes, quando fecho meus olhos, eu finjo estar bem. Mas nunca é o suficiente. Porque meu eco, eco, é a única voz que volta. Minha sombra, sombra. É a única amiga que tenho. –– Não consigo piscar e ele me dá um sorrisinho de canto, o que faz com que eu sinta ainda mais vontade de chorar. –– Ouça, ouça. Eu aceitaria um sussurro se, isto é tudo o que você tem para dar. Mas não é, não é. Você poderia vir e me salvar, tentar continuar essa loucura fora da minha cabeça. –– Ele continua me olhando e percebo que há lágrimas por ali. –– Eu não quero ficar para baixo e, eu só quero me sentir vivo e, poder ver seu rosto de novo. Só meu eco, minha sombra... Você é meu único amigo. –– A voz dele me hipnotizou e agora eu não consigo mexer nenhum músculo nem se quisesse. –– Olá, olá... Tem alguém aí fora?

Eu não conseguia dizer absolutamente nada e Naruto esperava que eu dissesse. Pisquei e senti algo descendo pelas minhas bochechas. Lágrimas. Eu não acredito que estou chorando depois de ter ouvido ele tocar para mim... Mas foi algo tão lindo e a voz dele, assim como sua companhia, me fazem tão bem! E novamente aquele sentimento de que o amo me invadiu e Gaara ficou lá para trás, exatamente no lugar onde eu não quero que ele fique; que ninguém fique, aliás.

–– Pequena, como você se vê daqui uns três anos? –– ele pergunta me acordando e limpo os olhos no mesmo instante.

–– Eu não sei. Acho que... Casada com o Gaara –– minto discaradamente e sorrio para que a mentira seja boa o suficiente para ele acreditar. –– E você?

–– Eu vejo você –– ele diz e aproxima seu rosto novamente. –– E também vejo eu, então vejo nós dois.

Começo a rir para tentando disfarçar a vergonha que senti depois disso e ele faz a mesma coisa. Naruto pega as minhas mãos e coloca por cima do teclado, dizendo para que eu tocasse tudo o que queria e que apenas deixasse todos os sentimentos ruins falarem por mim ali. E foi o que eu fiz embora não tivesse sentimentos ruins, e acho que esta foi a razão por eu ter rido tanto enquanto quase ficava surda com o barulho horrível e desafinado que saía.

Eu também vejo você, Naruto.” penso quando ele pegou o violão para mim e começamos a fazer o dueto mais horrível do mundo. “E, principalmente, vejo nós dois.


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Notas finais do capítulo

Créditos pela tradução: http://letras.mus.br/jason-walker/1967761/traducao.html