Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 18
Capítulo 18. - Parte 1.


Notas iniciais do capítulo

OIIIIIIIIIII, MEUS JOVENS TÃO JOVENS! Depois de dias fazendo vocês sofrerem, está aí o capítulo. Tem uma segunda parte que postarei logo em seguida e também tem um recado bem importante para vocês lá.
Apresento-lhes: Leonardo, um personagem que resolvi criar de última hora, só porquê sim :3



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Pii... pii... pii... Com este barulhinho que costumava me acalmar, acordo. Ainda demora alguns segundos para que eu consiga enxergar tudo perfeitamente, e quando faço isso, desejo ainda estar dormindo. Eu estou em um hospital, entupida de aparelhos, e Naruto está dormindo com a cabeça encostada na minha cama. É só então que percebo que não morri, e que uma hora ou outra, vou ter que encarar os meus pais. Não estou pronta para isso. A minha mãe provavelmente vai estar chorando muito, e eu não vou saber como acalmá-la. Já meu pai, vai me abraçar e quando estiver sozinho comigo, vai desabar.

–– Ah, meu Deus, não acredito que deu errado... –– sussurro, mas Naruto abre os olhos no mesmo segundo. Tento sorrir. –– Oi.

–– Oi. Tudo bom? –– ele pergunta de volta, e fico em duvida se devo ou não responder algo que qualquer um agora deve saber a resposta. Eu ia falar alguma coisa quando ele balançou a cabeça. –– Você tem noção de que quase morreu, não tem?

–– Me desculpe, mas eu não consegui agüentar o que ela fez. –– digo e seguro o choro. –– Está aí a quanto tempo?

–– Eu trouxe você para cá. –– ele responde, e consegue um sorriso meu que logo some. –– Seus pais querem te internar.

Abro a boca para falar alguma coisa, mas não sai nada. Que história é essa de me internar agora? Eu não estou tão mal assim, ou será que estou? Revendo os passos, eu quase me matei ontem, então sim, eu estou mesmo tão mal como eles pensam. Talvez ficar em uma clínica por alguns dias ou meses não vai ser muito ruim, posso até fazer amigos lá que quando eu precisar deles, vão desaparecer e só reaparecer quando eu estiver morrendo de novo! Preciso ir para essa clínica agora mesmo!

–– Como é? –– pergunto depois de minutos olhando para ele em silêncio.

–– É isso o que ouviu, Sakura. Eles querem te internar. O seu pai disse que não era necessário, mas sua mãe começou a gritar e chorar, dizendo que se ficasse mais tempo dentro daquela casa onde só te traz lembranças ruins, ia acabar tentando se suicidar de novo. –– ele explica, e ouço tudo com atenção. –– Para ser sincero, também acho que deveriam te internar mesmo.

–– Isso é injusto, Naruto. –– começo a dizer, e mal pisco. –– Todas as vezes em que a Hinata aprontava comigo, você nunca estava lá, assim como ninguém que diz gostar de mim. Nem mesmo meu próprio namorado estava dessa vez! E porquê será que eu fiz o que fiz? Porquê vocês me abandonaram!

–– Não te abandonamos segundo algum, pequena. –– ele diz, me olhando de um jeito triste.

–– E onde estavam quando eu mais precisei?! –– grito, e com isso, acabo começando a tossir. Depois de alguns segundos, isso para.

–– Estávamos bem aqui. –– Naruto me entra seu celular, e vejo uma foto dele, Kurenai, Tenten, Gaara, e o mais curioso: Ino. Olho para ele em duvida. –– Colocamos câmeras por toda a escola, para poder gravar o que Hinata fazia. Ino foi quem mais nos ajudou, porquê comprou todo o equipamento e Tenten o montou para a gente. Lembra que eu disse que logo isso ia acabar? Então, vai acabar de verdade. E se quer culpar alguém, pode começar a gritar comigo, porquê a ideia foi minha.

Continuo o olhando em duvida, e as coisas parecem estar começando a fazer sentido na minha cabeça; Naruto conversando com Kurenai; Gaara e Tenten juntos no mesmo lugar; e Ino dizendo que precisava falar comigo. Deus do céu, como eu fui perceber isso só agora? Todos eles estavam tentando me ajudar, e tudo o que eu fiz foi virar as costas, achando que eles estavam me abandonando. Estou sentindo vergonha de mim mesma agora, por isso olho para o chão da sala. Eu ainda estava deitada, e Naruto não parava de olhar para os meus braços. Não entendi exatamente o porquê, mas foi então que também vi que estava sem blusa de frio.

–– Isso faz cócegas! –– digo passando uma das mãos em um dos meus pulsos que agora estão com curativos enormes.

–– Faz, não faz? –– Naruto começa a rir, e se senta direito no banquinho que mal cabe ele.

–– Espera! Hoje é que dia? –– pergunto desesperada.

–– Sábado. –– ele responde e solto um suspiro triste.

–– Você deixou de ir para a fazenda por minha causa? –– pergunto novamente soprando o cabelo que caiu sobre os meus olhos.

–– E você achou mesmo que eu iria te deixar sozinha? –– ele pergunta de volta levantando uma sobrancelha, e sou obrigada a rir. –– No outro final de semana a gente vai.

–– Não, eu quero ir nesse! –– retruco indignada, porquê eu realmente estou bem o bastante para ir até lá. –– Onde estão os meus pais? Quero falar com eles sobre isso.

–– Eles estão lá embaixo almoçando. –– ele responde, e sem nenhum cuidado me levanto. Tiro metade dos aparelhos que estão presos em mim e vou seguindo em frente, segurando na parede, e Naruto está me gritando lá atrás, mas eu não vou me virar.

Entro no elevador com ele, e estou começando a não sentir muito ar, só que continuo em pé. Quando a porta abre, procuro meus pais com os olhos e assim que consigo os encontrar, vou correndo até lá. Eu teria caído e batido a cara no chão se Naruto não estivesse atrás de mim.

–– Oi! Eu só vim aqui saber se vou ou não para a fazenda com o Naruto. –– digo me sentando e ficando de frente com os dois, que estão me olhando surpresos. Talvez estivessem pensando que eu não levantaria mais.

–– Como que você conseguiu vir até aqui?! –– minha mãe pergunta, e depois olha para Naruto. –– Você disse que não deixaria ela se levantar!

–– Me desculpe, sra. Haruno! Eu tentei de tudo para que ela permanecesse lá quieta. –– Naruto se desculpa e não vejo sentido para fazer isso.

–– Ei, ei, não coloque a culpa nele. Fui eu mesma quem me levantei, tirei aquelas coisas de mim e vim até aqui. –– digo e ela me olha com os olhos cerrados. –– Não fique emburrada comigo só porquê consegui sobreviver... Enfim, eu vou ou não para a fazenda?

–– Não é óbvio que não? –– meu pai diz dessa vez, e pela primeira vez na vida consigo ver tristeza em seus olhos. Ele não se atreve a olhar para mim. –– Você não está em condições nem de ficar andando, imagine ir até lá.

–– Eu estou bem o bastante, tá?! Só porquê eu quase me mantei ontem, não significa que isso seja o fim do mundo! –– digo perdendo a paciência com os dois. –– Eu vou.

–– Você está ficando louca. –– minha mãe diz balançando a cabeça.

–– É, talvez eu esteja! –– retruco e percebo que eu e ela estamos tendo uma discussão, ou é coisa da minha cabeça. –– Olhem só: eu fiquei uma semana inteira esperando por isso, então, concordo com qualquer coisa que me digam, contanto que eu vá.

Nesse momento, todos ficam calados me olhando de um jeito estranho. Até meu pai faz isso. Falei sobre esse assunto justamente para que também falem sobre a tal clínica aonde querem me enfiar, mas parece que não está dando tão certo assim. Sei que estão com medo e até mesmo sentem pena pelo o que aconteceu comigo, e eu entendo perfeitamente, é uma coisa normal de pais fazerem. Mas eles realmente não precisavam me olhar desse jeito. Assim, me sinto ainda mais idiota que não consegue nunca achar à si própria e está sempre confusa sobre o que fazer e quais decisões tomar.

–– Quando voltar da fazenda, vai direto para uma clínica que encontramos no centro da cidade. Não é a da Tsunade, pois sabemos que você não gosta tanto assim dela. Estava ciente que pode levar até meses até que possa sair de lá. –– meu pai diz e quando olho para mim, tenho a impressão de que ele quer muito chorar.

–– Tenha certeza de que estou muito ciente disso, pai. Eu vou hoje, certo? Certo. –– digo tudo ao mesmo tempo muito rápido.

–– Mas espera, como ela vai sair sendo que ainda não a deram alta? –– Naruto pergunta ao meu lado, e percebo que esse é o maior problema por agora.

–– Podemos fugir. –– sugiro e a ideia realmente parecia melhor na minha cabeça. –– Falo sério. Eu posso pular a janela, e ninguém vai perceber.

–– Com certeza, não. Até porquê se você pulasse a janela e quebrasse a perna, provavelmente seria eu quem deveria te agüentar depois. –– Reconheço a voz de Gaara e me viro no mesmo instante. Ele dá um sorrisinho de lado, mas estou mais interessada no outro corte que ele tem perto do olho direito. Será que foi o pai dele de novo?! Me levanto no mesmo instante e corro para abraçá-lo.

–– Quero conversar com você depois. –– sussurro em seu ouvido e ele não faz nada, mas sei que concordou de alguma forma. Me viro novamente para os meus pais, e Naruto está olhando para qualquer lugar, menos para onde estou com a minha mão entrelaçada com a de Gaara. –– Como eu vou sair?

–– Tentarei convencer o seu médico, mas não se surpeenda se ele não te deixar ir embora. –– minha mãe diz, e tenho certeza de que daqui algumas horas eu vou estar na fazenda. Ela sempre vou ótima em convencer as pessoas.

Me viro de novo, entrando no elevador junto com Gaara e sem dizer nada para os que ficaram para trás. Antes da porta fechar, consigo ver Naruto olhar triste para mim e depois balançar a cabeça, voltando a falar com meus pais. Quando chego no meu quarto, faço questão de fechar a porta, porquê mesmo sabendo que não conheço praticamente ninguém por aqui, mesmo assim não quero que as pessoas que passam pelos corredores ouçam alguma coisa.

–– Eu queria que você pudesse ficar. –– ele diz quando pulo na cama e me sento ao seu lado. Isso parte o meu coração.

–– Gaara, eu não posso. Você sabe disso. –– digo olhando para a parede.

–– Mas eu queria mesmo assim. –– ele diz, virando o meu rosto devagar. –– Sabia que eu fiquei desesperado quando Naruto me ligou e disse que você tinha tentado se suicidar?

–– Desculpa. –– peço com vergonha do que eu fiz, porquê já prevejo as pessoas totalmente diferentes comigo de agora em diante. –– Desculpa, de verdade.

–– Tá. Enquanto estiver lá, eu estarei aqui te esperando e escrevendo. Pode me ligar todos os dias? –– ele diz e fico um pouco confusa.

–– Eu só vou ficar lá dois dias! –– digo com as sobrancelhas juntas. –– Mas okay, eu ligo sim.

E então ficamos os dois em silêncio. Sim, eu estou com muita vergonha pelo o que fiz ainda e agora fico imaginando a reação de Gaara; ele deve ter ficado mesmo desesperado. Não consigo sequer pensar em algum assunto para poder falar com ele antes de “embora”, porquê sei como ele vai ficar quando eu não estiver mais aqui. Meio que odeio dizer isso, mas acho que vou sentir falta dele.

–– Mas eu apenas quero que você saiba que eu... –– ele começa e eu o olhei desesperada, pedindo com os olhos para que não continuasse aquela frase.

–– Por favor, não fale o que está pensando. –– peço ainda o olhando do mesmo jeito.

–– Porquê não?

–– Porquê eu não vou conseguir dizer o mesmo. –– respondo eternamente triste por isso.

Gaara respira fundo fechando os olhos por alguns segundos, depois pula em cima de mim, me abraçando e me fazendo rir um pouco. Os meus pulsos estão sim doendo, mas não me importo. Ele viu os meus braços todos cortados e assim como todo mundo, está fingindo também não se importar. Depois de alguns segundos, ficamos apenas abraçados em silêncio enquanto estou encolhida sobre ele e com a cabeça em cima de seu ombro.

–– Espero que você volte logo. –– ele começa de novo, e olho para cima para poder olhá-lo.

–– Vão ser só dois dias. Eu vou voltar. –– digo tentando transmitir, talvez certeza, na minha voz. –– E se o seu pai fizer qualquer coisinha, me conte, ouviu?

Passo a mão de leve em sua outra bochecha cortada, e mesmo que pareça para mim ainda estar sangrando, ele nem se mexe. Me levanto de novo, procurando pela mesinha um curativo que eu tinha visto algum tempo atrás e o acho debaixo do meu travesseiro. Como que isso foi parar ali? Não tenho a mínima ideia. Talvez eu até tenha acordado de madrugada e o enfiado lá, mas realmente não me lembro de fazer isso; na verdade, não me lembro nem de ter acordado desde ontem. Viro a cabeça e o olho deitado me encarando, sorrio e coloco o curativo em seu rosto. Ele fica ainda mais fofo. Simplesmente não entendo como ele consegue fazer essa mágica, só que preciso aprender qualquer dia desses.

–– Vou deixá-lo aqui até que volte. –– ele diz passando alguns dedos no curativo e acabo rindo.

É engraçado, de verdade. Estou saindo por apenas dois dias e para Gaara vão ser mais de décadas, e isso me deixa até que um pouquinho feliz, porquê parece que ele está mesmo começando a gostar de mim. Espero que com essa onda de carinho, ele também pare com as crises bipolares que já estou começando a me irritar, mas não tenho coragem nem de pensar em perder a paciência. Aquilo que Kankurou falou sobre o que ele faz quando está com raiva me deixou pensando um pouco, e também quero descobrir isso. Quero descobrir todas as coisas que acontecem com ele e fazê-las parar até que ele não sinta mais dor nenhuma. Nunca mais.

–– Depois que eu voltar, meus pais vão me internar em alguma clínica para “loucos”... –– anuncio ainda não acreditando que vou ter mesmo que ir para um lugar desses. –– Você vai me visitar... Não vai?

–– Todos os dias. –– ele responde apoiando a cabeça em uma das mãos.

–– Promete?

–– Prometo.

–– Ótimo. –– Vou me aproximando aos pouquinhos, então me lembro de uma coisa que precisava dizer: –– Enquanto eu não estiver aqui, não quero saber de você e da Tenten ficarem juntos. Nunca mesmo. E eu não estou de brincadeira para você ficar rindo.

–– Eu já disse que não teve nada. O engraçado é que está com ciúmes de mim... –– ele explica e fecho a cara. –– Ah, vamos, mô, não fique assim. Não quero que fique com raiva de mim logo agora que vai embora... Vem aqui, deixa eu te beijar.

–– Acho que Tenten beija mil vezes melhor do que eu. –– digo e viro de costas, cruzando os braços e lutando contra a minha vontade de rir.

–– Tá bom então, eu vou procurar ela. –– ele diz se levantando e o olho indginada.

Como assim ele não vai mais insistir na brincadeira? Como assim ele vai procurar ela?! Então percebo que ele está apenas zuando da minha cara, e me levanto correndo e o abraço por trás, no exato momento em que Naruto abre a porta –– ainda não sei como se a tranquei –– e nós três quase vamos para o chão juntos. Ele respira fundo e Gaara apoia a mão na parede, porquê infelizmente nós dois ainda estamos a ponto de cair.

–– A sua mãe mandou avisar para que você trocasse de roupa porquê vocês vão para casa arrumar o que você vai levar. –– ele informa meio com vergonha e consigo perceber algo diferente nele. Será que está assim por causa do Gaara?

–– Ah. Tá. –– respondo e dou um sorrisinho de lado, ele retribui e recomeça a andar quando o chamo.

–– Hum? –– Percebo de novo que ele não está com paciência para esperar, mas vai ter que me ouvir.

–– Você está bem mesmo?

–– Ah... Sim. Só muito supreso ainda com tudo isso que está acontecendo. –– ele responde e tenho vontade de ir lá abraçá-lo. –– Obrigado por se preocupar.

–– Tá. –– digo de volta apenas e ele vai embora de vez. Olho para Gaara. –– Ele não parece tão bem como diz.

–– Eu também acho que não, mas Naruto é profissional em fingir que sim. –– ele diz e voltamos para a cama.

–– Eu não entendo...

–– O que não entende? –– Gaara ergueu meu queixo devagar.

–– Quando Naruto está comigo, ele nunca muda de humor. Mas toda vez que eu vou embora, ele piora... –– explico, ou tento o fazer.

–– Até hoje você não sacou? –– Gaara pergunta e fico ainda mais confusa. Ele solta uma risada da cara que faço. –– Você é o melhor remédio para ele. Eu nunca vi ele tão feliz desde que te conheceu. E é por isso que ele piora quando você vai embora, porquê digamos que o Naruto precisa de você todo o segundo.

Acho que fiquei um minuto inteiro olhando para ele sem saber o que dizer, e então voltei à vida, piscando várias vezes e tentando entender, porquê tudo isso ainda continua confuso para mim. Eu sempre falei para mim mesma que nunca seria uma boa companhia para alguém, e olhe tudo o que está acontecendo agora. Eu não entendo. Eu não entendo... Mas se eu sou um “remédio” para o Naruto, estou feliz por isso, pois assim como ele quer muito me ver feliz e bem de novo, quero o mesmo e em dobro para ele.

–– Eu vou embora. –– ele diz e desperto.

–– Promete mesmo que vai me ver depois na clínica? –– pergunto de novo, porquê estou com um certo medo de ele dizer que sim e no dia não ir coisa nenhuma.

–– Já disse que vou todos os dias. –– Gaara está começando a perder a paciência comigo e essa é a hora do tchau, ou para ele, adeus. –– Então, até daqui dois dias.

–– Até... Amor. –– digo, e acabou o assunto.

Sou eu quem pula dessa vez e o abraça, e o beijo logo em seguida segurando seu rosto bem perto do meu. Não sei, mas acho que fazendo assim, ele vai perceber que eu não vou deixá-lo sozinho tão cedo. Depois de nos separarmos, estou a ponto de chorar. Agora quero muito levar o Gaara junto comigo, só que infelizmente sei que a resposta para isso vai ser um não enorme. Ele se levanta, beijando a minha testa e quando está na porta, o chamo.

–– Não se esqueça da clínica. –– digo pela terceira vez e embora pareça que quer mandar eu calar a boca e parar de falar sobre isso, ele ri.

–– Não vou esquecer. E também não esqueça de me ligar, mô. –– Gaara fecha os olhos e manda um beijo para mim, e começo a rir.

–– Com certeza não vou esquecer. –– digo, e mesmo não querendo, ele vai embora.

Então agora é o momento em que eu fico pensando em tudo o que disse sobre Naruto. Eu também não entendo porquê continuo com Gaara, sendo que quando estou com ele, meu pensamento sempre está com outro garoto. Eu deveria estar dando atenção apenas para ele, mas não, fico pensando em Naruto o tempo todo! Preciso parar de ficar pensando em coisas assim quando meus pais aparecerem no meu quarto, troco de roupa e com muita dificulade, visto a blusa de frio e entramos no carro. O caminho INTEIRO eu fiquei olhando para o Naruto, e ele nem fez o mesmo –– se percebeu, fingiu muito bem. Quando entramos em casa, meio que fiquei triste em ter voltado para cá e meu pai sacou isso, pois veio por trás de mim e me empurrou de leve para dentro, sorrindo e provavelmente tentando dizer para que eu não ficasse pensando naquelas coisas ruins.

–– Espere aí, Sakura! Essa não! Não está vendo que está suja?! –– Isso foi tudo o que a minha mãe ficou dizendo quando subi para o meu quarto e comecei a pegar as minhas roupas.

Como eu já tinha tomado banho no hospital –– e nem eu mesma sabia disso ––, não precisei fazer mais esse esforço em casa. Confesso, está sendo um trabalhão toda essa coisa de ir para a fazenda, mas acho que vai valer muito a pena. A única coisa que estou estranhando mesmo é que o avô de Naruto até agora não apareceu, e estamos esperando sentados ansiosamente no sofá.

–– Então, decidimos que se você quiser ir de ônibus, pode ir. –– meu pai diz, e sei que fizeram isso por causa do acidente.

–– Eu vou de... ônibus. –– digo e percebo que Naruto olha para mim um pouco desesperado. –– Mas eu vou sozinha?

–– Eu vou com você. –– ele diz, ficando mais perto de mim.

–– Você disse no hospital que ia com o seu avô por causa do... –– minha mãe começa, só que para a minha infelicidade, não termina.

–– Sim, eu disse, mas eu não sabia que ela iria de ônibus e não com a gente. Como posso deixar ela ir sozinha? –– ele retruca e sinto vontade de sorrir.

–– De quem você estava falando, mãe? –– pergunto curiosa e ela olha para Naruto em busca de ajuda.

–– Você vai descobrir logo. –– ele responde por ela, o que me deixa ainda mais curiosa. Odeio isso em mim.

Então saímos de carro de novo, mas dessa vez eu sinto vontade de vomitar. Começo a respirar rápido, cruzo as pernas, abro a janela, e nada disso adianta, porquê depois de alguns minutos eu tive que implorar chorando para o meu pai parar e eu devo ter deixado a minha alma para trás. O que está acontecendo comigo? Primeiro a tontura no parque, agora isso. E eu tenho certeza de que não estava internada só porquê cortei os pulsos. Claro que não. Tem alguma coisa acontecendo comigo, e ninguém quer falar. Eu espero que não seja nada grave, embora à esse ponto eu queira muito morrer. Não sei com que cara eu vou voltar para a escola, sei e até estou vendo a cara que todos vão fazer quando a “louca” voltar. E tem Hinata. Deus do céu, o que eu vou fazer com ela agora? Estou tentando acreditar que essa coisa que Naruto inventou das câmeras dê certo, mas não duvido que Tsunade as perceba e o plano acabe.

Eu sinceramente odeio ficar esperando por ônibus que demoram mais do que deveriam. Estou sentada em um banco olhando para todos os lados, e Naruto parece querer dormir –– ele tentou encostar a cabeça no meu ombro, mas eu não deixei. Meus pais parecem impacientes com a demora, e agora parece que a cada um segundo a minha mãe acha que eu vou tirar uma lâmina de lugar nenhum e tentar me suicidar de novo, pois sempre está perto de mim, me abraçando, beijando a minha testa ou passando a mão no meu cabelo. Eu achei que o meu pai era quem faria isso, mas parece que não. Eu soube um pouquinho mais cedo do Naruto, que a minha mãe deixou escapar que ele tinha parado com o livro que tinha começado a algumas semanas atrás e que não deixou nem que eu soubesse o nome.

E na hora da despida, é que a coisa ficou feia mesmo. A minha mãe começou a chorar, pedindo para que eu não fosse embora –– pensei seriamente em não ir mesmo, mas agüentei a vontade. E o meu pai, deixou algumas lágrimas caírem, só que agüentou mais firme que eu a vontade de me abraçar. Então, eu subo no ônibus com Naruto, e da janela dou um aceno de mão, com todas as palavras que ainda estão entaladas na garganta. Eu sei e entendo que ele está sofrendo, mas não precisava fazer tal coisa comigo, e ele sabe o quanto gosto quando me abraça. Sei também que todos estão preocupados comigo indo para a fazenda porquê tem medo de que eu repita a mesma coisa que fiz em casa, sendo que não existe como uma coisa dessas acontecer de verdade. Prevejo que de agora em diante, vou ser tratada que nem um bebê.

–– Pequena, você quer conversar? –– Naruto pergunta, e olho para ele.

–– Porquê todo mundo está estranho comigo? –– pergunto de volta, ignorando o que ele disse.

–– Porquê todo mundo teve medo de te perder. –– ele responde e já começo a ficar sem jeito de continuar essa conversa. –– E ninguém te odeia lá na escola, Sakura. Todo mundo me ligou perguntando se você tinha morrido, e acredite, eles estavam preocupados de verdade.

Fui obrigada a rir depois de ouvir isso. Essa foi muito boa da parte do Naruto, e ele está evoluindo de uma forma incrível nas brincadeiras. Quando abro os olhos, ele continua sério, e também fico do mesmo jeito.

–– Tá. Mas e as pessoas que riram de mim na escola? –– pergunto e tento não ficar me lembrando de tudo, o que está se tornando impossível.

–– Quer apostar quanto que Hinata as pagou para elas irem lá? –– ele rebate. Essa ideia não tinha passado na minha cabeça antes, e até parece que faz sentido. Naruto desvia o olhar para a janela e sorri. –– Está chovendo!

–– O quê?! –– Também me viro desesperada e ele percebe isso. Será que os meus pais falaram alguma coisa sobre o acidente? Se não, então não era para ele estar me abraçando tão forte como agora. É estranho estar “aqui” de novo depois de tanto tempo. Qual foi a última vez que o abracei? Sequer me lembro.

Como eu estava morrendo de sono, acabei por dormir com a cabeça encostada no ombro dele. Eu acho que não demorou tanto assim para o ônibus parar e Naruto me acordar sussurrando o meu nome, ou eu devo ter dormido muito para ver isso. Posso perceber que ele não dormiu, nem hoje e talvez também nem ontem. E razão de tudo isso, sou eu. Simplesmente odeio ser um incômodo para alguém, por isso, quando chegarmos na fazenda, vou fazer ele dormir mesmo se não quiser. Me arrependo por não ter aceitado a proposta de ir a pé até lá, porquê parece que o avô dele tem prazer em balançar o carro o máximo que pode, me deixando com mais vontade de vomitar. Quando descemos, Naruto volta ao normal. Ele joga as malas no chão e me puxa pela mão devagar, mas sei o quanto está resistindo a vontade de sair correndo. Vamos até um curral, onde tem um garoto sem camisa sentado na porteira. Acho que fiquei vermelha.

–– Leonardo, Leonardo! Olhe quem está aqui! –– Naruto grita e o garoto se vira para olhar para mim com os olhos cerrados por causa do sol. É impressão minha ou os olhos dele também são verdes?

–– Espere aí, estou indo! –– “Leonardo” grita de volta, descendo. Eu acho que ele é desajeitado que nem o Naruto, porquê quando estava perto do chão, conseguiu cair como eu consegui naquela vez do portão na escola. Não resisto e começo a rir.

–– Você está bem? –– pergunto enquanto ele caminha na minha direção, ficando perto até demais do meu rosto. Eu estava certa, ele tem mesmo os olhos verdes (que até combinam com o cabelo preto um pouco grande).

–– Ah, estou sim. –– ele responde tirando a poeira da calça, porquê aqui parou de chover. Ele se vira para Naruto que esteve olhando sei lá para onde. –– Quantas vezes eu já disse para me chamar só de “Leo”, seu idiota?

–– Porquê? Não gosta do seu nome? –– pergunto novamente, e posso perceber que uma pessoa aqui do meu lado parece surpresa com isso.

–– Não. Comum demais e feio demais. –– ele diz balaçando a cabeça.

–– Não é um nome feio... E me lembra Leonardo da Vinci. –– digo tentando o animar.

–– E isso é uma coisa boa? –– ele pergunta destraído enquanto amarra a camiseta com mais força na cintura.

–– Vai ser se você achar uma pessoa que também goste e o admire como eu. –– respondo, e só depois que Leo olha para mim sorrindo, percebo que isso saiu como se eu tivesse flertando com ele, o que com certeza não estou fazendo. Abro a boca para dar alguma explicação, mas ele e Naruto começam a rir e acabo fazendo a mesma coisa.

Começamos a andar sem um rumo certo, enquanto Leo conversa alguma coisa sobre desenhos ou algo assim com Naruto, o que eu decidi não interromper já que não entendo nada. Uma raridade está acontecendo agora: eu estou sem o meu fone. Se algum bichinho decidir entrar no meu ouvido, então eu estou totalmente ferrada, porquê por aqui não tem nenhum hospital. Eu trouxe um punhado de algodões do hospital, e vou usá-los a noite na hora de dormir. Naruto me chama.

–– O seu pai te mandou isso. –– ele diz pegando a mochila de lugar nenhum e tirando, para a minha surpresa, a câmera que meu pai não deixava nem a minha mãe tocar.

–– Espera, isso é sério? Ele deixou mesmo? –– pergunto sorrindo enquanto a pego com muito cuidado com as mãos; não porquê meus pulsos ainda doem, mas sim por não querer que ela sequer risque com, talvez, o vento. A ligo e começo a ver as fotos que meu pai tirou nesses dias, e encontro uma minha dormindo no hospital, outra na cozinha sorrindo e aquela do baile.

–– Sim, é sério. Mas ele disse que quando voltar e tiver um arranhão sequer, ele te mata. –– Naruto diz e começo a rir ainda olhando para a tela.

Então começo a fazer o papel de fotógrafa; começo tirando uma foto de Naruto, que ele levantou a mão no último segundo, mas ainda assim ele saiu sorrindo. Depois, uma de Leo, que foi mais esperto e fez uma careta antes que eu batesse –– sei que não me apresentei à ele, mas acho que Naruto já deve ter falado tudo sobre mim. Tento tirar uma do céu, mas o sol acaba atrapalhando um pouco e não dá tão certo como eu imaginei que ficaria. Enquanto estou tirando uma do curral, ouço Leo dizer que tem um baile na fazenda do lado, e acho que Naruto olhou para mim. Não, não, não! Eu com certeza não vou nesse tal baile, primeiro por estar muito cansaça, e depois porquê depois que saí do hospital, qualquer pequeno esforço que faço, é suficiente para tirar uma grande quantidade de energia do meu corpo.

Andamos mais um pouco, e é quando encontramos um rio um pouco sujo. Leo não perde tempo e se joga lá dentro com toda a coragem do mundo, e me viro para Naruto, que só fica me olhando de volta. Eu estava esperando que ele dissesse que estava tudo bem em entrar lá, só que ele não fez nada. Parecia que estava até com medo, por isso, corri até ele e peguei sua mão, o empurrando rio à baixo e depois entrei também –– antes eu deixei a câmera em um lugar seguro, é claro. Não era tão fundo assim e eu conseguia andar sem problemas, tirando que Leo e Naruto estavam jogando muita água em mim quando fiquei de pé. Estou toda molhada agora, e corro para pegar a câmera de novo. Sem que percebam, tiro uma foto dos dois sorrindo e sai perfeita. Fico sorrindo enquanto olho para Naruto. O quanto especial esse garoto agora é para mim? Não sei responder, mas tenho certeza de que é, e muito. Eu não hesitaria em fazer qualquer coisa para vê-lo bem de novo, assim como Gaara. Mas com ele a coisa é diferente. Naruto ainda faz com que eu me sinta feliz de verdade, como agora e amo muito isso nele. Não tenho tanta certeza de que o amo, só que continuo com aquela vontade de dizer: “Eu amo você!”

–– Olhe você. –– ele diz quando estamos indo embora de vez, e nós três estamos tremendo.

–– É, olhe você também. –– retruco rindo enquanto aperto ainda mais a blusa de frio. Parece que começou a ventar forte só porquê nos divertimos tanto.

Também me arrependo quando chegamos, porquê Jiaraya nos coloca no sofá e começa a falar de como poderíamos ter morrido ou nos afogado, o que é até estúpido de ficar ouvindo. Então ele muda de assunto, falando sobre o baile, e para a minha infelicidade, nós vamos.


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