Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Bem, o Nyah finalmente voltou e eu também, e de sobrenome u_u Finalmente, né? q.
Boa leitura, espero que gostem e me desculpem os erros.



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–– Já falei que ela não vai. –– minha mãe diz pela décima vez, com os braços cruzados.

–– Mas qual o problema de ela ir? –– meu pai pergunta também pela décima vez.

–– Porquê ela é uma garota, e ele, um garoto. –– ela responde, e percebo que está começando a ficar nervosa. –– Esse é o problema.

–– Mas quando ele ligou aqui, falando da escola, você o achou o garoto perfeito para ela, lembra? –– ele pergunta com os olhos cerrados, e fico um pouco sem jeito com isso.

–– É totalmente diferente. –– ela declara, e então os dois ficam em silêncio.

Estou a duas horas tentando saber qual é a resposta dos meus pais sobre eu ir para a fazenda com Naruto, mas tudo o que eles fazem é começar a discutir e depois se calarem. Eu poderia estar agora, sei lá, na casa dele por exemplo, só que continuo aqui. Isso é errado. Estou dizendo sobre eu estar pensando em estar na casa do Naruto, eu deveria mesmo era ligar para o Kiba e perguntar como ele está, porquê desde ontem ele não deu mais nenhum sinal. Bem, se estiver pensando que vou correr atrás, ele também pode entrar para a fila.

–– Eu acho melhor vocês decidirem de uma vez se eu vou ou não. –– digo interrompendo a gritaria que se formou enquanto eu estava pensando comigo mesma.

–– Mas porquê Naruto quer que você vá? E Kiba sabe disso? –– minha mãe pergunta, com uma sobrancelha levantada.

–– Eu não sei porquê, e não, Kiba não sabe de nada disso. –– respondo rápido, imaginando que ele deve estar triste por eu também não ter dado sinal... –– Eu soube esses dias que ele é bipolar. Ele me disse que só vai para essa tal fazenda quando está muito mal, e, sinceramente, repassando tudo, vai ser ótimo se eu for junto.

–– Como você vai para lá? –– ela pergunta, sentando ao meu lado.

–– O avô dele tem um carro, eu acho, mas se não tiver, podemos ir de ônibus. –– respondo ficando de frente para ela. –– Nunca te pedi nada nesses últimos tempos, só que por favor, me deixe ir junto!

Minha mãe fica pensando enquanto olha fixadamente para o meu rosto, bem nos meus olhos. Odeio isso nela por eu não fazer a mesma coisa com as outras pessoas, com Naruto é um pouco diferente, mas isso não vem na conversa.

–– Tá, você pode ir. –– ela responde depois de séculos, e quando ia agradecer, ela continua: –– Só que tem algumas coisinhas: nada de dormir na mesma cama, nada de trocar de roupa perto dele, nada de deixar a porta aberta quando estiver tomando banho...

–– Você precisa mesmo dizer tudo isso, sendo que ela já sabe? –– meu pai pergunta rindo, e o agradeço mentalmente. –– Bem, agora você vai vir comigo. E você, Sakura, fique aí e arrume qualquer coisa para fazer.

–– Tá ok. –– digo, sacando o que meu pai estava propondo: que eu chamasse Naruto para cá enquanto ele saía para qualquer lugar com a minha mãe. –– E obrigada, mãe.

No mesmo segundo que os dois saem pela porta, agarro o meu celular e quase não consigo ligar para Naruto de tanta ansiedade. O telefone chama, e chama, e chama, e nada dele atender. Não acredito que deve estar dormindo em um domingo e em plenas 14:00 horas da tarde. Quando vou deitar a cabeça no braço do sofá, o celular vibra e o atendo no mesmo segundo.

–– Você não vai acreditar, mamãe e papai deixaram eu ir para a fazenda com você! –– digo primeiro não deixando nem que ele comece alguma coisa.

–– Mesmo?! –– ele pergunta e respondo que sim. –– Oh, meu Deus, essa com certeza vai ser a melhor das viagens que eu já fiz para lá!

E então começamos a gritar de cada lado, exatamente como loucos –– coisa que agora, eu sei que passamos longe. A diferente entre o Naruto e o Kiba é tão grande que não consigo nem mesmo dizer, porquê provavalmente ficaria sem saber como explicar. Digamos que Kiba me faz sorrir, mas que Naruto faz com que eu me sinta feliz de verdade.

–– Estou sozinha em casa, e estava pensando se... você não quisesse vir até aqui. –– declaro tremendo por puro nervosismo. Ele provavelmente mandaria eu parar de roer as unhas se estivesse na minha frente.

–– Seus pais não ficariam zangados se chegassem e eu estivesse aí? –– ele pergunta indeciso, e quase consigo ver ele olhando para o chão como sempre faz.

–– Com certeza, não. –– respondo tentando ser confiante. –– Você vai vir ou não?

–– Vou, mas se os seus pais chegarem eu também vou dizer que foi você quem me convidou. –– ele responde algo totalmente diferente, e sou obrigada a rir.

–– Tudo bem, pode dizer isso. –– digo olhando para um espelho que tem na sala e reparando o quanto o meu cabelo está um horror hoje também. –– Bem, até daqui a pouco. Não demore, e quando estiver chegando, dê um toque no meu celular. –– E desligo me aproximando do espelho sem acreditar.

A minha mãe percebeu a diferença ontem embora estivesse escuro, e ligou para todas as amigas dela que soubessem de um salão que abrisse em dias de domingo, coisa que me pareceu impossível até ela dizer que exatamente ás 08:00 horas da manhã, eu tinha que ir em um que não é nada perto da minha casa. Antes ele batia na minha cintura, e agora bate na metade dos meus braços. Ele continua grande para todo mundo, mas não para mim, porquê não é assim que eu queria que ele estivesse. Juro que ainda vou cortar o cabelo de Hinata do mesmo jeito que ela fez comigo, ou talvez até pior. Estou tentando fazer todos os tipos de penteados que conheço nele agora, e nenhum está prestando como eu imaginava na minha cabeça.

–– Será que ele gosta de tranças? –– pergunto para mim mesma olhando para o espelho, e me pego sorrindo. Balanço a cabeça por um segundo, então começo a trançar o meu cabelo da forma mais fácil que a minha mãe conseguiu me ensinar. Eu nunca fui boa com essas coisas, e o máximo que eu consigo fazer além disso, é amarrá-lo.

O celular vibra no sofá quando estou na metade da trança, e então me desespero. A campainha toca e começo a tentar arrumar a minha franja que também decidiu de último segundo cair na minha cara. Vou até a porta, respiro fundo e a abro.

–– Oi! –– cumprimento e a maldita franja cai nos meus olhos, tento afastá-la a soprando, mas ela volta. Então perco a paciência e a coloco de trás da orelha. –– Pode entrar.

Naruto dá um passo a frente e fica tão perto de mim que com um ventinho de nada, não duvido que vamos nos beijar. Ele coloca a minha franja de novo para a frente, e dá um sorrisinho.

–– Deixa assim. Fica mais fofa. –– ele aconselha, ou sei lá se o que acabou de dizer foi um conselho ou elogio, mas creio que a primeira opção seja a mais provável.

Entramos e ele se senta no sofá assim como eu depois de alguns segundos em pé na porta. E agora nós não temos mais nada para conversar, simples assim. Antes Naruto tinha, tipo, um milhão de assuntos comigo, mas ultimamente não tem falado nada –– e quando digo “ultimamente”, estou me referido a desde ontem. Estou olhando para o teto quando ele puxa de leve a minha trança, chamando a minha atenção.

–– Quer que eu refaça para você? –– ele pergunta, mas não consigo dizer nada porquê estou em um momento de amor com seus olhos. Ele a puxa outra vez.

–– O que? –– pergunto fingindo não ter o ouvido.

–– Quer que eu refaça para você? –– ele repete, rindo da minha rapidez em ter voltado á vida, talvez. Faço que sim com a cabeça. –– Quer de lado ou de trás?

–– De qualquer jeito, contanto que preste. –– respondo e ele manda que eu fique de costas. –– Sabe mesmo fazer isso? Não vai estragar o meu cabelo e nem nada?

–– Sei sim, e não vou estragar o seu cabelo. –– ele responde ainda rindo e desfazendo a trança que agora, eu tenho certeza de que não serviu para nada. –– Eu gostava do seu cabelo daquele jeito, mas continuo gostando dele assim também.

Isso me faz ficar sem palavras, apenas olho para baixo fingindo estar mexendo no celular, só que Naruto sabe que eu não mando mensagens para o Kiba, e que eu também não recebo nenhuma outra coisa que não seja vinda dele. Porquê eu acabei de ficar sem palavras por causa de uma coisinha como essa? Eu deveria estar acostumada, ou pelo menos me acostumando, mas parece que eu ainda não estou. Bem, que isso passe logo, então.

–– Pronto. –– ele declara, fazendo eu levantar a cabeça novamente e me virar para olhá-lo.

–– Já? Nem senti nada. –– pergunto e admito ao mesmo tempo o que é verdade, ou talvez eu tenha pensado demais enquanto ele mexia no meu cabelo. Sempre me derretia quando faziam isso, mas eu não sou a mesma pessoa que antes.

–– Já. –– ele responde confirmando com a cabeça ao mesmo tempo. –– Ficou linda, como você.

–– Pare de me encher de elogios a todo segundo, eu não mereço. –– digo colocando a franja para trás da orelha novamente.

–– Você é o tipo de pessoa que mais merece. –– ele diz, o que deve ter feito eu ficar vermelha. –– Você é linda.

–– Ok, ok, você já disse isso. –– digo sem paciência, mas pode crer que por dentro eu gostei ouvir isso vindo dele. –– Porquê está sempre dizendo essas coisas?

–– Só quero que você nunca se esqueça que é especial. –– ele responde e cerro os olhos para não chorar. Eu não sei porquê, só que isso acabou fazendo com que eu tenha vontade de chorar. –– E acho que “sempre dizendo essas coisas”, você vai me amar mais.

–– Bobo. –– digo esticando para dar bater em seu ombro, mas Naruto se afasta e eu acabei de cair por cima dele. –– Ah... Foi mal.

–– Não tem problema. –– ele diz, e não deixa que eu saia daqui, porquê está me abraçando. –– Ai, pequena, já estou te imaginando andando de biscicleta comigo.

A ideia é tão estúpida que me permito a rir. Eu não gosto nada de biscicletas por causa do Sasori; ele estava me ensinando a andar na dele, que era mil vezes maior que eu, e disse que eu podia atravessar a rua, porém, quando eu virei a esquina, bati com uma lixeira enorme e caí lá dentro. Tive que ir para o hospital e tudo o mais, fiquei de cama por uma semana, mas pelo menos ele também ficou sem vídeo-game nesse tempo e ainda foi obrigado a cuidar de mim.

–– Com certeza, NÃO. –– digo depois de um tempo. –– Se você me colocar em uma daquelas coisas, eu juro que te mato.

–– Ah, você não faria isso com o seu melhor amigo, ou faria? –– ele pergunta de volta e fico um pouco sem jeito. –– Eu ouvi você falando para o Kiba ontem sobre eu ser o seu melhor amigo, e bem, é verdade?

–– É! –– respondo toda animada, mas logo escondo essa parte que ainda vive em mim. –– Quer dizer, só um pouquinho.

Nós dois rimos da minha indecisão, e ficamos em silêncio de novo. Estou com a cabeça no colo de Naruto e olhando para o teto, como se ele fosse me dizer algum assunto para não continuar essa coisa ruim. Eu não sou de falar, eu sei, mas não gosto de que as pessoas fiquem sem nada para conversar comigo.

–– E a Hinata, hein? –– ele pergunta, me fazendo inclinar a cabeça para trás. –– Acredita que quando eu a levei em casa, ela me beijou á força?

–– O quê?! –– pergunto me sentando e bagunçando todo o meu cabelo, o que não é o que importa nesse segundo. –– E você retribuiu?

–– Claro que não! –– ele responde rápido, me olhando um pouco assustado. –– Mas porquê ficou desse jeito?

E fico sem resposta para isso. É essa pergunta que também estou fazendo para mim mesma: “mas porquê ficou desse jeito?”. Quer dizer, eu nunca tive ciúmes do Naruto, talvez um pouquinho, mas foi á muito tempo atrás. E se isso não é ciúmes, então eu não sei mais o que pode ser.

–– Ah, por nada... –– minto, porquê também não sei o que está havendo comigo. –– Ainda vamos acabar com elas juntos, certo?

–– Uhum. –– ele responde balançando a cabeça e abrindo os braços. Nunca faria isso antes, mas acabei de abraçá-lo em vez de ser o contrário. –– Eu queria ver... os seus cortes.

Me sento de novo, indignada com o que acabei de ouvir. Isso sim é uma ideia estúpida; mesmo que eu confie no Naruto, não vou mostrar as porcarias dos meus cortes para ele. Evito até olhar, imagine mostrar para outra pessoa. E não é porquê eu tenho medo de me julgarem a esse ponto, não é nada disso porquê eu sei que ele não vai me julgar por entender perfeitamente a minha situação, só que agora eu sinto vergonha disso, vergonha do que acabei fazendo comigo mesma, vergonha...

–– Nunca. –– digo firme, olhando em seus olhos. –– Não pense que com isso, eu não confie em você, é só que... Bem, pouco importa, e porquê queria ver?

–– Para tentar ver o tamanho do seu sofrimento. –– ele responde e junto as sobrancelhas em duvida. –– Tsunade me disse que podemos tentar ver o quanto uma pessoa está sofrendo com coisas pequenas, e eu achei que isso seria o suficiente.

–– Ah, eu não estou sofrendo. –– minto cruzando as pernas. Quando ele coloca sua cabeça no meu colo e me olha profundamente, é que percebo o quanto dizer isso só fez ele se interessar ainda mais sobre o que está acontecendo comigo. –– Tudo bem, vamos mudar de assunto: eu quero terminar com o Kiba.

–– Mas não faz nem uma semana que vocês estão juntos... –– Naruto diz surpreso por isso. –– Porquê quer terminar com ele tão cedo?

–– Porquê eu sei que não vai dar certo, e porquê... –– paro. Silêncio total. Agora só existe eu olhando novamente para Naruto e ele fazendo a mesma coisa comigo sem sequer piscar. –– Eu gosto de outro garoto.

Me arrependo amargamente por ter dito isso, porquê agora sei que ele vai querer saber quem é esse garoto, e madrugadas e mais madrugadas eu venho tendo a certeza de que é justamente ele. Não, eu nunca diria isso para o Naruto nem se me obrigassem, e porquê não? Pelo simples fato de perder sua amizade depois disso. Eu sei que ele me enche de elogios, mas isso não quer dizer que também gosta de mim; sei que também me defende de grande maioria das coisas que estão acontecendo, e eu continuo nessa maldita duvida. Maldita mesmo sou eu, talvez, por ter me apaixonado por ele nessa situação que estou. E outra, porquê ele iria querer uma pessoa como eu? Uma pessoa que não sabe o que é, que não decide o que sente, que não passa maquiagem e raramente sente vontade de respirar? E eu não digo isso em um tom “dramático”, e sim porquê é tão simples: ninguém nunca se apaixonaria por mim.

–– Bem, eu acho que vou embora. –– ele diz quando desiste de descobrir quem é o garoto que eu mencionei.

Naruto se levanta e em meio a isso tudo, também faço a mesma coisa. Ele me diz um “tchau”, e continuo parada no mesmo lugar olhando para a porta. Então eu a abro e saio correndo atrás dele. Grito seu nome e ele olha para trás, com os olhos cerrados por causa do sol. Não satisfeita só com um grito, agarro seu braço antes de tomar coragem o suficiente para dizer:

–– Fica.

Ele sorri com essa mínima palavra que está cheia de sentimentos que ainda não me decidi se vai ficar na parte “amizade” ou “amor”. Ele pega as minhas duas mãos, e aparantemente, eu devo estar parecendo uma idiota para estar rindo tanto como agora.

–– Eu queria muito, mas preciso arrumas as malas. –– ele diz, partindo em milhões de pedaçinhos o meu coração tão esperançoso e sensível. –– Eu sei que vai perguntar “já?”, só que se visse o meu quarto, a história seria outra.

–– Ah, tudo bem, então... –– digo tentando sorrir, mas a este ponto é meio que impossível. –– Eu vou...

–– Falar com o Kiba? –– ele pergunta como se advinhasse o que está na minha cabeça agora. Afirmo com um “é”. –– Eu ainda acho que não deveria terminar desse jeito, do nada, mas a decisão é sua. –– Naruto se aproxima de mim e me dá um beijo um pouco demorado na testa. –– E espero que o garoto que você gosta, perceba isso logo.

O vejo desaparecer na rua, e continuo lá, parada, não acreditando na última frase que acabou de dizer sendo que isso me parece até irônia. Se ele espera por isso, então porquê não percebe de uma vez? É tão difícil assim? Ah, é claro, eu continuo sendo esta pessoa que quase nunca fala seus sentimentos para os outros...

Entro para a casa de novo e tomo um banho. Decidi que vou até a casa de Kiba, e terminar com ele cara a cara, porquê é até injustiça fazer isso por telefone. Espero meus pais chegarem, crio coragem de novo e vou seguindo a rua. Quando estou chegando perto da casa dele, uma voz me grita e pensando que era Naruto, me viro sorrindo. E meu sorriso desaparece no mesmo segundo quando eu vejo que é, na verdade, Gaara. Eu não tenho nada contra ele, mas a pergunta que me fez sobre eu me cortar a alguns dias atrás me deixou com MUITA vergonha, e eu acho que a esse ponto ele já deve ter a certeza disso. Ele se aproxime de mim sorrindo.

–– Amanhã vou entrar na mesma escola que a sua. –– ele anuncia, e tento sorrir junto. –– Vai estar lá para me receber, não é?

–– Vou tentar. –– respondo suspirando fundo. –– O que está fazendo por aqui sozinho?

–– Papai me mandou para a rua, ele disse “se você não sabe fazer nada, então que faça isso na rua e não aqui, na MINHA casa”. –– ele responde fingindo que isso não o afeta. –– Quer sair comigo?

A ideia de fazer isso é tão burra que eu preciso respirar antes de o olhar de novo. Como assim, sair com Gaara sendo que ele ao que me parece é melhor amigo do Kiba? Tipo, isso não vai dar certo... Mas eu ainda continuo querendo saber mais sobre ele, de certa forma.

–– Tá, mas quando? –– respondo e pergunto ao mesmo tempo, e ele sorri de novo para mim.

–– Amanhã. Depois da escola. –– ele responde, e depois de passarmos nossos números um para o outro, ele me surpreende dando um beijo um pouco demorado em um dos meus braços que está coberto pela blusa de frio. –– Cuide mais disso aí. Até.

–– O que? –– pergunto, mas ele já está indo embora, então começo a gritar. –– Gaara! Volte aqui e me explique isso!

–– É só refletir, apenas Sakura! –– ele retruca de volta andando para trás.

–– Eu disse para voltar aqui! –– continuo gritando. –– Ai, que porcaria... Gaara!

–– Ele não vai voltar. –– Kiba diz ao meu lado, me fazendo pular de susto. –– O que está fazendo aqui?

Ele não me parece bem... Ou será que isso é só uma coisa criada pela minha cabeça para eu não terminar com ele hoje? Ah, meu Deus, eu achei que isso seria mais simples. Quer dizer, tipo nos filmes, a garota chega e simplesmente diz “acabou”, então ela se vira e vai embora sem explicar nada. Mas como eu não sou como as garotas dos filmes, sei que vou começar a chorar, pedir milhões de desculpas e ainda pedir para que ele não me odeie por estar fazendo isso.

–– Eu queria... conversar com você. –– respondo depois de um tempo, e seguimos rumo a casa dele. –– Porquê Gaara vive na rua?

–– O pai não liga para ele, a irmã só pensa em meninos, o irmão mal para em casa, e o tio tem um certo ódio dele. –– Kiba responde, o que me deixa até de olhos arregalados. –– É raro ele estar em casa, e Gaara só vai para o psiquiatra porquê tentou matar a família achando que todos tinham a culpa de seu sofrimento. Mas, contudo, ele está bem melhor agora do que antes.

–– Nossa... –– digo com uma mão sobre a boca, incrivelmente surpresa por ouvir isso. Acabamos de chegar e me sento na calçada com Kiba. –– Então, mudando de assunto, eu queria dizer que...

–– Acabou? –– ele pergunta me olhando, seus olhos cheios de lágrimas. Eu acho que não vou conseguir. –– É isso que você vai dizer, não é, Sakura? Que acabou.

–– Olha, Kiba... –– começo, mas então percebo que nós dois estamos chorando agora. –– É isso, sim. Acabou. E eu só queria dizer que não está sendo nada fácil para mim dizer essas coisas, porquê eu não quero te perder depois disso.

–– Bem, você não vai me perder. –– ele diz tentando sorrir. –– Sei que não vai mais adiantar de nada dizer isso, mas... –– ele suspira e encosta sua testa na minha. –– Eu te amo.

E é aí a parte em que eu desabo. Quanto tempo ele está esperando para me dizer isso? E como pode uma pessoa amar outra nesse pouco tempo que nos conhecemos? Eu acho isso meio que impossível...

–– Você não me ama. –– retruco, tentando não demostrar mais sentimentos. –– Isso é... impossível.

–– Acredita em amor á primeira vista? –– ele pergunta de volta, o que me faz o olhar e não apenas para o chão. –– Enfim, tanto faz isso agora, certo? Talvez eu não devesse ter te falado isso, porquê eu sabia que ia terminar comigo...

–– Como você sabia disso? –– pergunto me interessando pelo o que ele tem a me dizer.

–– Eu não sabia exatamente a data, mas tinha certeza de que qualquer dia você chegaria em mim e diria: “acabou”. –– ele responde colocando as mãos sobre a cabeça, como se com aquele gesto ele acordaria, sei lá, de algum pesadelo. –– Tenho me preparado desde sempre para quando isso fosse acontecer, e agora eu estou aqui, chorando.

Eu acho que agora é injustiça o abraçar e dizer que está tudo bem, e não faço nada além de cotinuar o olhando enquanto ele está com os olhos fechados.

–– Mas só porquê terminamos, não quer dizer que vamos nos separar de verdade... –– começo, rezando para ele me entender. –– Eu confio em você, Kiba, e você sabe o meu maior segredo... E, bem, eu gosto muito de você também, e não quero nunca, nunca, nunca te perder.

–– Eu também não. –– ele retribui, e nos abraçamos muito forte. –– Nunca vamos nos separar. Nunca.

–– Nunca. –– digo de volta, e agora estou sorrindo por ele entender tudo isso, e ainda continuar meu “amigo”.

Mas mesmo abraçada com ele aqui agora, parece que eu ainda tenho a sensação de que algo ruim vai acontecer. E que vai ser apenas o começo.


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