Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 11
{capítulo 11.}


Notas iniciais do capítulo

Sim, esse capítulo deveria ser de pelo menos 5.000 palavras, e sim de novo, eu fiquei sem criatividade ;_;
Espero que gostem, me desculpem qualquer erro e boa leitura.



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Dias se passaram desde que eu e Kiba começamos meio que a namorar, porquê eu ainda não sei o que realmente temos. Nessa quinta ele me chamou para ir a casa dele e eu fui; fiquei sentada no chão enquanto ele tinha a cabeça apoiada no meu colo como sempre gosta de fazer, eu estava lendo um livro que ele tinha levado, e quando estava quase na página 10, Kiba tocou no meu rosto e me fez o olhar. Ele sorriu de lado com o que acho que deveria ser a minha cara de dúvida e eu fiz o mesmo.

–– Você sabe que quando eu resolver os meus sentimentos com o Naruto, nós não vamos mais ficar juntos, não sabe? –– perguntei com uma certa pontada no coração.

–– Eu sei. –– ele respondeu ainda me olhando e passando a mão de leve nas minhas bochechas.

–– Então porquê continua saindo comigo, Kiba? –– perguntei de novo já começando a chorar.

–– Porquê eu gosto de você. –– ele respondeu, e fiquei surpresa ao ver que nós dois estávamos chorando. –– Sei que gosta mais do Naruto, mas eu ainda tenho o direito de continuar gostando de você.

–– Você vai ficar triste quando nos separamos? –– perguntei por pura curiosidade.

–– Vou. Muito. –– ele respondeu e foi quando eu não agüentei e inclinei o rosto para beijá-lo.

Hoje é o dia do baile, e agora, eu estou em um shopping extra-barulhento com a minha mãe caçando algum blazer ou sei lá o que para eu vestir por cima do vestido. Ah, sim, ela me obrigou a ir de vestido para essa porcaria. Já disse que vou estar indo de tênis, e se ela ou até mesmo meu pai me obrigarem a calçar algum saltinho, eu desisto de tudo, faço Kiba desistir comigo e vou ficar na casa dele. Aliás, meus pais estão adorando toda essa minha relação com ele, e o meu pai se animou bastante desde que eu o levei lá em casa uma vez, e quando se apresentou, disse que era meu oficial namorado. Eu não acho que ele seja meu namorado mesmo, mas...

–– Sakura, olha esse! –– minha mãe diz aparecendo e jogando milhões daquelas coisinhas no meu colo. –– E esse também! Qual você vai levar?!

–– Eu já disse que qualquer um que não seja clarinho, mãe. –– respondo experimentando um preto. –– Esse aqui não é tão ruim.

–– Mas o seu vestido é preto. –– ela retruca indignada me olhando encostada no enorme espelho a minha frente. –– Não acha que vai ficar muito... preto?

–– Não. –– respondo rindo, e ela fecha a cara para mim. –– E não adianta ficar emburrada, ou eu não vou.

–– Tudo bem. –– ela diz somente, e desaparece com tudo.

Deve estar se perguntando como eu troquei de roupa tão facilmente e tranquilamente perto da minha mãe agora sendo que os meus braços estão todos “daquele” jeito, e a resposta é simples: eu blazer por cima da blusa de frio. Deu trabalho, quase a rasguei, mas muito a pena. Minha mãe ficou muito animada quando eu pedi para que viesse comigo comprar isso e o vestido, só que se estiver passando pela cabeça dela de que agora eu estou me arrumando só porquê arrumei um “namorado”, ela está ficando louca no meu lugar. Eu não mudaria pelo Kiba e nem por nenhuma outra pessoa no mundo, porquê não.

Voltamos para casa, tomei um banho de pelo menos uma hora, mandei minha mãe sair do meu quarto para poder trocar de roupa, vesti o vestido e o blazer preto, calcei o meu tênis e me olhando agora, só tenho uma coisa a dizer: estou horrorosa. Se eu não odiasse tanto maquiagem, até tentaria passar um pouquinho. O meu cabelo hoje decidiu ficar ainda mais feio que o normal, e em vez de ter os cachinhos nas pontas, está algo reto, parecendo que eu passei ferro nele. Ah, meu Deus, eu juro que estou quase desistindo disso... Desço as escadas, bufando, morrendo de raiva. Quando chego na sala, meus pais meio que começam a chorar, acho que de emoção.

–– E aí? Como é que eu estou? –– pergunto impaciente, abrindo os braços. Me arrependo por ter feito isso agora.

–– Você está linda! –– eles respondem juntos, e tenho quase certeza de que isso foi planejado.

–– Ah, com certeza... –– digo baixinho, cruzando os braços.

–– Qual o problema? –– meu pai pergunta com as sobrancelhas juntas.

–– Eu sou o problema. –– respondo e começo a fazer sinais no ar, uma mania irritante quando estou com muita raiva. –– Esse vestido, olhe isso, que coisa mais horrorosa. Esse tênis também, olhe a sujeira. E outra, todas as garotas vão estar com cabelos divinos, e o meu está horrível!

–– Não está nada... –– ele responde sorrindo e se aproximando de mim. Começa a enrolar as pontas do meu cabelo em uma tentativa fracassada de o fazer ficar bonitinho. –– Bem, o seu cabelo vai ter que prestar uma hora ou outra, certo?

O olho com os olhos cerrados e a mesma cara que a minha mãe faz quando fica emburrada. Os dois começam a rir, e eu estou a ponto de gritar se eles não pararem com tudo isso.

–– Muito obrigada, pai, sua opinião me fez querer desistir de vez dessa coisa. –– digo quase me virando, mas a minha mãe me puxa de volta.

–– Não vai desistir só por causa disso, não é? –– ela pergunta fazendo uma voz triste; ou isso foi muito bem ensaiado ou ela está mesmo a ponto de chorar. –– Você está linda, e outra, não vai deixar Kiba te esperando e depois não aparecer, certo?

–– Não. –– respondo me lembrando de que ele vai estar me esperando lá. Até se ofereceu para me buscar em casa, mas eu insisti que não fizesse isso, porquê sei o quanto meus pais ficariam fazendo milhões de perguntas que o deixariam sem graça. –– Eu só estou fazendo isso por ele.

–– Nós temos certeza disso. –– meu pai diz, piscando para mim com um sorriso de lado.

Minha mãe volta no quarto para passar maquiagem só para me levar e depois voltar. Estou esperando na porta, e enquanto isso, meu pai pega a câmera que ele quase nunca deixa alguém pegar, e estou de costas quando ele me chama de algo engraçado o bastante para me fazer virar sorrindo, e tira a porcaria da foto. Eu não quero ver como essa deve ter saído também, porquê sei que está um horror –– eu estou um horror, na verdade. Minha mãe volta, grito um “tchau” para o meu pai, entramos no carro e vamos rumo ao que eu nem queria que existisse. Sério, eu não entendo porquê essas pessoas ainda fazem bailes. Qual a graça em juntar a escola toda dentro de uma quadra que mal cabe 100 alunos? E outra, tem a tal música alta, provavelmente eu vou ficar de fora.

–– Ok, ok, ok, o que está sentindo? –– minha mãe pergunta toda animada assim que chegamos. Já estou ouvindo a gritaria e estou quase desistindo...

–– Vontade de ir embora. –– respondo colocando a mão na testa.

–– Ah, pare com isso, Sakura, você vai se divertir... –– ela insiste, se balançando tanto que o carro a acompanha nisso.

–– Como eu vou me divertir com essa música extra-alta, essas pessoas me empurrando, e o meu cabelo desse jeito?! –– pergunto tudo ao mesmo tempo, respirando fundo logo em seguida. –– Mas tudo bem, eu vou porquê o Kiba está me esperando e eu não posso o deixar sozinho.

–– Isso, isso mesmo. –– ela diz voltando a ficar animada. –– Até mais tarde.

Não digo mais nada e desço do carro. A entrada está cheia de casalzinhos se beijando e eu não sei como eu vou conseguir achar o Kiba aqui dentro. Vou entrando aos poucos, me colocando nas pontas dos pés para tentar enchergar mais alguma coisa. Sei que todos estão olhando para mim, e para este cabelo horrível que não faz nem mesmo o favor de me obedecer em prestar de vez em quando. Não fazem nem um minuto que estou aqui dentro, e a música alta já está fazendo a minha cabeça começar a doer. E o pior, é que eu esqueci a porcaria do meu celular no carro da minha mãe, e tem outra: eu iria ligar para ela para que viesse me buscar. Ah, ótimo, vou ter que ir embora a pé.

–– Ei, Sakura! –– alguém me chama e viro para encarar uma Tenten sorridente com um vestido bem mais lindo que o meu, com um sapato bem mais lindo que o meu, com um cabelo bem mais bonito que o meu, e com um sorriso bem mais lindo que o meu. –– Eu não acredito que você veio!

–– Pois é... –– digo apenas, tentando parecer animada. –– Veio com alguém?

–– Amigas. –– ela responde levantando o celular e sorrindo. –– Mentira, eu vim sozinha. E você?

–– Com o Kiba, mas eu não consigo o encontrar agora. –– respondo olhando para os lados de novo. –– Viu ele por aí?

–– Não, mas se o encontrar, vou dizer que está procurando por ele. –– ela responde, e agradeço com um sorrisinho de lado. –– Tente aproveitar a festa, viu? E fique longe da Hinata, ela conseguiu arrastar o Naruto para cá junto com ela. Bem, até mais.

Olho para o lado e o encontro conversando animadamente com ela. Ok, isso tem que ser mentira. Eu estou com o Kiba, mas ele não tem o direito de sair por aí com a Hinata. E tudo bem, ele até que tem esse direito, porém deveria ter pelo menos me dado a certeza de que vinha com ela, assim eu evitaria ficar perto dos dois. Agora já é tarde demais, porquê ele está arrastando ela pela mão até onde estou.

–– Sakura, você está linda! –– ele elogia, o que deve ter me feito ficar vermelha. Naruto sorri antes de se virar para Hinata. –– Ela não está linda, Hinata?

–– Com certeza, linda, linda! –– ela responde com um sorriso que pode ser o mais falso do mundo. –– Naruto, nós não vamos dançar?

–– Pode ir, depois te encontro. –– ele responde sequer a olhando. Hinata solta sua mão e no mesmo segundo desaparece bufando de raiva. –– Então, onde está o seu namorado?

–– Ainda não consegui o achar. –– respondo, suspirando. –– E não é exatamente “namorado”. Como você veio com ela?

–– Me desculpe, ela é insistente. –– ele responde soltando um risinho pelo nariz. –– E depois que me disse que estava com Kiba, desisti da ideia de te chamar para vir comigo.

Sorrio como uma idiota, meu coração acelerado e meus olhos quase deixando lágrimas que não deveriam estar aqui caírem. Tento fingir que é suor, mas acho que isso não vai dar tão certo.

–– Iria mesmo me chamar para vir com você? –– pergunto ainda sorrindo.

–– É claro que sim, afinal, você é a minha melhor amiga. –– ele responde erguendo as mãos como se não estivesse entendendo. –– Mas você tem me evitado ultimamente, Sakura. O que anda acontecendo?

–– Eu é quem queria perguntar isso para você, Naruto. O que anda acontecendo? –– pergunto de volta, meu sorriso já desapareceu a muito tempo depois de ele me falar isso.

–– Bem, eu não... me lembro exatamente de como estou. –– ele responde coçando a nuca e dando de ombros. –– Só que apesar de tudo, eu ainda quero que você se lembre que eu gosto muito de você. Se eu falar alguma coisa que te deixe triste, então me desculpe, sabe que eu nunca faria algo assim. Eu realmente gosto de você, Sakura.

Fico sem saber o que dizer e tudo o que faço é balançara cabeça positivamente enquanto ele também faz a mesma coisa. Será que ele não se lembra mesmo de tudo o que aconteceu antes? Eu queria, sei lá, o ajudar.

–– Meio engraçado isso, não é? Eu consigo saber quando está triste apenas com um sorriso, mas você não sabe fazer isso comigo. –– ele diz, e sei que a brincadeira já parou. Naruto passa as mãos sobre os olhos.

–– Me desculpe por ser essa péssima amiga. –– me desculpo, sentindo uma vergonha imensa de mim mesma.

–– Melhor amiga. –– ele me corrige.

–– Então me desculpe por ser essa péssima melhor amiga. –– me desculpo de novo, com vontade de chorar. –– E eu queria que você soubesse que...

–– Oi. –– cumprimenta Kiba atrás de mim, o que me faz virar para trás de susto. –– Será que eu estou interrompendo alguma coisa?

–– Ah, Kiba, não comece com essas besteiras. –– Naruto brinca, mas ele continua um pouco sério.

–– Se eu estiver interrompendo, volto mais tarde. –– Kiba diz, dando um segundo copo para Naruto, e acho que esse deveria ser o meu... –– Até mais.

–– Kiba! –– grito mas com a música ele não deve ter me escutado ou fingiu não ter feito isso. –– Ah, me desculpe pelo meu “namorado” ciumento...

–– Eu também ficaria com ciúmes se você fosse a minha namorada. –– ele diz e começa a rir assim que vê a cara de duvida que faço.

–– Bobo. –– digo e acabo deixando o copo cair, metade do refrigerante que estava ali voou em mim. –– Ah, meu Deus, hoje é mesmo meu dia de sorte; já não basta eu estar horrorosa, essa coisa ainda cai em mim.

Naruto me ajuda a limpar o vestido com um guardanapo, e não para de olhar para mim. Então antes de Hinata o gritar de novo, ele diz:

–– Você não está horrorosa. Aliás, o seu cabelo está bem melhor que o da Hinata.

Fiquei vermelha com isso também, mas sorri depois de alguns segundos olhando para o nada. Então me lembrei de Kiba, e comecei a andar pelos corredores gritando seu nome feito louca. Se Tenten estivesse aqui, seria de ótima ajuda, porquê ela é capaz de gritar uma pessoa mesmo que ela esteja em outra cidade –– não tanto assim, mas chega perto. Fui o encontrei depois de no mínimo 10 minutos gastando a minha voz, e ele estava perto das piscinas que todo mundo fala e eu não sinto vontade nenhuma de ir ver.

–– Nunca mais suma assim, ouviu?! –– pergunto irritada, me sentando ao seu lado de qualquer jeito.

–– Então eu não estava interrompendo? –– ele pergunta irônico, e sei disso porquê acabou de desviar o olhar do meu.

–– Kiba, ele é o meu melhor amigo. –– digo, sabendo que ele está com ciúmes de Naruto mais do que nunca. –– E só porquê estamos, sei lá, namorando agora, quer dizer que eu vou deixá-lo para trás. Que eu saiba, foi ele quem me fez sorrir quando as coisas estavam horríveis, e não você!

Agora estou chorando e acabei de gritar com uma pessoa que não tem culpa se estou nervosa comigo mesma hoje. Kiba respira fundo, e então me olha de novo.

–– Eu só fiquei com medo de que ele te levasse de mim. –– ele explica, sua voz tão baixa que tenho que me aproximar dele para ouvir direito. –– Entende mais ou menos?

–– Entendo que você tem que parar de achar que todo mundo vai me levar de você. –– respondo pegando em seu rosto e sorrindo, tentando parecer, talvez, confiante do que digo logo em seguida: –– Eu sou sua, Kiba.

Isso o faz sorrir, me abraçar e me beijar. Estamos os dois deitados no chão e rindo feito loucos. Enquanto nos beijamos, acabo rolando para o lado e caímos na piscina. Eu não sei nadar, Kiba sabe, e acho que é por isso que ele não se solta de mim. Meu cabelo continua horroroso quando volto a superfície ainda sorrindo, e o meu vestido também deve estar assim. Ele aproxima seu rosto, passa de leve seu nariz no meu e faço a mesma coisa com os olhos fechados.

–– O que acha de ficarmos assim para sempre? –– ele pergunta ainda colado comigo.

–– Acho que não vai dar, depois de amanhã temos aula, esqueceu? –– brinco e ele ri. Abro os olhos e o encaro, e percebo que ele está quase chorando. –– O que foi?

–– Você gosta do Naruto. –– ele responde passando a mão pelo cabelo. –– E não me pergunte como eu tenho certeza, eu sei de alguma forma.

–– Vamos esquecer o Naruto por pelo menos um minuto, ok? –– pergunto tentando o animar embora a minha mente continue em Naruto.

O abraço mais apertado que nunca, até que sinto que preciso ir no banheiro. Não sei como dizer isso a ele, apenas saio correndo porquê não quero sujar essa piscina tão limpinha... Entro no banheiro com uma imagem ruim do que me aconteceu quando vim pela primeira vez aqui, e então a minha vontade some. Fico olhando para o espelho até que Hinata aparece atrás de mim.

–– Naruto me disse que adorou o seu cabelo. –– ela diz com os braços cruzados como sempre. –– Venham aqui.

Meu coração gela assim que Karin e Shion saem de trás dela com testouras em mãos. Começo a chorar, e sei que se tentar sair, não vai dar certo e ainda vou apanhar. As duas me seguram e me deixam perto do espelho, perto o bastante para eu ver o momento em que Hinata corta uma parte de trás do meu cabelo.

–– Ok, ok, espera aí. –– Tenten entra com o celular no ouvido, e o deixa cair quando vê o que está acontecendo. –– Hinata!

–– Conte isso para alguém assim como ela, que acabarei com você de vez. –– ela ameaça dando seu sorrisinho de lado, e então joga as testouras perto de mim como o meu cabelo espalhado no chão. –– Bye, bye.

Ainda estou de joelhos no chão, e Tenten está do meu lado tentando me fazer voltar á vida, e continuo olhando para o monte de cabelo jogado perto de mim. Eu não acredito nisso; eu não acredito que isso aconteceu mesmo. Eu deixava o meu cabelo crescer a séculos justamente porquê Sasori gostava dele grande, e agora eu com certeza vou ter que cortar grande metade dele para igualar.

–– Sakura! Você está bem? –– Tenten me chama de novo e me balança. Faço que não com a cabeça. –– Elas te machucaram?

–– Ah, machucaram, elas acabaram com o meu cabelo! –– respondo como se fosse óbvio (o que me parece que é). –– Olhe para tudo o que fizeram, como eu vou chegar em casa desse jeito?!

–– Não se preocupe com isso, cabelo cresce de novo. –– ela diz passando a mão no meu. –– E se quiser alguma desculpa para dizer ao seus pais, diga que cortou pela brincadeira.

–– Que brincadeira? –– pergunto a olhando.

–– Antigamente, os novatos tinham que “tirar” uma coisa de si, como, sei lá, uma prova de que esse ano ia ser diferente, e muitas pessoas cortavam o cabelo. –– ela explica, e só então percebe no celular jogado no chão. –– Ninguém mais faz mesmo isso, mas acho que é a única coisa que pode dar certo.

Penso por um tempo, e confirmo com a cabeça. Eu sei que a minha mãe não vai notar diferença em mim, não enquanto estiver a noite, então não vai ter problema eu chegar desse jeito. Tenten está me olhando com a sobrancelhas erguidas de um jeito triste, e já sei o que ela está pensando: “Quer que eu chame o Naruto?”

–– Nem pensar. –– respondo mesmo que ela não tenha falado nada. –– E nem o Kiba também. Acho que o melhor para eu fazer agora é ir embora.

–– Mas você não aproveitou absolutamente nada da festa! –– ela retruca se levantando comigo. –– Vai deixar mesmo que ela acabe com a sua noite?

–– Ela já acaba com tudo que é meu de qualquer jeito. –– respondo não me entendendo por estar falando assim. –– Enfim, você entendeu, obrigada pela a ajuda e até mais.

–– Até mais. –– ouvi ela responder baixinho enquanto saía do banheiro.

O que Hinata acabou de fazer, acabou com a minha paciência. Ela poderia ter me batido, ou jogado o lixo da janela na minha cabeça, mas cortar o meu cabelo? Qualquer coisa, menos o meu cabelo. E agora eu estou novamente disposta a acabar com essa garota, porquê não me importo se o pai dela é quase o dono da cidade ou do mundo. Quem ela deve pensar que é? Alguma dona da cidade ou do mundo também? Bem, eu sinto em lhe responder que não chega nem perto disso, e que embora muitas pessoas achem isso, ela não é perfeita; mesmo que o seu rosto não mostre nenhum defeito e muito menos o seu corpo. Eu já sei o que aconteceu com a Tenten, e se tudo for verdade do jeito que ela me contou, então consegui uma pequena “arma” para começar. Sei que ficar falando, e falando, e falando não vai adiantar nada, mas se Naruto estivesse aqui comigo, eu acho que tudo seria bem mais fácil; se nada disse estivesse acontecendo com ele, provavelmente seria.

Estou quase virando a esquina voltando para casa quando Naruto grita o meu nome. Olho para trás e ele está vindo correndo e ofegante; bem, se for medir o quanto já estou longe da escola, e se ele tiver me seguido desde lá, então é bem óbvio que estaria assim.

–– Porquê você vai embora? –– ele pergunta limpando o suor da testa, mas para assim que vê que parte de mim está “estranha”. –– E o que aconteceu com o seu cabelo?!

–– Eu acho que você sabe o que aconteceu. –– respondo somente cruzando os braços. –– E estou indo porquê não consigo ficar no mesmo lugar que a Hinata por mais de quatro horas.

–– Sakura, só não se esqueça que... –– ele se interrompe, fica olhando para mim um tempo e depois continua: –– Que nós dois vamos acabar com ela, e que você não pode desistir até lá.

–– Eu já sei disso, mas Naruto, ela cortou o meu cabelo! –– digo batendo o pé no chão e fazendo careta que logo vou começar a chorar. –– Não é como me machucar, porquê o meu cabelo era algo que eu amava muito, muito, muito mesmo! É diferente!

Naruto continua me olhando sem falar nada, então vem me abraçar. Nunca senti tanta diferença desse abraço com o de Kiba; ele não é engraçado como o Naruto, ou está sempre me abraçando como ele faz, mas sei que gosta de mim de alguma forma, ou talvez finja muito bem.

–– Você sabe que isso uma hora vai acabar, não sabe? –– ele pergunta baixinho e tento balançar a cabeça afirmando. –– Porquê não está indo para a psicóloga?

–– Porquê não. –– respondo somente, o apertando e ele faz a mesma coisa. –– Não agüento mais.

–– Não fale assim... –– ele diz e acho que está começando a chorar junto comigo. –– Hinata fez mais alguma coisa?

–– Não estou mais falando dela... –– respondo e Naruto me afasta o bastante para poder me ver chorando um mar inteiro de lágrimas. –– Estou falando de você.

Ele parece confuso com a resposta e junta as sobrancelhas confirmando isso.

–– O que eu fiz? –– ele pergunta, tentando respirar fundo e não chorar ao mesmo tempo.

–– Você gritou comigo, e disse que não precisava de nada que viesse de mim. –– respondo com dor no coração e o grito dele na cabeça. –– Lee me contou sobre o seu problema.

–– Contou? –– ele pergunta novamente, quase gritando, e afirmo com a cabeça bem devagar. Tira aos mãos de mim para se sentar na rua mesmo e as colocar sobre o rosto. –– Ah, pequena, me desculpa.

Não me importando com o jeito que chegaria em casa, me juntei a ele no chão. Eu não sei exatamente o que falar, então, apenas fico o olhando enquanto ele chora. É melhor ele chorar desse jeito, do que eu falando alguma coisa... Eu, pelo menos, acho que sim.

–– Você não precisa se desculpar, não é sua culpa. –– digo depois de pensar muito bem em que palavras escolher para isso. –– Mas eu fiquei muito chateada por você ter gritado comigo, também desligado o celular sem dizer “tchau”, ter ido para o cinema com a Hinata...

–– Eu não me lembro de nada disso. –– ele diz levantando o rosto para me encarar. –– Não tenho falado com você justamente porquê achei que estava com raiva de mim por alguma coisa. Liguei para você para tentar pedir desculpas e perguntar o que aconteceu, mas você desligou antes que eu fizesse isso.

O mais pequeno sorriso de todos os tempos surge em minha face, e vou me aproximando, e aproximando, até conseguir o abraçar de novo. Eu agora sei perfeitamente como fazer isso, e não, eu ainda não espalho essas coisinhas para todas as pessoas, somente para Naruto, meu pai e Kiba.

–– Quando eu disse “não agüento mais”, era por sua causa. –– começo a dizer, e ele para de soluçar para me escutar. –– Quando eu disse isso, estava falando de tudo o que está acontecendo com você, porquê você se tornou tão importante, que eu simplesmente não consigo te ver tão mal assim. Comecei a “namorar” com o Kiba somente com a perspectiva de tentar te esquerer, por ter feito tudo aquilo comigo, e agora não sei como vou terminar com ele. Não estou dizendo nada disso em um segundo sentido, se é assim que talvez esteja entendendo. Só estou tentando te mostrar, que você é importante, e que se você piorar, eu também pioro junto. E se eu te perder... –– respiro fundo. –– Eu não vou saber o que fazer da minha vida.

Tanto ele ficamos em silêncio por um longo tempo, como se o vento fosse uma daquelas músicas tristes que eu já parei de ouvir a tempos, e nós dois somos dois personagens de um seriado famoso de TV que estão sem saber o que fazer. Eu não sei ele, mas eu sim não sei o que fazer. Não estou mais me importando com o meu cabelo cortado, ou com o meu vestido que rasgou uma parte enquanto saí correndo do maldito baile, tudo o que me importa nesse momento, é o Naruto.

–– Ei, você quer ir para a fazenda comigo fim de semana que vem? –– ele pergunta mudando de assunto, mas continua chorando.

–– Fazenda? Você tem uma fazenda? –– pergunto de volta sem entender, e ele consegue dar um risinho de menos de cinco segundos.

–– Não, é do meu avô. A gente sempre vai lá, na verdade... –– ele se interrompe, com o que me parece ter vergonha de continuar ou algo assim. Já ia dizer que se ele não quisesse continuar, não precisava quando completou: –– Só vamos para lá quando eu estou muito mal.

–– Sim, eu quero ir. –– respondo antes que ele pergunte de novo. –– E é bom que tenha muitas coisas para eu fazer nessa fazenda.

–– Eu vou estar lá, certo? Então você vai ter sim muita coisa para fazer. –– ele retruca, e seu olhar fica parado no ombro que sabe que cortei a tempos atrás. –– Isso aí já sarou?

–– Ah, não sei, nem vejo essas coisas. –– respondo balançando a cabeça negativamente, e tentando rir. –– Foi para casa e falar com os meus pais sobre o assunto da fazenda. Nos vemos por aí, não é?

–– É, claro que sim. –– ele responde se levantando junto comigo.

–– Tá bom, então. –– digo, mas continuo no mesmo lugar. –– Bem, tchau.

–– Tchau. –– ele diz de volta, e recomeço a andar.

Nem um minuto de caminhada e Naruto gritou o meu nome me fazendo virar, não estávamos tão longe assim quando ele me disse:

–– Sei que já falei isso mais cedo, mas também não se esqueça que eu realmente gosto de você, Sakura.


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