ANTROPÓFAGO - Diário de um Canibal escrita por Adélison Silva


Capítulo 14
O reencontro


Notas iniciais do capítulo

Finalmente Max estava diante daquela que ele tanto amou durante todos esses anos.



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 Eu não havia vistoriado a casa. Com a pressa, e o medo de ser pego pelo o policial. Nem me dei o trabalho de saber, se tinha ou não mais alguém na casa. E para a minha surpresa, ao olhar para o lado vejo um garotinho de mais ou menos dois anos de idade. Paralisado na porta do meio, assistindo aquele ambiente tétrico. Sua fisionomia inanimada, não evidenciava reação alguma. Não chorava, não sorria, não demonstrava medo. Apenas me olhava fixo nos olhos. Eu enxergava criança como algo sagrado, angelical, uma criatura divina. Não poderia machucá-lo. Já bastavam as marcas que ele carregaria por toda sua vida, ao assistir uma cena tão grotesca. . Levantei-me e fui aproximando dele, que continuava no mesmo lugar, inerte. Apenas acompanhando com o olhar cada movimento que eu fazia. Peguei-o em meus braços e andei por todos os cômodos, verificando atento se havia mais alguém na casa. E pelo o que parecia, apenas os dois moravam ali.

 

MAX

Qual o seu nome?

 

 

  Eu tentava alguma comunicação, mas o menino nada respondia apenas me encarava de olhar fixo.

 

 

MAX

Não quer conversar?

 

 

O menino balançava a cabeça negativamente.

 

 

MAX

Está com fome? Posso fazer algo para você comer.

 

 

  Desta vez o menino balançava a cabeça positivamente.

  Mesmo sem dizer uma palavra, conseguimos manter uma comunicação. Fui até a despensa, e encontrei um macarrão instantâneo, era o de mais prático que tinha ali para fazer. Eu tinha que ser breve. A polícia estava empreita rodeando toda a cidade tentando me pegar. E também não poderia deixar o menino ali sozinho naquele ambiente macabro. Eu tinha que pensar em uma saída rápido. E antes que os vizinhos estranhassem a quietude do apartamento.

  Enquanto a criança degustava o macarrão que eu havia feito, fui até a janela para observar o movimento da rua. Escondia-me na cortina, para não ser visto do lado de fora.

  E para minha surpresa, não acreditava naquilo que os meus olhos viam. Érica estava na sacada ao lado, no apartamento vizinho. Eu tinha certeza, dessa vez não se tratava de mais uma de minhas alucinações, era a minha amada Érica. A minha doce menina agora já era uma mulher. E que mulher! Mantinham seus longos cabelos lisos e brilhosos, negros como uma noite escura. Seus olhos pequenos e verdes como a mais reluzente esmeralda. Seus lábios eram rosados e carnudos. E o seu nariz pontiagudo, parecia ter sido esculpido pelo o mais talentoso dos artistas. Fiquei trêmulo ao vê-la ali tão próxima a mim. Ela dançava ao som do samba que era tocado na rua, enquanto alisava os cabelos e sensualizava no rebolado. Como era linda! Meus olhos brilhavam fascinados com sua beleza, e se lacrimejavam ao lembrar-me que ela não me pertencia.

  Não demorou muito para Davi também aparecer na sacada. Ele aproximou-se de Érica e a abraçou por trás. Ela virou-se de frente e lhe deu um demorado beijo. Ver os dois ali abraçados e felizes me fazia lembrar o triste dia do acidente. Enquanto eu descia em direção ao cilindro de soda caustica, eles me ignoravam e me deixavam a mercê da minha própria sorte.

   Durante esses dez anos que se passaram, não havia um só dia em que não me lembrasse desse maldito acidente, e da imagem de Érica e Davi abraçados. Essa lembrança me doía como uma ferida aberta. Mas eram essas lembranças que me impulsionava a ir adiante, e procurar o meu grande amor. Não era nada justo, eu ser condenado a esse inferno em que eu vivia, enquanto eles se regozijavam, felizes sem a menos sentir a minha falta.

 

 

 

[FLASHBACK ON]

  Max e Davi conseguem subir Érica. Ao subir ela já vai em direção ao Davi e pelo o calor da emoção o abraça, Max olha para os dois com ciúme. De repente Max se desequilibra, procura segurar nas bordas como Érica havia feito, mas ela dá um passo para trás e acaba sem querer pisando em sua mão. O derrubando. Eis que o já frágil cilindro parte-se no meio fazendo com o que a soda que está em seu conteúdo derrame pelo salão, provocando incêndio. Max vai descesse em direção às chamas, enquanto ao longe avista os dois envolvidos nos braços um do outro.

[FLASHBACK OFF]

 

 

  A minha mente atordoada trabalhava em uma ideia de como sair dali, sem ser flagrado pela policia. Me assustei quando alguém bateu na porta, e mexeu na maçaneta.

 

 

MULHER

(do lado de fora) Juliana! Juliana você está aí?

 

 

  Olhava para o garotinho, que me retornava o olhar ofegante. E pela a primeira vez eu via o medo retratado atrás de suas pupilas.

 

 

MAX

(falando baixinho) Eu não vou te fazer mal. Pode comer o seu macarrão tranquilo.

 

 

  Eu tentava acalmá-lo, pois não poderia permitir que ele chorasse.

 

 

MULHER

Juliana! Você está me ouvindo?

 

 

  Aproximei-me da porta, de punhal nas mãos atento a qualquer movimento. Ao lado de fora eu ouvia a mulher conversar com mais alguém.

 

 

POLICIAL

Parece que não tem ninguém.

 

MULHER

(virando-se para o policial) Eu não a vi saindo. Tem alguma coisa errada. Eu conversei com ela hoje mais cedo e ela não disse que iria sair. Pelo o contrário disse que ficaria em casa arrumando as coisas.

 

POLICIAL

Então se afaste eu vou arrombar a porta.

 

 

   Eu não poderia ficar ali esperando que a porta fosse arrombada e eu fosse flagrado. Arrumei-me depressa, peguei o que pude. O apartamento em que eu estava era de esquina, e um dos lados dava para um beco, e no andar debaixo era uma loja onde havia um toldo cobrindo a fachada. Eu não tinha escolha, ou eu pulava ou eu era pego. Eu não sabia quem estava do outro lado da porta, ou quantas pessoas tinham. Enquanto eu pensava a porta era violentada na expectativa de ser arrombada. E o pequeno garoto mantinha se sentando onde eu o deixei apenas me olhava com aquele semblante inerte.

  Criei coragem e saltei em cima do toldo, me arrebentando em cima de uns caixotes de madeira que se encontravam empilhados abaixo. O dono da loja veio saindo resmungando ao ver a fachada de sua loja destruída.

 

 

HOMEM

Mas o que está acontecendo aqui?

 

 

 

  Levantei depressa e olhei para o homem que se assustou ao ver a minha fisionomia macabra. Sem lhe dá muita ousadia corri e entrei em outro beco. Havia ali uma tampa de ferro que era do esgoto. Tirei então o punhal de dentro da mochila, olhei para um lado e para o outro pra ver se ninguém se aproximava. E com a ponta do punhal tirei a pesada tampa de ferro. Rapidamente entrei para dentro do bueiro e me escondi por lá. Não poderia dá bobeira pela a cidade senão seria pego pela a polícia.

  Eu estava cansado, com fome e o ambiente em que eu estava não era muito agradável. E mesmo assim em minha mente só tinha espaço para Érica. Eu precisava ir até aquele apartamento, e me por diante do meu grande amor. Eu não poderia permitir um final feliz para Davi e Érica, era para eu está ao lado dela, e não ele.

  Andei por um tempo dentro das manilhas daquele esgoto. Já cansado, me sentei em uma lata velha de tinta que se encontrava jogada ali. Ratos e baratas dividiam o espaço comigo. Eu tinha que ficar ali, e esperar anoitecer. Perambular pela a cidade naquele momento era muito arriscado. Eu ouvia a sirene da polícia que passava afoita correndo por cima da minha cabeça. Meu corpo cansado acabou adormecendo ali mesmo, sentado em meio ao esgoto.

  Despertei horas depois, depois de um rato passar por cima do meu pé e me assustar. Não tinha noção nenhuma do tempo. Mas já entendia que era noite, pois os raios do sol já não entravam mais pelas as frestas. Era hora de sair do meu esconderijo. E eu tinha que ser mais cauteloso do que nunca.

  Abri lentamente a tampa de ferro, ao mesmo tempo em que olhava para ver se tinha alguém por perto. O beco em que eu estava era de iluminação fraca e de pouco movimento. Fui saindo cautelosamente, me escondendo o máximo que poderia. Eu estava sujo, maltrapilho, minha figura era de um mendigo. Me assustava ao ver o meu reflexo na vitrine de uma loja.

 

 

[FLASHBACK ON]

 

Max está sentando embaixo de uma árvore e Érica sentada ao seu lado.

 

ÉRICA

Mas você se engana, Max. Aquilo que eu te disse mais cedo, de que eu pensei muito em você e que eu também te quero. É a mais pura verdade. Esse seu jeitinho meigo, atrapalhado mexeu muito comigo. (T) Mas você conhece as regras daqui. Se o Ricardo souber de algum envolvimento nosso, ele poderá contar para a dona Elizabeth. E eu não posso perder a oportunidade de ficar aqui. Você me entende?

 

MAX

(se animando) Então, isso significa que você ainda quer ficar comigo?

 

ÉRICA

Claro. Mas vamos ficar escondidos, não precisa ninguém ficar sabendo.

 

MAX

(nervoso e animado) E... e... eu aceito! Eu te quero muito, Érica.

[FLASHBACK OFF]

 

 

  Tudo o que eu queria, era voltar no tempo em que eu estava nos braços do meu amor. Minha alma se feria em meio às lembranças de Érica.

 Ao olha para o lado, vejo Davi saindo do prédio e entrando em um carro. Era assustador o ódio em que eu sentia naquele momento para aquele que um dia eu chamei de amigo.  Olhei e vi um taxi parado um pouco a frente de onde eu estava, sem muita demora abrir a porta de trás e entrei. Assustado o taxista, que olhou para trás me repreendendo:

 

 

TAXISTA

Ei você, como entra assim no meu taxi? Eu não estou livre. (ao olhar para o rosto de Max) Meu Deus!

 

MAX

Mas agora vai ficar livre.

 

 

  Sem pensar muito peguei um fio de cobre encapado (desses que são usados para energia que estava em cima do banco de trás) e passei no pescoço do taxista. Ele segurou firme tentando escapar, mas se tornava impossível pois eu puxava para trás com toda a minha força. Quando ele para de se debater me dou conta que está morto. Jogo o corpo dele para o lado e ocupo o seu lugar. Ligo o taxi e saio atrás do carro de Davi.

  Eu tinha medo, mas o desejo de vingança o superava. Depois de uma certa distância Davi desce do carro e entra em um prédio. Desço do taxi em que eu estava e entro atrás dele. Ele vai direto para um banheiro público, que tinha ali mesmo no primeiro piso do prédio. Eu o acompanhei. Ele entra em um dos boxes do banheiro e eu o espero do lado de fora. Mas antes eu fechei a porta do banheiro e coloquei uma lixeira, para impedir que alguém entrasse.

Ouvi a descarga, e logo depois Davi abriu a porta. E se assustou ao me ver ali do lado de fora.

 

MAX

Boa noite!

 

DAVI

(assustado) Max!

 

MAX

Incrível, você me reconheceu. Para o Ricardo a ficha demorou a cair.

 

DAVI

O que você se tornou, Max? Esse não é você.

 

MAX

Claro que não sou. O Max que você conheceu morreu, no dia em que caiu naquele cilindro de soda. E você nem se preocupou, pois estava louco para ficar com Érica.

 

DAVI

Isso não é verdade. Eu e Érica ficamos muito mal quando nos damos conta do que aconteceu. Nós iríamos atrás de você quando tudo explodiu.  Mas tivemos que sair do local o mais depressa possível.

 

MAX

(tirando a máscara) Veja só Davi, o monstro que eu me tornei.

 

 

  Davi ficou desconfortável ao me ver naquele estado. Mas tentou agir com naturalidade.

 

 

 

DAVI

Você não é nenhum monstro. Você não precisa fazer nada disso. Deixa eu te ajudar Max?

 

MAX

Você vai me ajudar a ficar com Érica?

 

DAVI

(estranhado a pergunta) O quê?

 

MAX

Claro que não. Você a quer para si. Eu amo a Érica, eu sempre a amei e você não respeitou isso.

 

DAVI

Calma Max, não foi bem isso que aconteceu. Cara, já passou dez anos. Muita coisa aconteceu.

 

MAX

Pra vocês muitas coisas aconteceram pra mim nada aconteceu. Só dias e mais dias de angustia. (T) Você me acha um monstro Davi?

 

 

  Fui me aproximando aos poucos de Davi. Sentia no seu olhar o medo tomando conta. Ele temia pelo o que eu pudesse fazer. Tentava procurar lá no fundo algum vestígio que tenha sobrado na nossa amizade. Ele se afastava conforme eu me aproximava, até encostar-se na pia.

 

 

DAVI

Claro que não. (tentando apaziguar) Hei, sou eu, o seu amigo. Lembra?

 

MAX

Está mentindo, e eu odeio mentiras.

 

 

 

  Peguei a minha faca e enfiei em sua barriga. Ele se estrebuchava se agachando ao chão com a mão sobre o corte que eu havia feito. Puxei a faca e enfiei mais uma vez extravasando a minha raiva.  Depois pegando a chave dos eu bolso sair apressadamente dali. Peguei o carro do Davi, pois não poderia ficar andando por aí no o taxi e o defunto do taxista ao lado.

  Eu estava cego não pensava em mais nada tudo o que eu queria era me por diante de Érica. Olhar de novo para o seu rosto angelical e dizer o quanto eu a amava. E assim eu fiz. 

  Ao chegar ao prédio percebo que estava isolado, a polícia já tinha fechado tudo. Iriam fazer a pericia no corpo da mulher que eu deixei morta lá. Eu tinha que encontrar uma maneira de entrar. Eu tinha que ser cauteloso, pois o prédio em que Érica estava ficava vizinho. A chance de ser pego pela a polícia era enorme.

Ainda no carro do Davi, discretamente rodiei pela a outra rua, procurando uma maneira de chegar até o prédio em que Érica estava. Eis que do outro lado havia próximo ao prédio um pé de carvalho, cujas galhas alcançavam até uma das janelas do prédio. Era a minha oportunidade de entrar.

  Estacionei o carro do outro lado da rua, e sorrateiramente corri até a árvore. Comecei a subi-la apressadamente. Ao chegar no alto, eis que uma viatura da polícia foi se aproximando e para exatamente próximo ao carro que deixei estacionado. Encolhi-me atrás dos galhos da árvore e ao olhar pela janela vi dentro do apartamento um pôster com o rosto de Érica. Tive ali a certeza que estava no apartamento da minha amada.

  A janela estava apenas encostada, não foi difícil para abrir. Entrei, e me encantei ao me ver ali em seu quarto. Como um feitiço fui levado até diante do seu pôster, e fiquei ali encantado e incrédulo por finalmente ter encontrado o meu grande amor.

 

 

MAX

(passando a mão pelo o pôster) Minha amada, como eu ansiei por esse momento.

 

 

  Fui me aproximando ainda mais daquele retrato na parede e comecei a beijar, enquanto dos meus olhos escorriam lágrimas amargas. Dez anos distante, agora finalmente eu estava próximo aquela que tanto desejei todo esse tempo.

  Ali ainda não era ela, apenas uma imagem retratando todo o seu encanto. Enquanto eu estava ali enfeitiçado diante do pôster de Érica, ouço uma voz do meu lado.

 

 

ÉRICA

(chocada) Meu Deus Max, não pode ser!

 

 

 

 Érica estava ali, bem próxima a mim. De boca aberta e assustada em me ver naquela situação. Agora sim, era ela. Desta vez não era nenhum devaneio e nenhuma imagem prendida na parede. Minha Érica estava ali na minha frente em carne e osso.

 

 

MAX

— (se aproximando) Érica!

 

ÉRICA

(assustada) Por favor, não se aproxime! Foi você que matou todas essas pessoas que estão sendo noticiado na mídia? O que você fez Max? Em que você se tornou?

 

MAX

Tudo o que eu fiz foi por amor a você. Não teve um dia durante todos esses anos que eu não tenha pensado em você. O que você fez Érica? Porque você me traiu? Era para eu está casado com você, não o Davi.

 

ÉRICA

Todos nós pensávamos que você tivesse morrido. Eu não te traí Max, nem estávamos mais juntos.

 

MAX

(com ódio) Você e o Davi não se importaram ao me ver ali caindo no cilindro de soda caustica. Vocês dois se abraçavam contentes, enquanto minha pele se dilacerava naquele calor sufocante.

 

ÉRICA

Não é verdade, ficamos muito preocupados contigo. Mas não poderíamos continuar ali, o lugar estava correndo risco de explosão. Se ficássemos ali correríamos o risco de morrer.

 

MAX

Se eu estivesse em seu lugar eu daria a minha vida para te salvar. Eu jamais te deixaria lá.

 

ÉRICA

— (chorando) Eu não poderia fazer mais nada Max. Nem eu e nem mais ninguém. Eu sinto muito por tudo o que aconteceu.

 

MAX

Você nunca me amou. Eu só fui um brinquedo pra você, não é mesmo. Você só se divertia comigo.

 

 

 

[FLASHBACK ON]

 

Ricardo, Max e Érica estão no jardim da república.

 

RICARDO

Érica, fala sério você beijou esse cara por pena, né? Você estava se divertindo com a cara dele, né isso? O cara era BV você achou interessante seduzir ele, não foi isso?

 

 

Érica olha para Max e depois olha para Ricardo e fala com firmeza.

 

 

ÉRICA

Exatamente isso. Tudo não passou de uma diversão para mim.

 

MAX

(tristonho) Então você não sente nada por mim, me beijou por pena?

 

RICARDO

(zombando) Ela sente seu otário, peninha de você. Eu sabia, não tinha condição de uma gata dessa com um Zé ruela como esse.

 

ÉRICA

Desculpe Max, eu sinto muito. Eu achei fofo o seu jeito atrapalhado, todo tímido e daí eu fui vendo até onde isso iria. Mas acho que agora já deu, vamos parar por aqui.

 

RICARDO

(zombando) Olha a cara do zé ruela!

 

[FLASHBACK OFF]

 

 

 Me aproximei e fiquei bem diante dela, enquanto passava a mão pelo o seu rosto admirando-a. Eu olhava para aquele rosto delicado, e enxergava em seus olhos a doçura daquela menina que eu tanto amei. Mas agora envolvida com a malícia da mulher que havia se tornado. Seu cheiro, sua delicadeza, sua beleza, tudo para mim era encanto. Como eu desejei esse momento, como eu sonhei em está assim diante da minha amada Érica novamente. Meus olhos se lacrimejavam ao fixar-me em seus olhos. Que estavam amedrontados, assustados com a minha presença.

 

 

MAX

Mas agora acabou. O Davi e o Ricardo estão mortos. Agora sou só eu e você. Ninguém mais vai nos separar meu amor.

 

ÉRICA

(com lágrimas nos olhos) Onde está o Davi, Max? O que você fez com ele?

 

 

  Eu via que o desejo que tinha era de fugir, correr o mais longe que pudesse de mim. Mas as suas pernas eram travadas pelo o medo que se concentrava.

 

 

MAX

Está com medo de mim Érica?

 

ÉRICA

Não. Você não é esse monstro que está me apresentando. Você ainda é aquele rapaz que me encantou naquela república.

 

MAX

Você não me ver como um monstro?

 

 

  Mesmo que a boca dizia que não sentia medo, os olhos revelavam a verdade.  

 

 

ÉRICA

Largue esse punhal! Vamos conversar.

 

MAX

Eu não vou te machucar, só quero que venha comigo. Vamos fugir meu amor? Vamos fugir para um lugarzinho só nosso, longe de tudo e de todos. Agora acabou, ninguém mais vai impedir a nossa felicidade. Agora não tem mais a dona Elizabeth, não tem mais o Ricardo e nem mais o Davi. De agora em diante será só nós dois e mais ninguém! Vem comigo Érica?

 

ÉRICA

Eu vou, mas largue o punhal.

 

 

  Ela não viria assim facilmente, o medo que abrangia em si era maior do que tudo. Eu procurava conversar, tentar resgatar aquela paixão que havia deixado. Mas eu tinha a certeza que seria impossível retornar ao passado. A única coisa que aquela Érica ali sentia por mim era medo. E era nesse medo que habitava a minha fortaleza. Érica seria minha de um jeito ou de outro, nem que pra isso eu tivesse que matar nós dois.


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Notas finais do capítulo

Todo esse caminho de carnificina que Max percorreu tinha um destino, Érica. E agora depois de encontrar o seu grande amor, o que ele fará?
Uma coisa é certa, ele está disposto a matar e morrer por ela.



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