Ser rejeitado pela própria família é muito duro, e esse fato fez com que praticamente todos os alunos da Academy For Gifted se transformassem em pessoas fechadas, egoístas, cruéis e basicamente sem nenhum tipo de sentimento positivo. É claro que haviam exceções, entretanto eram muito poucas.

E era por isso que todos os veteranos tanto odiavam fazer a orientação para os calouros. Por Pyro ser o multiuso-conselheiro, era procurado constantemente por garotas e crianças chorosas, e alguns jovens revoltados por não terem recebido nenhuma notícia dos pais. Feliz era aquele que recebia um telefonema no natal ou no aniversário.

- Novatos são tão estúpidos. – Grunhiu Brooklyn para Duncan.

Os dois estavam no telhado, em cima de uma antiga sala de reuniões escola/família, que obviamente nunca fora utilizada. E como sempre, estavam fumando.

- Confesso que gostaria de ver meus pais mais uma vez. – Disse Duncan de cabeça baixa. – Só para...

- Eu também relâmpago. – Sussurrou Brooklyn olhando diretamente para os olhos do amigo. – Queria dar uma boa olhada neles antes de mata-los.

- Realmente mataria seus pais? – Duncan perguntou, prestando atenção na bela íris azul acinzentada de Brooklyn.

- Eles acabaram comigo. – Ela respondeu pensativa. – Me traumatizara, me largaram... Aqui eu me sinto órfã, qual é a diferença deles vivos ou mortos na minha vida? Eu respondo: Nenhuma! Apenas jogaram aqui a aberração...

- Não somos aberrações Brook. – Exclamou Duncan se levantando e indo até a garota. – Eles que são, nós somos...

- Especiais? – Ela sugeriu. – Destinados a algo maior?

- Feitos do átomo... Destinado a algo maior. – Riu Duncan se sentando do lado de Brooklyn, a fumaça vinda dos cigarros flutuava para longe dali, enquanto uma grande nuvem negra se aproximava. – Parece até mesmo um dos discursos do diretor!

- O famosos discurso do propósito maior. – Brooklyn refletiu. – Qual será o propósito maior do cabeça de vento? Soprar o maior número de saias que conseguir?

- Acho que você gosta dele. – Riu Duncan. – E ele de você!

- Se tem amor pelas suas bolas nunca mais vai repetir isso. – Brooklyn exclamou ameaçadoramente.

- Acho que você está de TP... – Cantarolou Duncan.

- Acho que você deveria calar a boca. – Interrompeu Brooklyn quando sentiu uma gota de agua cair no seu rosto. – Vamos entrar, Pyro deve estar nos esperando.

~*~

Pyro estava no ginásio, cercado de novatos e esperando ardentemente que Duncan e Brooklyn chegassem logo.

- Acho que vamos ter que começar... – Ele ia falando quando viu Brooklyn e Duncan entrando no ginásio. – Brooklyn! Duncan! Porque um de vocês não se apresenta para os calouros?

- Ele disse um de vocês. – Falou Brooklyn. – Vai lá garotão!

Duncan olhou irritado para Brooklyn mas mesmo assim caminhou até o centro do ginásio.

- Sou Duncan Waters, tenho 17 anos sou de Greenwich, Connecticut e eu controlo a eletricidade. .

- Mostre para eles relâmpago!  - Riu Brooklyn.

O garoto revirou os olhos, mas mesmo assim apontou para uma das últimas lâmpadas do local com o dedo indicador e a fez estourar, sobrecarregada de energia.

- Ótimo. – Pyro Sorriu. – Aqui na frente por favor a Srt. Pierce?

Uma garota morena, de belos olhos verdes brilhantes sai do meio dos calouros, e com um sorriso amigável caminha até onde Duncan estava.

- Meu nome é Victoire Pierce, gosto que me chamem de Tori, tenho 17 anos e sou de Astoria, Oregon e eu viro um lobo.

- Poderia demonstrar? – Pyro pediu.

Ela olhou com receio para o conselheiro e fechou os olhos. Ela se agachou e seus ossos começaram a estralar, parecia estar quase se quebrando enquanto ela gemia de dor no chão. Poucos minutos torturantes depois, ela havia virado um lobo.

De pelo castanho como seu cabelo, e os mesmos olhos verdes brilhantes.

Ela mal havia se transformado em lobo quando voltou a forma humana, parecendo bastante cansada.

- Estamos um pouco atrasados, vamos fazer uma pausa para o almoço e depois voltamos com mais apresentações. – Pyro falou. – Preciso ir falar com o diretor, podem levar os novatos até o refeitório? – Ele sussurrou a última parte para os dois veteranos.

- É por aqui. – Falou Brooklyn tomando a dianteira.

Logo chegaram ao grande refeitório, que não tinha quase nada de grande. Era apenas um enorme espaço parcialmente vazio com algumas mesas e uma fila com os pratos do dia.

- Onde estavam seus deformados? – Questionou Nikolai Ivanov, grande amigo de Duncan e Brooklyn.

- Não provoca. – Duncan “sussurra” para Nik. – Ela está de TPM.

- Sua mãe está de TPM! – Brooklyn rebateu sem poupar o sarcasmo. – Aliás como ela vai?

- Do mesmo modo que a sua. – Duncan riu ao responder a amiga. – Obrigada, digo a ela que mandou um beijo quando a encontrar.

Brooklyn revirou os olhos e se sentou ao lado de Nik, na frente de Duncan.

Nikolai está na Academia desde seus 13 anos, sua história foi brutalmente marcada grande mistério acerca de seu pai, que aliás foi a causa de Nik estar na Academia. Sua mãe sempre temeu que o filho desaparecesse como seu pai.

- Algum calouro interessante? – Nik questionou enquanto revirava o macarrão de seu prato.

- Com interessante você quer dizer o que? – Rebate Brooklyn.

- Gostosa. – Respondeu Duncan de boca cheia.

- Vocês dois me dão nojo sabiam? – Brooklyn soltou irritada. – Só pensam em sexo!

- E você? – Nik ri. – Só pensa em pintar o cabelo e sair fumando por ai, é tão supérflua quanto qualquer outra garota.

- Qualquer outra garota estaria aturando os dois palhaços aqui? – Cuspiu Brooklyn enquanto cruzava os braços.

- É porque você não é qualquer outra garota. – Exclamou Duncan. – É nossa melhor amiga.

- Gosto de pensar que somos irmãos. – Brooklyn assumiu. – Que eu nunca fui a California e que nunca conheci a família Lightwood.

- Para com isso. – Resmungou Nik. – Isso está muito Gay.

- Quão gay vai ficar o meu macarrão na sua cabeça?  - Fala Brooklyn para Nik.

- Não sei... Muito? – Sugeriu o rapaz.

- Exato. – Brooklyn sorriu. – Então se não comer caladinho já sabe o que vai acontecer.