Aquele primeiro de setembro não podia ficar pior. Parecia que até mesmo a natureza era contra ao primeiro dia de aula. O aspecto vibrante e delicado das flores e folhas estava se perdendo, a brisa quente de verão sumira por completo e até mesmo a estatua do fundador do colégio parecia mais infeliz.

Brooklyn estava um tanto cansada, passara a noite toda em claro tentando contatar-se com sua família, o que fora em vão já que mal se lembrava deles. 

De repente, com um bater da porta, Duncan Waters sai da sala do diretor com um sorriso torto nos lábios.

- Sr. Lehnsherr disse que vamos ter que fazer a orientação dos calouros.

- Odeio calouros. – Exclama Brooklyn revirando os olhos.

- Nem me fale... – Concordou Duncan. – Vivem cheios de esperança de que vão voltar para casa no feriado...  Mas na verdade apenas 1% deles realmente voltam.

-É. – Brooklyn resmungou e abaixou a cabeça.

- Não me diga que tentou encontrar sua família essa noite? – Riu Duncan.

- Eu quero saber o que aqueles desgraçados estão fazendo! – Se exaltou Brooklyn puxando Duncan pelo colarinho. – Você fugiu daquele circo, eu fui expulsa!

-Adoro quando compara famílias idiotas com circo Brook. – Comentou Duncan com malicia em sua voz. – De qualquer modo, concordo com você, todos são uns otários. – Duncan segurou as mãos da garota, obrigando-a a o soltar. – Pelo menos seus pais te mandam dinheiro, eu tenho que fazer o sujo e o pesado para ganhar alguma coisa.

- Vamos logo seu perdedor. – Brooklyn deu a volta e fez com que seus cabelos multicoloridos batessem no rosto de Duncan. – Aqueles otários já vão chegar, não quero que o Sr. Lehnsherr fique bravo comigo.

Duncan revirou os olhos e a seguiu até a escadaria bifurcada, onde esperariam pelos calouros.

- Estive pensando. – Resmungou Duncan se sentando no corrimão da escadaria. – Se conseguíssemos entrar na sala do Sr. Lehnsherr e verificar os arquivos financeiros iriamos descobrir o endereço dos seus pais, ai quem sabe... faríamos uma visitinha a eles?

- Claro, e você quer que eu diga o que? – Questionou Brooklyn irritadiça. – “Oi mamãe, oi papai, lembram-se de mim? A aberração que botou fogo na casa há 9 anos?” Eles entrariam em pânico e não hesitariam em chamar a policia.

- Acho que um curto nos eletrodomésticos já seria uma boa vingança... – Falou Duncan pensativo. – Eles teriam no mínimo uns 10 ou até uns 20 mil de prejuízo...

- Vamos calar a boca? – Vociferou Brooklyn. – Aquele panacas que se ferrem, não quero falar deles!

 - Está certo! – Exclamou Duncan levantando as mãos em forma de rendição. – Então o que...

- Eles são todos seus. – Riu Pyro, o professor assistente e braço direito do diretor apontando para um pequeno grupo de alunos no final da escadaria. Brooklyn percebeu o olhar vago e um tanto sentimental no rosto de alguns alunos.

- Eu sou Duncan Waters. – O moreno exclamou. – E essa é a Brook.

- Brooklyn. – Ela corrigiu irritada. – Brooklyn Lightwood.

- Certo, nos somos os responsáveis pela a orientação de vocês esse ano, então é melhor fazerem o que mandarmos. – Duncan sorriu cinicamente.

Todos já estavam separados por sexo, as garotas do lado direito e os garotos do lado esquerdo. Duncan estava preparado para fazer alguma coisa inutilmente humilhante quando Brooklyn se apressou a falar.

- Não sei se sabem, mas todos tem que usar uniforme, ele será entregue a vocês mais tarde, quem não usar fica de castigo no porão por algumas semanas...

- Vocês são obrigados a terem aulas de Sociologia, Sociologia Mutante, Genética, Duelos e Arte de Ataque e Defesa. – Informou Duncan.

- Se matarem aula, ou descumprirem qualquer uma das regras terão severas punições, a mais comum e passar um tempo “indeterminado” preso no porão da escola, onda há uma barreira que impede o uso de poderes. – Brooklyn falou rapidamente, se alguém perguntasse sobre o assunto a garota poderia passar horas e horas palestrando, já que aquele era o lugar em que ela mais ficava dentro de todo o colégio. – E vocês são proibidos de usar seus poderes contra outros mutantes, salvo se estiver na aula de Duelos.

- Daqui alguns instantes vocês serão levados para o ginásio, para o que chamamos de Demonstração de Poderes. – Sorriu Duncan piscando seus olhos azuis elétricos.  – Então estejam mentalmente preparados.

- Se tiverem alguma dúvida consultem o Guia do Estudante, disponível na biblioteca. – Sorriu cinicamente Brooklyn.

- E onde fica essa biblioteca? – Questionou um garoto loiro de olhos claros.

- É, onde fica? – Se espantou Duncan.

- Ala leste, próxima a sala do diretor. – Bufou Brooklyn. – Boa sorte para entrar lá.

- E quanto aos quartos? – O mesmo garoto perguntou. – Caramba, vocês são orientadores de merda!

- Acha que eu gosto de ter que orientar calouros de merda? – Brooklyn quase gritou. – Saiba que não seu otário, agora para saber mais você pode (a) procurar o guia do estudante; (b) procurar o professor assistente, Pyro; Ou (c) SE FODER IDIOTA!

- As pessoas devem mesmo gostar de você. – Riu o loiro. – A propósito, sou Trent Rogers.

- Como se eu quisesse saber nome de lixo... – Brooklyn cantarolou.

Brooklyn olho de soslaio para Duncan, que estava com o tronco dobrado, rindo mais do que em toda sua vida. A garota deu um forte tapa nas costas do garoto e ele se levantou em um pulo.

- Trent, qual é a sua mutação? – Duncan perguntou ainda rindo.

O garoto não respondeu, apenas apontou para Brooklyn, particularmente para sua saia. Prevendo o que Trent faria, rapidamente Brooklyn forçou a saia para baixo.

- Como? – Trent perguntou parecendo um pouco abismado.

- Eu detecto mutações. – Brooklyn sorriu cinicamente.

- Quanta inutilidade...

- Cara, não provoca. – Duncan aconselhou. – Se ela resolver implicar com você, nunca mais vai conseguir dormir.

Trent revirou os olhos enquanto o professor assistente, Pyro caminha até a escada, onde Duncan e Brooklyn estão.

- Pelo visto os calouros estão dando mais trabalho do que imaginávamos. – Pyro riu. – Posso assumir daqui, mas o diretor disse que vocês devem estar presentes na demonstração de habilidades.

- Muito Obrigada. – Brooklyn suspirou. – Se eu tivesse que ficar por mais um segundo com aquele ser em especial – Falou apontando para Trent. – Eu mataria ele!