Perto Demais Para Te Amar escrita por Jenny


Capítulo 18
Capítulo 18 - O fim da maldição




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– Nós estamos muito encrencados – eu disse enquanto esperávamos Jennifer retornar.

Em todos os lugares aonde íamos, lobisomens e mortes nos perseguiam. Por mais tentador isso soe, afinal estamos falando de noites de lutas e glórias, isso não é legal. Acredite em mim, eu trocaria tudo isso por uma boa noite de sono.

Finalmente, Jennifer desceu a escada. Ela não parecia triste, mas também não era a mais feliz do grupo. Esse cargo sempre será do Stiles.

– Allison está sã e salva – ela disse, com ar de superioridade – Eu não pude explicar o que está acontecendo, pois, conhecendo minha filha, ela ia querer vir junto comigo. Ela vai te procurar Scott quando tudo isso terminar.

– Devo contar tudo a ela? – meu irmão perguntou.

– Claro que não. Só o básico.

– Não seria melhor contar a verdade?

O olhar dela respondeu essa e qualquer outra pergunta que nós poderíamos fazer.

– Você tem certeza que quer fazer isso? – Derek perguntou a Jennifer.

– Se isso significa dar fim a essa maldição infernal, finalmente a paz, vou fazer qualquer coisa. Destruir qualquer um. Mesmo que seja seu tio.

Stiles sorriu, sarcástico.

– Destruir qualquer um. Por que isso me soa uma péssima ideia?

Derek engoliu em seco.

– Jennifer – eu disse – Peter pode estar esperando por isso. Eu quase tenho certeza disso. Ele tem muita experiência quando o assunto é vingança. Você não está com medo?

– Não! Vou destruí-lo com as minhas próprias mãos.

– Você não está entendendo – eu continuei – Precisamos unir nossas forças. Deixe-nos ajudá-la...

– Não! – Jennifer chutou uma lata de lixo – Esta é minha maldição, garotinha! Finalmente chegou minha vez de ser a heroína, e vocês não vão roubar minha chance.

– Quem me garante que isso não é outro plano seu com o Peter? – perguntou Stiles – Você realmente será heroína, ou voltará a ser a vilã?

– Cala a boca, Stiles! Eu não preciso provar nada a vocês!

– Jennifer – falei – Como podemos acreditar em você, se não somos bem-vindos nessa missão? Desculpa-me, mas isso me soa suspeito.

– Não! Não me importa como isso soe para vocês, eu não posso deixar mais um... – ela se interrompeu.

Eu sabia o que ela queria dizer. Quantas pessoas já haviam perdido a vida por causa dela? Não tinha como correr o risco mais uma vez.

– Você não tem escolha – disse meu irmão – Ou nós vamos com você, ou nada feito.

– Sem querer ser desmancha-prazeres – disse Derek já dentro do jipe – mas nós temos um assassino para deter.

– Vulgo seu tio – brincou Stiles, todo sorridente.

O lobisomem o fuzilou com os olhos. Sem reclamar, nós entramos no jipe.

–--------//---------

É possível imaginar o quão constrangedor estava aquele jipe. Na frente, Stiles dirigia o mais rápido possível e, de vez em quando, resmungava algo positivo para motivar o Scott, que estava no banco do passageiro. Logo, no banco de trás, sobrou eu, a louca e o lobisomem. Só que não nessa ordem, lógico. Por que não sentar: a louca, eu e o lobisomem? É... Foi assim que eu segui para a grande missão.

Poucos diálogos e muita confiança, isso resumiu essa viagem.

– O que é aquilo? – perguntou Scott – Até parece a polícia...

– Não parece... É a polícia! – disse Stiles – E olha quem está vindo à nossa direção.

Batendo no vidro do carro, o Sheriff Stilinski gritava o nome do seu filho. Nós mandamos o Derek a Jennifer se abaixar, não queríamos dar mais explicações para o Sheriff. A janela do motorista abaixou, e o Stiles pôs a cabeça para fora. Ele falou de um jeito estranho e murmurante, como se tivesse acabado de beber garrafas e mais garrafas de cerveja.

– Pai querido, como eu posso ajudá-lo?

– Stiles, você andou bebendo? – disse o Sheriff – Eu não me importo de tirar sua carteira de motorista...

– Não pai! É brincadeira. Nós estamos indo para a casa do... A casa do...

– Para minha casa, senhor – eu disse – Nós vamos assistir um filme.

– Fico mais tranquilo com a sua presença Jenny. Não confio no meu filho. Se eu fosse vocês, crianças, eu ficaria dentro de casa. Depois de tantas notícias sobre assassinatos, é difícil não ficar com medo.

– Pode deixar, nós vamos ficar na minha casa – eu disse.

– Assim eu fico mais tranquilo para fazer meu trabalho. Assim que eu terminar aqui, tenho que visitar um senhor. O coitado disse que um bando de adolescentes invade sua casa todos os dias às 22 horas. Se eu não me engano, o nome dele é Peter Hale. Dá para acreditar?

– Até parece coisa de louco, pai – disse o Stiles, fazendo careta – É melhor nós irmos. Tchau pai! Tome cuidado.

– Tchau...

O jipe disparou e virou a próxima esquina, e o Stiles perguntou:

– Seria nós o bando de adolescentes? E por que diabos o Peter chamou meu pai? E se algo acontecer com ele?

Segurei a mão dele e sussurrei que tudo ficaria bem, que nada ia acontecer com seu pai. Do lado dele, meu irmão nos olhava desconfiado. Antes de qualquer coisa acontecer, larguei a mão do Stiles e voltei a encostar-se ao banco.

– Peter sabe de tudo – disse Jennifer, já de volta ao banco – Eu não sei como, mas ele sabe.

– Stiles, tem como você correr com essa lata velha? – Derek gritou.

– Até parece que eu obedeço a ordens desse aí...

Derek o encarou novamente. Stiles não devia ter dito aquilo.

– Vamos logo, Stiles – disse o Scott.

– Ok, ok... Vamos lá!

–--------//---------

Chegando à casa do Peter, percebemos que não estávamos sozinhos. Mais alguém desejava a morte do lobisomem.

– Está na hora – disse Scott – Nós vamos entrar, dominar o Peter e fazer com que suas garras acertem a Jennifer. Ok? Vou considerar o silêncio de vocês como sim.

Arrastamo-nos para a entrada da casa e ouvimos um grito. Algo parecido com grito de dor misturado com desespero. Mas não parecia uma mulher gritando.

Olhei para o lado, e indignada, disse:

– Um taco de beisebol? Sério Stiles? Nós vamos enfrentar um lobisomem e você vai usar um taco de beisebol?

– Hey, ele sempre me ajudou nas horas mais difíceis. Além do mais, o que você tem de melhor?

– Uma espada que eu roubei do museu quando nós tínhamos sete, oito anos. Você não lembra? Foi naquela vez que o Scott abaixou sua calça e todos da escola riram...

– Eu lembro... Melhor dia da minha vida – ele disse, sarcástico – Senhora Esperta.

– Fique quieto – disse meu irmão, liderando o ataque – Temos que ficar o mais concentrado possível. Qualquer movimento, qualquer palavra pode custar nossa vida. Então, por favor...

Já escalando a velha casa, Derek uivou. Foi o único jeito de fazer com que meu irmão calasse a boca e começasse a agir. Observamos o lobisomem chegar até a janela mais alta daquela casa. Quando ele fez o sinal que tudo estava limpo, começamos a escalar. Eu fui a próxima a subir – lógico com a ajuda da Jennifer. Chegando ao topo, Derek me deu a mão e eu pulei a sacada e me posicionei ao seu lado. Jennifer também já estava salva. Só restavam mais dois.

– Eu não vou subir – disse o Stiles – E se eu cair? É muito perigo... Eu prefiro tocar a campainha e atacar o Peter aqui mesmo. -

Não seja bobo Stiles – meu irmão o puxou pelo braço – São somente 5 metros.

– Se eu vomitar em você, não é minha culpa.

– Vamos logo, não temos a noite inteira. Logo seu pai vai chegar.

– Quando tudo isso acabar, você me deve no mínimo dez lanches.

– Fechado!

Stiles começou a subir lentamente, sempre olhando para baixo. Meu irmão vinha logo atrás, para que se algo acontecesse, ele pegava o amigo. Demorou uma eternidade para que eles chegassem ao topo, onde nós os ajudamos a pular a sacada.

– Eu não morri. Obrigado Deus! – disse Stiles, choramingando.

Aquela janela nos levava a um quarto. Nele não havia móveis, só alguns papéis jogados. A tintura das paredes estava desbotada. Em todos os cantos encontrávamos teias de aranha e manchas de umidade. A luz não funcionava, o que deixava o ambiente mais assustador. Saímos o mais rápido possível e caminhamos por um corredor tão assustador quanto o quarto. Diferente do outro cômodo, os outros eram arrumados. Bem pintados, com luzes funcionando. A mobília até lembrava a daqueles castelos medievais.

– Você também está sentindo? – meu irmão perguntou para o Derek.

– Sangue...

Descemos a escada principal, que nos levou a sala. Meu estômago embrulhou quando eu vi o que o Stiles apontava, tremendo. Chris estava jogado no chão, inconsciente, sobre uma poça de sangue. E não era qualquer sangue, era o dele mesmo. Ele tentava lutar contra o tempo, talvez um milagre.

– Ai meu Deus – gritou Jennifer quando chegou à sala – Chris, meu amor. O que fizeram com você?

– Jennifer? – ele lutou para falar – Então é verdade...

– Alguém pelo amor de Deus, faça alguma coisa! Meu marido está morrendo aqui. Alguém nos ajude...

– Eu fiz isso por você – ele sussurrava suas últimas palavras – Não esperava que fosse terminar assim, mas eu fiz isso por você. Resta você fazer sua parte e honrar nosso nome. O nome da nossa filha. Depois poderemos ser felizes para...

Chris nunca conseguiu terminar aquela frase, mas todos sabiam o que ele queria dizer. O mais importante é que Jennifer sabia. Bravamente, ele tentou proteger sua amada, mesmo não sabendo das coisas que ela fez. Talvez fosse melhor assim, nenhuma mancha naquele amor lindo e puro que fora interrompido pela própria família do moço. Foi nesse momento que eu percebi o que estava acontecendo.

– A profecia... – eu disse – Minha mãe falou que alguém morreria pelo amor de sua vida.

Ninguém me escutou. Nós precisávamos continuar.

– Olha aqui Jennifer – eu segurei a mão dela – Eu sei exatamente o que você está sentindo. Eu perdi minha mãe graças a essa loucura que você nos meteu. Meu irmão também sabe como que é. E não somos só nós, o Derek perdeu o amor da vida dele e o Stiles a mãe. Nós sabemos a dor de perder alguém, de ter que levantar no outro dia e agir como se a dor não estivesse mais conosco. Mas adivinha? Ela sempre vai estar. Para resto das nossas vidas. Então, me faz o favor, e levanta essa bunda e vamos atrás do Peter.

– Jenny! – falou Stiles.

– Ela está certa – Derek falou – Nós vamos ficar aqui lamentando ou vamos fazer algo para que mais mortes sejam evitadas? Menos a sua Jennifer, me desculpe...

– Vamos atrás daquele monstro... - disse o Stiles arrumando seu taco- Ele já deve estar bem longe daqui.

Não. Por que ele estaria longe daqui? Seria a coisa mais pratica de se fazer. Matar uma pessoa e fugir, para que os outros o procurassem e perdessem tempo. Qualquer uma faria isso... Qualquer um, menos o Peter. Ele era esperto. Talvez o mais esperto que eu já conhecia, mas eu não ficava atrás.

– Não – eu disse – Ele não está longe. Ele ainda está aqui...

– Maluca! – falou a Jennifer

– Alguém viu o Scott? – disse o Stiles.

Meu irmão sumira assim que avistara o corpo estendido no chão. Ele não disse onde estava indo, na verdade, eu nem tinha percebido que ele não estava conosco na sala.

Num grito – mais parecido com um uivo – nós descobrimos onde ele estava. No andar de cima, ele lutava com Peter. Derek correu para ajudá-lo, mas foi detido pelo próprio tio. Um golpe, e o Derek já estava no chão inconsciente.

– Você não vai se livra dessa – meu irmão disse enquanto era estrangulado pelo lobisomem.

– Precisamos fazer alguma coisa... – disse Stiles tremendo – Mas primeiro eu preciso usar o banheiro. Tudo isso, você sabe...

– Sei... – eu respondi.

Carregando minha espada, Jennifer encarou o lobisomem. Ele ainda segurava meu irmão pelo pescoço, mas não com força o suficiente para matá-lo.

– Você é muito burro, Peter – ela disse – Quando eu me aliei a você, não pensava que eu diria isso algum dia, mas você é muito burro. Melissa sabia que nosso plano ia ser descoberto por você, por isso ela modificou o sonho que a Jenny teve. Afinal, ela é conectada com o Derek, que por sua vez, é conectado com você.

– O que você que dizer? – o lobisomem disse, gargalhando – Que você não está aqui para que eu a mate?

– Exatamente... Eu estou aqui para ver você perder todo o seu poder, se tornar um mísero lobisomem, que depende da ajuda dos outros para sobreviver. Ver você pagar tudo que causou.

– Diga-me como!

– O único jeito de acabar com essa maldição, é quem começou os sacrifícios, os interrompa. Só uma pergunta, quem é que começou os sacrifícios?

– Você não seria capaz.

– Você não faz ideia do que eu sou capaz!

Ela me olhou, como se fosse a última vez. Depois disso, cravou a espada no seu peito. Lentamente, foi perdendo os sentidos. Seu corpo não aguentava mais ficar em pé, seus joelhos enfraquecidos se renderam. Mais uma pessoa estava morta. Só que dessa vez, a pessoa certa. Era o fim da maldição.


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