– Tio! – O menino ia pulando ao lado do homem, puxando a manga das vestes dele para chamar sua atenção. – Tio! Tio!

– O que foi, Ted? – Harry perguntou com um quê de impaciência na voz.

– Porque o tio Ron foi para o outro lado?

– Ele foi...

– Ele não vai ver o jogo com a gente? – Ted interrompeu. A animação transbordando enquanto ele andava animado segurando a mão do padrinho no meio da multidão.

– Não. Ele vai assistir junto com a torcida dos Cannons.

– Por quê?

– Porque ele torce pelos Cannons.

– Ele não vai torcer para a tia Gina?

– Hoje não.

– Mas ele é irmão dela! Porque ele não vai torcer para ela?

– Você tem que entender, Ted – Harry começou rindo. - que nada é mais importante para o Ron do que o Chuddley Cannon’s.

– Nada? – O menino questionou arregalando os olhos.

– Bom... o Chuddley Cannon’s é realmente muito importante para ele.

– Mas a tia Gina é das Harpias. – Ted falou, juntando os pensamentos e tentando entender a atitude do tio Ron, e inclinando a cabeça para cima para olhar para Harry. – E ela é irmã dele. Então por que ele não deixa de torcer pelos Cannons só quando eles estão jogando contra o time da tia Gina.

– Porque você não pergunta isso para ele mais tarde? - Harry falou ainda rindo. – Quem sabe ele consiga te explicar.

– Se ele não conseguir eu pergunto para a tia Hermione. Ela sempre consegue explicar. – Ted concluiu. – Porque ela não veio?

– Ela não gosta muito de quadribol, você sabe. Agora vamos logo achar nossos lugares antes que o jogo comece. – Harry apressou, notando os vários olhares que estavam se direcionando a ele e ao afilhado. Pensou ter ouvido o zumbido de um besouro e começou a andar mais rápido.

– Mas nós ainda não demos boa sorte para a tia Gina!

– Eu falei com ela antes de ela sair de casa hoje de manhã. Não se preocupe.

– Mas eu não falei, tio. Não podemos passar no vestiário?

– Elas já devem estar se preparando, Ted. Já está quase na hora do jogo. Depois que acabar a gente pode passar lá se você quiser.

– Você acha que ela vai me deixar voar na vassoura dela depois? – O menino perguntou, pulando ainda mais, os olhos brilhando de esperança e alegria.

– Ela sempre deixa.

Eles levaram alguns minutos até acharem os seus lugares na arquibancada lotada e mal tinham se sentado quando os times entraram em campo, sob gritos e exclamações dos torcedores.

– Eu não estou vendo nada! – Ted exclamou desesperado quando todos a sua frente se levantaram bloqueando completamente sua visão. – O que está acontecendo? A tia Gina já...?

Harry, no entanto não deixou ele terminar a frase, pegou-o por debaixo dos braços e o colocou sentado sobre seus ombros. Ted no mesmo momento começou a correr os olhos pelos jogadores em campo, principalmente entre as mulheres de uniformes verdes, procurando pela tia.

– Ela está ali! – Ele apontou extremamente feliz quando achou a mulher de cabelos ruivos que tanto procurava. – Ela está ali! Está vendo? Bem ali!

– Estou vendo! – Harry respondeu sorrindo pela animação do garoto.

– Oi, tia! – Ele começou a gritar o mais alto que pode. – Oi! Sou eu! O Ted!

– Ela não consegue de ouvir, Teddy. – Harry riu. – Você sabe disso.

– Quem sabe ela consegue dessa vez! Tia! Olha aqui! Sou eu! – Ele continuou gesticulando amplamente enquanto Harry ria e balançava a cabeça. – Acho que ela não pode me ver mesmo.

– Não. Tem muita gente aqui para ver o jogo, Ted. Ela não consegue ver nada lá de cima.

O menino continuou torcendo animado, gritando e rindo ao mesmo tempo. Contente e orgulhoso em ver Gina em campo. Ele mal podia se conter quando ela fez o primeiro gol da partida, e, já não mais em cima do ombros de Harry, começou a pular no banco.

– É a minha tia, sabia? – Ele informou animado para um bruxo que assistia o jogo do lado dele, enquanto apontava para Gina, no meio da comemoração das Harpias.

– É mesmo? – O homem riu. – Ela é uma jogadora muito boa. – Completou e lançou um olhar para Harry. – Pelas barbas de Merlin! Você é...

– É, ele é Harry Potter. – Ted confirmou balançando a cabeça e ainda sorrindo. Já estava um tanto acostumado com a atenção que o padrinho chamava. – E aquela lá é a minha tia Gina! Você viu? Ela acabou de marcar um gol!

O bruxo, de longos e embaraçados cabelos pretos ainda passou alguns momentos encarando Harry, antes de se voltar outra vez para o jogo, bem no momento em que Chuddley Cannon’s marcava um gol.

– Ah não! – Ted exclamou. – Eles não podem ganhar!

– Calma, Ted. – Harry falou passando a mão pela cabeça do menino. – É só um gol. Eles estão empatados e ainda é o começo do jogo.

– Eu sei, tio, mas eu não queria que eles fizessem nenhum gol. Olha lá! – Ted apontou de repente para o outro lado da arquibancada. – É o tio Ron pulando, não é?

Harry seguiu a direção do dedo do afilhado e, de fato, viu o amigo comemorando o ultimo gol marcado.

– É. É ele sim. – Ele confirmou.

– Ainda não entendi por que ele não está do lado das Harpias. – Ted balançou a cabeça.

A partida foi relativamente rápida, apenas três horas e quarenta e dois minutos, mas foi tempo suficiente para fazer Ted ficar rouco, quase perdendo totalmente a voz, gritando, ainda mais quando a apanhadora das Harpias agarrou o pomo em uma disputa acirrada com o apanhador dos Cannon’s, resultando em um placar de quinhentos e sessenta a setecentos e trinta.

Teddy pulou para cima e para baixo no banco, agitando o mais alto e mais rápido que podia a bandeira verde do time, gritando feliz ao lado do padrinho.

– Vamos para o vestiário, tio! – O menino exclamou com a voz rouca, agarrando a mão de Harry no instante em que viu os dois times começarem a sair do campo.

– Espera um pouco. – Harry respondeu. – Deixa as arquibancadas esvaziarem um pouco e a gente vai lá.

– Por quê?

– Fica mais fácil chegarmos lá e elas já vão ter tido tempo para trocarem os uniformes se quiserem. Enquanto isso a gente pode tentar achar o Ron.

– Ela não deve estar feliz. – Ted comentou sorrindo.

– Não, não deve não. – Harry riu.

– Então ele vai querer ir no vestiário com a gente?

– Pensando bem, Ted, acho que não. – Respondeu rindo ainda mais. – Na verdade acho que ele não vai querer falar com a Gina pelo menos até o fim de semana que vem.

– Ele realmente gosta dos Cannons.

Os dois passaram quase meia hora conversando nas arquibancadas, só pararam quando um Ronald cabisbaixo e emburrado subiu as escadas e chamou os dois.

– Não achei vocês. Achei que ainda estavam aqui. – Falou se sentando do lado de Ted e amassando o chapéu laranja nas mãos.

– Bom jogo, não acha? – Harry provocou.

– Cala a boca.

– Nós vamos para o vestiário, tio. – Ted informou animado. – Você vem junto.

– Nah. – Ron respondeu balançando a mão. – Acho que vou para casa.

– Não quer comemorar junto com o time, Roniquinho?

Ron olhou mal humorado para o amigo, abriu a boca, mas lançando um olhar rápido para Ted, disse apenas:

– Não. Não estou muito no clima para comemorações. Vou para casa logo.

– Tchau! – Harry se despediu descaradamente feliz. – Quem sabe a Hermione consiga te animar.

Ron se virou para Harry, já se levantando e ergueu a mão, mas, outra vez olhando para Ted, apenas acenou rapidamente e bagunçou o cabelo verde de Ted.

– Vejo vocês domingo. – Falou e começou a descer as escadas da arquibancada.

– Ele não está feliz mesmo. – Ted comentou. – Podemos ir agora?

– Vamos.

Ted desceu pulando banco por banco da arquibancada e esperou por Harry quando chegou ao final, olhando-o agitado e ainda sorrindo. Harry segurou a mão do afilhado e juntos caminharam conversando até a porta do vestiário do time, de onde Gina saia, prendendo o cabelo molhado em um rabo de cavalo.

– Tia! – Teddy gritou, se soltou de Harry e correu até a mulher, que se abaixou para abraça-lo.

– Vocês ganharam!

– Ganh...!

– Você me viu na arquibancada? – Ele interrompeu. – Me ouviu falando com você dessa vez?

– Não, Teddy, você sabe que eu não consigo. – Ela falou sorrindo e se levantando.

Harry foi até ela e a beijou levemente, mas antes que pudesse dizer alguma coisa Ted estava pulando ao redor deles pedindo para voar na vassoura de Gina pelo campo.

– Só se você parar de falar, Ted. – Gina disse. – Você vai ficar totalmente sem voz daqui a pouco. Sua avó não vai gostar disso, vai?

– Tudo bem, eu fico quieto. – Ele concordou.

Os três começaram a caminhar em direção ao armário de vassouras, Ted na frente, continuava falando animado apesar de segundos atrás ter dito que faria o contrario e Gina e Harr atrás conversando em voz mais baixa.