Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 42
Capítulo 41




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Sam custou a dormir a noite. Será que Dean estava mesmo doente? Teria seu namorado aceitado passar por todo o sofrimento de novo, mesmo sabendo o quanto isso iria fazer sofrer, não somente a ele, mas a Sam também? Eles dois não precisavam passar mais por isso... Não era justo que o fizessem por culpa da covardia de Roger!

O menino tentou controlar as emoções e se acalmar. Sabia que precisava relaxar se quisesse mesmo se lembrar do restante do encontro que tivera no mundo espiritual. Infelizmente estava encontrando muita dificuldade em fazê-lo...

Fechou os olhos e tentou varrer os pensamentos que o atormentavam para longe, mas eles insistiam em permanecer por ali... Quanto tempo Dean levaria para conseguir se curar daquela doença maldita? Será que seus pais o levariam para visitá-lo no hospital? Imaginou seu lourinho com dez quilos a menos, pálido e careca deitado em uma cama de lençóis brancos. Era uma visão terrível... Ele não queria, mas foi inevitável. Estava chorando, sofrendo por antecipação...

Sam rolou na cama de um lado a outro. Custou a finalmente relaxar, mas quando finalmente o fez, já de madrugada, estava cansado demais. Apagou, dormindo profundamente.

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Quando Dean acordou, após uma noite também mal dormida, sentia-se desconfortável. Faltava-lhe energia e disposição para enfrentar mais um dia de aulas... O que estava acontecendo com ele afinal? O menino se enfiou debaixo do chuveiro tentando afastar de si a sensação de mal estar. Ele precisava sentir-se bem, e logo. Voltar a enfermaria estava fora de questão...

O garoto se arrumou, e, tentando não se abater, seguiu para a cafeteria. Logo avistou Sam, e foi sentar-se com ele. Torceu para que o moreno não reparasse em sua cara de morto-vivo, mas ao olhar para o namorado, foi ele quem se espantou.

– Meu Deus, Sammy... Você está com umas olheiras horríveis... O que houve? – perguntou alarmado.

– Não consegui dormir bem essa noite... – amenizou o menino. É claro que não poderia dizer o quanto havia chorado. – E você continua pálido, Dean... – suspirou por fim.

Dean não respondeu. Talvez fosse melhor deixar o assunto pra lá.

– Vamos pegar nossa comida? – sugeriu o louro.

Sam concordou. Viram Clark e Garth na fila e uniram-se a eles.

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Clark e Garth se entreolhavam. Que situação constrangedora... Aqueles dois só podiam estar brigados... Sam tinha olheiras profundas, de quem havia chorado a noite inteira. Dean também estava esquisito, visivelmente desanimado e desgostoso da vida. Nenhum dos dois parecia com apatite para comer...

Os garotos viram quando Dean cortou um pedaço ínfimo de waffle e colocou na boca. Parecia fazer um grande sacrifício, como se engolir aquela migalha o deixasse enjoado. O louro olhou de soslaio para o namorado, provavelmente querendo saber se o moreno prestava atenção. Mas Sam não viu, ou pelo menos fingiu não ver nada... Tinha os olhos vidrados, olhando para o nada, enquanto mordiscava seu sanduíche da maneira mecânica.

– O que há com vocês? – perguntou Garth, sem conseguir mais se controlar. – Aiiii! – gemeu em seguida ao levar um pisão por baixo da mesa. Clark olhava feio para ele. Não deviam se meter nos problemas de relacionamento do casal...

Dean e Sam, distraídos, nem responderam. Não havia dúvida que as coisas não iam bem entre eles...

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Sam nem soube como conseguiu sobreviver àquele dia e ao que se seguiu, sem ter se lembrado ainda de tudo o que se passara. Não estava conseguindo se concentrar de maneira alguma... Dean, por sua vez, continuava não se sentindo bem. A sensação de mal estar não passava, e ele começava a se preocupar seriamente com isso. E se estivesse com alguma coisa grave? E se o câncer tivesse voltado? Não, seria ruim demais... Precisava deixar de ser pessimista e tirar aquelas ideias da cabeça... O garoto tentou fixar os olhos no quadro negro, mas era impossível prestar atenção ao que o professor de inglês explicava.

Ao final da aula, o louro sentia-se exausto. Tinham só cinco minutos de intervalo até a próxima aula... Dean levantou-se para beber água, mas assim que viu-se de pé sentiu-se tão tonto que precisou se sentar novamente. Olhou para o namorado que estava ao seu lado, distraído. Ainda bem... Melhor assim... Queria poder contar para ele, pedir ajuda, mas alguma coisa fazia com que lhe faltasse coragem... Era como se admitir que estava doente pudesse selar o diagnóstico de algo mais grave. Dean não pensava nisso conscientemente, mas o sentimento era esse. E quem queria um namorado moribundo afinal? Ninguém... Se nem mesmo seu pai quis ficar ao seu lado quando esteve doente, Sam também haveria de largá-lo de lado...

O louro suspirou quando o professor de matemática entrou em sala. Pegou caderno e caneta e respirou fundo. Iria aguentar firme, até o final...

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Quase um hora havia se passado quando Dean começou a se sentir nauseado. O menino respirou fundo e torceu para que o mal estar passasse, mas para seu desespero setia-se pior a cada minuto. Se não fosse depressa para o banheiro corria o risco de pagar o maior mico da sua vida...

Enquanto isso, Sam fazia mais uma tentativa em se lembrar para o maldito encontro. Resolvera tentar sua sorte durante a aula mesmo... Afinal o professor era um banana, não reclamava de nada... E agora lá estava ele, de olhos fechados e cabeça baixa, mentalizando uma escada e contando seus degraus. Estava finalmente concentrado, e nem o barulho na sala parecia incomodá-lo. Ouviu Dean murmurar alguma coisa ao seu ouvido, mas conseguiu ignorá-lo para mergulhar em seu estado de transe.

Sam parecia estar dormindo... Dean chamou seu nome, mas ao ver que o namorado não lhe respondia, desistiu de seu intento. Em um momento de fraqueza, por sentir-se tão debilitado, quase pedira por ajuda. Mas talvez fosse melhor assim... Dean levantou e se dirigiu para fora da sala sem nem mesmo se dar ao trabalho de comunicar ao professor. Este parecia ocupado demais tentando fazer com que os meninos calassem a boca e prestassem atenção às suas explicações. Caminhou até o banheiro o mais depressa que suas pernas aguentaram, chegando no tempo exato de evitar um desastre maior. Colocou tudo que tinha no estômago para fora...

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Sam se viu novamente sentado em frente à mesa branca. Dean estava apreensivo ao seu lado.

– Mas ajudar um irmão necessitado é um gesto grandioso, meu filho... – disse Donna, encarando Castiel com certa irritação. Castiel tinha acabado de dizer ao garoto que não precisava passar por isso novamente.

Dean pareceu aturdido a princípio. Sam estava sem palavras e notou, nervoso, os olhares que Dean trocou com o pai em seguida. Roger estava visivelmente arrependido e envergonhado e tinha dificuldades para encarar o filho de frente. Quando o fez, encontrou no olhar de Dean um porto seguro. Ele o amava e o perdoaria sempre. Dean faria o que fosse preciso...

Antes mesmo que o louro pudesse responder qualquer coisa, Sam já estava chorando. Se Dean queria dar uma nova chance ao pai, que assim fosse... Logo sentiu a mão do louro segurar a sua. Sam abriu os olhos e viu que o outro garoto também chorava.

– Sammy, eu só vou fazer isso se você concordar, porque você não merece sofrer mais... – o louro então disse, com a voz embargada. As lágrimas escorriam abundantemente em sua face, deixando seus olhos ainda mais verdes.

Quem era ele para atrapalhar o caminho de quem quer que fosse? Quem era ele para impedir que Dean fizesse aquilo por amor? Sua alma gêmea era corajosa e ele haveria de ser também. Sam virou-se para o lado e envolveu Dean nos braços.

– Se essa for sua decisão, eu apoio, meu amor. Eu te apoio até o fim...

Os dois, abraçados, choravam sem parar. Roger também chorava demais, e foi amparado por Donna logo em seguida. Ficaram assim por alguns segundos até que uma voz, também muito chorosa, ecoou com certa indignação.

– Mas e se Roger não aguentar ficar com o filho de novo? E se isso tudo só servir para atrapalhar a evolução não só dele, mas também dos dois meninos? – Castiel finalmente estava de pé e impunha sua opinião, preocupado.

Todos olharam para o espírito sem saber o que dizer. Mas Malaquias não se abalou. Era o único que mantinha-se calmo diante de toda a situação.

– Castiel... Por favor... Já conversamos sobre isso...

Depois voltou-se para Dean, Sam e Roger que pareciam um tanto preocupados com a possibilidade.

– Roger só tem a ganhar com a chance de poder evoluir. Sam também vai ter uma grande oportunidade de evolução através do sofrimento... Essa lição não será em vão para você, Sam. Você sabe disso... – O supervisor por fim falou, olhando para o moreno. Sam entendeu. Sim, precisava ser forte... Mas se o fosse, também tinha a ganhar com isso.

– Por isso a escolha é do Dean... – prosseguiu Malaquias. - É o único que de fato estará se sacrificando sem objetivar uma evolução pessoal.

– Mas as coisas podem não dar certo... – Insistiu Castiel. – Isso não estava planejado e...

Castiel começou a chorar. Malaquias foi até ele e envolveu-o em um abraço paternal. Foi a vez de Donna tomar a palavra.

– É claro que Roger pode acabar refugando... Mas sinto que ele está mais forte agora. Precisamos pensar positivo. Acreditar que tudo vai dar certo...

Sam viu quando Dean balançou a cabeça levemente, em um aceno afirmativo. Ele podia sentir que seu namorado estava apavorado com o que teria de enfrentar. Apesar disso iria aceitar o que quer que fosse com resignação.

– Dean, eu vou estar ao seu lado. O tempo todo... Não tenha medo... Vamos enfrentar isso juntos... – disse o moreno com a voz entrecortada pelo pranto. Dean enterrou a cabeça em seu peito e abraçou-o com força.

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Sam abriu os olhos de supetão. Sua respiração estava ofegante. A turma estava em meio à bagunça habitual, mas ao seu lado, não viu Dean...

– Onde está o Dean? – perguntou alarmado para Clark.

Clark deu de ombros. Não sabia... Não o tinha visto sair de sala... Também sem comunicar nada ao professor, Sam disparou porta a fora com o coração aos pulos. Um pressentimento forte lhe dizia que Dean não estava nada bem...

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O menino correu pelos corredores como uma flecha. Era como se soubesse exatamente onde encontraria seu amor, porque não custou nada para que o avistasse. Dean estava de pé, branco como um fantasma, escorado na parede do lado de fora do banheiro.

O moreno sentiu um nó na garganta. Segurou seu namorado antes que este despencasse no chão.

– Vamos para a enfermaria, vem... – o moreno propôs ofegante.

– Não... Sammy... - Dean tentou protestar fracamente, mas Sam não lhe deu ouvidos. Ao sentir que as pernas do louro fraquejavam, segurou-os nos braços, carregando-o no colo.

– Sammy... Eu sou pesado... – ponderou o menino.

– Tudo bem. Eu sou forte... Fica calmo, Dean. Eu estou aqui com você.

Dean recostou a cabeça nos ombros do namorado. Era bom poder contar com seu apoio e proteção. Por mais miserável que pudesse se sentir, pelo menos agora não estava mais sozinho...


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