Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 4
Capítulo 4




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Conforme os dias foram passando, Sam ia se acostumando mais e mais a nova realidade. Curiosamente, o colégio, apesar de mudado em vários aspectos, mantinha a mesma estrutura daquela já conhecida pelo garoto. A princípio, tudo parecia estranho para ele. Agora não estranhava mais as mesas e cadeiras modernas da cafeteria, que substituíam os móveis antigos que decoravam o salão de seus sonhos. 

Acostumara-se também a enxergar o bondoso professor Jim Beaver como diretor do Colégio. Jim podia ser severo, mas nem de longe era tão antipático quanto o Dr. Mark Sheppard. Além disso, habituou-se à companhia de Clark, que cada vez mais se revelava um ótimo amigo para ele. Dean, ao contrário, ele ignorava... Não via motivo algum para se aproximar do louro, que apesar de não ter culpa, trazia-lhe a má recordação de que seu amor jamais existiu. Quando esbarravam-se pelos corredores, Sam virava o rosto, e Dean abaixava os olhos sem graça.

Sam fazia questão de sentar-se bem longe de Dean. Sentava no fundo da sala com Clark, enquanto o louro preferia sentar-se na frente, junto aos meninos estudiosos. Certo dia, estavam assistindo aula de história, quando a professora, Mrs Laura Baker, propôs um trabalho diferente.

- Como vocês já sabem, nossa cidade é muito antiga, e está cheia de construções muito interessantes e com um passado riquíssimo. Quero que vocês formem duplas e façam uma pesquisa sobre algum prédio histórico de nossa cidade.

A professora explicou que a ideia do trabalho era que cada dupla de alunos escolhesse um prédio antigo, patrimônio da cidade, e pesquisasse tudo a seu respeito. O que entusiasmou os alunos, entretanto, foi o que a professora disse em seguida:

- Para fazer o trabalho vocês poderão sair da escola para visitar os locais de estudo, fazer entrevistas com pessoas e visitar bibliotecas públicas. Basta pedirem permissão com alguma antecedência que um motorista estará disponível para levá-los. Já conversei sobre isso com o Diretor Beaver, e ele concordou.

Todos os alunos daquela escola, ou quase todos, sonhavam em poder dar uma volta além dos muros do Castelo. O alvoroço foi geral.

- Sam, você faz dupla comigo?

Sam olhou para Clark, e já ia dar a sua resposta afirmativa quando por fim, a professora anunciou que as duplas seriam sorteadas.

O menino olhou para o colega e suspirou com pouco entusiasmo. Não falava com mais ninguém naquela turma... Agora era torcer para não acabar ficando com alguém muito chato. Após escrever os nomes dos alunos em pequenos pedaços de papel e criar uma urna improvisada, Mrs Baker convidou um menino à frente da turma para sortear as duplas. O garoto sorteou dupla por dupla, enquanto a professora anunciava em voz alta.

- Peter e Patrick...

 - Hans e Yuri...

Sam fechou os olhou e torceu para que o destino o ajudasse. “Sam e Clark...”, “Sam e Clark...” pensou insistentemente. Enquanto isso, o coração de Dean estava acelerado. Não queria que seu nome saísse junto com o de Sam, de jeito nenhum. Sentia-se muito incomodado na presença do moreno, que além de ter uns parafusos a menos, não ia com a sua cara. À medida que seu nome não era chamado, nem o de Sam, Dean ia ficando mais nervoso.

- Clark e Garth...

Sam olhou para Clark decepcionado... Não faria o trabalho com seu amigo. Clark trocou olhares com o garoto muito magrinho que estava sentado na outra extremidade da sala. Garth sorriu para sua dupla e acenou amigavelmente. Dentro do possível, Clark havia dado sorte. Não faria dupla com Sam, mas Garth era um menino simpático e agradável.

Sam suspirou. O que a sorte lhe reservava?

Dean já estava se sentindo sem ar quando a professora anunciou.

- Sam e Dean...

O louro engoliu em seco. Aquela era apenas a constatação de algo que já previra. Às vezes conseguia ser a pessoa mais azarada do mundo.

Sam estremeceu ao ouvir o nome do louro seguido do seu. “Sam e Dean”. Quantas vezes ele mesmo não havia escrito aqueles nomes, dentro de um coraçãozinho torto, em uma folha qualquer? “Sam e Dean” para ele eram nomes que nunca mais deveriam ser pronunciados juntos.

- Professora, eu não quero fazer o trabalho com ele! – Reclamou Sam.

- E por que não? – Perguntou a Sra Baker.

Sam não conseguiu pensar em uma resposta plausível, e apenas deu de ombros.

- Sam, a ideia de sortear os nomes das duplas é que os alunos possam interagir com outros que ainda não conhecem direito... – dizendo isso, a professora se aproximou do louro e despenteou seus cabelos – Dean é quietinho, mas é um menino ótimo, posso lhe garantir que você deu muita sorte.

Dean olhou para o chão em desespero. Tudo o que não queria é que a professora o elogiasse na frente de todo mundo... Ainda mais naquelas circunstâncias, para tentar convencer Sam de que ele não era tão ruim assim... Notou seu rosto esquentar, e se sentiu ainda mais envergonhado por estar corando daquele jeito. Mais uma vez queria ter a capacidade de cavar o chão com as unhas e sumir dali, buraco abaixo.

Sam permaneceu calado, e Clark olhou para ele sem entender o porquê daquela atitude. Falou com ele baixinho, para que ninguém mais pudesse ouvir.

- Sam... ficou maluco?! Você dá a maior sorte do mundo e ainda reclama? Poderia ter saído com o chato do Hans...

- Maior sorte do mundo por quê? – o menino perguntou um tanto indignado.

- O Dean é o maior gatinho, né? Fala sério...

Ao ouvir tais palavras, Sam sentiu-se um pouco estranho. Não sabia exatamente porque, mas ficou irritado.

- Eu não acho! – ele respondeu ao amigo de forma ríspida.

Clark tratou de ficar quieto, notando que Sam não gostara do comentário.

Assim que terminou a aula, Sam resolveu procurar Dean e marcar logo uma reunião de grupo. Já que teriam que trabalhar juntos, o menino preferia começar e terminar o mais depressa possível.

Dean já ia fugindo de fininho da sala quando Sam o avistou.

- Hei, Dean! – ele chamou, acenando para o colega.

O louro parou e esperou que o mais alto se aproximasse. Sentia-se trêmulo só de estar próximo a ele. Não sabia como haveria de conseguir sair com ele por aí, andando pela cidade.

- Vamos decidir logo qual vai ser o nosso trabalho... Temos que ser eficientes, assim evitamos nos encontrar muito. Pode ser?

Dean balançou a cabeça afirmativamente.

- Então podemos pesquisar sozinhos sobre os prédios históricos, e depois nos sentamos juntos e escolhemos o tema do nosso trabalho. Que tal?

- Pode ser... – respondeu Dean.

- Ótimo, então podemos nos encontrar hoje depois do jantar?

- Pode ser...

- Na biblioteca?

- Pode ser...

Sam então saiu, andando depressa para se juntar novamente a Clark.

“Pode ser... repeti isso umas vinte vezes”, pensou Dean. Não é a toa que o Sam me acha um tremendo idiota...

Dean ficou tão ansioso durante o dia que nem conseguiu jantar. Chegou cedo à biblioteca e começou a pesquisar sobre as construções históricas da cidade. Queria pensar em locais que não fossem muito longe dali para minimizar o tempo em que precisaria estar com Sam fora da escola. Após muita pesquisa, pareceu encontrar a sugestão ideal. Esperou Sam chegar para a reunião, torcendo para que o moreno gostasse de sua ideia.

Sam chegou, também já com uma sugestão. Tinha pensado em uma Catedral muito bela e muito antiga, que lembrava ter visitado com a família tempos atrás.

Sam entrou na biblioteca e avistou Dean sentado em uma das mesas grandes e antigas que enfeitavam aquele espaço grandioso. Lembrou-se com o coração apertado de já ter visto seu amor sentadinho naquela mesma posição. Lembrou-se de chegar por trás e tampar seus olhos, dizendo “adivinha quem é?”. Dean adivinhou, e riu...

Sim, as mesas eram as mesmas, assim como as cadeiras... Eram feitas de madeira maciça e divinamente trabalhadas. Talvez parecessem um pouco mais desgastadas, nada mais... Estranho, pois Sam não se lembrava de ter visto a biblioteca antes do sonho. A única mudança significativa naquele ambiente era a inclusão de uma meia dúzia de computadores em um balcão, que também parecia novo.

O menino precisou respirar fundo para se aproximar do colega. Seu primeiro impulso era trata-lo mal. Para o moreno, gostar do novo Dean era quase que uma afronta à memória de seu amor. Como se sua aparência fosse tudo o que lhe importasse, e sua essência, alma e personalidade fossem apenas supérfluos.

Dean viu Sam se aproximar e enfiou o rosto no livro.

- Oi! – Disse Sam, se aproximando.

- Oi...

- Só passei aqui para decidir o objeto da pesquisa. Eu pensei na Catedral Santa Martha, que tal?

Sam olhava para Dean de forma fria e objetiva. Tentava não deixar transparecer que por dentro estava com as emoções a flor da pele. Aqueles olhos verdes a fita-lo chegavam a ser uma tortura, pois eram olhos idênticos aos de seu amado.

- A Catedral Santa Martha? Ela fica muito longe daqui... Deve levar umas duas horas de carro, Sam! – Dean respondeu alarmado.

- E você tenha alguma ideia melhor? – o moreno perguntou em um tom de voz ligeiramente irritado.

- Podemos fazer sobre a nossa escola... O prédio é bem antigo... E a gente pode encontrar tudo o que precisamos aqui nessa biblioteca mesmo...

Sam ficou pensativo, e por fim concordou. Até que a ideia de Dean era boa... Ele também preferia evitar sair da escola com o louro. Combinaram de começar o trabalho no dia seguinte, que era um sábado. Se encontrariam naquele mesmo local logo após o café-da-manhã. Sam saiu depressa de lá. Não sabia como aguentaria passar um dia inteiro trabalhando ao lado de Dean.

Assim que o moreno saiu, Dean sentiu suas bochechas queimarem. Percebeu que suas mãos estavam trêmulas. Voltou para o seu quarto sabendo que não conseguiria dormir pensando em seu encontro no dia seguinte.


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