Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 5
Capítulo 5




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Quando Sam chegou à biblioteca, Dean já estava lá.

- Bom dia, Dean. – disse o moreno com a voz mais simpática que pôde fazer. Já que precisariam passar um tempo trabalhando juntos, Sam faria um esforço para tratar o colega da melhor maneira possível.

- Bom dia... – respondeu Dean. Sam notou como ele parecia pouco a vontade. Talvez devesse se desculpar com ele, afinal agira como um louco. O louro não tinha culpa...

- Dean, desculpa todas aquelas perguntas sem sentido, e o jeito como eu te tratei... Eu estava passando por um problema. Juro que não vai mais acontecer...

Dean escutou com atenção e assentiu.

- Você está bem agora? – perguntou.

- Estou ótimo, não se preocupe – respondeu o moreno.

Dean sentiu-se um pouco mais aliviado. Não tinha mais motivo para preocupações, Sam realmente parecia outra pessoa. Poderiam fazer o trabalho juntos sem nenhum problema. Dean então falou, mostrando alguns livros que havia pego:

- Olha, eu já achei vários livros... Eles contam a história da escola desde a sua criação. - Eu estou começando por esse daqui, que fala do projeto arquitetônico do prédio. Estou fazendo um resumo...

- Ótimo – disse Sam – Eu vou então resumir esse aqui. – Ele disse apanhando um dos livros da pilha. O livro contava sobre a inauguração e a história dos primeiros anos da escola. Começou a ler sem muito entusiasmo.

“O Colégio Saint Peter foi criado por padres protestantes no ano de 1856, utilizando-se como espaço físico o Castelo do Duque de Winshire, construído em meados do século VXIII. Com um ensino tradicional e rigoroso, logo tornou-se referência em educação para os rapazes da alta sociedade...”

Sam começou a anotar as informações que julgava importantes. Foi difícil para ele, entretanto, avançar em sua leitura. Estava com dificuldade em se concentrar com Dean ali tão perto dele... Sentia-se constantemente atraído a olhar para aquele rostinho de anjo. O mesmo rosto do menino que tanto amara...

Sam tentou se acalmar e refletir no que estava acontecendo. Não podia se deixar levar pelas aparências. Tudo o que o seu amor e o novo Dean tinham em comum era o corpo, nada mais. O antigo Dean era uma pessoa fechada. Por fora era durão, não deixava que nada ou ninguém o atingisse. No intimo, entretanto, era um menino doce e apaixonante, sensível e artístico. E o novo Dean? Esse parecia ser completamente diferente. Era tímido demais, revelando o quanto se importava com a opinião dos outros. O que tinha seu amado de corajoso, tinha ele de medroso, parecia evidente. Sam não o conhecia na intimidade, mas com certeza não haveria de ser tão interessante quanto o outro. Não tocava piano, não sabia pintar quadros... Não havia dúvidas: as semelhanças eram apenas na aparência.

A biblioteca estava muito quieta. Além deles dois, apenas mais dois ou três meninos circulavam por ali. Pelo jeito sábados não eram dias muito populares para o estudo. Assim como Sam, Dean também não conseguia se concentrar. Dean se deu conta de que a pelo menos um minuto prestava atenção no som da respiração de Sam. Suspirou e olhou para o colega. O moreno não era louco, então porque Dean não conseguia se acalmar? Talvez Sam fosse bonito demais...

Sam desviou os olhos do livro, e seu olhar encontrou-se com o de Dean, para desespero do mesmo. O louro desviou os olhos de forma tão brusca e assustada que arrependeu-se depois. Com certeza estava deixando transparecer que Sam mexia com ele... A verdade é que ele mexia com todos os seus sentidos. A respiração de Sam pareceu tornar-se mais audível, e, embalado por esse som, o perfume que o moreno exalava era quase enebriante. Dean deixou de prestar atenção na leitura por completo.

- Dean... – o louro estremeceu à menção de seu nome, e principalmente ao sentir o toque de Sam em seu braço. Um arrepio percorreu seu corpo todo.

- Está no mundo da lua? – perguntou o moreno sorrindo, formando covinhas. Dean forçou um sorriso, ele estava mesmo era desesperado. Já havia se sentido atraído por garotos antes, mas nunca de forma tão intensa. O que estava sentindo era um tanto assustador.

Sam gostava de ver Dean corado. Ele ficava ainda mais bonito... Tudo estava ficando complicado demais... Por mais que não quisesse, sentiu vontade de arrastar Dean para um canto escuro e beijá-lo da cabeça aos pés. Esse pensamento era torturante para ele. Gostar do novo Dean significava que ele poderia gostar de qualquer criatura que habitasse aquele corpinho perfeito do louro. Será que nada mais importava para ele? Não importava se Dean era tímido ou atirado? Inteligente ou burro? Criativo, artístico e engraçado, ou simplesmente um sem gracinha qualquer? Nada importava contanto que tivesse aqueles lábios, aqueles olhos, aqueles cabelos e aquelas pernas arqueadas? Isso fazia de Sam um cara superficial... Sentindo seu membro endurecer por dentro das calças, imaginou ser o taradão mais fútil do mundo inteiro, e se odiou por isso.

Voltou a olhar para Dean, que claramente também não estava conseguindo se concentrar no trabalho. Com o rosto enfiado nos livros, o louro respirava rápido demais e balançava as pernas nervosamente.

- Vamos dar uma pausa para o almoço. – anunciou Sam. Precisava de um tempo para se recompor.

Dean adorou a ideia, e nem comentou o fato de ainda ser 11h da manhã. Combinaram de se encontrar novamente por volta das 14h.

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Sam saiu dali direto para seu quarto. A vontade que teve de agarrar o novo Dean era uma traição à memória do antigo. Quando encontrou com Clark mais tarde para almoçar, sentia-se péssimo. Notou que o amigo, entretanto, estava mais sorridente que o usual.

- Que cara de felicidade... – Sam comentou.

Clark soltou uma risadinha safada. Estava doido para contar a Sam tudo o que fizera pela manhã.

- Beijei o Carl no banheiro – disse ele, sem maiores explicações. Sam ficou surpreso. Clark nunca mencionara Carl. Sam nem tinha certeza de quem ele era...

- Quem é esse garoto? Eu nem conheço... – disse Sam. A verdade é que Sam estava tendo dificuldade em guardar os nomes dos colegas e saber quem era quem. Os únicos meninos que estavam tanto em seu sonho como na nova realidade eram Clark e Dean.

Clark mostrou o garoto com um gesto de cabeça. Era magro, com cabelos cor de areia e olhinhos miúdos. Podia-se dizer que era bonitinho, no máximo... Mas Clark parecia ter tirado a sorte grande.

- Você está apaixonado? Estão namorando? – perguntou o menino.

Dessa vez foi Clark quem se espantou.

- Sam, foi apenas um beijo... Foi bom... Só isso...

Sim, tinha sido apenas um beijo... Qual era o problema de trocar uns beijinhos para se divertir? Eles tinham 16 anos... Talvez Sam levasse tudo a sério demais...

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Sam chegou primeiro que Dean à biblioteca. Dessa vez foi ele quem separou todos os livros e colocou-os sobre a mesa. Tinham que conseguir trabalhar um pouco, por bem de sua nota em história. O moreno se concentrou, respirando fundo. Não gostava da nova versão de Dean, e não sentiria nada quando o visse chegar...

“Merda” – pensou ele ao escutar seu coração batendo mais forte assim que avistou o louro. Por mais que ele tentasse, seu corpo parecia querer aquele garoto... Sentiu-se trêmulo. Quando o louro deu “boa tarde” e sentou-se a seu lado, o desespero pareceu aumentar ainda mais.

Dean também tentava manter-se calmo, mas era em vão. Pegou um dos livros e enfiou no rosto, tendo a certeza de que novamente não iria conseguir digerir uma única palavra. Não com Sam respirando ao seu lado...

Trocaram algumas palavras gaguejadas e momentos de nervosismo e embaraço. Depois de umas três horas ali, Dean conseguiu de alguma forma terminar uma leitura dinâmica do livro que estava com ele.

- Terminei esse – ele anunciou. – Mas parece que tem uma continuação... Vou pegar na estante. – Dizendo isso o louro se levantou.

Sam o acompanhou com o olhar. Viu quando Dean se esticou todo para tentar alcançar o livro, mas estava alto demais. Sam levantou-se e foi ao encontro do colega. Talvez pudesse ajuda-lo.

Dean estremeceu ao perceber Sam chegando por trás.

- Deixa que eu pego para você... – ele disse.

Sam era tão alto... Dean suspirou. Ele também era gentil...

O moreno se esticou todo, mas também não conseguiu alcançar. Sentiu-se um idiota.

- Não tem problema – disse Dean – eu vou pedir para a bibliotecária pegar. Ela tem uma escadinha.

- Ou eu posso te levantar... – sugeriu Sam. Nem ele mesmo entendeu porque dissera aquilo. Falara sem pensar... Talvez só estivesse mesmo querendo poupar o colega do trabalho de ir até a bibliotecária. Não custava nada levantar Dean por dois segundos para que ele alcançasse o livro.

O coração de Dean bateu forte, ele não tinha nenhuma desculpa para negar a ajuda do colega.

Sam segurou Dean por trás e ergueu-o alguns centímetros do chão. Sentiu seu corpo quente e macio. Teve vontade de apertar.

Dean sentiu sua cabeça girar e suas mãos amolecerem. Foi uma sorte ter conseguido segurar o livro. Quando Sam colocou-o de volta ao chão, sentiu seu coração disparar desordenadamente. Só então percebeu que Sam ainda o abraçava. Ele ainda o segurou por mais um ou dois segundos... Dean virou-se, sentindo-se trêmulo dos pés a cabeça.

Sam não conseguiu se mover. Não queria sair de perto do louro. O que sentia era forte demais... Que se dane se era um vadio! Se Clark podia beijar Carl, ele também podia beijar Dean, sem compromisso. O corredor estava vazio, não tinha ninguém por perto. Sam aproximou-se mais de Dean, e segurou seu rosto com as mãos. Tocou os lábios do colega de leve com os seus, lentamente. Dean fechou os olhos, estava totalmente entregue. E então beijaram-se de forma intensa e cheia de emoção ao som da batida frenética dos dois corações.


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