Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 3
Capítulo 3




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Quando a psicóloga chegou para socorrer Sam, encontrou o menino sentado de frente para o grande muro, chorando.

- Venha comigo, querido – ela disse estendendo-lhe a mão.

Sam prontamente obedeceu a moça, e Dean, que olhava de longe, suspirou aliviado. O louro seguiu dali diretamente para a aula, não tinha mais tempo para o café da manhã. Mas isso pouco importava agora, torcia para que Sam ficasse bem.

Sam tentou controlar seu desespero. Sabia que estava agindo como um maluco, e não pretendia que chamassem seus pais à escola para contar que ele havia surtado.

- Dr. Holly, eu estou com saudade dos meus pais... Foi só isso. – mentiu o menino.

A psicóloga não deixou que ele se livrasse tão depressa dessa vez.  Já era a segunda vez que dava um ataque no colégio. Depois de conversar com Sam por pelo menos três horas, a moça o encaminhou para a enfermaria, onde lhe deram um vidrinho com comprimidos de calmante.

- Tome uma pílula antes de dormir durante uma semana, Sam – lhe instruiu o médico de plantão – Isso vai lhe deixar mais calmo. Depois volte a nos procurar.

O moreno agradeceu e saiu. Estava morrendo de fome, e seguiu ligeiro para o salão onde deveriam estar servindo o almoço. Logo de cara, avistou Dean, que o olhava arregalado. Sam desviou o olhar, não queria nenhum tipo de contato com ele.

Serviu-se de bastante comida, procurou uma mesa bem distante e vazia, e sentou-se sozinho. Até aquele momento não vira Castiel e Oliver. Ficaria ali observando sem ninguém para atrapalhar, não via a hora de ter seus amigos de volta.

 Sam estava distraído quando de repente avistou Clark já bem próximo a ele. Reparou que o colega não tinha nada para comer. Um frio subiu por sua espinha. Aquele infeliz queria era roubar seu almoço. Mas ele estava com fome, e resistiria ao ataque.

 - Sai daqui, seu desgraçado! Não vou lhe entregar o almoço! – Sam gritou, empurrando Clark, que o olhou assustado.

- Eu só ia perguntar se posso me sentar aqui com você... – Clark então disse apologeticamente.

- E por que está sem almoço? – Sam indagou desconfiado.

- O Hans... Roubou o meu prato... – os olhos de Clark eram tristes e humildes. Em nada lembravam os do Clark que Sam conhecera. Arrependido de ter agido precipitadamente, Sam quis saber quem era o ladrão de merendas da vez.

- É aquele ali – apontou Clark.

Sam avistou um garoto magrela e baixote, com expressão de maioral.

- Clark, pelo amor de Deus! Por que você não enfrenta ele?

- Eu... – Clark não soube o que dizer.

Sam notou como o ex-ex-amigo estava agora afrescalhado. Sentado com as pernas cruzadas, se mexia e falava de forma afetada. Talvez fosse fresco demais para tomar uma atitude. Logo Clark, que era tão homofóbico em seu sonho... Aquela nova realidade era de fato muito estranha.

Sam olhou para Clark e seu jeito humilde. Já estava cansado desse tipo de injustiça, não aguentaria viver tudo aquilo de novo.

- Vamos lá, Clark! – ele disse puxando o outro garoto pelo braço. – Nós dois somos muito maiores e mais fortes que ele...

Clark hesitou um pouco mas seguiu o colega.

- Devolve o almoço dele! – Sam foi logo dizendo, encarando o menino magrela.

Hans fez cara de deboche.

- Ahhh, defendendo a borboleta? Ora, ora... Veja se não é o outro gay da escola... Aquele que ama o Dean Campbell... – e dizendo isso, o menino caiu na risada.

- Devolve o almoço dele agora! – Sam falou em tom baixo e ameaçador, trincando os dentes. Clark estava a seu lado e parecia nervoso, pronto para sair correndo dali.

- Menino, eu sei que você é grandão, mas se não me deixar em paz eu digo para todo mundo que você é bicha... E passa o seu almoço para cá também!

- Pode falar pra quem você quiser, eu estou pouco ligando! E o Clark também, ele está pouco ligando... Se você não devolver o almoço dele eu te arrebento a cara.

Sam chegou mais perto de Hans, que começou a se acovardar. Ele batia no ombro de Sam.

- Nossa, que bichinhas irritadas... Era só uma brincadeirinha... – o magrela então falou, estendendo o prato para Clark.

Clark pegou a comida sem dizer nada, e saiu acompanhado de Sam.

- Puxa, obrigado – ele então disse a Sam assim que os dois se sentaram.

- Não foi nada, mas não deixe mais nenhum garoto roubar suas coisas. Você é grande, pode se defender!

Clark apenas olhou para Sam com admiração. Foi só então que o menino teve a brilhante ideia de perguntar por Castiel e Oliver. Clark haveria de saber alguma coisa sobre eles, mesmo que não fossem amigos naquela realidade.

- Clark, você conhece dois meninos que estudam aqui, chamados Castiel e Oliver?

Clark ficou pensativo.

- Não, não conheço...

- Não são da nossa sala? – Sam perguntou alarmado.

- Não. Eu estudo aqui há muito tempo, nunca conheci garotos com esses nomes. Por que?

Pobre Sam... Mais uma onda de desespero o atingiu de repente, mas ele segurou a onda. Então Castiel e Oliver nem mesmo existiam? O menino fez um esforço enorme para se lembrar das pessoas que vira antes do maldito sonho. Se lembrava de Dean, claro, que era bonito e estava resolvendo equações no quadro negro. Depois de pensar um pouco lembrou-se que Clark estava sentado bem próximo a ele. Lembrou-se que o colega estava distraído quando o professor de matemática fez a chamada, só respondendo na segunda vez que o professor chamou seu nome. Castiel e Oliver, entretanto, ele só lembrava de ter conhecido mais tarde.

Então, além de estar com o coração partido com a perda do seu amor, agora também perdera os amigos? Imediatamente um nó formou-se em sua garganta. Olhou para Clark, que agora era extremamente afeminado, mas pelo menos parecia boa pessoa. Talvez devesse andar com ele, afinal, depois daquele sonho, ela também tinha certeza de ser gay. E um gay muito dramático por sinal...

Sam sorriu para Clark e tentou ser simpático. Conversaram o almoço todo sobre banalidades.

Dean passou a aula toda com Sam na cabeça. Torcia para que ele estivesse mais calmo. Quem sabe ele não viria lhe pedir desculpas depois...  Afinal o moreno não tinha razão nenhuma para detestá-lo.

Desde que Christian, seu melhor amigo, saíra da escola, Dean andava sozinho. Não porque fosse uma pessoa desagradável. Muito pelo contrário... O louro era sempre gentil e cortês com os colegas. Talvez fosse culpa de sua timidez, que o impedia de se aproximar muito dos outros.

Dean sentiu-se nervoso quando o sinal tocou anunciando o horário de almoço. Será que veria Sam pelo salão? Ao mesmo tempo que o louro tinha vontade de saber se ele estava melhor, se sentia envergonhado e sem graça imaginando que cena Sam haveria de fazer ao avistá-lo. Pensou no moreno se aproximando dele e pedindo desculpas. Depois quem sabe ele se sentaria ao seu lado, e eles poderiam se conhecer melhor... Quem sabe não se tornariam até amigos?

Para a sua surpresa, entretanto, quando avistou Sam na cafeteria, este olhou para ele e nem sequer fez um sinal de reconhecimento. Ignorou-o por completo, indo sentar-se com Clark, o famoso gay da escola. Dean não ia muito com a cara de Clark, mas tinha que admitir que ele era bonito... Não tão bonito quanto Sam, mas ainda assim era muito bonito... Talvez Clark tivesse aceitado o amor de Sam. Quem sabe? Talvez ele soubesse pintar quadros e tocar piano...   

Ele, Dean, não sabia fazer nada... Era mesmo um sem graça. O mundo inteiro dizia que ele era bonito. Talvez fosse mesmo... Mas era isso, e só. Dez minutos conversando com ele e ninguém mais se interessava. Natural que Sam tivesse se decepcionado e mudado de interesse. Bem... Melhor para ele... Afinal, por que ele queria se aproximar de um maluco como Sam? Melhor ficar na sua...

Quando os olhares de Dean e Sam se encontraram na aula de história, que se seguiu ao almoço, Sam virou o rosto sem conseguir esconder uma visível antipatia. Dean abaixou a cabeça sem graça. Sentia-se desprezado, e a atitude de Sam o deixava ainda mais inseguro e envergonhado.

Dean estava distraído durante a aula. A professora, percebendo, fez uma pergunta a ele. Quando o louro respondeu algo totalmente sem sentido, viu que Sam gargalhou juntamente com a turma, com os olhinhos brilhando de prazer. Como ele era burro... Mais um motivo para Sam detestá-lo... Dean se afundou na carteira e enrubesceu fortemente.  

Quando as aulas finalmente terminaram, Dean correu para o seu quarto. Finalmente estava seguro dentro de sua “toca”. Era lá que, sozinho, ele conseguia se soltar. Cantava no chuveiro e representava peças de teatro para o espelho. Ria, se divertia, e inventava histórias. Naquele dia, particularmente, não estava lá tão entusiasmado... O desprezo de Sam o incomodava, nem ele mesmo sabia porquê.

Sam aceitou jantar com Clark. Incrível como se deram bem assim logo de cara... Clark era fresco, isso era verdade, mas também era brincalhão e criativo. Passaram muito tempo conversando. Talvez Sam estivesses mesmo é evitando voltar para o seu quarto e enfrentar a solidão. Dentro de quatro paredes, sozinho, não pôde evitar de lembrar de seu sonho. Sentia a falta de seus amigos. Castiel era tão compreensivo e tão bom companheiro... Oliver também, estava sempre pronto a apoiá-lo. Mas claro, o pior de tudo era lembrar-se de Dean...

Sam se enfiou debaixo do chuveiro e não pôde deixar de se lembrar do banho que compartilhara com seu amado. Ahh, Dean... Sam ainda o sentia tão presente, tão real... Como sentia saudade daquele jeitinho superior, e daquela cabecinha tão confusa e cheiinha de problemas... Rios de lágrimas brotaram nas faces do menino. Seu coração estava partido em dois.

Pensou então no “novo” Dean. Como era ruim olhar para ele e lembrar do amor de sua vida... É claro que ele sabia que o louro não tinha culpa do sonho que tivera, mas não conseguia deixar de detestá-lo por isso. Pretendia ignorá-lo para sempre. 


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