Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 2
Capítulo 2




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Dean sentou-se em sua cama e suspirou aliviado. Sam deixava-o desconcertado. Por que o moreno insistia em dizer que o amava? O menino sorriu lembrando da cena. Quem diria que a primeira declaração de amor que receberia na vida seria daquele jeito, vinda de um garoto, e ainda por cima maluco? Sim, porque Sam só podia mesmo ser completamente doido... E aquela história do rato então? Chagava a ser até engraçado. Dean riu sozinho lembrando do semblante sério que Sam manteve ao fazer a pergunta mais esdrúxula da história. “Que nome você daria a um ratinho de estimação...?” Dean nunca havia cogitado ter um rato de estimação, muito menos sabia que nome haveria de dar a ele.

Dean custou a dormir. Será que Sam continuaria insistindo naquele amor por ele? Será que continuaria dizendo coisas fantasiosas e sem sentido? Talvez... Mas talvez desistisse de vez, e resolvesse destinar sua maluquice a um outro aluno qualquer. Dean sentiu um vazio no peito ao pensar que talvez Sam nunca mais fosse lhe dirigir a palavra. No fundo, apesar da vergonha que sentia as vezes, aquele menino doido estava tornando sua vida mais interessante.

Sam voltou ao seu quarto sentindo raiva de si mesmo. Como pudera ser tão estúpido? Com tantas coisas que poderia ter dito a Dean fora logo fazendo uma pergunta que parecia sem sentido... Agora o louro devia estar com certeza achando que era um doido varrido.

O menino deitou na cama prometendo a si mesmo que consertaria tudo assim que amanhecesse. Ficou pensativo. Até a conversa sobre o rato não deixava de ter sido uma prova de que ele tinha razão. Afinal, ele não sabia que “Ben”, da famosa música de Michael Jackson, era um ratinho... Dean, entretanto, sabia. Parecia claro que quem escolhera esse nome fora o louro, não ele. Apesar de Dean reclamar de que nunca haveria de ser tão óbvio, as circunstâncias poderiam ter ajudado na escolha do nome. Quem sabe Dean não teria ouvido a música “Ben” pouco tempo antes de ter achado o bichinho? Talvez até tivesse tocado essa música ao piano momentos antes de Sam ter chegado com o dispositivo. Sam sentiu-se nostálgico lembrando da música que ouviu Dean tocar ao piano àquela noite. Era tão linda... Parecia que havia se passado um século desde aquele dia.

 Certo de que a conversa com Dean no dia seguinte seria bem sucedida, Sam dormiu tranquilo. Não insistiria em falar sobre o ratinho. Sabia coisas o suficiente a respeito de Dean para convencê-lo de que o que falava era a mais pura verdade.

Dean se arrumava para o café-da-manhã quando ouviu baterem em sua porta. “Sam?” Seu coração disparou. Abriu a porta de deu de cara com o moreno de olhos verdes.

Dean corou levemente. O que aquele garoto maluco fazia a sua porta tão cedo pela manhã?

- Dean, não quero que você fique me achando um maluco... – o garoto disse suspirando.

- Eu não acho... – mentiu Dean. Desejou que Sam saísse dali depressa. Sentia-se nervoso e envergonhado só em tê-lo por perto.

- Esquece aquela história do ratinho... Eu sei muitas coisas a seu respeito...

Dean apenas olhou para ele arregalado esperando que ele prosseguisse.

- Eu sei que você é um excelente pintor, por exemplo...

Dean sorriu.

- Jura? Eu não acho...

- Não seja modesto, Dee... Você pinta lindos quadros na praia... – Sam olhou para Dean esperando que ele se surpreendesse. Finalmente começaria a entender que Sam falava a verdade.

Dean se espantou de fato. Primeiramente por ter sido chamado de “Dee”.

- Na praia? Que praia? – perguntou ele.

- Não se faça de desentendido...   Essa praia aqui em baixo – retrucou Sam.

- E como eu haveria de descer até lá?

Hmmm, Dean estava querendo testá-lo. Só podia ser... O louro não perdia por esperar. Sam sabia tudo, tudinho sobre ele. Confiante, o moreno respondeu.

- Pulando o murinho, e descendo pelas pedras.

Dean ficou boquiaberto.

- E você acha que eu sou louco? – perguntou incrédulo.

Por que Dean tentava disfarçar? Talvez ainda não tivesse acreditando nele, e achou que de alguma forma Sam descobrira, ou desconfiara de seu segredo. Ia ser mais complicado convencê-lo do que Sam pensava. Infelizmente teria que falar de coisas desagradáveis.

- Dean... Não disfarça... Eu sei de tudo. Coisas que eu não poderia saber se não tivesse de fato convivido contigo por tanto tempo...

- Mas eu não sei pintar, e muito menos sou doido de ir até a praia... – retrucou Dean.

Sam não lhe deu ouvidos e prosseguiu.

- Eu sei que você pintou o retrato do seu pai, sua mãe e irmão... E sei que foi a sua mãe quem te ensinou a pintar... – Sam disse, sentindo-se um pouco culpado. O louro provavelmente ficaria triste com a menção de sua mãe morta. A reação de Dean, entretanto, foi contrária à que ele antecipara.

- Minha mãe?! – Dean riu – Ela não sabe desenhar nem aqueles bonecos tipo palitinho. Ela é péssima...

- Ela é??? – Perguntou Sam estupefato – Tipo... No presente? Dean, você pretende até esconder de mim que a sua mãe está morta?

O louro parou de rir. A loucura de Sam parecia estar passando um pouquinho dos limites...

- Sam, a minha mãe está viva! De onde você tira essas ideias?

Sam sentiu-se sem chão. Dean não mentiria sobre isso... Não com uma expressão tão sincera... O que estava acontecendo? Seria uma realidade alternativa, na qual a mãe de Dean ficara curada?

- Mas... Ela ficou doente, e depois fez um tratamento com sanguessugas, e depois ficou boa? – a voz do moreno era trêmula.

Dean achou que Sam estava a ponto de chorar, ele não podia estar bem. Tratamento com sanguessugas já era demais...

- Sam... Vem, eu vou te levar para a enfermaria...

- Enfermaria??? – Sam riu. Um rizo frio, forçado e debochado – Você deve estar de brincadeira! Logo você, Dean, querendo me levar para a enfermaria?

O louro não entendeu. Por que “logo ele”? De qualquer forma, Dean não esperava mais que nada coerente saísse da boca de Sam.

O moreno começou a tremer. Sentiu que seu mundo estava desabando. Olhou para Dean e teve dúvidas se aquele era o mesmo menino que conhecera e amara.

- Você toca piano? – a pergunta saiu agressiva, quase como uma ameaça.

- Não... – Dean respondeu sem graça.

- Mentiroso! – disse Sam, já sentindo uma ou duas lágrimas pularem de seus olhos. Em um impulso empurrou Dean tirando-o de seu caminho. O moreno adentrou o quarto do colega apressadamente. Precisava ver o piano que sempre estivera ali e provar que não tinha ficado louco.

Nada de piano... O coração de Sam quase parou de bater. Lembrou-se então da praia... Ele precisava se certificar que o cenário de seu romance não era também uma ilusão. Saiu correndo em disparada em direção ao murinho que dava acesso à descida.

Dean estava horrorizado. Sam havia de fato surtado, e agora saia correndo sabe-se lá para onde. Sem pensar, Dean saiu correndo atrás dele.

- Onde você está indo? – perguntou o louro esbaforido.

Sam nem teve tempo de responder. Quando deu de cara com um murão, muito mais alto do que o que ele conhecera, virou para trás em desespero e deu de cara com Dean.

O moreno tapou o rosto com as mãos e chorou copiosamente. Muito pior que ter tido um amor que morreu era ter tido um amor que nunca sequer existiu.

- Sai, me deixa em paz... – o moreno disse chorando.

Dean estava preocupado. Pensou em sair de lá para chamar ajuda mas teve medo que Sam desse um jeito de escalar aquele muro e se jogasse despenhadeiro abaixo.

- Vem comigo, vamos sair daqui... – o louro disse docemente, tentando acalmar o colega.

Sam estava com raiva. Por que aquele infeliz tinha que ter a aparência igual a do seu amado, ter a mesma voz, e até o mesmo nome? Só para fazê-lo sofrer? O moreno detestou o louro que o contemplava assustado com todas as suas forças. Lembrou-se que declarou seu amor em vão para aquele ser desprezível.

- Dean, eu NÃO te amo – ele disse enraivecido – Nunca te amei, queria deixar isso bem claro!

Dean acenou a cabeça como a aceitar o que Sam lhe dizia.

- Aliás, eu te detesto... Pelo amor de Deus, sai da minha frente!

Dean decidiu que seria melhor correr dali e chamar alguém, e foi isso que fez. Correu direto para a sala da psicóloga e disse esbaforido que Sam havia surtado e precisava que ela fosse urgentemente até ele. Torceu desesperadamente para que Sam não se suicidasse no pouco tempo em que estivesse sozinho.


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