Murtagh se revirava em sua pequena cama de palha. Odiava ter que servir de carrasco, e pior ainda quando os prisioneiros a serem executados eram elfos, muitos dos quais feridos.

E ele nada podia fazer quanto a isso, pois Galbatorix sabia seu verdadeiro nome, e o obrigava a cumprir suas ordens, regozijando-se ao ver a agonia com qual ele as cumpria.

Mas hoje ele resistiu, interpretou as ordens de forma conveniente, e libertou um elfo, que fugiu em direção aos Varden. Aquele elfo havia falado com ele, se tornaram quase amigos: era o único que conseguia resistir à droga colocada na comida e na água, da qual de alguma forma era imune. Seu nome era Daëtr.

Daëtr entendera Murtagh, percebera como ele relutava em cumprir as ordens, e via as marcas dos muitos castigos que lhe foram infringidos. E também compreendera que quem mais sofria era Thorn: o Rei feria o dragão, que era mantido preso, para atingir o Cavaleiro, de forma que era quase impossível desobedecer, mesmo se conseguisse.

Mas dessa vez fora longe demais, e sabia que não esqueceria da dor que estavam sentindo. Apesar disso, ele e Thorn se sentiam leves, pois tinham não só desobedecido seu carcereiro, como também libertaram um elfo!

Com esse pensamento reconfortante, dormiu.

Foi acordado nas primeiras horas da manhã, pelo habitual zumbido, vindo de um curioso aparelho ao lado de seu catre. Se vestiu, pronto para cumprir o que quer que o Rei ordenasse – não sem antes gritar, espernear, discutir e ser castigado por isso. Já havia se tornado rotina.

Estranhamente, ele sentiu que a consciência de Thorn se unia à dele.

[i]Thorn?

Murtagh? Mas... como pode...? Nós nunca conseguimos conversar sem supervisão antes!

Não sei. Só sei que estou com medo disso.

Ora, vamos, Murtagh, assim você parece uma garotinha assustada! Vamos, temos que aproveitar para pensar em um jeito de nos livrarmos desse tirano!

Você está maluco! – [/i]repreendeu o Cavaleiro[i] – se ele descobre, nos mata!

Melhor morrer do que ser prisioneiro. Sou um dragão, tenho que viver livre, voar, e não servir como um cachorrinho adestrado!

Eu sei disso, mas...

Meu pequeno, não nascemos para ter mestres. Posso ser mais jovem, mas sei que nosso destino é nos tornarmos mestres.