O Mistério de Winter escrita por Marykelly


Capítulo 8
Droga de Fantasmas


Notas iniciais do capítulo

Ei! Feliz 2014 atrasado! Comeram bastante?
Não tenho muito o que colocar aqui :/
Esse capitulo promete fortes emoções, hein?
No final e tenho uma coisinha pra vocês :*

Boa leitura! Desculpem os erros, não tive muito tempo para revisar.



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− Eu acho... que vou deixar a parte da explicação pra você. – Corm resmungou enquanto desferia mais um golpe contra o carro.

Não era complicado adivinhar a desculpa que dariam para estarem ali e não na divisa da cidade. – Há poucas horas chegaram ao Hotel e deixaram Sam desacordada no quarto e desceram para o estacionamento. – Mas tinha certeza que Tate se sairia melhor com a parte do “precisamos conversar”, afinal... ele tivera a ideia de destruir o carro.

Corm entendeu o plano sem ser necessário nenhuma troca de palavras. Não que conhecesse tão bem a mente dele assim, as situações é que se faziam necessária. Tinham que entender o máximo, com o mínimo.

Era questão de segurança, já que seus soldados eram monitorados quase 24h por dia. E no dia que ela foi capturada, mesmo sem saber, estava novamente sendo o principal motivo de trabalharem juntos.

− Direi a ela que... – A voz de Tate saiu distante e sem ânimo. Corm tinha certeza que mentir para Sam era tão angustiante para Tate quanto era pra ele. – Qualquer coisa que não a deixe ter dúvidas. – Ele soltou um riso sem humor algum, desacreditado que fosse realmente possível que ela aceitasse algo sem enche-lo de perguntas.

Tate esfregava as têmporas e rodeava o carro, analisando o estrago que haviam feito. – A situação ficou muito, muito ruim. – Ele começara, tentando construir o que ele falaria para ela. – Não tivemos outra opção a não ser fugir, sem pensar pra onde, só... para o mais distante possível. Senão acabaríamos sendo mortos.

− Por.... – Corm induziu.

– Ela ainda não faz ideia do que essas coisas que estão nos atacando significam. Então podemos muito bem usa-los a nosso favor dessa vez. Acabaríamos sendo mortos por centenas de cães do inferno e o que mais existir nesse maldito lugar.

Corm assentiu. A lataria do carro estava amaçada nas laterais, no capô e na metade da parte dianteira.

Esperava isso a convencesse.

− Hmm... suponho que não devo citar a seu... acesso de pieguice? – Corm sugeriu, abrindo um sorriso de zombaria. − Que aconteceu há pouco.

Tate sabia das consequências que acarretariam caso fosse tarde demais para Sam se recuperar. Estavam ciente do que aconteceria caso ela morresse. E Corm parecia zombar disso.

− Não entendo a sua necessidade de ser engraçado. – Tate rosnou, cerrando os olhos. − Isso faz você se sentir melhor?

− Não, na verdade... não. – Corm soltou um suspiro teatral.

− Ótimo! – Disse, cerrando tantos os punhos que podia se ouvir seus dedos estalando. – Porque aí você iria lamentar de verdade.

− Isso é uma ameaça?

− Não, é um aviso. – Tate baixou a voz e a deixou num tom ameaçador enquanto se aproximava. – Se você fizer ou disser qualquer coisa que a coloque em risco ou a magoe novamente.... Eu acabo com você, Corm. Juro por Deus. Esqueço que um dia eu já estive do seu lado e te mando mais cedo pro Inferno. E eu acho você sabe o que o espera lá.

Corm fechou a cara imediatamente. Sentindo de repente um gosto amargo na boca. Ela era a única pessoa com chegava a se importar, como podia pensar que iria machuca-la? – Eu só tentei faze-la parar de...

Tate bufou, o interrompendo. – Você já devia ter entendido que não faz nada direito.

Corm encolheu os ombros, falhando em tentar manter a postura impassível. Ele entendia muito bem o que aquele olhar cheio de desprezo que Tate o lançava agora queria dizer.

Ele pressionou o dorso do nariz e continuou. – Apenas não faça nada, Corm. Não sei o porquê, mas ao que parece você sente prazer em destruir a minha vida. Mas, por favor, se você sente só um pouquinho de amor por ela, não a faça passar por mais coisas do que ela já vai passar.

− Não tive outra escolha.... o que eu fiz. – Disse, se referindo a muitas outras coisas.

− Não sei se isso é verdade, e não me preocupo mais. Só não piore a situação. – Tate sussurrou.

.

***

.

− Eeeentão... Me digam, por que mesmo que esse foi o único lugar disponível para a gente ficar? – Estavam olhando para o falecido carro, completamente destruído e sem mais nenhuma serventia. Ela espalmou a mão no rosto, eles resolveram dar uma de Ira Kane e Harry Block¹ fugindo desgovernada mente dos organismos sobrenaturais.

− Bom... – Corm começou, ele caminhava ao lado dela enquanto Tate andava mais à frente. Passaram a noite no hotel e decidiram partir logo que amanheceu. – Ah, qual é? Está tudo deserto num raio de sei lá quantos quilômetro. Podemos fazer o que quisermos, usufruir do que bem entendermos. Então por que não ficar num dos hotéis mais caros e luxuosos daqui e fingirmos que somos os donos do mundo? − Ela riu enquanto ele piscava um olho. − Aposto que ainda não tinha visto por esse lado.

− Parece um sonho, mas infelizmente temos que acordar para realidade. – Ela suspirou. – Você pode descrever E-X-A-T-A-M-E-NTE como foi o seu dia antes de... bem, isso ter acontecido?

– Eu sou suspeito de alguma coisa? – Corm levantou uma das sobrancelhas.

– Não. Só estou coletando informações. Podemos ter visto ou ouvido alguma coisa relevante, que não tenhamos dado atenção, mas que agora possa nos ajudar a descobrir o que aconteceu.

Tate parou de repente, olhando de esguelha para Corm e depois retomando a caminhada. Sam franziu o cenho. Não teve coragem suficiente para falar com ele sobre o que Corm havia lhe contado. Mas agora ele provavelmente já desconfiava que ela sabia. Grande parte da noite ele tentou puxar conversa com assuntos superficiais enquanto ela parecia estar no mundo da lua. Ele desistira em algum momento entre ela fechar os olhos e dormir.

– Ah, eu... não fiz nada demais. Vejamos... – Corm estava muito melhor que no dia anterior, não parecia tão angustiado como estava antes. – Acordei bem tarde, comi uma pizza no almoço. Fiquei sem nada pra fazer e andei e um lado pro outro pela casa. Depois assisti TV até tarde e acordei bem cedo para outra semana de trabalho pesado.

– E na Tv? – Ela se apressou em perguntar. – Não viu nada incomum? Até algo sem muita importância.

– Tsc-Tsc. Só os programas inúteis de Domingo.

Isso não parecia muito bom. Alguém deve ter dito algo alarmante. Ei, vamos fazer algumas coisas loucas nesse lugar. Se as coisas saírem do nosso controle a cidade vai ficar inumada de radiação, então se notarem algo... fujam paras as colinas.

Claro que seria um pouco mais sútil que isso, não desistiria de procurar.

Ela usou a mão para tapar a luz do sol que ficava cada vez mais forte. Forçou a voz para soar o mais normal possível. – E você Tate, o que fez no dia anterior a esse... desastre?

– Ahm, passei o dia inteiro fora. Não notei nada. – Ela contorceu os lábios pela forma seca que ele havia falado.

– Preciso de que diga os detalhes. Eu realmente não dou a mínima para onde esteve ou com quem esteve! Se preferir pode falar para ele. – Resmungou, apontando para Corm que em resposta prendeu os lábios com os dentes. Ele estava se controlando para não rir?

Ele parou assim que ela terminou, e se virou. Olhando para ela pela primeira vez desde o dia anterior. Ele estava irado.

– Do que está falando? – Ele a fuzilou. Sam bufou e cruzou os braços. – Eu não sei o que você está querendo dizer.

– É obvio que sabe! – Cuspiu. Corm estava abafando o riso com uma tosse fingida. Parou assim que viu o olhar mortal de Sam.

– Não, não sei. Você está querendo me enlouquecer? – Tate passou a mão pelos cabelos, totalmente frustrado.

– Se não quer ajudar diga logo. – Ela sussurrou. Acreditava que ele tivesse ouvido, pois abaixou a cabeça e respirou fundo por alguns segundos. Depois começou novamente a marchar, um pouco mais distante que antes.

.

.

Tate estava ansioso e tenso desde que saíram, olhando para os lados, para o alto dos prédios e andava mais lentamente sempre que chegavam em alguma área somente com casas. Parecia preocupado com alguma coisa.

– Fale com ele, pergunte para onde está nos levando. – Murmurou para Corm.

Ele abriu a boca parar falar algo, mas foi interrompido.

− Eu posso ouvir o que você está falando. – Disse, sem se virar para trás.

− Vocês dois se estranhando.... Eu estou em prantos. – Corm tripudiou

− É sempre bom contar com seu escárnio. – Ela revirou os olhos e sussurrou. – E não “estamos” estranhos. Ele que é confuso e bipolar. Está andando lá na frente, se isolando.

− Ainda estou ouvindo você. – Tate se virou e lhe lançou um olhar penetrante. – E não estou me isolando. Estou me prevenindo que aconteça...

Ela desviou seu olhar dele e focou em outro ponto qualquer. Estavam novamente numa área somente de casas. Que ela conhecia perfeitamente. Um pouco mais a frente estava a sua casa. As árvores escondiam um pouco da fachada que não não recebia uma mudança desde que se lembrava.

− Ei, essa é a minha casa. – ela deu passos apressados e sinalizou para que eles vissem onde era. Quando se voltou novamente, algo no alto de sua visão a alertou, um vulto passava pela janela do seu quarto. Ela não pensou duas vezes. – Tem alguém lá dentro!

− Isso. – Tate completou o que ela havia interrompido antes. Antes que conseguisse processar alguma coisa ela já havia saído correndo em disparada. – Espere!!

Ela passou pelos portões e voou pelo jardim, já estava próxima da porta quando ele a alcançou e impediu que seguisse a diante. − Tem alguém lá Tate. Eu seu disso, eu vi! – Gritava para ele. Corm entrou pela lateral do jardim que daria direto na parte dos fundos.

− Já passamos por coisas o suficiente pra saber que aquilo lá pode não ser uma coisa muito... agradável, não acha? – Ele ofegou enquanto se agachava e pegava uma faca duas vezes maior do que a que ela possuía. Passou outra pra ela e disse com a voz firme – Fique atrás de mim.

− Mas era a forma de uma pessoa. – Ela sussurrou, se referindo ao vulto.

− Shhh... – Ele fez sinal para que ela o acompanhasse e entrou para uma casa assustadoramente silenciosa. Seus passos pareciam mais barulhentos que um trator.

Ela se amaldiçoou por deixar que sua mão que segurava a faca tremesse. Sentia raiva por sentir medo. E se sentia confusa por sentir raiva de ter medo. Estava a ponto de explodir.

Tate vasculhava os cantos da sala, sempre com a faca em punho, preparado para um ataque iminente enquanto ela encarava a escada. Ela assentiu quando ele perguntou – Estava lá em cima quando você o viu?

.

− Estava no meu quarto, ali. – O direcionou pelo corredor, para a porta entreaberta. Ele a fez ficar afastada enquanto ele se aproximava um pouco mais da porta que foi arrombada com o chute violento que ele dera. Ela arregalou os olhos.

Qual era a necessidade disso?

– Elemento surpresa. Às vezes é a diferença entre ganhar e perder. – Ele disse, já depois de ter inspecionado o quarto. Entendendo a pergunta sem que fosse necessário ser dita. – O quarto está limpo.

− Então, tudo que NÃO temos agora é o “elemento surpresa” – Resmungou, desenhando as aspas no ar. Ela cruzou os braços e se apoiou na porta que estava logo atrás. Tate coçou a área entre as sobrancelhas, provavelmente tomando folego para mais uma enxurrada de reprimendas. Antes que pudesse ouvir qualquer coisa ela sentiu a porta atrás de si sendo aberta rapidamente e ela sendo sugada para dentro do quarto com uma força descomunal.

A intensidade do impacto contra o piso ainda a desnorteava, ela se obrigou a ficar de pé rapidamente e olhar ao redor. Tentava entender o que havia acontecido. Além dela, não havia mais ninguém no quarto.

Um barulho repetitivo no fundo da sua mente ficava cada vez mais forte. Depois de alguns segundos ela percebeu que era alguém do lado de fora. Tentando arrombar a porta a qualquer custo.

− Tate? – Ela o chamou. Tentou abrir a porta, mas ela estava trancada e parecia ser feita de rocha.

− Sam! Você está bem? – Disse com uma voz ofegante.

− Sim. Eu não consigo abrir a porta. O que está acontecendo?

− Meu Deus... – Grunhiu. – Sam, me escuta. Eu sei que o que eu vou dizer não vai fazer sentido agora, mas você vai ter que confiar em mim. Está bem?

− O que... – Ela puxava a maçaneta inutilmente, na esperança de a porta abrir.

− E-eu... não vou conseguir entrar aí. Tentei evitar situações como essa o máximo que pude. Mas você não vai ficar sozinha, não vou sair do seu lado.

− Tate, você está me assustando. – Choramingou.

− Eu sei, am.. Sam. – Ele soltou um grunhido de frustração e bateu novamente na porta. – Está vendo a janela grande do outro lado? Vou dar a voltar e subir até a varanda. Mas preciso que faça uma coisa também. Recolha tudo no quarto que possa ser usado como arma. Não deixe nada perdido. Eu apareço em um minuto.

Depois que os passos dele ecoaram pelo corredor, Sam ainda ficou olhando ao redor por alguns segundos. Depois se sobressaltou e focou em sua tarefa. Limpar o quarto de qualquer arma perigosa.

O quarto era grande, mas nada que fosse um obstáculo. Era o quarto de seus irmãos de modo que não havia nada lá que pudesse machucar alguém. Exceto...

Ela correu em direção ao armário, deslizou a porta e se agachou. Procurando o bastão de baseball que Aubrey ganhara de aniversário.

Não o achava em lugar algum.

Um ruído de algo solido batendo contra a palma da mão a fez ficar tensa.

Ela trincou os dentes e se levantou lentamente.

− Procurando por alguma coisa? – a voz grossa não muito distante dela lhe causou náuseas.

Não fazia ideia de como acontecera, mas no instante em que se virara viu a intenção do homem de golpeá-la com toda força. Jurava que podia ter sentido a força do bastão raspando em seus fios de cabelo quando se agachou novamente e rolou para o lado.

Ela cambaleou quando tentou levantar. Seu coração parecia que iria sair pela boca. O bastão acertara a porta do armário e a destruíra completamente.

− Ora, vejo que seus reflexos ainda são... aceitáveis. – Rugiu.

− Não sei do que está falando. O QUE QUER? – Ela brandia sua faca para ele. Circundando o quarto enquanto ele fazia o mesmo.

− Pensei que o que você quis a vida inteira era um confronto comigo. – Ele inclinou a cabeça para o lado. – Uma vingança?

− Você é doente. E é melhor ir embora.

− Ah, vamos brincar. Só um pouquinho! – Ele gritou enquanto pulava para cima dela novamente. Dessa vez ela não conseguiu ser tão rápida, ele previu que ela desviaria e usou a outra mão para traze-la de volta e jogara-la conta a parede. Ela gritou pela pancada na cabeça ficou tonta por poucos segundos, ele se aproveitou para prende-la na parede pelo pescoço, usando o bastão para prensa-la até que ficasse na ponta dos pés.

− Confesso que estou decepcionado. – Ele cuspia próximo a seu rosto. Sam esperneava para se soltar e continuar respirando. – Não era bem isso que eu espera do nosso melhor trunfo. Você é inútil. Já devíamos tê-la matado há muito tempo.

Ele tomou impulso para soca-la no estomago com uma das mãos, quando, por um milésimo de segundo sua atenção foi distraída por um rugido que vinha da janela.

− Connely seu filho da puta! Você não faz ideia do quanto eu vou ficar feliz ao vê-la te mandar direto para o colo do Diabo. Quem sabe você não bata uma para ele?

Era só isso que Sam precisava. O cara ferveu de ódio pelo que Tate dissera. Se distraindo.

Ela inspirou uma rajada de ar e o chutou no meio das pernas com toda força. Ele grunhiu de dor e caiu no chão. Ele tinha aparentemente 1,90 de altura e uns 40 anos. Nunca o vira na vida, e agora ele queria matá-la.

Ela correu até a janela enorme que Tate estava, ele parecia desesperado olhando para cada parte dela, espalmou as mãos no mesmo lugar onde a dele estava, tentando buscar apoio. – Quem... quem é esse cara?

− Não é um amigo, e também não é humano. Você precisa mata-lo.

− O que?!

− Você precisa fazer isso, vai entender quando fizer. Enfie a faca no coração dele. – Ele arregalou os olhos. – Abaixe!

O bastão atingiu a janela e Sam finalmente entendeu por que Tate dissera que não conseguiria entrar ali. Por um segundo a janela parecia ser feita de plasma. Com as ondas do impacto se propagando. Não fizera nem um arranhão no vidro.

Aquele vidro não deveria estar estilhaçado... Há dias?

.

Tate não se moveu um milímetro, o fuzilando como se quisesse causar a ele as piores torturas. O cara... Connely, como Tate o havia chamado abriu um sorriso ameaçador e durante um movimento impreciso de Sam, enquanto tentava pegar sua faca que havia caído no chão, ele a puxou pelos cabelos e chocou a testa dela contra parede. Ela sentiu o sangue escorrer pelo rosto enquanto seus joelhos já trêmulos, sediam.

Ela só conseguia ouvir o som acelerado da sua respiração e tudo não passava de um borrão. Quando conseguiu reagir ele já estava em cima dela, a esganando agora com as próprias mãos. Ela gritou enquanto tentava desesperadamente tira-lo de cima dela.

− Sam! A faca! Pegue a faca! – Tate estava ajoelhado do outro lado se descontrolando e socando o vidro mesmo sabendo que era inútil. – Deus...

Ela esticou o braço até próximo ao pé da cama, onde a faca estava. Não tinha mais força pra gritar, ou impedir que ele a sufocasse. Ela esticou os dedos e se contorceu para que chegasse mais perto, só mais um pouco. Sua visão já começava a escurecer e soube que não teria como alcançar. Ela vagou para um ponto logo abaixo. Ele estava com todo o peso do seu corpo nos joelhos, que estavam apoiados de uma forma que poderia tê-la feito rir se não estivesse morrendo. Não pensou duas vezes, sabia o que deveria fazer. Usou toda a força que tinha e empurrou seus pés contra as cochas dele, fazendo-o escorregar e cair por cima dela. Seu berro de frustração foi ignorado enquanto ela se esticava para pegar a faca.

− Não fuja de mim sua vadiazinha. − Ele a pegou pelos pés e a puxou de volta para perto dele, mas já era tarde demais. Quando escorregou até a distância certa ela curvou o braço e o golpeou nas costas. Rezando para que tivesse acertado no lugar certo e com força suficiente para mata-lo.

Ela gritou de pavor quando o viu desaparecer lentamente bem na sua frente. Sumindo como se fosse feito de fumaça. Ela olhou para Tate, sem saber o que fazer. Um click vindo da janela e da porta avisou que agora estavam destrancadas.

Mas que droga tinha acabo de acontecer?

Tate quase arrombou a janela e saltou para perto de Sam, a puxando para um abraço forte e só aliviando o aperto quando a ouviu grunhir.

Ele encostou sua testa na dela, continuou a tocando por toda parte com as mãos tremulas, com medo de machuca-la.

Ela gemeu de dor. – Ai meu Deus. AH.... Ah meu Deus... Eu matei... e-ele sumiu...

− Shhh, não faça isso. Eu disse que ele não era humano – Ele alisava os seus braços e seu rosto. Ele a segurou quando seus joelhos ameaçaram ceder novamente. – Você vai ficar bem. Vai ficar bem.

− Ele... falava como se me conhecesse. Eu não faço ideia de quem ele seja, e você o chamou pelo nome. – Ela falava se engasgando nas palavras. Finalmente a consciência a notificando do que tinha feito.

− Você se saiu tão bem. – Disse, abrindo um pequeno sorriso e a embalando para que se acalmasse. – Você é incrível. Não faz ideia do quanto é fantástica.

− Tate..

− Shh... – Ele beijou sua testa. – Vamos cuidar desse ferimento.

.

Dessa vez ela não recusou sua ajuda para descer a escada. Estava atordoada. Ele a colocou sentada no sofá e se ajoelhou quando Corm irrompeu pela porta da frente, esbaforido e com o rosto tão ferrado quando o dela.

− Adivinhem? – Ele soltou, ofegante. – Só vou dar uma chance.

− Não me diga. – Tate murmurou.

− Sim, mais dos malditos fantasmas. Por toda parte.

− Ah, não – Sam choramingou.

− Fique aqui. Eu volto assim que puder. – Ele passou a mão novamente pelas suas bochechas e saiu em disparada com Corm. Ela estava pronta para mandar se ferrar quem tenha dito que ela ficaria ali, sentada, mas de repente se sentia terrivelmente mal. Caindo de volta no sofá.

Ela caminhou até a janela da sala, tentando aliviar sua mente. Era estranho ver aquelas pessoas que desapareciam do nada quando levavam um golpe fatal. Desapareciam como... fantasmas, como Corm dissera. Os dois estavam lá no jardim, lutando contra (felizmente não o exército que ela imaginava) mas ainda sim muitos fantasmas que surgiam. Corm era um pouco desajeitado, se divertia dando perdido neles. E ainda se saia era melhor que ela. Tate usava duas facas, uma em cada mão. Ele não estava brincando ou nem mesmo lutando. Queria acabar o serviço logo, usava o mesmo golpe para atingir dois ou três ao mesmo tempo. Usava os pés para derruba-los. E os apunhalava enquanto ainda estivessem caindo. Ela definitivamente precisava ter algumas aulas com ele.

A dor na sua cabeça voltou ainda mais forte. Ela grunhiu e espremeu as palmas nas têmporas.

− Ah, meu Deus – Ela escorregou para o chão. Sentindo milhões de agulhas entrando no seu cérebro. Se contorceu de dor, implorando para que aquilo parasse. Em resposta... Sua cabeça a torturou até que ela perdesse os sentidos.

.

***

.

− Isso não é uma boa ideia. Todo mundo que eles procuram estão aqui hoje. Seria como ganhar na loteria para eles. Uma explosão, e está tudo acabado.

− Não seja tão pessimista, Sam. Eles precisam de algo para alegrar os corações e esquecerem um pouco de toda essa maldade com que temos que conviver.

Ele a segurava pela cintura e a puxava ainda mais para perto. Estava a ponto de perguntar se pretendia pegar o lugar dos noivos da festa e carrega-la no colo de uma vez. O que não seria uma má ideia. Aquele vestido a estava sufocando. Ela sabia que estar naquele lugar é um perigo. Não tinha segurança suficiente. Mas como seu pai era um cabeça-dura e sua mãe andava fantasiando em faze-la usar aquele vestido tipo baile de formatura.... ela não teve muita escolha.

Eles passaram pela entrada e foram direto para o enorme salão que tinha no fundo do hotel. Sr. Magno Savoy teve a bondade de ceder um de seus hotéis para a festa de casamento de um dos seus melhores amigos, que também era melhor amigo do pai de Sam e de muitos outros que ela conhecia.

“Bem-vindos à

Comemoração da

Mais nova união do

Sr. & Sra. Williams”

Estava escrito em uma placa cheia de adornos e lantejoulas logo na entrada. Ela revirou os olhos. Quanta pieguice.

− Querida, você está maravilhosa!

− Mamãe. – Ela se aproximou e a abraçou.

− Sabia que seu pai e eu tínhamos razão. Eu quero que você se divirta, e viva esse curto momento, querida. As vezes nós precisamos disso, pra sabermos que ainda estamos vivos. Olhe seu pai, olhe todos aqui. Curta o seu namorado e brindem ao amor. – Ela cantarolou.

Os dois riram e Sam revirou os olhos. Soltou a mão dele que a segurava pela cintura e foi em direção ao seu pai. Ele parou a conversa assim que viu ela se aproximando.

− Querida, cumprimente o Sr. Edgar e o Sr. Arthur.

− Pai, podemos falar em particular, por favor. – Ele pediu licença para os outros e se afastou.

− Sim.

− Pai, por favor, me escute. Isso aqui é um campo de concentração. Ainda dá tempo de tirar todos. – Ele suspirou, parecendo angustiado.

− Acho que coloquei cargas demais em suas cotas, filha. Sempre exigi demais de você e agora você não consegue largar. Nunca me perdoarei. Mas por favor... não deixe que isso destrua a sua vida. Existem coisas mais importantes.

Ele disse aquilo olhando para alguém acima do ombro dela. Já desconfiava quem seria.

− Por que não a leva pra dançar? Talvez... tomar o primeiro porre. – Ele riu e se afastou.

Não podia acreditar que aquele era seu pai.

Ela já estava sendo envolvida numa dança lenta que achou terrível no começo, mas depois começou a gostar, tinha uma boa visão de todos os cantos do salão, enquanto eles giravam. Todos estavam comendo, bebendo, dançando e baixando a guarda. Nada de bom acontecia quando se abaixava a aguarda.

− Você está linda. – Ele sussurrou em seu ouvido ao mesmo tempo em que passeava as suas mãos pelas costas dela, descendo além do permitido.

− Se descer sua mão um pouco mais... você é um homem morto.

− Só estava tentando faze-la se distrair um pouco. – Esse disse, rindo.

.

− Atenção, por favor. Eu... Gostaria de dizer algumas coisas. – A noiva estava no alto do palco embutido na parede, iluminada por um holofote. – Não posso colocar em palavras a felicidade de receber todos os nossos amigos aqui, hoje. Eu mais que ninguém conheço o sacrifico que estão fazendo.

− É mesmo? – Uma voz veio do fundo do salão, chamando a tenção de todos. – Pois tudo que vejo aqui são criminosos festejando a impunidade. Mas não por muito tempo. Esses guardas aqui comigo têm o direto de prendê-los e de matá-los caso resistam à prisão.

Ela sabia, sempre soube que terminaria assim. Desse ponto começou uma guerra em meio ao tiroteio. Ela foi puxada para o chão. Puxou a sua arma e começou a atirar. Pobres dos que estavam na linha de visão. A noiva se desequilibrava na beirada do palco e caiu direto para o chão.

A festa terminou em muitas mortes, a contagem dizia que eram mais dos guardas. A linha de discussão agora se resumia entre Lucas e Hanna, e o chefes dos guardas e um dos seus atiradores. O salão estava todo destruído.

− Espere aqui, eu volto já. – Ele estava começando a levantar quando ela segurou sua mão.

− Não, eles vão te prender. – Ela implorava com os olhos. Ele abriu um sorriso e a puxou para um beijo.

− Sempre vou voltar pra você. – E saiu, se esguelhando pelas paredes.

.

− Se eu não estivesse aqui, não acreditaria. Lucas White. Traidor número 1º do estado. É um enorme desprazer conhece-lo.

Saiam daí, saiam daí.

− Estão mandando capangas agora? O serviço do Estado está meio... decadente.

− Adoraria torturar você e toda a sua família. Mas a ordem é mata-lo rapidamente. A sua vida é uma ameaça para todos. – O atirador levantou a arma e apontou para o meu pai. – Diga adeus aos seus dias imundos, Lucas.

Lucas soltaria informações que os fizessem pensar que estavam no controle, tentando barganhar sua vida. Mas ele não esperava que o atirador puxasse o gatilho imediatamente, não haveria negociação. Sam e sua mãe gritaram ao mesmo tempo, mas ao contrário de Sam, Hanna estava muito próxima de Lucas. Próxima o suficiente para se colocar na frente dele. Recebendo o tiro no peito no lugar dele.

− Não! MÃE!! – Sam corria descontroladamente para ela. Dois tiros se seguiram depois, acertando a cabeça do guarda e do atirador. Ela caiu de joelhos buscando o rosto de sua Mãe. Seu pai ainda estava em choque. Ajoelhado e alisando o cabelo dela.

− Hanna? Querida? O que estava pensando? Não. Não faça isso comigo. Por favor.

− MÃEEEE! – Sam berrou em plenos pulmões, agarrada a ela.

.

***

.

− NÃOOO!!

− Samantha!! Pelo amor de Deus, acorde! – Tate prendia seus pulsos enquanto ela esperneava e berrava como se estivesse sendo torturada.

Sam, acordou de repente, sobressaltada e chorando. Tate e Corm a olhavam com expressões aterrorizadas.

− Tate!

− Eu estou aqui, você está bem. Já acabou.

− Tate... a minha mãe.... A minha mãe está morta.


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Notas finais do capítulo

¹ Personagens do filme "Evolução".

Ai, carabam. Deixo os comentários para vocês. Comentem!
Ah, sim eu disse que tinha uma coisinha pra vocês :v Então... eu catei no google, gif dos personagens que eu escolhe aleatoriamente para serem os personagens da história. (Qualquer dia conto como foi) e postei no tumblr.
Se concordam que esses personagens se encaixam com os dos gifs ou não concordam mas querem ver, aí vai:
Tem gif da Sam: http://agua-para-idiotas.tumblr.com/post/73343504200
Do Tate: http://agua-para-idiotas.tumblr.com/post/73338919393
Do Corm: http://agua-para-idiotas.tumblr.com/post/73340253135

Bjs Bjs!