A Marca da dor. escrita por Melody Beauregard


Capítulo 9
Olhar de mãe.


Notas iniciais do capítulo

Beleza... Ta aí o novo capítulo.
Espero que gostem.



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Um olhar diferente aparece no rosto de Sakura. Será ela a detentora dos sentimentos de Uzumaki Kushina?


Itachi estava perplexo.

Para ele era difícil entender porque alguém desobedeceria a uma ordem de Fugaku quando ela fosse dada de forma tão voraz. Ele sabia que o líder dos Uchihas havia deixado bem claro para Sakura que eles ainda teriam assuntos a resolver com ela após a liberação dos pergaminhos. Por isso já era de se esperar que a rosada acataria tudo o que lhe fora ordenado de forma pacífica.

Mas não.

Ele simplesmente assistira, perplexo, a garota trincar os dentes enquanto Fugaku segurava os pergaminhos e saltar pela janela como se Sasuke, Madara e ele ainda não estivessem ali. Como alguém poderia ser tão irreverente?

Quando Fugaku deu a ordem para busca-la, Itachi saltou a janela sem dizer sequer uma palavra. Ele sabia que o pai estava sendo generoso daquela vez, pois não enviou alguém como Madara ou Sasuke. Era óbvio que o irmão mais novo não seria piedoso. Não com toda aquela impaciência que ele tinha. Não depois de ter levado um soco daquela garota. Já Madara... Bem, ele só poderia dizer que os sorrisos divertidos do tio não mostravam que ele era misericordioso, não, aqueles sorrisos eram de puro sadismo.

Não foi difícil encontrar o rastro de Sakura. Seus corvos logo a detectaram. Mas o lugar em que ela estava seria o último que Itachi pensaria em procura-la.

Sakura estava na mansão Uchiha. E chegara lá mais rápido do que o moreno acreditava ser possível.

– Garotinha corajosa... – Falou para si mesmo enquanto corria em direção ao distrito em que morava. – Ou louca. – Ponderou.

Ele sentia olhares sobre si enquanto corria pelas ruas da vila. Era óbvio que as pessoas não perderiam um assunto para comentar no chá da tarde. E o fato de um ninja como ele estar suando a camisa dentro da própria Konoha certamente era algo incomum.

Mas incomum mesmo era o estado em que encontrou as sentinelas que guardavam os muros do distrito Uchiha.

A verdade era que Itachi nunca imaginou que chegaria o dia em que veria Hisagi e Kaname completamente desacordados com um olho roxo em cada um e diversos hematomas e coágulos sanguíneos pelo corpo, além de diversas perfurações com senbons que ali estavam instaladas.

Não havia mais nenhum sinal de luta dentro do distrito.

O ataque havia sido silencioso, então. Além disso, nenhum alarme havia sido disparado. Brilhante.

Apesar de ver seus primos naquela situação que pedia providências mais drásticas, Itachi limitou-se a chamar dois iryou-nins que passavam por ali com duas pilhas de relatórios para o hospital. Ele pediu que cuidassem dos companheiros com discrição. Não seria bom deixar os outros Uchihas em alerta. E também havia o fato de que Sakura não havia feito mais nenhum estrago além desse, o que mostrava que sua finalidade ali não era espancar Uchiha por Uchiha até a morte.

– Uma droga sonífera poderosa. – Um dos médicos falou, com olhar de espanto. – Só um ninja extremamente habilidoso nessa área poderia fabricar algo assim.

O outro shinobi começou a tratar o ferimento do peito de Kaname ainda no local.

– Pelo visto essa droga foi injetada neles antes de serem feridos, pois ela impede que a pessoa seja capaz de gritar antes que adormeça. Pelo visto eles resistiram o máximo que puderam.

Itachi suspirou. Era óbvio que eles lutariam até o fim. Eram Uchihas, afinal de contas.

Limitou-se a assentir, enquanto movimentava-se em direção a sua casa.

Andou pelas ruas coloridas e movimentadas do distrito até que parou na frente de um enorme casarão no estilo japonês. Passou pelo jardim frontal impecável sem se importar em machucar a grama.

Quando abriu a porta principal, feita de carvalho com o símbolo Uchiha impecavelmente talhado, viu sua mãe olhando-o com desespero. Os olhos levemente avermelhados, juntamente com as faces enrubescidas, revelavam que ela havia chorado.

– O garoto está morrendo, Itachi. – A voz da mãe mostrava aflição. – Até mesmo a menina sabe disso.

Ele sabia que essa menina era Sakura e o garoto de quem ela falava era Naruto. Fugaku havia ordenado que Naruto fosse deixado ali, sob os cuidados de Mikoto, até que tudo estivesse resolvido. Apesar de ter sido seriamente ferido, Itachi não imaginou que os ferimentos haviam sido letais.

– Fugaku mandou busca-la. – A voz do moreno era fria. Ele estava decidido a obedecer à ordem do pai a qualquer custo.

Mikoto colocou a mão em seu ombro, como se tentasse segurá-lo.

– Você não pode fazer isso, filho. – Ela não parecia autoritária. Lágrimas escorriam por seus olhos. – Essa garota é a última chance para o caso dele.

Itachi poderia facilmente ter deixado Mikoto ali e arrastado Sakura até a base central de Konoha. Mas ao olhar sua mãe, simplesmente não conseguiu resistir. Aquela mulher morena cujos olhos maternais sempre o vigiaram não poderia ser ignorada.

– Onde ela está? – O moreno indagou, relaxando os ombros.

Mikoto o levou silenciosamente até um dos quartos que anteriormente se encontrava vazio. Pararam à soleira da porta, observando os movimentos da jovem Kunoichi de cabelos rosados.

Ela não pareceu percebê-los. Mikoto explicou que Sakura não era capaz de vê-los por causa da barreira que a própria Haruno havia feito em volta do quarto. Era algo denso, que impedia que qualquer pessoa entrasse ou saísse dali sem o consentimento dela.

Itachi suspirou.

Observaria apenas. Prestaria contas a seu pai outra hora.

Naruto estava deitado sobre uma esteira branca, ainda inconsciente. Itachi tinha que admitir: o estado do garoto não era dos melhores. As feridas que anteriormente sangravam estavam no estágio de necrose. A face do loiro era pálida, não parecia haver uma só gota de sangue em seu corpo.

A garota mantinha as mãos sobre o abdômen dele, onde havia o ferimento maior, mas era perceptível que o chackra tingido de verde estava sendo usado somente para um exame.

Os olhos analíticos da rosada percorriam todo o corpo do garoto com sua frieza de médica. A concentração da garota era surpreendente, viu-a olhar atentamente para cada parte em que tocava com as mãos sem descuidar-se um segundo sequer.

– Reação de chackra. – Ela sussurrou baixinho para si mesma, o tom era temeroso.

Itachi viu sua mãe arfar ao seu lado.

– Era o que eu mais temia. – Ela revelou, colocando sua mão no peito. – Pobre criança...

Quase que como em conjunto com sua mãe. A máscara fria de Sakura se dissipou por completo. Ela parecia realizar seus procedimentos de modo preciso, mas o temor em seus olhos passou a ser evidente. Havia dor ali. Seu brilho urgente nos orbes esverdeados mostrava que lágrimas estavam prestes a descer por seu rosto.

Viu-a injetando chackra em pontos precisos no corpo do Uzumaki. Mas não pareciam ter surtido efeito na primeira vez.

A reação de Sakura foi desesperadora. As lágrimas começaram a descer frenéticas por seus olhos enquanto ela segurava as mãos do amigo, injetando chackra nelas, fazendo com que o fluxo de energia do garoto não cessasse.

– Naruto, aguente um pouco!

Itachi sentiu sua mãe cair em prantos ao seu lado. Não a culpava. A cena era realmente terrível. A dor que transparecia pela voz de Sakura era surreal. Não parecia ser apenas a voz desesperada de uma amiga. Havia aflição demais ali. Um toque tenebroso de pura agonia.

Além disso, o loiro continuava sem dar sinais de vida. Itachi sabia que se não fosse o chackra de Sakura movimentando o fluxo de Naruto, o garoto já estaria morto. Se o loiro não reanimasse logo, não haveria chance alguma para ele. Ninguém consegue movimentar o fluxo de energia de uma pessoa por muito tempo.

Nem mesmo a segunda Tsunade.

E pelo visto a própria menina percebeu isso, uma vez que começou a gritar entre soluços, na esperança de que o amigo a ouvisse:

– Você não pode morrer! – Seu tom era mais que doloroso. Havia autoridade ali. Preocupação também.

Era estranho, mas parecia que a rosada queria socar o próprio amigo.

Mas o garoto não reagiu.

Mais cinco minutos sem reação e o garoto estaria morto.

Sakura também parecia saber disso, mas aumentou o fluxo de chackra, embora estivesse diminuindo exponencialmente o seu próprio. Itachi sabia que depois daquilo as forças da garota estariam acabadas.

– Volte Naruto-baka! – Ela ainda soluçava. – Onde está seu jeito ninja?

Cinco minutos haviam passado. O chackra da garota começava a diminuir. Mikoto fechou os olhos ao seu lado. O garoto provavelmente morreria ali, na frente deles.

Mas não foi o que aconteceu.

Quando menos percebeu, a cor voltara ao corpo do garoto, embora ainda parecesse fraco. Os olhos azuis, confusos, finalmente se encontraram com os verdes.

– Sakura-chan. – A voz fraca do garoto se manifestou.

A rosada não respondeu. Apenas o tomou em um abraço apertado. Nada típico de uma iryou nin que prezava pela saúde de seu paciente. Mas ela parecia não se importar. Apenas chorava ainda mais enquanto o abraçava.

– Nunca mais faça isso comigo. – Ela passava as mãos sofregamente pelos cabelos dele, passando então para seu rosto. – Nunca mais. Ouviu? Baka!

Itachi observava tudo, mais perplexo do que antes. Ele via a garota conversar com Naruto de forma ansiosa. Ela apalpava seus ferimentos, fazendo curativos rápidos nele, enquanto falava mais e mais coisas como: “nunca mais faça uma coisa dessas” ou “ pensei que você fosse morrer”.

Ela não parecia somente uma companheira de equipe. Tampouco aquela relação parecia conter algum sentimento carnal além de afetivo. Nos olhos de Sakura não havia luxúria ou desejo. Muito menos pareciam ser de uma “apenas amiga”. Na realidade ela parecia outra coisa... Aquele era o olhar de uma mãe.

De alguma forma, Itachi parou de enxergar os olhos de Sakura ali.

Naquela garota pareciam ter sido incorporados os olhos de Uzumaki Kushina.


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Notas finais do capítulo

Não! Não quero que pensem que Sakura encarnou Kushina dentro dela ou coisa parecida. Aqueles olhos eram de Sakura mesmo e não tem nenhum espirito do além dentro dela kkkk. Isso foi só para mostrar que Kushina deixou guardado em Sakura o amor maternal que ela sentia pelo filho.


Espero que tenham gostado.

Amei todos os rewiews, embora fique triste por ter esse número massificado de leitores fantasmas. As pessoas realmente não entendem o significado de respeito.

Arigatô por tudo leitoras.

Até o próximo cap.