A Marca da dor. escrita por Melody Beauregard


Capítulo 8
Em chamas.


Notas iniciais do capítulo

Assistam ao trailer galera!
Eu sei que tá todo mundo esperando que o Itachi encontre a Sakura, mas vamos dar uma olhadinha no que aconteceu com o Naruto quando ele desmaiou...



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A dor era tão grande que morrer parecia ser a melhor opção. Mas havia alguém ali gritando por ele. Havia alguém por quem valia a pena viver.


Entre suas piscadelas era possível perceber a dimensão sombria envolvendo-o. O chão alagado não o molhava, apesar do fato dele estar mergulhado naquela água de escuridão. Tudo ali era mal iluminado e frio. Aquela era a dimensão de seus piores pesadelos, o local que mais atormentava sua consciência.

Ele não sentia mais dor em seu corpo.

Suas vestes, alaranjadas, não possuíam os cortes antigos. Os braços reluziam brancos, sem nenhuma marca de queimadura. Ele sentia seu corpo entorpecido protestar contra qualquer movimento, mas tudo o que fazia era indolor.

Estava sozinho.

Sua mãe não estaria ali para lhe ajudar dessa vez.

Sentiu a pressão daquele chackra maligno. Aquele não era o seu chackra especial herdado de sua mãe. Não. Era uma energia muito mais pesada e sombria que comprimia o local tentando sufoca-lo.

Por diversas vezes ele havia ido parar naquele local obscuro de sua consciência.

Mas havia algo diferente ali. Não havia mais aquele silêncio esmagador que era cortado vez ou outra pela voz do maldito monstro. Na realidade ele podia ouvir sons distantes, gritos agudos que clamavam por seu nome.

Gritos femininos.

“Sakura”- pensou enquanto trincava os dentes.

Naruto. – A voz grave e alarmante se tornou bem próxima a ele. O chamado dela. Da maldita raposa de nove caudas.

A pressão do chackra envolveu o loiro, fazendo-o se levantar e caminhar até as grades do enorme selo de oito pontas. Naruto lembrava-se bem daquele selo. Namikaze Minato o fizera com o intuito heroico de salvar a vila da folha. Feito pelo Hokage... Pelo seu pai.

O herói que morrera nas mãos daquele monstro para salvar Konoha.

Naruto. – A voz avassaladora tomou o local novamente. – Liberte-me.

O loiro suspirou ao ver que aquele mero tom de voz havia balançado as águas escuras daquele local, formando uma espécie de marolinha rasa.

Os sons distantes ainda ecoavam por sua dimensão sombria. Mas os gritos femininos pareciam mais desesperados.

Se você me libertar, terá força suficiente para salvar a garota. - O monstro laranja ponderou.

A cela da raposa era tão escura que só dava para enxergar os olhos da maldita. Apesar disso, o loiro podia sentir cada gota daquela intensa massa de chackra. Com aquele poder ele seria capaz de matar cada um daqueles Uchihas arrogantes sem o mínimo de esforço. Poderia fazer Uchiha Itachi pagar por ter machucado Sakura, por tê-la humilhado daquela forma, colocando-a de joelhos perante aquele maldito clã. Poderia vingar sua mãe.

A proposta da raposa era embriagante.

Naruto estava cada vez mais envolto por uma espécie de torpor que fazia seu corpo pesar. Não havia mais sons distantes, ele não conseguia sentir mais nada que viesse da dimensão exterior.

Ele podia voltar e derrotar os Uchihas. Só precisava arrancar o maldito selo.

Seus pés pareciam mover-se involuntariamente enquanto seu corpo se aproximava dos olhos triunfantes da kiuubi. Bastava um movimento de sua mão para que o selo fosse arrancado. O chackra do monstro parecia fortalecer-se com a expectativa. Todo aquele poder poderia ser seu se quisesse. Aquela quantidade massiva de chackra.

A massa de puro ódio.

O poder que fora capaz de matar Namikaze Minato.

“Aguente firme criança.” – Uma voz distante ecoou pela dimensão sombria do loiro. – “Vou curar você”.

Naruto parou ao ouvir aquele tom recheado de gentileza. Não era a voz de Sakura. Parecia ser uma mulher mais velha, cujo tom beirava o maternal. Ele conhecia aquela voz. Só não se lembrava de quem era.

Sentiu a raiva do monstro se potencializar.

– Maldita. – A voz da kiuubi mostrava puro ódio. – Liberte-me logo para que eu estraçalhe essa mulher.

Quando Naruto deu por si, já estava com a mão sobre o selo.

Mas ele não queria retirá-lo. Não queria usar aquele poder amaldiçoado.

– Não vem com essa, cara. – O loiro afastou-se da cela. – Eu não preciso de você, tá ligado?

Os dentes do monstro apareceram ameaçadoramente.

Sou sua única chance, garoto. Não pense que sem minha capacidade de regeneração você conseguirá sobreviver. Tampouco permitirei que esse maldito chackra Uchiha salve sua vida miserável.

Chackra Uchiha.

Naruto então percebeu o óbvio. Aquela voz gentil era da mãe do Sasuke. Uchiha Mikoto.

Você matou meu pai. – O loiro despejou sua raiva sobre a raposa. – Você é um monstro, não eu. Não quero seu poder.

Naruto foi capaz de sentir um novo chackra dentro de si. Uma energia densa e poderosa. A raposa reagiu a isso.

Então você opta pela morte, criança. – O tom monstruoso o fez tremer. – Não pense que deixarei esse maldito chackra Uchiha fazer efeito em você. – Naruto percebeu que ele se referia àquela nova energia. Mikoto estava tentando curá-lo, então. – Renascerei daqui a alguns anos, livre. – A raposa aumentou a intensidade da voz. – Adeus, Uzumaki Naruto.

O chão molhado se abriu em um enorme buraco negro. Naruto sabia que, se saísse daquela dimensão e não voltasse para o mundo normal, significaria a morte. A dimensão sombria da kiuubi parecia sofrer um terremoto, tudo começava a ser engolido pela escuridão eterna do buraco.

Não havia muito que ele pudesse fazer. Tentou realizar o jutsu de correntes que sua mãe lhe ensinara. Prendendo-se às patas da raposa de nove caudas. Quando o chão desapareceu sob seus pés ele caiu até certo ponto, sendo segurado pelas correntes de chackra.

Quando o chackra da raposa começou a reagir com a energia curativa de Mikoto, Naruto aprendeu o sentido da expressão “arder em agonia”.

A dor percorria todo seu corpo, invadindo cada célula nervosa de seu organismo. O loiro mal conseguia pensar diante daquilo. Sentia que tudo dentro de si queimava. Nem mesmo um Uzumaki conseguiria suportar algo daquele nível.

Era terrível demais.

Seria preferível morrer.

O loiro ouviu gritos colossais, mas demorou a perceber que era ele mesmo quem gritava. As lágrimas fluíam desobedientes sobre seu rosto. A força das correntes começava a diminuir. Ele não poderia manter um jutsu daquele por muito tempo.

Teria sido isso que sua mãe sentira enquanto era consumida pelo amaterasu?

Ela teria sentido célula por célula entrar em combustão enquanto desejava morrer a cada segundo que se passava?

Porque era isso que Naruto sentia. Como se estivesse em chamas. O chackra da Kiuubi brigando com o poder Uchiha dentro de si. Aquilo não era a morte calma e indolor que ele sempre desejara para si mesmo.

Tudo isso porque recusara poder.

Porque recusara o ódio daquele monstro maldito.

Naruto gritava tanto que nem conseguia ouvir as frases irônicas que a Kiuubi soltava, vez ou outra. Com o tempo ele percebeu que não aguentaria segurar-se nas correntes de chackra. Ele nunca conseguira usar aquele jutsu com maestria. A dor fazia a morte ser um prêmio em vez de um malefício.

Talvez a morte não fosse assim tão ruim.

Ele veria sua mãe novamente. Conheceria seu pai, que morrera no dia do seu nascimento. Reveria o Ero-sennin e a velhota Tsunade.

Já estava prestes a se soltar quando ouviu um grito estridente.

“Naruto, aguente um pouco!”

Aquela voz...

Naruto parou de gritar para tentar ouvi-la melhor.

Você não pode morrer!”

Aquela forma de falar. A voz autoritária, neurótica e preocupada ao mesmo tempo. Será que era...

– M-mamãe? – Ele falou em meio à dor, mas apenas a kiuubi respondeu.

Sua mãe já está comendo grama pela raiz, garoto. Você logo se juntará a ela.

Apesar da afirmação da raposa de nove caudas. A dor de Naruto parecia começar a ceder. Ele sentiu um novo chackra no local. Não era Uchiha, nem Uzumaki, mas ele parecia limpar seu corpo, fazendo com que a agonia diminuísse.

Era um chackra tão bom... Uma energia puramente curativa. Seu corpo parecia estar sendo completamente envolvido por ela. Era inebriante o toque daquele chackra em suas células.

Em pouco tempo ele já não sentia mais dor alguma.

Apenas estava lá, pendurado na escuridão por um jutsu que logo se esfacelaria. Ele já estava pronto para esperar pela morte.

“Volte, Naruto-baka” – A voz continuou – “ Onde está seu jeito ninja?”.

Como se uma golfada de força tivesse sido injetada dentro dele. Naruto sentiu-se capaz de voltar à superfície. Conseguiu fazer com que corrente se encurtasse, levando-o para cima. A cada segundo que se passava ele ficava mais perto de sair da escuridão.

Quando chegou à superfície, conseguiu finalmente voltar a si.

Já não estava mais na dimensão sombria do monstro avassalador. Seus olhos azuis miravam um par de esmeraldas chorosas. Os olhos de Sakura. Era ela, e não Kushina, quem gritara o tempo todo.

– Sakura-chan. – Ele falou com dificuldade.

Mal conseguiu respirar novamente, pois foi tomado por um abraço de urso avassalador por parte da amiga.


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