A Marca da dor. escrita por Melody Beauregard


Capítulo 10
Fobia.


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal fiz um mega capítulo para vocês. Espero que gostem.

Quero agradecer por todos os rewiews, gostei muito de todos e logo responderei alguns que estão pendentes.
Arigatô Gozaimasu pelo carinho e pelas palavras motivadoras.



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A prisão da mente pode ser a mais arrebatadora e desafiadora de todas, afinal de contas não há nada mais difícil de vencer do que os próprios medos e defeitos.



As lágrimas continuavam a escorrer pelo seu rosto. A dor que ela sentira era descomunal. Nunca tivera essa sensação agoniante ao pensar que perderia alguém. Nem mesmo quando viu Tsunade morrendo ou quando alguns amigos faleceram em seus braços enquanto ela tentava curar ferimentos irreversivelmente letais.

Não.

Aquela dor excruciante era completamente diferente do pesar que sentira em todas as outras perdas em sua vida de shinobi.

E ela pensara já estar acostumada a isso, uma vez que em sua condição de iryou nin ela estaria sempre cercada pela morte, sem, contudo, poder se sacrificar por ninguém. Não. Um iryou nin não podia se dar ao luxo de morrer por um amigo. Sua função era permanecer lá, vivo, tentando curar os feridos, por mais perdida que fosse a causa.

Qualquer que fosse a situação, um ninja médico não podia morrer, não enquanto houvesse pelo menos um companheiro vivo, necessitando de sua ajuda.

Ela passara seus anos de shinobi assim. Salvando muitas vidas, mas vendo outras se esvaírem por suas mãos.

E muitos ainda diziam que ser iryou nin era fácil...

Quando Naruto acordou, chamando por seu nome, ela esqueceu completamente de qualquer precaução médica e o abraçou.

Aquilo também era diferente.

O alívio que ela sentia ao tocar a pele quente do melhor amigo. Sabendo que ele estava ali, vivo, em seus braços. Aquilo era reconfortante. Era como um novo sopro de vida tivesse sido dado sobre ela.

Apesar de todo o alívio ela não deixou de ralhar com Naruto por ele ter cometido aquele ato imprudente.

– Seu baka... Pensei que você fosse morrer! – Ela estava terminando a última sutura no corpo do amigo. Depois disso seria necessário no mínimo uma semana no hospital sob cuidados médicos. Sakura estava decidida. Naruto não escaparia desta vez.

– Você já disse isso cinco vezes, Sakura-chan. – Observou Naruto, enquanto fazia uma careta de dor para a agulha que transpassava sua pele.

– Mas parece que nada do que eu digo faz efeito em você. – A rosada terminou as suturas e passou a limpar o sangue seco de seu corpo. – Qual parte de não se meta em encrencas com nenhum Uchiha ou Hyuuga você não entendeu?

Naruto fez um bico.

– Bem, tecnicamente...

– Tá bom, Naruto. – Sakura o interrompeu. – Não preciso ouvir explicações. Tenho que te levar agora mesmo para o hospital. – Ela o levantou com dificuldade, apoiando-o em seu ombro.

Em pouco tempo fez os selos de mãos necessários para quebrar a barreira.

Na porta estava parada uma mulher de cabelos negros que caíam sobre seus ombros. Seus olhos bondosos eram da mesma cor dos de Sasuke, ônix. Ela não era tão magra como a mãe de Naruto, mas parecia possuir o mesmo ar maternal.

Mikoto Uchiha estava ali, com as faces levemente avermelhadas.

Apesar dela também ser uma Uchiha, Sakura não sentia repulsa em estar perto dela. Pelo contrário. A rosada era verdadeiramente grata à mulher de cabelos negros, pois foi quem cuidou de Naruto até que a Haruno chegasse ao local.

Sakura sabia que Mikoto não era uma ninja, suas habilidades médicas eram realmente incríveis, mas a Uchiha parecia contentar-se em ficar em casa cuidando de sua família.

– Vocês devem estar com fome. – Ela exibia um sorriso aliviado. – Venham, tem comida na mesa.

A rosada queria protestar, mas sentiu a o estômago de Naruto roncar ao seu lado. Era óbvio que o loiro não comera nada naquele dia. E para um guloso como ele, aquilo devia estar sendo uma tortura.

Assentiu, mesmo estando contrariada. Não queria passar nem mais um segundo naquela casa. Lembrava-se de quando tinha doze anos e os três se encontravam ali para discutir as missões ou quando Mikoto convidava-os para jantar. A mãe de Sasuke sempre mostrava um olhar satisfeito ao ver a equipe do filho, já Fugaku olhava-os como se fossem a escória do mundo shinobi.

As coisas não haviam mudado muito desde então.

A casa continuava praticamente da mesma forma. Os cômodos possuíam móveis de madeira fina, as paredes eram pintadas da cor gelo, mas algumas ostentavam o símbolo do clã Uchiha. Sakura lembrava-se de que costumava haver uma kunai cravada em um desses símbolos, era exatamente na parede da cozinha. Mas agora só havia uma rachadura ali.

Os olhos de Naruto brilharam ao mirarem a mesa farta de comida. A Haruno não o repreendeu, sabia o quanto a comida de Mikoto era deliciosa.

– Arigatô Mikoto-san! – O loiro falou com a boca cheia. – A senhora definitivamente não é mãe do Teme Sasuke!

Sakura o socou de leve.

– Naruto!

O Uzumaki olhou-a confuso devido à repreensão.

– Que foi? – Perguntou enquanto colocava lámen na boca. – Isso foi um elogio. Quem iria querer se parecer com o Sasuke?

Sakura estava pronta para soca-lo de novo, mas Mikoto soltou uma risada gostosa.

– Sem papas na língua. – A morena estava com os olhos fixo em Naruto. – Igualzinho a sua mãe.

A Haruno pensou que Naruto iria surtar. Falar algo como “vocês a mataram!” ou chorar ali mesmo. Mas isso não aconteceu. O loiro simplesmente continuou comendo e conversando com a Uchiha. A comida realmente o fizera esquecer os problemas.

Deixou-os lá, conversando calmamente, enquanto foi buscar o material médico que tinha esquecido no local onde estivera curando Naruto. O quarto estava estranhamente calmo sem ela chorando em cima de Naruto ali. A janela estava aberta, por isso o vento havia espalhado mais ainda os materiais que estavam no local. Aquela parte da casa era estranhamente silenciosa. Estava frio. Olhou pela janela e viu que o tempo estava nublado e a temperatura havia caído bastante.

Exatamente como no dia em que Kushina e Tsunade morreram.

Pensar naquilo a fez estremecer levemente enquanto recolhia suas coisas com calma. Precisaria esterilizar tudo novamente. Nunca havia sido tão descuidada, mas o desespero que sentiu ao pensar que perderia o melhor amigo havia tirado sua razão.

O vento soprou mais forte através da janela. Sakura ouviu o barulho quase agourento das árvores balançando no lado de fora. Seus cabelos também acompanharam a dança, embaraçando-se sem sua permissão.

Foi então que escutou um passo firme atrás de si.

Sua defesa foi rápida, até mesmo para uma iryou-nin. Sem ter muito tempo para pensar, a rosada pegou o bisturi e uma das injeções anestesiantes, podia não ter armas de verdade, mas ela não cairia sozinha.

Ao virar-se rapidamente, tentou chutar a pessoa que estava atrás de si. Não conseguiu, entretanto.

Quando olhou para a sala tudo estava vazio.

Ela não sabia o que estava acontecendo, tinha certeza que havia alguém ali. As batidas sôfregas de seu coração revelavam a descarga rápida de adrenalina que tivera. Mesmo sem enxergar ninguém, a rosada sentia como se estivesse sendo observada.

O vento soprou mais forte e frio para dentro do quarto. A janela fechou com uma batida agourenta, deixando o quarto mais escuro do que antes. Os olhos verdes percorriam todo o local em busca de algo diferente. Mas tudo parecia ter voltado a ser calmo.

Lembrou-se daquela sensação que tivera quando estava no subterrâneo dos Uchiha. Aquela junção de instintos que praticamente clamavam para que ela corresse o mais rápido possível para o local mais distante dali.

Ela havia voltado a sentir isso naquele momento.

Ainda ouvia o som dos galhos batendo agourentamente na janela, enquanto o vento uivava lá fora. O quarto pouco iluminado era realmente muito diferente da cozinha aconchegante de Mikoto.

A pouca iluminação do recinto a impedia de ver tudo claramente. Sakura ainda segurava com força seu bisturi quando sentiu uma mão cobrindo sua boca enquanto outra tentava imobilizá-la.

A primeira reação que teve foi fincar a parte afiada do instrumento médico na primeira porção muscular do oponente que conseguiu encontrar. Sentiu o sangue escorrendo por suas mãos, mas não ouviu nenhum gemido de dor por parte daquele que era ferido. Pelo contrário, ele parecia estar mais determinado a segurá-la.

Sentiu a injeção anestesiante ser tirada de suas mãos enquanto uma bomba de gás explodia no recinto. Sakura conhecia aquela bomba, pois era sua, era um explosivo sonífero potencialmente poderoso. O que o oponente certamente não sabia era que aquela droga não faria efeito nenhum na Haruno.

Em pouco tempo a rosada conseguiu desvencilhar-se do aperto de aço, chutando o homem que a segurava para longe. Sim, ela já reconhecera que era um homem pela potência de seus músculos. Embora fosse difícil ver seu rosto, a silhueta do oponente podia ser plenamente reconhecida.

– Sasuke? – Ela reconheceu incrédula. Se era um Uchiha, porque se daria o trabalho de raptá-la em vez de simplesmente dar uma ordem?

Os olhos rubros do sharingan se revelaram em meio à escuridão.

Sakura soltou o bisturi e enviou uma pequena parcela de chackra para as duas mãos, utilizando o mesmo jutsu que usava durante as cirurgias: chackra no mesu. Ela sabia que qualquer coisa que tocasse com suas mãos, agora afiadas, seria instantaneamente perfurada. Mesmo assim, não correu de encontro ao Uchiha.

– O que quer? – As palavras saíam furiosas de sua boca.

– Fugaku mandou te buscar. – A voz grave de Sasuke era indiferente, sequer parecia que ele a havia atacado minutos atrás.

Sakura revirou os olhos.

– Não acha que pedir calmamente para que eu fosse até lá seria mais simples do que chegar aqui me atacando?

Sasuke pareceu cruzar os braços.

– Itachi veio aqui para isso, mas ficou parado que nem um idiota olhando você curando o Uzumaki. – A voz do Uchiha era afiada como uma lâmina. – Não sou tão paciente.

Sakura indignou-se. Ouvir Sasuke chamando Naruto pelo sobrenome era irritante. Era como se o moreno ignorasse o fato de um dia terem sido colegas de equipe. Sentia vontade de soca-lo novamente, pela sua arrogância ao se referir ao loiro pelo sobrenome, pela sua falta de senso ao tentar leva-la para Fugaku à força sem sequer tentar o meio diplomático primeiro.

– O que Fugaku quer?

– Ele não te deu permissão para sair dali. – Sasuke ponderou. – Mesmo assim você pulou a janela e veio até aqui, sabendo que nem tudo estava resolvido.

Sakura bufou impaciente.

– Posso ao menos levar Naruto para o hospital? – Ela fitava o sharingan de Sasuke, sem medo algum de ser pega em um genjutsu. – Não que você se importe com ele, é claro.

O Uchiha ignorou a provocação.

– Ele já está onde Fugaku ordenou que levássemos. – O moreno falou enquanto os olhos de Sakura se arregalavam. – Itachi o levou.

Sakura recuou.

– O quê?! – Sua pergunta saíra furiosa. Como em tão pouco tempo, seu melhor amigo fora retirado daquela casa? Ela se ausentara apenas alguns minutos e já o haviam raptado. A rosada realmente não estava em seu dia de sorte.

O chackra no mesu ainda estava ativado, ela queria usá-lo.

– Fugaku tem planos para ele e você está incluída nesses planos. – O moreno continuava com sua postura indiferente, conversando calmamente com a Haruno, como se ela fosse uma desconhecida qualquer, em vez de ter sido sua companheira no passado.

Os olhos verdes de Sakura iluminaram-se de fúria. Ela acabara de ver Naruto quase morrendo, mal conseguira salvá-lo e ele já estava nas mãos de Uchiha Fugaku.

Bufou.

Sabia que aceitar o café da manhã de Mikoto era uma má ideia, pois prolongaria seu tempo naquela casa, mas não pensara que os Uchihas poderiam estar interessados em seu melhor amigo.

– Não vou permitir. – A rosada bradou raivosamente. – Não vou deixar que vocês façam coisa alguma com o Naruto. Ao contrário de você, eu me importo com ele!

Sem mais nem menos, a Haruno avançou em direção ao Uchiha, tentando golpeá-lo ao máximo. O moreno esquivou-se de alguns golpes, mas em pouco tempo as mãos de Sakura acertaram parte dos membros superiores. O sangue começava a cair pelo quarto, a tensão da luta preenchia o ar.

Sakura via o olhar surpreso de Sasuke, seu sharingan tentava prendê-la em um genjutsu, mas ela era boa demais no controle de chackra para permitir que aquele jutsu a dominasse.

Mas a Haruno não era boba.

Ela sabia que alguém como Sasuke jamais se deixaria ferir tão facilmente. Recuou um pouco e olhou para a figura masculina que sangrava à sua frente. Seus olhos verdes, que percorriam todo o corpo do Uchiha, observaram que o moreno não demonstrava dor.

Ela já estava surpresa quando algo inesperado aconteceu:

O Sasuke ferido simplesmente desfez-se em várias cobras.

Cobras, um amontoado delas. Um monte de répteis sibilantes e de aparências distintas. Cada uma com seu próprio olhar feroz, pronta para dar o bote. Algumas possuíam a cabeça em formato triangular, a rosada sabia bem que eram as mais perigosas. Mas o pior de tudo era o que a simples visão daqueles répteis causava a ela.

Sakura trincou os dentes, mas não conseguiu deixar de transparecer seu olhar aterrorizado. Em pouco tempo sua respiração ganhou um ritmo mais acelerado e sua garganta parecia querer fechar.

Ela não conseguia parar de tremer.

Cobras.

Sakura tinha fobia de cobras.

Era óbvio que aquela situação era humilhante para uma ninja como ela. Uma shinobi de elite sendo derrotada por uma fobia daquelas... Mas a rosada não podia evitar. Assim como Tsunade tremera durante 50 anos por causa de uma fobia a sangue, Haruno Sakura não conseguia parar de tremer diante das cobras que agora se arrastavam pelo chão e chegavam aos seus pés.

Cada mínima batida do coração da rosada era dolorosa por causa do emaranhado de cobras à sua frente. O silêncio só era quebrado por causa do sibilar reptiliano.

No momento em que os odiados répteis se enroscaram em suas pernas, a Haruno perdeu completamente o controle do seu chackra. O ar parecia faltar em seus pulmões. Ela sequer conseguia pensar racionalmente.

A respiração estava difícil.

Os répteis a prenderam no local em que estava enquanto o corpo de Sasuke colava nas costas do seu, uma kunai estava apontada para sua garganta. Como se isso fosse necessário. A fobia em si já a paralisara.

– Ninguém aqui precisa da sua permissão pra nada. – A voz de Sasuke sussurrava ameaçadora em seu ouvido enquanto ela lutava para continuar respirando. – Sua obrigação é somente obedecer e ponto final, Haruno.

– Maldito. – Sakura conseguiu fazer com que as palavras saíssem relutantes de sua boca.

Embora ela não conseguisse enxergar a face do Uchiha, a rosada podia jurar que ele exibira um daqueles meios sorrisos arrogantes.

Sentiu uma das cobras finas entrando por debaixo de sua blusa, enroscando-se em sua cintura, enquanto isso as outras entraram em sua calça e envolveram suas panturrilhas. Sakura sentia vontade de vomitar ali mesmo. Sequer conseguia parar de tremer.

A presença de Sasuke era ameaçadora atrás de si.

Maldito!

– O que... – Ela tentou perguntar, mas a cobra apertou sua cintura, fazendo-a perder o ar enquanto gritava e tremia.

– O que estou fazendo? – A voz debochada de Sasuke fluía em contraste com o desespero da rosada. – Apenas me certificando que você saiba que não é com Itachi que você está lidando.

A rosada voltou a respirar quando a cobra desfez o aperto. Seu coração batia sofregamente enquanto ela tremia. Amaldiçoou sua fobia com todas as suas forças.

Maldita hora para ficar paralisada.

Arfava à medida que seu corpo sentia a presença das cobras encostadas em sua pele. Se não fosse por todo o seu orgulho e força de vontade, a rosada já teria implorado em prantos para que Sasuke a libertasse daqueles répteis.

Mas não faria isso.

Já bastava não conseguir parar de tremer, ela não daria mais esse gostinho ao Uchiha. O fato de ele conhecer as fraquezas que ela ainda não conseguira superar já era humilhante demais.

– Você vai me acompanhar até o local em que Naruto está. – O tom de ordem estava claro na voz de Sasuke. – Não terá permissão para falar com ninguém ou se comunicar de nenhuma forma com qualquer pessoa.

Sakura deu um suspiro de irritação, mas o moreno continuou a falar.

– Aja normalmente sem deixar que ninguém desconfie de nada ou essas cobras vão fazer muito mais do que apertar. Ouviu?

A rosada assentiu claramente contrariada.

Maldita fobia.

A mente de Sakura estava praticamente aprisionada. Não era apenas um ataque físico. Era uma espécie de prisão psicológica que a impedia completamente de reagir.

Sasuke soltou a kunai que a ameaçava e seguiu direto para a porta do quarto. Sakura sabia que tinha que segui-lo, mas não sabia como conseguiria andar com aquelas cobras enroscadas em suas pernas.

– Não vai andar? – O moreno perguntou impaciente.

Ela lançou a ele um olhar fulminante que o moreno retribuiu com um leve aperto da cobra que estava enroscada em sua perna esquerda. Em pouco tempo a fúria tornou-se medo novamente.

Sakura usou todo o autocontrole que tinha para andar para fora dali. Mesmo assim ainda tremia. Era pressão demais.

Quando passaram pela sala, a rosada viu Mikoto dormindo calmamente sobre o sofá. Se não estivesse vendo com seus próprios olhos, a rosada nunca acreditaria que aqueles Uchihas teriam coragem de dopar a própria mãe para tirarem Naruto dali.

Enquanto andava lado a lado com Sasuke pela vila, Sakura sentia vontade de gritar para qualquer um que passasse e pedir para que acabassem com o cara ao seu lado. Ela sabia que ninguém era capaz de ver as cobras que a envolviam, uma vez que aqueles malditos répteis estavam debaixo de sua roupa.

Mesmo assim não deixava de ter esperanças que alguém percebesse.

Aja normalmente sem deixar que ninguém desconfie de nada ou essas cobras vão fazer muito mais do que apertar.

As palavras de Sasuke ainda representavam uma ameaça para ela. Apesar de todos os anticorpos que ela mesma tinha desenvolvido em si, a rosada tinha um mau pressentimento de que o veneno daqueles répteis poderia fazer efeito em seu organismo.

Maldito Uchiha!

Ela olhava para o moreno fulminantemente, enquanto a raiva crescia dentro de si. Lembrava-se de quem Sasuke era antes de abandonar a equipe, percebia então que aquele não era o mesmo garoto que um dia fora um de seus melhores amigos. Agora ele era um homem completamente frio, dez vezes mais arrogante do que antes. E, acima de tudo, parecia ser incapaz de formar laços afetivos com alguém, incapaz de possuir misericórdia.

Ele parecia ser a cópia perfeita de Uchiha Fugaku.

Trincou os dentes com essa constatação. Era duro admitir que sua vida fora salva inúmeras vezes pelo homem impiedoso que agora caminhava à sua frente. Apesar disso não havia mais nenhum sentimento de gratidão dentro da Haruno, apenas existia uma vontade louca de soca-lo e fazê-lo engolir cada cobra daquelas.

Só o que Sakura sabia era que a paixão obsessiva que sentia pelo Uchiha anos atrás tinha morrido aos poucos no decorrer de sua formação como shinobi. Talvez porque as palavras dele no momento em que deixou a equipe tivessem surtido efeito com o passar do tempo, ou talvez o motivo fosse simplesmente o fato de Uchiha Sasuke não ser mais a mesma pessoa de quatro anos atrás.

Ao andar pelas ruas de Konoha, percebeu que havia poucas pessoas vagando pelas vielas. Ouviu o som de uma multidão ao longe, provavelmente perto da base do Hokage. Sem precisar de mais vestígios, a rosada percebeu claramente o que estava acontecendo.

– Então Fugaku já está declarando sua posse sobre a vila? – Ela perguntou a Sasuke. Era uma pergunta retórica, pois era óbvio o que aquela multidão representava.

– As coisas vão mudar a partir de agora. – O Uchiha comentou. – Pensei ter dito para você ficar calada.

Sakura revirou os olhos. Ele ia mesmo continuar agindo como se ela nunca tivesse sido uma de suas companheiras?

A rosada pensou que iriam se dirigir à multidão, mas Sasuke parecia se afastar cada vez mais daquele local. Em pouco tempo de caminhada chegaram a um local deserto, sem casas ou comércios. Mais parecia um campo de treinamento.

O vento, agora frio, soprava com avidez balançando a grama verde. Sakura encolheu-se cruzando os próprios braços. Não entendia como o sol de Konoha, que antes estava à pino, poderia ter sumido em tão pouco tempo.

Exatamente como no fim da guerra interna...

Interrompeu seus devaneios quando viu Sasuke desfazendo um selo no chão, que abriu uma passagem para o subterrâneo. Entendeu quase que instantaneamente: os Uchihas não possuíam apenas uma base abaixo do solo, era óbvio que aquele era outro esconderijo.

Fez uma leve careta para a passagem escura diante de si, Sasuke já havia adentrado por ela, não podia demorar muito ali fora ou ele voltaria para busca-la a força. Podia sentir as cobras deslizando ameaçadoras sobre sua pele, estremeceu, não tinha força alguma para lutar contra aquilo.

Mordeu o lábio e deu seu passo para a escuridão.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

A fic só voltará a ser postada a partir do dia 28 de outubro ( depois do ENEM). Peço que não me abandonem pois ainda tenho muitas surpresas para essa fanfiction.

Arigatô pelos rewiews.