Seguimos para o Grill, todos nós. E no caminho, no meio do imenso silêncio não pude deixar de pensar em como nos tornamos uma família, não uma família tradicional, mas a nossa propria familia, que nós criamos... E sinceramente foi isso que me deu forças e coragem para seguir e entrar no Grill. Olhei pro carro, em especial nos lindos olhos azuis de Caroline e entrei no Grill acompanhado de Katherine.

Entramos e nem sinal do Ray!

Sentamos, esperamos alguns segundos e logo Matt veio ao nosso encontro...

- Oi, Stefan! Oi, Katherine!

- Oi, Matt! O que foi? - perguntei percebendo seu nervosismo

- Um homem veio ao Grill e lhes deixou um presente e um bilhete. Mas vocês só podem ver depois que todos forem e o Grill estiver vazio... - Falou ele com um leve tremor na voz, rossando as mãos, e então Damon entrou seguido por Caroline e Elena, que provavelmente escutavam tudo.

- Como assim ele não esta? - perguntou Katherine confusa.

- Isso não é um problema! - Disse Matt.

- E o "presentinho" é um problema? - perguntou Damon.

- Provavelmente! - Disse Matt. - Mas vocês vão ter que esperar as pessoas sairem.

Todos nos sentamos em uma mesa, e tentamos nos distrair até que o Grill fosse ficando vazio aos poucos...

- Eu poderia tira-los daqui em segundos... - Disse Damon impaciente.

- Não poderia! Não queremos machucar ninguem nem chamar atenção. - Disse Elena.

- E Matt parece bastante nervoso, é melhor não deixa-lo ainda pior... - Disse Caroline.

Nós bebemos uma bebida, conversamos, mas era óbvio a tensão entre nós. Então os humanos comessaram a se retirar e o Grill então ficou completamente vazio. Matt veio até nós e nos indicou o caminho, entramos na cozinha e seguimos para a despensa onde tinha alguns freezers, algumas estantes e algumas outras coisas. Então ele abriu um freezer, engoliu em seco e cambaleou para tras nos dando espaço, eu não precisei chegar perto para sentir o cheiro de sangue. Dentro do freezer tinha uma garota, morta e ensaguentada. Eu reconheci a garota, ela se formou conosco.

Caroline se segurou em mim, e respirou fundo. Eu sei como o cheiro de sangue nos afetou, em especial em mim. Passei meu braço em torno da cintura da Caroline, ela me apertou, sabendo que eu não estava bem e saiu comigo, em questão de segundos estavamos em um beco qualquer.

- Você está bem? - perguntou Caroline.

- Eu.. Eu... Não tenho certeza! - falei e senti meu rosto se modificando. Meus dentes caninos crescendo, meus olhos se tornando mais limpidos e as veias em minha face. Caroline passou seus dedos de leve em meu rosto, e em seguida em meus lábios. Ela me abraçou e sussurrou em meu ouvido.

- Vocẽ está bem! Vocẽ consegue, eu sei que consegue!

Eu respirei fundo e enterrei meu rosto no ombro de Caroline, e então percebi que estava bem, não sentia desejo pelo sangue da garota.

- Eu sei como você é forte! - falou Caroline segurando meu rosto em suas mãos. - Agora é só você acreditar nisso!

- Eu acredito, quando estou com você! - falei e a beijei.

Permanecemos ali, por alguns minutos até Caroline interromper o beijo.

- Nós precisamos ir!

Seguimos para o Grill e todos nos esperavam na calçada.

- Você esta bem? - perguntou Damon.

- Sim! Tudo bem! - respondi segurando na mão de Caroline sem deixar de reparar nos olhares que Katherine nos dava.

- Bem, ele deixou um bilhete! Quer ver? - pergutou Damon.

- Claro! - respondeu Caroline por mim.

"Ora, ora... Quem diria que meu velho amigo seria meu maior traidor? Quem diria que minha amada me deixaria por meu melhor amigo? Ou será que vocês nem se lembram de mim?"

(...)

Eu não sabia o que pensar ou dizer naquele momento, Ray estava brincando comigo e eu estava ficando com raiva e como se não bastasse isso, tenho que ver Caroline grudada no Stefan parecendo uma pulga. Eu poderia arrancar a cabeça dela, mas não vou perder tempo com isso, até porque eu tenho que dar um jeito nisso e proteger o Stefan.

- Gente, eu sei onde ele pode estar, e eu vou sozinha.

- Não, Katherine. Ele quer falar com nós dois e ele pode ser perigoso, eu vou com você. - falou Stefan.

- Não, você está ocupado demais com a sua namorada.

Virei e sai andando, tipíca saida dramática. Lágrimas rolavam pelo meu rosto, eu não lembrava dessa sensação de vazio, de solidão e de falta de amor. Maldita seja essa minha ligação com o Stefan, que me faz... sentir! Eu poderia desligar tudo isso, sem mais nem menos, sem explicação... apenas desligar.

(...)

- Stefan, você não vai atrás dela! - falei já gritando.

- Sim, Car eu vou.

- Ela disse que quer ir sozinha, pra que você vai atrás?

- Você é a que mais me conhece aqui, Caroline. Sabe que eu não vou deixa-la se machucar por causa do seu ciúmes sem fundamento.

- Sem fundamento? São meus sentimentos, Stefan!

- Nós já conversamos sobre isso, Caroline. Se você quiser conversamos sobre isso de novo, mas em outro momento.

Ele veio na minha direção para me abraçar, mas eu o empurrei e sai chorando para os braços de Elena.

(...)

Disquei o número da Katherine pelo 5º vez e ela insistia em não me atender, sentia o cheiro do perfume dela pelas ruas e isso me ajudou a segui-la. Quando senti o cheiro mais forte sabia que ela estava parada em algum lugar e quando fui parar para reparar no lugar onde eu estava, percebi que era um lugar sem iluminação alguma e cheio de árvores a minha volta e apenas uma casa pequena no final da rua. Tentei mais uma vez ligar para Katherine dessa vez ela me atendeu.

- Stefan, tem alguém com você? - Era a voz de Ray, tenho certeza.

- Ray? Não, não tem ninguém... Onde está a Katherine?

- Está aqui, apenas esperando por você.

Eu corri até a casa, parei na porta e senti um forte cheiro de sangue e chutei a porta para que ela abrisse.

- Chegou tarde para salvar sua amada, querido amigo.

- Ray, deixe a Katherine ir e pode fazer o que quiser comigo.

- Sempre tão cavalheiro, não é, Stefan?

- Você está confundindo as coisas, Ray. Ela não é minha amada, o que tive com ela foi a muito tempo e acabou.

- Mas ela te ama e isso já é ruim o suficiente.

- E você não a ama? E mesmo assim continuará fazendo isso com ela?

- Sim, e você vai sentar e assistir.

Ele veio rápido até mim e me prendeu em uma cadeira de frente para Katherine, que estava fraca e gritando de dor. Eu conseguia ver a tristeza nos olhos dela.

- Ray, não seria melhor conquista-la do que afasta-la ainda mais de ti?

- Não, Stefan! O que ela fez comigo... ela não merece meu perdão e eu não quero conquista-la novamente, quero apenas que ela pague pelo que fez e vai pagar com a vida.

- Se realmente nada mais sentes, por que tanto rancor?

(...)

- Ele foi atrás dela, Elena! O que tu faria se fosse o Damon?

- É, mas temos que levar em consideração tudo que esta acontecendo com esse tal de Ray porque por mais que ele não queira, ele esta envolvido e você sabe como o Stefan é quando se sente na obrigação de proteger alguém. Vai tomar um banho e esfriar a cabeça. - Falou Elena para mim.

- Tudo bem.

Subi para meu quarto e tomei um banho rápido, sabia que nada iria me acalmar naquele momento, saber que Stefan foi atrás da Katherine me deixa insegura, mas pensando bem, ele faria isso por qualquer um e eu deveria aprender a aceitar melhor isso, mas como não ficar insegura quando a Katherine Pierce, primeiro amor de Stefan Salvatore, é minha concorrente?

Apenas me enrolei na toalha, sentei na cama até que Damon entrou sem bater.

- Barbie, eu estava pensando... Você deveria dar um pouco de espaço para o meu irmão.

- Existe um gesto chamado, bater na porta e pedir licença, conhece?

- Pra que toda essa formalidade, Barbie?

- O que você quer?

- Vamos direto ao ponto, Barbie. O Stefan te ama.

- Sim, eu sei, mas...

- Mas o que? Está vendo coisa onde não tem! O Stefan sempre teve essa necessidade de ajudar e salvar as pessoas, isso faz parte dele e não vai mudar. Poderia ser qualquer um no lugar da Katherine, inclusive a Elena, se fosse ela você faria esse escandalo todo?

- É diferente, Damon

- Por que?

- Porque Katherine está apaixonada por ele.

(...)

Ray me torturava, enquanto Stefan tentava se soltar da cadeira sem que Ray escutasse. Nunca imaginei que ele seria capaz de fazer isso comigo, Ray foi sempre tão doce. E eu realmente achei que ele tinha me esquecido depois de tudo aquilo.

- Katherine, eu te amava e você foi capaz de brincar com meus sentimentos daquela forma. Eu tenho nojo e muita pena de ti.

- Pena?

- Sim, pena de ver o que você realmente é, uma mulher linda, porém solitária, amargurada e pior... só um louco para ser capaz de amar você.

Essas palavras machucaram mais do que qualquer outra coisa que ele havia feito desde o momento que começou a me torturar. Olhei novamente para a cadeira onde Stefan estava sentado e ele não estava mais lá. Ray pegou uma estaca e veio na minha direção.

- Cansei de ti, Katherine... Infelizmente chegou a sua hora.

Preparei para sentir a estaca entrando no meu peito, mas não senti nada, escutei apenas algo caindo no chão e quando abri os olhos, Stefan estava socando a cara de Ra violentamente.

- Olha para você, Ray! O que você se tornou? Um cara totalmente rancoroso, sem sentimentos e...

- Deixa comigo, Stefan.

Peguei a estaca que Ray iria usar em mim e disse minhas últimas palavras a ele.

- Adeus, Ray. - e enfiei a estaca sem hesitar.

Stefan e eu levamos o corpo para a estrada e o queimamos ali mesmo para não deixar nenhum rastro do que havia acontecido ali.

- Desculpe-me, Katherine... eu não cheguei a tempo.

- Chegou sim, eu poderia estar morta agora e obrigada por me salvar.

- Por nada... Precisamos ir para casa.

- Sim.

O caminho para casa foi silencioso, eu não tinha nada para dizer a ele naquele momento. Queria abraça-lo e agradece-lo por tudo o que ele fez, mas não posso... não agora.

(...)

- Mas ele está apaixonado por você, e ai?

- É realmente não tem como discutir com isso.

- Vem cá, Barbie.

Fui na direção de Damon sem entender e ele me puxou para um abraço inesperado, mas fomos interrompidos por Stefan que entrou no quarto.

- O que esta acontecendo aqui?

- Damon esta cuidando de mim! Coisa que você deveria estar fazendo...

- Espera que não é bem assim, Caroline! Acho que vocês dois precisam conversar! - falou Damon e saiu.