Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 19
Efeitos Colaterais


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez eu demorei para postar e peço desculpas, mas agr com as férias lindas que finalmente chegaram eu vou tentar postar com mais frequência. Fiz a montagem correndo tbm, então me desculpem. Obg por lerem e um beijão a todos. Excelente ferias! uhruu
BOA LEITURA!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/388660/chapter/19

Uma, duas, três chamadas.

– Alô?

– A Maria está morta. – falei sem muita cerimonia.

– O que?

– Bom... – olhei para o lado vendo o Jonny arrastar o corpo da Maria para longe do buraco que ele mesmo estava cavando. Estávamos agora na parte mais obscura da floresta. – O Jonny resolveu dar um de salvador da pátria e arrancar o coração dela.

– Ele o que? O que esse cara tem na cabeça? Ou melhor, o que ele quer realmente?

– Eu não sei. Só sei que destruiu sua própria criação. – suspirei. – Podemos concluir que é menos um problema.

– Oh! Isso foi cruel amigo. – deu uma risadinha. – E agora?

– Fala com a Kate. Daqui a pouco estamos voltando. – falei.

– Ok! Mas Felipe, não deixa ele arrancar sua cabeça também.

– Relaxa Rick! Ele só virou herói para que ela não quebrasse meu pescoço ou me fizesse de lanchinho.

– Então... considere-se um cara de sorte.

Dei uma risada.

– A gente se fala depois.

– Tchau!

Guardei o celular no bolso e fui para mais perto do buraco onde a Maria ficaria a partir dali.

– Vocês acham que sou cruel demais não é? – o Jonny perguntou enquanto empurrava o corpo da Maria com o pé para a sua “cova”.

– Traíra. Seria a palavra correta. – olhei o buraco fundo vendo a pele pálida e os cabelos vermelhos da Maria.

– Sabe Felipe. – ele suspirou e foi pegar um pedaço do tronco que tinha tirado da arvore. – Odeio quando quebram tratos. Eu e ela tínhamos um acordo, mas a ruiva resolveu descumprir pensando que eu era um idiota. Então... eu tinha que fazer algo a respeito, não acha?

– Que acordo vocês fizeram? – perguntei enquanto ele começava a jogar a terra em cima do corpo dela.

– E isso realmente importa? – ele me olhou brevemente para continuar seu trabalho usando sua velocidade sobre-humana, fazendo a terra cair rapidamente.

– Eu odeio desconfiar das pessoas, mas tenho esse pequeno defeito. – falei passando a mão no cabelo.

Ele parou e me encarou. Dei um olhar sugestivo.

– Odeio que desconfiem de mim. – falou por fim. – Se isso importa tanto...

Ele terminou seu trabalho e me começou de novo a passar como um vulto pegando galhos com folhas verdes e deixando em cima de onde a alguns minutos era o buraco, e agora onde a Maria foi enterrada.

– Eu a transformaria se ela fizesse algo para mim. – parou do meu lado arrumando com os pés as falhas da terra.

Olhei rapidamente e depois o encarei esperando que continuasse. Ele passou para o outro lado e sorriu.

– Se ela me entregasse a lapide. – falou confiante.

– Por que queria a lapide? Trazer algum morto que você se arrependeu de ter matado de volta?

Ele riu e ajeitou a roupa.

– Não. Queria a lapide para destruí-la. – deu de ombros. – Não é algo que valha a pena arriscar tanto. Se vocês tivessem me ouvido, ou melhor, se a dominadora tivesse me ouvido e destruído a lapide assim que soube o que ela fazia, nada disso teria acontecido.

– Dominadora? Claire?

– A própria. Mas ela estava obcecada em trazer os pais mortos que acabou se esquecendo de contar esse detalhe para vocês. O detalhe que eu falei para destruir a lapide.

– Está me dizendo que só queria a lapide para destruí-la? Tem certeza de que não é para um plano perverso? Ou para entregar para a Jeniffer? – fiz cara de sarcasmo.

– Meu caro... – ele deu alguns passos. – Já vi isso acontecer antes. Não é algo bonito.

– Viu alguém usar a lapide antes? Por que não contou isso? – agora sim, fiquei meio irritado.

– Já faz um século. Não confiam em mim, por que contaria?

– Tudo bem. – suspirei e andei tentando ajuda-lo a ajeitar mais a terra para parecer que nunca teve um buraco ali. – Diz agora então. Quem usou a lapide?

Ouvi-o suspirar e resmungar algo que não me dei ao trabalho de entender. Agachei e encostei a mão direita no chão sentindo o poder fluir pelo meu corpo. A terra se remexeu até ficar exatamente do que jeito que eu queria. Como se nunca tivesse aberto um buraco ali.

Levantei e sorri para ele esperando sua história.

– Em 1913 eu vi a mesma coisa acontecer. O mesmo que está se repetindo agora. – andou de um lado para o outro. – Com um porém: não deu certo. Um dos motivos em que perdemos o seu antecessor. – apontou para mim dando um sorriso torto.

– O antigo dominador? O conheceu? – como assim ele não conta essas coisas?

– Não exatamente. – ele encostou numa arvore. – A garota que estava comigo o conhecia. Na verdade conhecia até demais.

Mas o seu antecessor não teve muita sorte como você. Então o dominador da terra se foi e fomos condenados a alguns anos de tortura antes de você nascer.

– Tá. Mas o que isso tem a ver com a lapide? E que história se repete?

– Você e a Bianca não são os primeiros dominadores a se encontrarem e se apaixonarem. Não são os primeiros a arriscar a vida um pelo outro. – ele começou a girar uma folha nas mãos perdido nas lembranças. – Em uma luta o dominador não foi forte o suficiente, porque a fraqueza dele foi acionada. Seu amor.

Era o tempo suficiente para destruí-lo, enquanto o distraia colocando sua amada em risco. Foi o que aconteceu. Ele lutou, ela também, mas não funcionou. Ele se foi.

– Está me dizendo que ela era...

– A dominadora. A dominadora da agua. – sorriu. – A natureza tenta ao máximo fazer com que os elementos não se encontrem, porque eles tem a tendência de se conectar, de se apaixonar. Por isso é muito raro ter o encontro dos quatro elementos como com você e os outros.

Quando por acaso do destino acontece, a natureza tem uma missão: ou junta-los ou separa-los. Isso vai depender dos outros equilibristas.

– Quer dizer que já aconteceu antes... – refleti.

– Não é culpa sua Felipe. Ela tem tudo para te atrair, tudo o que um homem deseja e principalmente você. Você não pode mais fugir disso, não pode fugir dela.

– O que houve com eles? – ignorei o que ele disse, até porque já sei. – Com os outros dominadores.

– Depois da morte do dominador da terra a batalha foi perdida. O inimigo sabia exatamente o que fazer. Mas a dominadora tinha uma carta nas mangas: a lapide da imortalidade.

Ela procurou e encontrou uma feiticeira disposta a ajudá-la. O fizeram. Completaram o feitiço e o poder da lapide foi acionado, ela poderia ter o seu amor de volta e a natureza seu dominador. Mas nem sempre as coisas saem como planejamos, não é mesmo? E quando tudo estava perto de tê-lo de volta, o poder foi interrompido. O inimigo deles sabia da lapide e também sabia que a dominadora ia recorrer a isso. Então a lapide foi destruída. Assim pensávamos.

O dominador não voltou e a pobre garota teve de seguir com sua vida. Teve filhos e assim seguiu a linhagem da Bianca.

– Mas se ele não teve filhos, como minha linhagem foi completa? – fiz a pergunta menos importante.

– Eu não sei. Isso ainda é um mistério. – ele deu de ombros. – Talvez aja um substituto.

Neguei com a cabeça absorvendo sua história.

– Onde estava os outros dominadores? – perguntei o olhando.

– Sabe o que é engraçado? Dominadores do fogo e ar nunca se cruzam. Tem o temperamento difícil demais para isso acontecer. – ele sorriu. – A Claire e o Rick são os primeiros a terem um relacionamento bem mais profundo do que os seus antepassados, muito mais do que só ouvir falar.

– Eu não entendo. – remexi nos cabelos.

– O que você não entende?

– Onde você entra nisso e como sabe.

– Felipe. – ele desencostou da arvore e veio na minha direção. – Eu tenho 458 anos de vida. Não tem porque contar detalhes bobos. Apenas sei e te contei o que realmente importa.

Olhei dentro dos seus olhos negros e ele me parecia sincero. Assenti e me virei indo rumo ao sul, onde ficava a casa da Kate.

– Só quero que saiba que o seu destino com a Bianca já foi escrito, você não pode mudar. – ele já estava do meu lado. – Só não cometa o mesmo erro.

***

Claire


Já tinha feito uma hora que eles saíram e nada de nenhum me ligar. A noite já tinha caído e eu estava começando a ficar irritada.

Suspirei de alivio quando vi a figura loira sair do meio da mata escura, logo atrás avistei o Rick com o cabelo desgrenhado como se ele mesmo o tivesse bagunçado de irritação assim como eu.

– Então? – corri na direção dos dois.

– O Rick ficou sem sinal. – a Kate falou. – Tentamos falar com você, mas não deu. Deixei meu celular aqui também.

– O que aconteceu? – perguntei varrendo os dois com os olhos.

– A Maria está morta! – o Rick falou passando por mim.

– Que? Vocês...

– O Jonny. – a Kate me interrompeu.

– Mataram ela? – o Vicente ficou de pé.

– Por que? Ele ficou maluco? – confesso que fiquei surpresa.

– Porque ele é um idiota. – o Rick respondeu se sentando no degrau da escada. – Acho que ele levou mesmo a sério a sua ameaça, porque fez isso para que ela não matasse o Felipe.

Fiz cara de confusão e andei parando de frente para ele.

– E onde eles estão?

– Vão chegar em 3... – a Kate falou da porta. – 2...1...

Olhei a floresta escura vendo as sombras aparecerem. O Felipe na frente, logo o Jonny apareceu também.

– Só vamos ter que achar a lapide agora. E manter esse ai vivo. – o Felipe falou assim que se aproximou.

– Qual é o seu problema? – olhei furiosa para o Jonny.

– Não devia estar brava. A ruiva era uma traidora. – ele respondeu com cinismo.

– Maldito! – ouvi o Vicente resmungar e desviei meus olhos do Jonny para o círculo.

O Vicente soltou um rugido e vi seus olhos ficarem naquele azul e as presas surgirem. Ele olhava ameaçadoramente para o Jonny como se pudesse mata-lo com o olhar.

O Jonny deu uma risada e avançou parando de frente para o Vicente.

– Não fica bravo, mas eu nunca fui muito com a cara de ruivas. – sorriu torto.

A garganta do Vicente arranhou fazendo um rugido e ele avançou para atacar o Jonny que se manteve imóvel com o sorriso malicioso. Assim que o Vicente chegou no limite do círculo seu corpo voltou para trás o fazendo cair.

O Jonny deu outra risadinha e saiu. Vi o Vicente me encarar por um instante e depois suspirar se sentando e olhando o chão.

Segui o Jonny e o puxei pelo braço antes que passasse pela porta. Ele se virou e me encarou.

– Olha aqui. – o fitei com raiva. – Eu não sei qual é a sua, mas não vou deixar que magoe a Kate ou qualquer outro aqui. Entendeu bem? – soltei seu braço. – Eu não sou tão paciente quanto os outros.

Não deixei que ele respondesse, apenas sai o ignorando.

O Felipe me olhou e eu apenas fiz uma careta. A Kate passou por mim rapidamente e a segui para ver. Ela parou na frente do Jonny, interrompendo que ele passasse na porta.

– Vaza. – ela falou.

– É sério que não vai me deixar entrar Kate? – o Jonny a encarava.

– Vai embora. – a Kate falou isso devagar como se estivesse ensinando a uma criança. – Não quero você aqui, na verdade ninguém quer.

– Não acredito. – ele resmungou. – Não deviam querer ela aqui. – apontou para dentro da casa.

Todos seguimos a sua visão encontrando a Liz parada na cozinha nos olhando com cautela.

– Não vem com as suas historinhas. – o Rick falou.

– Sabe por que a Maria fugiu? Por que a Bianca perdeu os poderes, ou por que nada dá certo? Perguntem a ela. – voltou a pontar para a Liz. – A bruxa tem as respostas. Tem as respostas que você quer. – olhou para o Felipe.

– Ele é ótimo ator. – falei.

– A bruxa sabe tudo o que está havendo e melhor... sabe desfazer as coisas erradas também. Mas tem um porém: ela não gosta muito de dividir espaço com dominadores, então ele tem um plano. É só isso o que ela vem fazendo desde então. – ele deu um sorrisinho malicioso para nós. – Não é mesmo? – olhou para a Liz que se mantinha calada. – Liz.

***

Rick


Não acredito que o Jonny está inventando mais uma. Ele é bom em inventar coisas. Nunca vi melhor.

– Chega de palhaçada sanguessuga! – interrompi o olhar maléfico dele para a Liz. – Não ouviu a Kate? Vai embora agora!

– Ok! – ele me encarou e se dirigiu para a escada de novo. – Amanhã à noite eu volto para ajuda-los a encontrar a droga da lapide e a segurar o lobo enfurecido ali. – olhou para o Vicente.

– Ninguém quer sua ajuda. – a Kate falou entrando.

Ele deu de ombros e desceu as escadas parando ao lado do Felipe.

– Lembra da história? – falou sem olhar diretamente para o Cabeça Dura. – O inimigo, o que nos deixou em mais cem anos de tortura. Aquele inimigo traidor e mentiroso com rosto de anjo é a sua adorável medica.

Terminou sua frase e sumiu na mata como um vulto. Vi os olhos do Felipe se arregalarem e ele se manteve como uma estátua no mesmo lugar.

– Do que ele está falando Lipe? – a Claire perguntou fitando-o.

– Do que esse sanguessuga está falando? – perguntei.

– Acho que devemos rever os fatos. – ele respondeu e eu e a Claire nos encaramos.

– Hãm? – perguntei confuso.

Ele me ignorou e passou por nós entrando na casa. Fiz uma careta e olhei em volta.

– O que foi isso? – a Claire estava do meu lado.

Neguei com a cabeça sem entender nada também. A Claire deu de ombros e entrou sem me olhar. Fitei o Vicente por uns instantes e depois a segui.

– O que você está fazendo aqui? – perguntei me dirigindo a Liz.

– Vim tentar dar um jeito de manter o feitiço intacto.

– Acho bom! Porquê da última vez, a Maria saiu e agora está morta. – a Claire falou pegando uma garrafa de uísque.

– Vim dar um jeito agora. – a Liz falou deixando um livro de capa preta em cima do sofá.

– Que história é essa do Jonny apontar a arma para você? – perguntei chegando perto dela.

– Eu não sei. – ela respondeu sem me olhar. – Ele é maluco.

Não sei porque não senti verdade nas palavras dela. Olhei para a Kate esperando uma acusação, mas ao invés disso ela se manteve imóvel. Suspirei e ouvi o Felipe bufar.

– Eu já vou! – ele falou.

– Bom... acho que vou também. – falei olhando para a Claire.

– Você vai ficar bem Kate? – o Felipe perguntou a ela.

– Podem ir. – ela respondeu baixo. – Está tudo bem.

– Eu posso ficar aqui com você...

– Está tudo bem Claire. – a Kate sorriu. – Acho que o Rick precisa mais de você do que eu.

Dei uma risadinha e as duas me olharam sorrindo.

– Qualquer coisa liga. – falei.

– Qualquer coisa mesmo. – o Felipe completou fitando a Liz.

– Tudo bem meus amores. – a Kate respondeu.

– Até mais loira. – me aproximei dela depositando um beijo na sua bochecha.

– Até lindinho. – sorriu.

– Tchau Kate! – a Claire a abraçou rapidamente. – Até mais Liz.

– Amanhã eu conto algumas novidades não muito boas. – o Felipe falou dando um sorriso meio desanimado para a Kate. – Fica bem.

Ela assentiu e o puxou para um abraço sussurrando alguma coisa no ouvido dele que não me atrevi a escutar.

A Claire pegou minha mão e me puxou para fora. A noite escura já tomava conta da cidade e o frio também.

– Que foi? – a encarei.

– Não sei. Eu fiquei intrigada com o que o Jonny falou da Liz. – ela colocou o cabelo atrás da orelha. – Acha que é mais uma invenção dele?

– Sei lá viu. Não sei nem se posso acreditar que ele alguma vez falou a verdade.

– E eu não confio na Liz, muito menos no Jonny. Então acho que nós devemos ficar de olho nos dois só por preocupação.

– Também acho. – concordei com a cabeça a virando para ver o Felipe sair da casa colocando o capuz.

– Vamos? – ele perguntou nos olhando.

Assenti pegando a mão da Claire e colocando a outra no bolso da minha blusa. Andamos devagar pela rua silenciosa e vazia devido ao frio. A cidade já está em festa de natal. Luzes por todos os lados e enfeites em vermelho e verde, na maioria.

Até a loja que fica como fachada para o instituto estava decorada e brilhante. O Felipe se despediu e seguiu devagar para o quarto dele. E eu fui acompanhar a Claire.

– O que vai querer de natal? – ela me perguntou assim que paramos em frente ao seu quarto.

Dei uma risada e depois a encarei.

– Presente Claire? Serio?

– Qual o problema? – ela parecia confusa.

– Não sei se vamos ter tempo para pensar em natal. – fui sincero.

– É claro que vamos ter Rick. – ela suspirou e agora parecia decepcionada.

– Claire. – estiquei a mão para levantar seu rosto. – Eu... ia adorar se me desse uma camisa nova. – sorri.

Ela sorriu satisfeita e me analisou por um instante.

– E eu gostaria de um belíssimo cobertor. – falou se aproximando.

– Quem pede um cobertor de presente? Só você. – sorri a enlaçando pela cintura.

– Tudo bem. – ela revirou os olhos. – Quero uma noite.

Sorri malicioso e esperei que ela terminasse.

– Uma noite normal. Sem problemas malucos, sem poderes, sem feitiços, sem mortes, sem sangue, sem responsabilidade. – me olhou com atenção. – Apenas uma noite comum entre um casal. Apenas uma noite de natal.

Dei um sorriso torto e deslizei a ponta dos dedos pelo seu rosto.

– O cobertor é mais fácil. – falei sorrindo. Ela deu o seu riso baixo e me fitou. – Apenas uma noite de natal.

– Só uma.

– Só nossa.

Encostei a ponta do nariz no seu e sorri fechando os olhos, agora ouvindo nossas respirações em sincronia.

– Seu pedido é uma ordem. – sussurrei e percebi que ela estava sorrindo assim que toquei meus lábios nos seus.

Apenas me esqueci por um momento dos nossos problemas sem soluções e me deixei levar pela sensação que é estar com ela. Se fosse possível, nada mais importava. Eu viveria muito bem apenas assim.

– Fica? – fez um biquinho enquanto abria porta.

– Hm... acho que não. – olhei para dentro do quarto vendo a Bia arrumar alguma coisa em uma bolsa.

A Claire seguiu meu olhar e suspirou.

– Então... que tal ir me ajudar no banho? – ele fez uma cara maliciosa.

– Deixa eu pensar. – a puxei para perto de mim. – Também quero um bom banho.

Sorrimos e ela me deu um beijo rápido se soltando de mim.

– Bia, vou ficar com o Rick hoje, tá? – falou para dentro do quarto.

– Tá bom. – a Bia veio até a porta. – Boa noite.

– Boa noite B! – respondi e a Claire sorriu.

Andamos até meu quarto, entrei procurando pelo Alisson. Na cômoda tinha um papelzinho branco dobrado, peguei-o e olhei.

– O Alisson foi ficar com a Aline de novo. – falei sem olhar para a Claire.

– Quarto só nosso. – ela falou atrás de mim.

– Exatamente. – me virei sorrindo.

Ela me jogou uma toalha e correu abrindo a porta. A segui sem muita presa e entrei no banheiro fechando a porta atrás de mim.

– Você primeiro. – ela levantou os braços e olhou para a sua blusa, esperando que eu fosse tira-la.

Dei um sorriso mostrando os dentes e me aproximei.

– Não. Você primeiro. – apontei para minha própria camisa.

– Como quiser.

Esperei paciente ela ficar descalço e vir para perto de mim. Colocou suas mãos na minha camisa e a subiu devagar passando as unhas por todo caminho até que me abaixei para ela tira-la.

Sorri me sentando na tampa fechada do sanitário e de novo esperei por ela. Sorriu e passou as pernas na minha volta se sentando no meu colo.

– Hoje senhor Henrique. – passou os braços no meu pescoço. – Você é só meu.

– E você. – a puxei pela cintura. – É só minha.

Levei uma das mãos na sua nuca e colei nossos lábios num beijo desejado. A outra mão deslizei por baixo da sua blusa arrancando um gemido baixo. Senti as suas mãos descerem pelas minhas costas e ela acelerar o beijo. Deixei sua nuca e levantei a sua perna a colando mais em mim.

Ela se soltou do beijo e me olhou dando um sorrisinho, levantando os braços. Neguei com a cabeça, mas fui com as mãos puxando lentamente sua blusa até tira-la. Depois a puxei pela cintura de novo, a devorando em mais um beijo.

Soltei sua boca para beijar o seu pescoço. Tirei o seu cabelo enquanto ela tombava a cabeça para trás me dando mais espaço. Seu perfume já tinha invadido minha mente me deixando tonto como sempre fazia.

Ela puxou meu cabelo para colar nossos lábios de novo. Passei os braços por baixo das suas pernas e fiquei de pé. A encostei na parede perto de boxe e voltei a seu pescoço arrancando mais um gemido. Comecei leves mordidas enquanto ela gemia baixinho cravando as unhas nos meus ombros.

Por uma noite vou esquecer de tudo a minha volta e me focar só nela. Somente nela.

***

Claire


Mordi os lábios para não fazer tanto barulho. Senti a sua língua passar pela minha barriga fazendo meu corpo estremecer. Eu já não conseguia definir a temperatura do Rick agora. Ele estava extremamente quente e isso me deixa ainda mais perdida.

Ela me olhou dando um sorriso malicioso e não resisti, o puxei pelo pescoço mordendo a sua boca devagar. Desci as mãos pelo seu peitoral, abdômem e deslizei para dentro da sua calça jeans o ouvindo gemer abafado.

– Claire...

Desabotoei, puxei o feixe e comecei levando a calça para baixo, ele remexeu e me ajudou fazendo isso mais rápido. Depois ele já estava tirando a minha também, se baixou e levantei cada pé para facilitar.

Assim que ele ficou de pé, eu o empurrei para dentro do boxe, liguei o chuveiro deixando a água cair sobre nós, fazendo meus cabelos grudarem na minha pele exposta.

O Rick se aproximou encostando as duas mãos na parede me encurralando ali. Mordi os lábios e depois sorri. Ele ficou a centímetros do meu rosto me olhando fixamente. O puxei pelo pescoço colando nossos corpos o beijando intensamente. Ele segurou minha nuca invadindo minha boca com a língua. Desci as mãos pelo seu corpo quente e fiz nossas línguas se encontrarem causando arrepios.

Ele afastou um pouco o rosto para respirar e ficamos nos olhando por longos segundos. O tempo suficiente para que eu pudesse ver seus olhos que estavam num quase vermelho, mudarem lentamente se tornando um castanho-chocolate. E lá estava o desejo, o desejo urgente. O desejo por mim. Isso me deixa tonta a ponto de quase não acreditar.

Passei a mão no seu cabelo molhado e fechei os olhos esperando seu beijo. Ele atendeu ao meu pedido me tirando do chão, segurando na minha coxa para sustentar meu peso. O beijo quente e doce.

Soltei um longo suspiro e apoiei minha mão no boxe frio. Eu não iria gritar dessa vez. Meu corpo sempre explode e o grito sai involuntário.

A água quente caia pelas minha costas fazendo seu toque ser cada vez melhor. Fazendo o desejo que sinto por ele parecer que nunca cessaria. Bom... acho é isso, ate porque ele é inteiramente meu.

***

Felipe


Bati apenas duas vezes na porta até ela se abrir. A Bia deu um sorriso forçado e remexeu no cabelo preso. Estava com um short curto e uma camiseta.

– Oi. – falou meio desanimada.

– Oi. – tentei sorrir. – Você está melhor?

– Uhum. – foi só o que ela disse e entrou para o quarto.

Fui atrás dela fechando a porta devagar me sentindo meio invasivo.

A Claire com certeza foi ficar com o Rick.

– O que você quer? – ela perguntou sem me olhar.

Tenho que admitir que estranhei a secura na sua voz, mas tudo bem.

– Eu... queria saber se você não quer ir ficar comigo hoje. Quero conversar um pouco. – falei analisando o quarto e me sentei na cama.

– Felipe, me desculpa, mas eu prefiro ficar aqui. – ela se virou me olhando.

Tentei manter minha expressão intacta e continuei mudo sem demostrar emoção.

– Eu preciso de um tempo para pensar e.... – suspirou. – Esse tempo é sozinha.

Balancei a cabeça sem entender bem. Ela se sentou do meu lado.

– Não é nada com você.

– Tudo bem. Entendi. – levantei rapidamente parando do lado da porta. – Então boa noite!

– Boa noite! – ela falou baixo vindo parar na minha frente.

– Se mudar de ideia e quiser alguém, você sabe onde me encontrar. – remexi no cabelo me sentindo estranhamente intrometido.

– Vocês resolveram as coisas lá na Kate? – ela ignorou minha proposta já mudando de assunto.

– Mais ou menos. – suspirei. – O jonny voltou e.... a lapide sumiu de novo.

É melhor não falar nada de “a Maria está morta”.

– Eu sei que ultimamente eu me tornei um fardo, mas se precisarem de ajuda.

– Você não é nada disso. A culpa por essas coisas terem te acontecido é minha. – olhei o teto.

– A culpa não é sua. – ela esticou a mão tocando meu rosto.

Neguei com a cabeça. Não vou discutir isso de novo.

– Eu já vou. Boa noite. – me aproximei, mas ela virou o rosto deixando meu beijo na sua bochecha.

– Boa noite! – me olhou e se afastou abrindo a porta para mim.

Agora sim me senti ainda mais confuso. Ela... deixa pra lá. Passei pela porta e a olhei esperando uma resposta.

– Tem certeza de que está bem? – tive que perguntar de novo.

– Sim.

– Tá bom. Até mais.

Ela acenou e não tive outra escolha a não ser sair sem entender absolutamente nada. Com certeza não vou dormir bem e nem sequer ficar bem.

...

Girei na cama dando de cara com a claridade. Procurei pelo celular debaixo do travesseiro e olhei as horas. Seis e vinte da manhã. Suspirei e me sentei tentando me lembrar no que ia fazer hoje na ordem certa.

Olhei meu rosto no espelho assim que levantei. Meu cabelo estava extremamente bagunçado e a falta de sono era evidente na minha cara de cansado. Procurei por uma camisa qualquer e vesti a primeira que vi, uma preta. Me arrumei rapidamente e sai.

Bom... depois de ontem à noite e da rejeição tenho que criar coragem de ir mais uma vez bater na porta dela, mas tenho que fazer. Bebi um copo de café com muito custo. Sem apetite de novo.

Andei apressado pelo corredor e respirei fundo antes de bater na porta. Esperei paciente até ela se abrir.

– Oi bonito! – a Claire falou dando um sorriso. Estava com o cabelo preso e acho que uma camisola, porque estava curta demais e.... balancei a cabeça olhando seu rosto.

– Oi Claire. – sorri. – A Bia já acordou?

– Ela não está com você? – me perguntou confusa.

– Comigo? Não.

– Eu dormi com Rick, mas vim pra ca bem cedinho e quando cheguei ela não estava. Ai pensei que tinha ido ficar com você.

– Não. Eu até tentei ontem à noite, mas ela praticamente bateu a porta na minha cara. Achei que ela estava estranha.

– Vocês não conversaram?

– Como eu disse, ela estava estranha e praticamente me expulsou daqui.

– Os relacionamentos são assim Lipe. Daqui a pouco vocês estão bem de novo.

– Não tem um relacionamento Claire. Nós não temos, eu... não sei mais o que fazer. Ela não quis falar comigo. Eu não sei o que está acontecendo e.... – só agora me lembrei de que não contei sobre a Bia para ela e nem o Rick. – Na verdade até sei, ou pelo menos uma parte.

– Ela está bem?

– Não. – suspirei. – Eu esqueci de falar ontem, mas a Bia não perdeu só a imunidade. Parece que não consegue mais controlar a água.

– O que? – agora a Claire parecia surpresa.

– Eu não sei bem. A Jeniffer esteve aqui e a Bia se machucou, então o João fez uns exames e a Bianca não consegue dominar mais.

– Pera ai, como isso aconteceu Felipe?

– Eu prometo que te explicou depois, mas eu preciso achar a Bia. – me virei pronto para sair.

– Pera ai. – ela segurou o meu braço. – Eu vou ajudar.

– Não precisa. Qualquer coisa em ligo, tá?

Ela assentiu meio confusa e soltou o meu braço. Segui pelo corredor a procura do João, talvez ele a tenha visto por ai.

Parei assim que avistei o João com algumas caixas nas mãos seguindo sem pressa pelo pátio.

– João! – gritei e corri na sua direção. – Você viu a Bia por ai?

– Ela foi ao trabalho. – ele respondeu deixando as caixas no chão. – Ela sai todas as manhas.

– Pensei que ela tinha saído disso já.

– Não. Aliás, foi bom encontrar você. – suspirou. – Eu analisei melhor os exames da Bia e.... o resultado não foi tão bom.

– Como assim?

– De acordo com os exames, o fato da Bia não estar conseguindo dominar a água vai trazer alguns efeitos colaterais, como uma mudança de humor repentina e.... personalidade dupla.

– Dupla? O que? – minha mente está mais confusa ainda.

– Eu acho melhor a Bia não ficar sozinha, ou com pessoas estranhas. Felipe, todo o lado doce, meigo, inseguro dela, pode se transformar no oposto. Na minha opinião o lado oposto da Bia, não é nem um pouco amigável.

– Ela...

– A Bianca que você conhece poderá se transformar em outra.

***

Bia


As vozes das pessoas a minha volta só faziam minha cabeça doer ainda mais. Me virei bruscamente quase batendo em uma das cabides de roupa.

Não dormi bem e minha mente gira em torno de várias coisas ao mesmo tempo: Felipe, Jeniffer, Lucy, dominação, dor, medo, confusão...

– Posso falar com você? – lá estava minha supervisora me olhando de um jeito estranho.

– Claro. – coloquei o cabelo atrás da orelha e a segui em meio a loja cheia de pessoas. A véspera de natal só deixa o comercio ainda mais movimentado.

Ela entrou na sala dos fundos da loja onde fica algumas encomendas. A sala era revestida por uma parede escura e piso amarelado, com uma pequena janela no canto onde vinha uma pedra de mármore rodeando o ambiente, várias caixas e uma mesa branca.

– Tudo bem? – perguntei vasculhando o local e depois a encarando.

– Me desculpe por isso Bianca, mas eu descobri outro dia e é o melhor a fazer. – ela parecia nervosa.

– Do que está falando?

– É o certo a ser feito. Eu sinto muito.

De repente, do escuro da sala, onde dava para a porta de saída de emergência, saíram três homens com roupas pretas e azuis. Eu reconhecia aquelas roupas, eram os homens da...

– FEM. – falei mais para mim do que para eles. – O que você fez?

– Desculpe. – a mulher me encarava nervosa.

Recuei alguns passos sem saber no que pensar.

– É um prazer vê-la novamente dominadora. – o homem mais alto falou se aproximando e tirando do bolso alguma arma.

Engoli em seco e olhei para trás procurando alguma coisa ofensiva. Na mesa branca tinha algumas tesouras que são usadas para abrir as caixas.

– Hora de vir conosco Bianca. – outro homem mais baixo falou.

Neguei com a cabeça e pensei na fração de segundo que eu teria antes dele atirar. Mesmo eu nem sendo mais uma verdadeira dominara não posso me entregar com tanta facilidade e nem vou.

– Sua idiota! – falei me virando para encarar a minha supervisora.

– Desculpa Bia.

– Não vai doer querida. – o homem que estava com a arma na mão falou de forma amigável estendendo uma mão para mim.

Respirei lentamente e não pensei muito. Abaixei no chão ouvindo o som da arma dele sendo ativada. Fiquei de pé num pulo e peguei uma tesoura em cada mão. Girei meu corpo pegando impulso e atirei a tesoura da mão direita no homem com a arma.

Ouvi um grito estridente da mulher e um gemido dele. A tesoura se vincou no seu peito fazendo o sangue descer.

Não esperei a reação dos outros dois, dei alguns passos longos parado de frente do mais baixo que me olhou assustado, bati meu pé nele, o derrubando e agachei. No mesmo instante afundei a outra tesoura rumo do seu coração e a puxei de volta. Sem me levantar a atirei no outro homem parado me encarando assustado, tentando achar o gatilho da sua arma.

A tesoura que já estava suja de sangue se fincou no pescoço dele fazendo o sangue espirrar nas paredes ao seu lado.

Minha mente girava e girava sem parar me deixando tonta enquanto as imagens vinham e iam. Coloquei a mão na cabeça e fiquei de pé sentindo o teto rodopiar acima de mim. Me escorei na mesa e fechei os olhos lentamente fazendo meus pensamentos tomarem um único rumo: testemunha.

Os abri parando na mulher assustada com a mão na boca me olhando assombrada.

Ajeitei meu corpo e respirei sentindo o cheiro doce do sangue invadir todo o ambiente. Avancei alguns passos na direção dela que se encolheu. Assim que passei pela mesa, peguei outra tesoura.

– Eu gostava de trabalhar aqui. – a encurralei e vi que seu corpo tremia. – Eu sinto muito.

Fiz o movimento mais rápido que pude, cortando a sua garganta de uma só vez. Seu corpo caiu mole aos meus pés. Soltei a tesoura no chão e respirei mais uma vez.

Andei lentamente até a porta e olhei a minha nova ação e o sangue inundar o chão. Me senti forte de novo, sem medo, sem dor. Quando dei por mim, meus lábios se torciam num sorriso.

– Quem disse que preciso de poderes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muitos acontecimentos, revelações... E ai, o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quatro Elementos: O Confronto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.