Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 18
Perda


Notas iniciais do capítulo

PERDÃO pela demoraaa! Estava mesmo sem ideias e ultimamente os capítulos não tem saído tão bons assim e nem tenho recebido comentários para minha inspiração. Fora que ando ocupada com fim do ano: provas, trabalhos e tals.
Vou tentar me atualizar e deixa tudo certo.
Espero que gostem do capítulo de hj e mais uma vez desculpa pela demora!
bjus e Boa leitura!



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Claire

Nada mais além dos nossos passos e os sons da mata a nossa volta. Nada de Maria e muito menos de lapide. Grande merda!

Não acredito que perdi a vampira maluca e a lapide. E isso tudo porque fui dar atenção ao idiota do Jonny.

E agora? O que vou dizer aos outros? Que sou imbecil e cai de novo no papinho de redenção do pobre e sedutor Jonny?

– Espera! – fui parada pelo seu braço segurando o meu.

– O que? Ouviu alguma coisa? – perguntei me virando para olha-lo.

– Sim! – falou viajando nos sons.

– É ela? – tentei ouvir também sem muito sucesso.

– Shi!

Suspirei frustrada e puxei meu braço andando um passo para mais perto de uma arvore. Nem consegui ver quando ele saiu do lugar, só os seus braços fazendo um escudo na minha frente e o som baixo do seu gemido.

– Maldita! – ouvi ele resmungar. – Lado oeste! – falou me olhando rapidamente.

Assenti e me levantei o mais rápido possível indo na direção que ele me disse. Passei pelas arvores tentando não bater em nenhuma enquanto corria.

Senti sua presença bem atrás de mim, e logico que não me pegaria de surpresa. O perfume que me atingia agora era algo mais doce e até enjoativo, bem diferente do cheiro do Jonny que é algo mais... atraente.

Parei girando o corpo na direção do meu seguidor, e mandei todo o ar que corria a minha volta na sua direção. Só vi seu corpo bater com tudo na arvore fazendo um estrondo.

Arregalei os olhos vendo quem eu tinha atingido. Ela me encarou boquiaberta sem entender.

– Desculpa, desculpa, desculpa! – corri na sua direção a olhando com atenção.

– Ficou doida ou só queria ver se eu partia no meio?

– Perdão Kate! – eu nunca tinha reparado que o cheiro dela era tão doce assim.

Ela revirou os olhos e se levantou limpando a roupa com as mãos.

– O que está fazendo aqui? E ainda correndo feito louca? – perguntou arrumando os fios loiros e curtos.

– Bom... – fiz uma careta.

– O que foi? – ela me encarou percebendo algo errado.

– Eu não sei o que aconteceu, mas... a....

– A Maria saiu do feitiço! – o Jonny completou minha frase saindo do meio das arvores.

– O que? – a Kate perguntou incrédula e me encarou depois fixou os olhos no Jonny. – O que você está fazendo aqui?

– Eu vim ajudar. – ele falou com a voz mais inocente do mundo.

– Ajudar Jonny? Falou isso da última vez e só atrapalhou. – a Kate quase gritava. – Vai embora!

– Acredite... eu já mandei, e ele finge que não é com ele. – falei encarando o Jonny.

– Qual é o problema de vocês? – ele falou dando alguns passos para mais perto da Kate.

– Ninguém quer você aqui. – ela falou. – E que história é essa da Maria ter sumido? – virou-se para mim.

– Eu não sei Kate. Quando cheguei e fui ver, só estava o Vicente no feitiço da Liz. – falei.

– Vamos dar um jeito nisso agora!

– Ela foi pelo oeste. – o Jonny falou despreocupado.

– Ótimo. – a Kate falou indo na direção que eu estava correndo. – Você. – apontou para o Jonny. – Volta para o inferno!

– Kate... – ele começou, mas ela sumiu na mata.

Dei um sorrisinho vitoriosa para ele e sai indo na mesma direção da Kate.

...

Eu não me atrevi a falar. Acho que o mínimo que posso fazer. Afinal de contas ela acabou de reencontrar o Jonny, de novo, e deve estar borbulhando de raiva. Eu não ia falar para piorar isso.

– Eu não estou conseguindo nem pensar direito. – ela quebrou o silencio falando sem me olhar, andando na minha frente.

– Não acredito que isso está acontecendo, e justo agora que o Felipe e o Rick resolveram fazer um passeio de mãos dadas e nos deixar a deriva. – sim, eu estava com raiva pelo Rick ter sumido.

– Onde eles foram?

– Eu não sei, mas quando souber... – bufei.

Ela suspirou e parou por um instante para logo continuar andando.

– Não acredito que depois de tudo o Jonny tem a cara de pau de aparecer aqui. – suspirou. – Sabe, se eu não tivesse conhecido ele a um século atrás, não tivesse sido idiota. Ele nunca me encontraria e eu já estaria no paraíso.

– Por que acha que não vai para o paraíso? Por que é uma vampira?

– Isso é mais que suficiente, Claire. No mínimo agora, eu tenho o inferno à minha espera. – falou se abaixando para passar por baixo de um galho.

– Não acho que seja motivo para ir para o inferno. – olhei em volta pensando já ter passado por aqui antes.

– Sou uma criatura das sombras, um ser maligno. Sempre nas histórias de terror e.... tirar vidas é motivo de pagar caro... – ela parou como se fosso estranho falar daquilo.

– Você é boa. Está sempre ajudando, sendo amiga e não foi culpa sua. – falei.

– Talvez. Mas quando me transformei, a sede me matou. Tomou conta e me deixou louca, fazendo com que eu fosse um mostro. Um mostro que até eu tinha medo. – ela parou e se virou me olhando. Eu podia ver através dos seus olhos a dor ali de se lembrar.

Esperei que ela continuasse.

– Eu matei, senti o medo de cada um, senti a dor, vi o mostro que eu estava me tornando nos olhos das minhas “presas”. Vi a morte deles, e sabe o que é pior? – ela deu um longo suspiro e seus olhos pareciam marejados. – Eu gostei.

Fiquei em silencio tentando imaginar as cenas. Tentando imaginar a Kate sendo... um mostro.

– Por mais que eu tente fugir, ainda está aqui e eu sei que sempre vai estar. – ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Não adianta fugir das sombras, Claire. Não, quando elas estão dentro de você.

***

Felipe


Inspirei o perfume de morango do seu cabelo vermelho e sorri. Tudo era tão... novo. Saber que é mesmo ela e que a vida é estranhamente engraçada.

Nem consigo definir o que sinto. É natural e bom. Diferente de quando encontrei a Caroline, até porque eu e ela não tínhamos uma afeição quando criança. Já eu e a Vick...

Nos afastamos do abraço e ela sorriu mostrado os dentes brancos e alinhados. Seu rosto não mudou muito, só ganhou traços mais sedutores e maduros.

A sua pele clara feito neve fazia uma combinação perfeita com os cabelos vermelhos que caiam abaixo dos ombros em alguns cachos. Seus olhos eram os mesmos: grandes e azuis.

Sorri feliz por vê-la. A sorte voltando para mim.

– Estava certa. – falou deixando escapar uma lagrima.

– O que? – estiquei a mão limpando sua bochecha.

– Minha visão. Eu vi você chegando. – sorriu sem graça abaixando os olhos.

– Então é sim! Sua visão estava certa. – sorri torto.

Ela assentiu me puxando para outro abraço. Era como voltar ao passado, mas a parte boa dele.

Nós olhamos por alguns minutos longos. Era bom ter a sensação de poder ouvir seu coração se aquietando depois da surpresa e sua respiração calma e silenciosa.

– Deve estar se perguntando o porquê de... de que eu estou aqui. – ela falou indo se sentar na cama, me puxando pela mão para sentar ao seu lado.

– Mais ou menos. – sorri, recebendo uma risadinha dela.

– Sabe Felipe... a vida é uma caixinha de surpresas. – ela olhou a janela por um tempo, antes de continuar. – Eu nunca teria imaginado isso. Só fui crer mesmo, depois que tive uma visão e ai tudo mudou.

Olhei para baixo vendo nossas mãos dadas e o calor da sua pele clara.

– Eles vieram. – continuou. – Levaram tudo. Menos uma coisa: minha vida.

– E a sua tia? – provavelmente ela estava falando da FEM.

– Como eu disse: eles levaram tudo. – ela abaixou os olhos também analisando nossas mãos.

– Eu sinto muito! – falei mais baixo do que deveria.

Ela negou com a cabeça voltando a me fitar com um leve sorriso nos lábios.

– Não podemos brigar com o destino. – suspirou. – Mas aqui, é o único lugar em que não vão me achar. Quem procuraria por uma garota... você sabe.

– O que a faz pensar que não te acharão aqui? – perguntei a encarando curioso.

– Eu verei quando decidirem vir. – deu de ombros. – Mas... não decidiram nada e nem fazem ideia. Afinal, eles tem coisas mais importantes.

– Sem brigas com o destino. – sorri.

Assentiu dando um sorriso.

– Mas me responde uma coisa. – ela se ajeitou na cama agora me olhando com curiosidade. – Como conseguiu ficar assim? A vida te fez um bem danado.

Dei uma gargalhada junto com a sua risada baixa. Neguei com a cabeça e a encarei.

– Não diz besteira. – falei sorrindo.

– Besteira nada! Vai me dizer que as mulheres não ficam malucas?

– Claro que não. – sorri abaixando os olhos.

– Modesto. – ouvi ela rir de novo. - Mas quero saber outra coisa também.

A olhei para que falasse.

– Como conseguiu? – eu sabia que ela não estava mais falando da minha quase beleza.

– Bom... eu tento até hoje. – respondi a sua pergunta pelas metades.

– Você é melhor do que eu nisso. Sempre foi.

– Não. Estamos aqui. Vivos. Somos lutadores e eu aprendi que as surpresas são o que nos deixam ainda mais fortes. – dei um sorriso torto.

– Tem razão.– ela concordou com a cabeça. – É bom te ver!

Ela esticou a mão deslizando pelo meu rosto enquanto falava.

– As surpresas boas são únicas.

Sorrimos sentindo a alegria no ar. Falar com ela era tão normal como se nunca tivéssemos ficado longe um do outro.

***

Rick


Ou o Felipe se esqueceu que estou aqui ou está mesmo fazendo o que os homens vem aqui fazer.

Suspirei pela decima vez e de novo senti o celular vibrar no meu bolso. A Claire não me deixaria em paz enquanto não soubesse onde estou.

Peguei o celular vendo que ela desistiu das ligações e agora mandava mensagens. Uma dizia:

Precisa voltar agora! A Maria sumiu e preciso de ajuda.

Outra:

Onde você esta? Volta agora! A Maria fugiu com a lapide.

Suspirei guardando o celular. Agora estávamos ferrados. A Maria sumiu com a lapide, e eu estou aqui esperando o Felipe terminar seu reencontro.

Quase cai dentro do quarto quando a porta se abriu. Também quem mandou escorar nela. Inteligente!

– Pensei que ia ter sumido com alguém. – o Felipe falou debochado.

– Haha! Engraçadinho. – falei analisando sua aparência para ver se estava amassado ou alguma coisa assim.

Eu não vou falar com ele o negócio da Maria, não por enquanto.

– Vem. – me chamou para entrar.

Andei em passos de tartaruga e parei na mesma porta assim que se fechou. Olhei meio bobado a ruiva parada perto da cama dando um sorriso gentil para mim. Não era tal baixa, mas também não tão alta. Tinha a pele bem clara como neve, o corpo com curvas delicadas e finas. Os cabelos num vermelho intenso com leves cachos e os olhos grandes e extremamente azuis.

– Rick essa é a Vick. Vick esse é o Rick. – o Felipe nos apresentou me olhando para fosse mais perto dela.

Me liguei disso e fui na direção da garota. Sorri e estendi a mão.

– É um prazer Victoria! – falei e ela estendeu a mão e ao invés de aperta-la a ergui deixando um beijo nas costas da sua mão delicada e pequena. Não pude evitar o sorriso malicioso que se formou nos meus lábios e vi suas bochechas ficarem coradas.

– O prazer é meu! – ela respondeu dando um sorriso que logo sumiu sendo tomado pela surpresa.

– O que foi? – perguntei tentando ler sua expressão.

– Você precisa trazer a luz. – falou me fitando, mas parecendo enxergar através de mim.

– O que Vick? – o Felipe estava perto olhando para ela.

– Cuidado com as perdas e escolhas que vai fazer. Volte e seja a luz do caminho. – depois que falou isso seus olhos ganharam foco me analisando.

Eu fiquei confuso tentando entender sua subida mudança.

– Do que estava falando Vick? – o Felipe voltou a perguntar.

– Acho que dá Claire. – respondi mesmo a pergunta não sendo para mim. – Ela mandou mensagem dizendo que a Maria fugiu com a lapide.

– O que? – o Felipe ficou surpreso. - Precisamos voltar então. – ele remexeu nos cabelos. – Vick? – ele me olhou brevemente e voltou a encarar a ruiva.

– As visão são subjetivas. Só vejo através de você, mas claro que tudo pode mudar a partir de uma nova decisão. – ela falou finalmente. – Eu as vezes falo coisas como se saíssem sem minha permissão. Isso faz parte.

– O que você viu? – o Felipe parecia eufórico agora.

– Uma garota. Vi dor e perda.

– Acha que a Claire está em perigo? – o Felipe me perguntou confuso.

– Eu não sei. – respondi quase um sim. Na verdade não estava entendendo bem o porque da ruiva estar falando isso. Que dom ela tinha?

– Minhas visões tem a ver com seus pensamentos ou podem também acontecer do nada. – ela falou me olhando. – Como agora.

– Mas eu estava pensando na Claire. – confessei.

Ela me olhou confusa sem saber de quem eu estava falando.

– A namorada dele. – o Felipe respondeu.

– Ela vai precisar de você então!

***

Bia


Finalmente terminei meu trabalho. Acho que mudar a aparecia é sempre um grande trabalho. Me olhei no espelho satisfeita com o resultado.

Os cachos caiam nas pontas do cabelo agora mais curto e mais claro com as mechas finas de louro dourado. Acho que até meu rosto sem graça melhorou. Quem sabe assim eu não pareça mais forte ou algo mais.

Agora só preciso encontrar a Lucy e passar mais um dia longe da ação que os meus amigos enfrentam enquanto eu fico aqui.

Andei como uma lesma, saindo do quarto e pelo corredor estranhamente vazio. Parei engolindo em seco quando a vi com um sorriso parada no meio do corredor a alguns metros de mim.

– Olha só quem voltou dos mortos. – falou dando um sorriso sarcástico.

Senti uma repulsa junto com o medo surgir no meu corpo. Agora desejei nunca ter saído do meu quarto.

– É mesmo uma pena você ter que ser a babá não é? – balançou a cabeça. – Eu só sinto que eles não se importam muito com você, concorda?

Não respondi, não consegui achar minha voz e acho que nem quero.

– Onde está o seu amado Felipe agora? Hm? Por acaso perdeu a fala também?

– Também? – a única coisa que saiu, a mais idiota também.

– Ando me informando Bianca. – ela mexeu nos cabelos pretos. – Sei que teve algumas perdas pessoais para trazer de volta o Felipe, que por um acaso do destino foi mordido acidentalmente pela minha nova amiga Juliana. Então você, pobrezinha, saiu do hospital e foi direto para um feitiço onde doa parte da sua vida para ele. Com isso perde alguns privilégios.

Fiz uma cara confusa. Não foi isso que a Liz disse.

– Oh! A bruxa não te contou isso querida? – ela parecia mesmo surpresa e agora até animada. – Parte da sua vida natural foi doada a ele, por isso perdeu seu poder de cura e a falta de confiança do Felipe ajuda ainda mais. Se isso não mudar, a confiança dele. Você perde tudo.

Respirei lentamente pronta para colocar meus pés em ação o mais rápido possível.

– Mas eu vim trazer um recadinho. – ela deu um passo para a frente me fazendo recuar outro. – Calma! Não vim te matar.

– O que você quer? – perguntei olhando rapidamente para trás para me certificar de que o caminho estava livre.

– Vim apensa dar um recado. – sorriu e suspirou em seguida. – Está será a última lua cheia de vocês. Porque a próxima é a minha. Minha vez de ter a lapide, a garotinha e o poder nas mãos. Prepare-se! Vou trazer um presente de natal adorável.

Nem pisquei e ela estava na minha frente com um sorriso forçado e os olhos negros ficando vermelhos-sangue. Não pude me mexer e sua mão já estava apertando meu pescoço tirando meus pés do chão.

– Diga principalmente ao Felipe. – me debati, mas era inútil. – É hora do novo começo.

Então ela me soltou e senti meu corpo voar até o barulho de algo se quebrando e o liquido quente escorrer pelo meu coro cabeludo quando atingi a parede.

– Até porque. – senti sua mão me levantar pelo braço. – Os mais espertos sempre ganham, não acha?

Fechei as mãos em punho e me concentrei ao máximo esperando o poder fluir e.... nada.

Ela deu uma risadinha e pude ver que olhava minhas mãos e depois levantou mais o meu corpo para que nos encarássemos.

– O que aconteceu comigo? – perguntei a mim mesma.

– Aconteceu mais cedo do que o esperando. – sorriu me avaliando e eu não entendia. – Você não perdeu só sua imunidade. Perdeu também a força, os extras de sentido aguçado como também sua dominação.

Não...

– Agora Bianca, você é só mais uma fraca humana, deixando um buraco no equilíbrio dos elementos, facilitando a minha entrada.

Olhei atônita para ela que sorriu parecendo satisfeita com algo que não fez.

– Vamos ver se o Felipe vai ama-la depois que souber que você agora não é nada. – ela jogou as palavras na minha cara. – Ele é egoísta demais para isso.

Então eu estava só e meu corpo bateu no chão mais uma vez fazendo a dor voltar.

Tentei normalizar a respiração enquanto sentia minha roupa ficar molhada pelo sangue que agora escorria livre da minha cabeça.

Olhei em volta tonta sentindo uma súbita fraqueza que jamais senti antes. O que ela disse?Olhei os braços procurando e não tinha nada. A marca que me evidenciava como a dominadora da água não estava ali.

Apenas humana.

– Não!

***

Felipe


Não tínhamos muito tempo. Então o Rick corria mais do que eu parecendo desesperado demais. Eu voltaria vir falar com a Vick. Eu precisava.

Virei a curva logo atrás do Rick, mas uma pontada na cabeça me fez fechar os olhos rapidamente e abri-los em seguida se não quisesse sofrer um acidente. Minha cabeça agora latejava. Será que tinha alguma coisa errada?

Desci da moto ainda com a dor de cabeça terrível. O Rick correu para a casa da Kate eu vim para o instituto para me certificar de que a Bia estava bem. Entrei dessa vez pela loja de roupas que era o disfarce do prédio onde na verdade se escondiam mutantes.

Fui direto ao quarto dela e bati umas quatro vezes e pelo jeito ela não estava ali ou poderia ter se machucado. Me arrisquei a abrir a porta ainda receoso. Olhei rapidamente dentro do quarto e ela não estava mesmo ali.

Procurei por ela pelos corredores, ginásio e até o jardim. Parei perto do laboratório assim que ouvi a voz do João e também a voz baixa da Bia. Confesso que me senti aliviado.

Bati na porta duas vezes e logo ela se abriu e o João me recebeu com um sorriso amarelo. Entrei devagar e a Bia estava sentada na cama de hospital que tinha por aqui. Ela estava com a blusa pintada pelo sangue, e o cheiro se espalhava pelo ambiente.

Estava sentada com uma perna esticada e a outra dobrada escorando o braço que segurava um pano branco na cabeça. Seus olhos só se abriram quando me aproximei.

– O que aconteceu? – perguntei olhando marcas arroxeadas no seu pescoço.

– Nada demais. Só uma visita desagradável. – ela respondeu seca fechando os olhos de novo.

Olhei para o João procurando respostas. Ele se afastou indo para perto de uma mesa que ficava perto da saída. O segui.

– A Jeniffer esteve aqui. – ele começou. – E como você vê a Bia falou com ela. E como sempre não foi muito amigável.

– O que ela queria? E por que a Bia está com machas? Quer dizer, geralmente os hematomas não ficam. – olhei a Bia brevemente. Ela mantinha os olhos fechados e respirava lentamente como se sentisse dor demais para a respiração normal.

– Ameaçar. – o João andou pela sala deixando uma injeção em cima da mesa. – E a Bia está vulnerável demais para uma luta contra uma vampira tão poderosa. E temais um problema.

– O que? – meus olhos iam na Bianca ao João a todo instante.

– Felipe. – ele olhou para a ela e depois para mim. – A Bianca não perdeu só o poder de cura. Agora perdeu todo o resto.

– Resto? Como assim?

– Força, velocidade... dominação.

– O que?

...

Isso é impossível! Como ela perdeu a dominação? Não consigo achar possibilidades disso.

– Como? Não tem explicação... – comecei.

– Eu não sei. – o João me interrompeu. – Mas pelo que vi, foi isso que aconteceu. A Bianca não consegue mais controlar seu elemento.

– Acha que a Jeniffer fez algo?

– Não. A Liz não disse que o fato da Bia ter perdido a imunidade é pela conexão. A dominação provavelmente também. – ele olhou em direção dela que se ajeitava na cama. – Nunca ouvi dizer que algum dominador tenha deixado de ser o elemento. Preciso pesquisar, então não posso dizer nada concreto.

– É culpa minha. – falei mais comigo do que com ele.

– Claro que não Felipe. – ele pousou a mão no meu ombro. – Tudo o que fazemos tem consequências. Talvez ela precise de um tempo. Tudo vai ficar bem.

Suspirei olhando para ela.

– Vou deixar vocês a sós. Tenha paciência com ela.

Assenti e ele se afastou saindo.

Andei devagar, mas a tempo e estender o braço para segura-la quando se levantou.

– Sem muita pressa B. – falei a sentando de novo.

– O que está acontecendo comigo? – sua voz saiu entrecortada e tive que olhar seu rosto para ver que as lagrimas se formavam.

– Eu não sei. Mas, tudo ficará bem. – falei me sentando do seu lado.

– Não! Nada vai ficar bem.

– Bia...

– Acabou Felipe! Tudo acabou! – ela suspirou.

– O que acabou Bia?

– Eu. Perdi tudo o que podia perder. Agora eu não sou mais nada. Nada, porque não vou poder fazer por...

– Ei ei! – segurei seu rosto entre as mãos a fazendo me olhar. – Olha só o que você está falando! Como assim perdeu tudo? Eu estou aqui.

– É uma questão de tempo também. – ela abaixou o olhar.

– Por que? Acha que vou embora? Vou sumir?

– Eu não sei. Mas do que adianta agora? Se eu não tenho mais nada pra te oferecer e nem a ninguém. Acho que na verdade, eu nunca tive.

– Bia. – me aproximei mais. – Olha pra mim. – ela levantou os olhos deixando escapar uma lagrima. – Você não tem que me oferecer nada, e nem a ninguém. Porque nós te amamos e jamais vamos deixar você, muito menos eu.

– Desculpa Lipe! – mais uma lagrima.

– Estamos juntos nessa e eu não vou deixar você. Entendeu?

Ouvi-a resmungar alguma coisa como “sim” e se render ao meu abraço deixando as lagrimas descerem.

– Eu tenho medo. Quero ajudar vocês.

– Não se preocupa com isso. – falei me afastando para olha-la. – Vamos dar um jeito.

Me aproximei beijando sua testa. Ela me olhou dando um meio sorriso e se aproximou me dando um beijo rápido.

– Eu te amo!

– Também te amo!

***

Claire


Cruzei os braços e fiz cara feia assim que vi o Rick dando um sorriso sem graça. Finalmente ele resolveu aparecer.

– Onde você estava? – perguntei assim que ele chegou perto.

– Eu só estava com....

– Quer saber? Não fala nada, até porque eu não tenho tempo para sua mais nova desculpa. – falei interrompendo ele.

– Amor...

– Chega Rick. Não me interessa onde você estava. A única coisa que me interessa agora é que amanhã a lua estará nascendo e o Vicente vai virar um mostro e fugir junto com a Maria que está solta por ai com a lapide.

– Vamos dar um jeito em tudo. – ele esticou a mão para tocar meu rosto.

– Ou não.

Sai batendo o pé em direção aonde o Vicente estava.

– Já chega de brincadeira lobinho. – me agachei perto dele. – Pra onde ela foi?

– Mesmo que eu soubesse eu não te diria lindinha. – falou dando um sorriso sarcástico.

– Então devo deixar um recado pra você. – sorri me aproximando mais. – Mesmo que você saia daqui, quando eu encontrar a sua amiga, eu vou pegar a lapide e destruí-la. Para que nenhum de vocês coloque suas mãos nela de novo. E então não haverá mortos de volta e tudo vai continuar no seu devido lugar.

Seu rosto de repuxou de raiva e ele me encarava como se pudesse me matar só com o olhar. Dei um sorriso e me levantei indo para dentro da casa.

– Dois podem ficar aqui e se certificarem de que o Vicente não vai fugir. O resto se separa e procura a Maria na floresta. – ouvi a Kate dizer assim que entrei.

– Eu ajudo a rastreá-la. – ouvi o Jonny dizer entrando logo atrás de mim.

– Você de novo? – resmunguei.

– O que esse idiota está fazendo aqui? Pensei que o fato dele ter brincado de criador de vampiros novos tinha sido o suficiente para que a cara de pau dele não o deixasse voltar. – o Rick falou dando alguns passos em direção do Jonny fechando as mãos em punho.

– Não vale a pena! – segurei seu braço antes que ele chegasse perto demais. – É só ignora-lo e caso ele faça algo inadequado, nós tiramos ele de cena de uma vez por todas. – falei olhando para o Jonny que deu um sorrisinho malicioso.

– Desculpem o atraso. O que eu perdi? – o Felipe entrou fechando a porta com força.

– Nada demais amigo. Só a volta do senhor drácula aqui. – o Rick falou baixo.

– O que esse cara está fazendo aqui? Tentando nos matar de novo?

– Nada que uma boa porrada não resolva... – o Rick disse olhando ameaçadoramente para o Jonny.

– Daqui a pouco ele some de novo. – a Kate disse com tédio. – Eu e a Claire podemos ir atrás da Maria, enquanto você. – apontou para o Felipe. - E o Rick ficam para olhar o Vicente.

– Desde quando virei babá de lobo? – o Rick reclamou indo para a porta.

– Pode ir então com a Claire, eu fico com o Lipe.

– Eu sei a direção que a ruiva tomou. Vou e indico o caminho com o meu faro. – o Jonny se intrometeu na conversa.

– ninguém aqui quer sua ajuda imbecil. – falei irritada.

– Posso ir com a Kate e os outros ficam aqui. – ele me ignorou falando.

– Acha mesmo que vou deixar você sozinho com ela? – virei para ele fazendo uma careta.

– Já que ele quer tanto ajudar. Eu vou. – o Felipe falou vindo para do meu lado. – Acho que a Claire pode lidar com o Vicente sozinha. Então a Kate e o Rick podem também ir procurar pela Maria.

– Tem certeza? – olhei para ele.

– Claro. Já que o Jonny diz que quer tanto ajudar. Quanto mais ajuda melhor, não? – perguntou dando um sorriso torto.

– Por mim tudo bem. – a Kate falou. – Claire?

– Se você tocar em um fio de cabelo do Felipe, eu arranco todos os seus onde quer que estejam. – ameacei o Jonny o encarando.

O Rick deu uma risadinha e o Jonny apenas assentiu dando de novo seu sorriso malicioso.

....

Mantive meu melhor olhar ameaçador para o Jonny até ele sumir na mata com o Felipe. Só espero que eles consigam mesmo.

***

Felipe


Pelo menos comigo esse idiota não tem vez. Se ele ousar fazer qualquer coisa suspeita, eu juro que não respondo por mim. Até porque seria insanidade demais deixar a Kate sozinha com ele.

– Espera! – ele falou interrompendo meus pensamentos.

– O que foi? As borboletas te assustaram? - Dei uma risadinha me virado para trás para olha-lo.

Ele negou com a cabeça e parou com a mão no ar como se ouvisse algo próximo. Concentrei minha audição também ouvindo apenas os sons dos bichos da mata e o vento acima de nós.

– O que foi idiota? – perguntei de novo.

– Acho que ela está por...

Só consegui ver ele bater no chão e logo depois um vulto passar perto de mim e depois meu corpo ir para trás batendo numa arvore.

Fui levantando pelo pescoço e senti meus pés saírem do chão.

– Sabe de uma coisa? – ouvi a voz conhecida e abri os olhos encontrando a nossa fugitiva. – Eu sempre achei você uma graça.

Fechei minhas mãos tentado encosta-la na arvore para fazer alguma coisa útil.

– Seus olhos. Acho eles lindos. Na verdade, você é todo lindo. É um apena que eu tenha que fazer isso com uma criatura tão perfeita, mas a vida não é justa. – ela sorriu mostrando as presas afiadas.

– Não mesmo. – falei meio sufocado desistindo das minhas mãos e movendo as minhas pernas conseguindo bater as duas na sua barriga a afastando de mim.

Forcei minha respiração a voltar ao normal. Ouvi um rugido arranhar da garganta de um dos dois. Agora tanto o Jonny quanto a Maria se mantinham agachados, na posição de ataque.

Vasculhei o chão a procura da lapide e parece que não tinha nada pelo menos por ali.

O barulho deles se chocando fez meus tímpanos arranharem e decidi agi. Fechei as mãos e senti as raízes das árvores se movem em baixo da terra até surgirem saindo do chão e se fechando nos pés da ruiva. Fiz um movimento com meus baços para trás e as raízes fizeram o mesmo puxando-a até bater numa pedra.

Me movimentei até parar na frente da Maria. Coloquei o pé no seu pescoço impossibitando que ela saísse.

– Cadê a lapide? – perguntei enquanto ela forçava os braços tentando tirar o meu pé

– Bem guardado eu te garanto. – falou entrecortada.

– Idiota! – apertei mais o meu pé a fazendo ficar sem ar.

Fui pego de surpresa quando o seu pé deslizou batendo na minha perna livre fazendo meu corpo desequilibrar e assim me fazendo cair.

– A lapide é nossa Felipe. - ela falou ficando em cima de mim segurando os meus pulsos com força na terra. - Sempre quis ver um dominador morrer por uma mordida.

Foi tão rápido que só consegui acompanhar com os olhos. Primeiro suas presas surgiram, seu rosto ficar a centímetros do meu e senti seus dentes arranharem a pele do meu pescoço. Um gemido saiu da sua garganta e depois o peso do seu corpo cair em cima de mim fazendo o cheiro doce se espalhar pelo ar.

Olhei confuso para cima na minha frente e o Jonny sorria com malicia deixando alguma coisa cair nos seus pés mostrando as mãos sujas de sangue.

– Sabe como se diz. – falou puxando os cabelos vermelhos da Maria a tirando de cima de mim. Olhei para ela que caiu do meu lado e lá estava o buraco no seu peito.

– Um projeto mal feito. – ele continuo estendendo a mão para mim. – Não tem conserto de mestre que funcione.


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Notas finais do capítulo

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