Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 20
Feitiço mal intensionado


Notas iniciais do capítulo

Boa Dia/ Boa tarde/ Boa noite!
Feliz Natal povo!! Como foi a ceia?? A minha foi ótima, comi muitooo e tive um bom tempo com a família :)
Bom... Já vou desejar um Happy New Year pra vocês, porque já está chegando neah! hihi Tudo de bom e que 2014 seja melhor que 2013. haha
Espero que gostem do capítulo de hoje. Um enorme beijo e leiam as notas finais please.
Feliz ano novo!
Boa leitura!



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Meus pés pareciam pesados demais, até o som deles batendo no asfalto era incomodo. A minha cabeça girava e girava sem rumo, na verdade não sei nem para onde estou indo. Apenas escuto os sons a minha volta, tudo parecendo alto demais, estranho demais e até desnecessário.

A minha visão está estranha e é como se uma neblina dificultasse ainda mais. Os murmúrios iam de “Olha por onde anda!”, “Os ataques voltaram.”, “Disseram que foi com tesouras.”, “Isso nas mãos dela é sangue?”.

Não sei o que fiz, só que quando dei por mim estava numa rua mais vazia e pacata. Meu corpo se arrastava pela rua, lentamente enquanto senti as gotas frias começarem a cair fazendo meu corpo se arrepiar.

Não demorou muito para a chuva fria aumentar grudando meus cabelos no rosto e ensopando minhas roupas. Isso não é significativo quanto a dor aguda que começou a se formar dentro do meu peito, a dor do arrependimento. Só agora minha mente foi processar que eu...

– Matei eles. – sussurrei para mim mesma.

Cobri a boca com as mãos não querendo repetir isso. Não sou forte o bastante para admitir que estou ficando louca. O motivo? Eu não sei. Efeitos da conexão? Pode ser, ou... é so a minha mente ficando louca depois do acidente, até porque desde que sai daquele hospital eu nunca fui totalmente eu e acho que nem vou ser mais.

Fechei os olhos parando no meu da rua. As poucas pessoas que estava ali tinham sumido devido à chuva. E os carros... acho que nunca passam por aqui.

Senti as lagrimas quentes descerem em meio a água fria que escorria pelo meu rosto. Tudo é tão estranho, tão errado. O que vou dizer aos outros? Que surtei. O que vou dizer ao Felipe? Me lembrar dele, na noite anterior, só fez a dor ficar maior. Ele não merece nada disso, não merece essa atitude ridícula minha.

– Bia! – ouvi ao longe.

Tirei o cabelo do rosto e apertei os olhos em meio a chuva para tentar ver a silhueta que se movia na minha direção.

– Bia! – era ele.

Suspirei sentindo a dor se aprofundar mais. E as lagrimas descerem junto.

– Felipe... – só consegui sussurrar isso antes dele me envolver num abraço.

Não segurei e deixei o choro sair descontrolado. Mesmo totalmente molhado lá estava o seu aroma de menta invadindo minhas narinas. Ela passou a mão no meu cabelo tentando me acalmar.

Ele se separou de mim segurando meu rosto entre as mãos e me olhou profundamente esperando alguma coisa.

– Eu matei eles... – falei entre soluços. – Eu acho que estou ficando maluca, eu não sei mais... eu não consigo Felipe... me desculpa... eu...

– Shi, shi! – ele me apertou de novo. – Tudo bem! Vai ficar tudo bem!

– Não vai. Não tem nada bem. – me afastei passando as mãos no rosto. – Não....

Gemi colocando a mão direita no peito. A dor que eu tinha me esquecido voltou me tomando. Tentei respirar, mas a dor estava me sufocando. Cedi caindo de joelhos.

– Bia o que foi? – o Felipe já estava agachado na minha frente tentando me segurar. – Bia?

Gemi mais alto fazendo meu corpo se contorcer. Me dobrei ouvindo um rugido baixo sair da minha garganta. A dor era... insuportável.

– Bia? Bia? – o Felipe parecia desesperado.

Mordi o lábio contendo um grito. Deixei meu corpo de joelhos de novo e senti ele estremecer.

– O que está acontecendo? – a voz do Felipe foi ficando mais longe conforme a dor possuía minha mente.

Meus dedos se torciam de uma maneira dolorosa. Levei as mãos no cabelo e olhei para o céu sentindo meus olhos mudarem, sim mudarem. Do mesmo jeito de quando eu tinha meus... poderes.

– Bianca? – a voz do Felipe era um sussurro.

Era como uma espada atravessando meu corpo, queimando.

Apertei mais as mãos na minha cabeça e não pude conter o grito que escapou dos meus lábios, não um grito qualquer. O grito que eu não conseguia ouvir nada mais além dele.

Tudo escureceu e se foi.

***

Felipe

Ela se contorcia como se a dor fosse demais para ela. Claro que era.

Ouvi exatamente o momento de algo se querendo, me aproximei enquanto ela parecia não ver mais nada. Seus olhos mudaram rapidamente. O castanho sendo substituído por um leve verde-água com o que me parecia ser o gelo.

– Bia? – tentei de novo sentindo o desespero me preencher.

Mas não consegui mais pensar quando ela abriu a boca e gritou. Com todas as forças. Senti meus tímpanos tremerem como uma agulha me perfurando, centenas de agulhas na verdade.

O grito era estridente demais, alto demais, forte demais. Levei as mãos tampando os ouvidos, pressionei com toda a força. Era como se minha alma estives sendo rasgada. Gemi caindo no asfalto molhado.

A minha cabeça parecia que ia explodir. Esse grito não era normal.

– Bia... – tentei, mas era insuportável.

Já não estava aguentando mais quando o silencio reinou. Suspirei aliviado e tirei as mãos dos ouvidos e me sentei devagar ainda sentindo tudo girar.

– Mais que droga! – me arrastei para perto dela.

– Bia? – virei seu rosto.

A chuva cai mais fina agora em cima de nós. Cheguei mais perto deitando minha cabeça no seu peito para ter certeza de que ela ainda estava viva. Suspirei aliviado ao ouvir seu coração batendo frenético.

Puxei seu corpo colocando sua cabeça no meu colo.

– Vamos resolver tudo B! Nós vamos.

***

Rick

Deixei o peso do meu corpo vencer e cai de joelhos no asfalto molhado, deixando o guarda-chuva cair e a chuva ter a oportunidade de molhar.

Pressionei as mãos nos ouvidos tentando abafar o som estridente que vinha ao longe e mais perto do que deveria. O mesmo grito evasivo que ouvi da Bia no dia do feitiço de conexão dela e do Felipe. Estava me atravessando, o som. Como se quisesse me deixar inteiramente surdo.

Por sorte acabou. Somente o barulho dos pingos fortes da chuva no asfalto. Agradeci mentalmente por isso e fiquei de pé novamente ainda sentindo minhas pernas bambas. E a chuva continuava fazendo meu cabelo pingar rapidamente.

– Muito promissor! – resmunguei e peguei a droga de guarda-chuva que estava caído quase sendo arrastado pelo vento frio que batia.

Minha mente palpitou e finalmente me dei conta do que aquele grito significava: aviso. Apresei o passo, ou melhor, comecei a correr pela chuva. Parei em frente as escadas e me curvei colocando as mãos no joelho para recuperar o folego. Eu sempre fico mais... fraco com chuvas, sim, essa é minha fraqueza. Quando eu me molho, até fisicamente isso muda.

A porta se abriu me dando um susto e quase tropecei me desabando das escadas. Olhei balançando a cabeça e a Claire me olhava de braços cruzados com uma expressão preocupada no rosto pálido.

Os cabelos estavam presos num coque desarrumado. A blusa de mangas branca e a calça jeans estavam molhadas, grudando no seu corpo, deixando suas curvas a mostra e os...

– Rick! – ela estalava os dedos na minha frente me tirando do transe.

Sacudi os cabelo e dei de ombros. Me endireitei esperando ela me dar caminho para entrar.

– O Felipe ligou. – falou desfazendo sua postura e relaxando os ombros.

– O que está acontecendo com a Bia? – foi a única pergunta que se formou na minha mente.

– Parece que ela surtou de novo. Ele não explicou muito, parecia cansado, mas a Bia deu mais um daqueles gritos. – explicou.

– Acho que todos ouviram. – tossi.

– Tem uma coisa muita errada. O pior é que nós não sabemos o que é. – suspirou. – Alguma coisa me diz que a Liz sabe... a Liz sabe o que está havendo.

– Talvez o Jonny saiba também. – falei rapidamente.

– Por que acha que ele vai querer ajudar? Ajudar a Bia que ele mesmo tentou matar.

– Claire. – passei a mão no meu cabelo molhado. – Pelo menos nós sabemos que o Jonny é um traidor, mas e a Liz? Nem sabemos quem ela realmente é. Se é uma bruxa e original por quanto tempo, quanto ela sabe? Quanto tempo ela está aqui?

– São ótimas perguntas. Só acho que nem todas serão respondidas. – ela olhou para o chão. – O único jeito de saber é. – levantou o rosto penetrando seus olhos nos meus. – Fazendo ela falar. Do nosso jeito.

Um sorriso malicioso se formou nos lábios rosados dela. Senti meus próprios lábios se torcerem num sorriso, assim que entendi sua intenção.

– Então minha linda. – aproximei a boca do seu ouvido para sussurrar. – Vamos fazer do nosso jeito.

***

Claire

Depois de ir ao instituto e vestir roupas secas, voltei para a casa da Kate e deixei a Lucy com ela. De acordo com o plano, tenho que encontrar o Rick na cafeteria que fica perto do hospital onde a “Doutora Liz” trabalha.

Andei mais rápido ignorando os olhares, principalmente masculinos. Virei a curva logo avistando a figura conhecida escorado no banco de pedra da praça. Ele tinha trocado as roupas ensopadas e agora usava uma calça preta e uma blusa azul discreta.

Sorri assim que me aproximei e me sentei no banco. Ele se sentou do meu lado e me olhou.

– Tudo bem. – ele começou. – Inventamos que algum de nós está com infecção, ou que somos voluntários, médicos, dentistas... qualquer coisa.

– Ou... eu posso usar minha técnicas de garota. Só torça para ser um recepcionista homem.

– Como?

– Relaxa Rick. Por incrível que pareça. – fiquei de pé e ele se manteve imóvel. – Eu sei seduzir. – me inclinei ficando com o rosto colado no dele. – E sei fazer isso muito bem.

Me virei segurando o riso e andei firme em direção ao hospital. Parei na entrada e olhei diretamente para o balcão num canto ao lado de duas roletas modernas. Sentado atrás, com o cabelo penteado em gel estava um garoto que parecia ser mais novo do que eu. Sorri satisfeita e andei até lá parando em frente ao balcão. Fingi um tossido e ele pulou da cadeira me olhando.

– Oi! – ele limpou garganta e se endireitou na cadeira. – Posso ajudar?

Devia ter uns dezessete anos de perto. Tinha a pele num tom chocolate, cabelos escuros e os olhos também.

Remexi no cabelo e dei o meu melhor sorriso.

– Pode sim. – me inclinei sobre o balcão e pude ouvir a respiração dele se acelerar. – Eu e o meu amigo ali.

Olhei para a porta e o Rick andava lentamente até nós com uma expressão intacta no rosto.

– Somos muito amigos de uma medica daqui. – continuei. – Mas infelizmente soubemos que ela está muito doente, sabe?

Ele assentiu engolindo em seco.

– Nós só queríamos conversar um pouco com ela e trouxemos um presente. – coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Será que você poderia – lancei um olhar e ele ficou imóvel. – Deixar a gente ir falar com ela?

Por início ele ficou paralisando com o coração acelerado me encarando. Dei um sorriso torto e me endireitei esperando por sua resposta.

– Bom... eu... ela... – ela passou a mão na testa. – Vocês tem uma a-a-autorização?

– Mas vai ser rápido. – fiz uma expressão inocente. – Bem rápido. Nem vão perceber a gente.

– É que eu não...

– Por favor... – fiz um biquinho e ele voltou a ficar paralizado.

– Se for bem rápido eu posso...

– Muito obrigado. Você não tem ideia de como a ela vai ficar feliz. – dei um sorriso iluminado e ele deu um meio bobado.

Virei e dei uma piscadela para o Rick que revirou os olhos.

O garoto se levantou com um tipo de crachá nas mãos e apontou para fossemos para a roleta.

– Só não falem nada com ninguém. – falou passando o crachá num aparelho perto da roleta.

– Não se preocupe. Não vão saber de nada. – remexi no cabelo e ele sorriu, depois desviou os olhos.

O Rick passou primeiro e esperou impaciente a minha vez. Acenei para o garoto e segui ao lado do Rick.

– Isso é maldade. – comentou enquanto virávamos o corredor.

– Não meu amor. – puxei meus cabelos os prendendo num coque. – Isso é habilidade natural.

O Rick deu uma risadinha e me puxou pela mão assim que avistou a loira parada em frente a uma porta entre aberta. Ela estava conversando com alguém e assim que terminou, sorriu e acenou indo em direção a outra sala.

O Rick vasculhou o corredor para certificar de que estava mesmo vazio e voltou a me puxar pela mão até a Liz. Ele me soltou e segurou-a por trás tampando sua boca com uma mão e segurando seus braços com a outra.

Ela se debateu sem sucesso e eu guie o Rick até uma sala no fim do corredor onde estava escrito com letras discretas e pretas: SALA DE VACINAS. As luzes da sala estavam apagadas e parecia que iam funcionar só mais tarde. Foi provado isso assim que tudo ficou iluminado e um cartaz de cartolina amarela que estava pregado ao lado da porta dizia: horário de funcionamento, a partir das 14 horas.

A sala era pequena de paredes brancas e com o teto num azul bem claro. Tinha uma mesa de madeira com alguns papéis e documentos, uma janela pequena que dava para o estacionamento. Um vaso com uma planta de folhas grandes e quatro cadeiras incluindo a que ficava perto da mesa.

A porta era branca e com um vidro como uma janelinha em cima. Um vidro azul que pelo lado de fora não dava para ver o que acontecia aqui dentro.

O Rick arrastou a Liz para dentro e a colocou numa cadeira, tirou do bolso de traz uma corda fina e bege. Puxou os braços da loira para trás da cadeira e amarrou seus pulsos impossibilitando que ela saísse.

Tranquei a porta e dei um sorrisinho para a medica.

– O que vocês pensam que estão fazendo? – ela perguntou se remexendo tentando se soltar.

Olhei para o Rick parado do meu lado e vi a pele da sua mão direita ganhar uma cor mais avermelhada, até um fio de fogo surgir na palma da sua mão e ir crescendo até tomar a forma de um taco de beisebol.

A Liz olhava em silencio esperando nossa resposta. O Rick bateu o seu taco de fogo na outra mão e sorriu.

– Sabe Doutora Liz. – ele falou se aproximando dela. – Está mais que não hora de termos uma conversinha.

***

Felipe

Olhei para o relógio mais uma vez: 13:21. Ainda tenho tempo para pensar em uma solução. Minha cabeça não para de doer, depois de tanto tempo sem dores de cabeça, essa parece que vai me matar.

– Ela ainda está inconsciente. Deve acordar a tarde. – a Kate falou descendo as escadas.

– Ela estava sentindo muita dor mesmo. – minha voz saiu baixa e estranha.

– Você está bem? – ela me entregou um copo com alguma bebida e se sentou do meu lado.

– Não. – dei um longo suspiro antes de tomar o primeiro gole e sentir minha garganta esquentar pedindo mais.

– Nem eu.

A encarei sem pensar em nada para falar. Ela apenas deu de ombros e suspirou.

– Vocês tem conversado? – eu sabia que ela estava falando de mim e da Bia.

– Não. Sabe Kate, eu e a Bia ultimamente não nos comunicamos direito. Eu não sei o que perguntar e nem o que falar.

– Lipe, ela está passando por um momento difícil. Você faz parte disso e quando digo, não quero dizer que a culpa é sua como está pensando. – ela se levantou e passou pela sala como um raio. Numa fração de segundo parando na minha frente de novo e enchendo meu copo. – E sim que vocês estão juntos e ela... espera algo de você.

– Tai uma coisa que nunca entendo nas mulheres. – bebi metade do vinho do copo. – Estão sempre esperando alguma, mas nunca falam o que é. Não dá pra adivinhar.

– Lipe. – ela se aproximou mais segurando minha mão livre. – Você não pode ficar assim. Suas emoções estão loucas. Eu não consigo entender o que você está sentindo. Tem que se acalmar.

– Eu não consigo Kate. Tá tudo girando e minha mente não organiza mais nada. De um lado é esse negócio da lapide, outro o Vicente, a FEM, a Bia. Eu não sei por onde começar.

– Fala com ela anjo. Pergunta o que ela está sentindo. Quem sabe assim você não descobre o que ela quer de você e o que ela precisa.

– Eu prometo que vou tentar. De novo. – sorri.

– Talvez ela só precise de você por perto, ou... – ela se aproximou do meu ouvido. – Do seu sexo louco.

– Kate. – me afastei fazendo uma careta.

Ela começou a rir, um gargalhar gracioso e contagiante.

– Estou brincando seu bobo. – sorriu.

Revirei os olhos e estendi meu copo para ela enche-lo de novo.

– Mas fala com ela sim. O bom namorado está sempre disposto a insistir. – falou estendo seu copo num brinde.

– Não sou o melhor, mas é sempre bom tentar.

Ela assentiu sorrindo. Ficamos por um tempo em silencio.

– Foi ela não foi? – ficou seria de repente.

– O que?

Ela não respondeu, apenas se levantou, pegou um controle branco e ligou a TV que antes ficava na cozinha e agora veio parar no canto da sala numa mesa de madeira pequena e redonda.

Ela pulou alguns canais e parou em um de noticiário. Aumentou o volume um pouco e ficou em silencio. Focalizei as imagens rápidas e uma repórter de cabelos repicados e curtos falando rapidamente com o microfone encostando na boca de batom vermelho.

“O crime aconteceu pela manhã numa loja movimentada do centro. De acordo com os policias a dona do estabelecimento não tinha indícios criminais e nem inimigos. As armas usadas foram tesouras que tinham a função de desempacotar as mercadorias.”

“À polícia acha que pode ser um roubo que infelizmente não terminou bem. Mas de acordo com a polícia encarregada dos sobre-humanos, o criminoso já estava sendo procurado. As evidencias da cena do crime só prova que o assassino não é comum.”

“E para o desespero da cidade, ele continua solto por ai!”

Virei de olhos arregalados para a Kate que me encarou com atenção.

– Meu deus! – levantei deixando o copo na mesa de centro. – Ela falou alguma coisa, que matou eles. E agora Kate? A FEM vai vir. Vai vir atrás dela e encontrar todos nós.

Comecei a andar de um lado para o outro.

– Felipe. – a Kate parou na minha frente segurando meu braços. – Tira ela da cidade.

– O que? – olhei confuso.

– Tem uma casa fora da visão da FEM. Vocês podem ficar lá. Foi quando eu cheguei aqui e era uma vampira maluca por sangue. – ela levantou o olhar me fitando. – Vocês vão ficar bem.

Olhei dentro dos seus olhos cor de mel e fiquei mudo.

– É melhor do que nos acharem aqui e.... acharem o instituto. – suspirou. – Eles vão querer se vingar, pelos três agentes.

Assenti lentamente fazendo minha mente funcionar.

– E vocês? Não posso simplesmente sair e deixar tudo aqui.

– Ela precisa mais de você do que nós. – ele esticou a mão acariciando minha bochecha. – Podemos nos virar.

***

Rick

O som das unhas da Claire batendo na mesa era irreverentemente irritante. Mas tenho que concordar que as respostas vagas da Liz também está me deixando seu paciência.

– Vamos tentar de novo doutora. Uma pergunta nova. – falei em voz baixa me aproximando da cadeira. – Quantos anos você tem?

A Claire parou subitamente e me encarou franzindo a testa. Pela primeira vez, a Liz mudou sua expressão, agora parecendo surpresa.

– Por que isso interessa? – a Liz respondeu ríspida.

– Quantos? – aproximei minha mão direita que estava brilhando com a chama avermelhada.

– Trinta e Um. – resmungou.

– E há quanto tempo diz ter isso?

– O que?

– Quanto anos você realmente tem Liz? Fala que eu estou perdendo a paciência.

– Já que faz tanta questão. – soltou um longo suspirou. – Oitocentos e Sessenta e Nove.

– Uau! Você é mais que uma velha. – dei um sorriso e ela fechou a cara.

– Ótimo. – a Claire se levantou da cadeira e parou na frente da Liz. – E a quanto tempo está tentando matar os dominadores? Ou será que é só conosco?

– Acha que estou tentando alguma coisa contra vocês? Foi o jonny que disse isso? – agora sim a loira parecia surpresa.

– Não foi difícil de adivinhar Liz. – a Claire sorriu. – Sou mais esperta do que aparento. Agora responde.

Os olhos azuis da Liz voaram da Claire até mim e depois de volta a Claire. Acho que finalmente a pegamos.

– Quer mesmo saber?

Revirei os olhos e a Claire assentiu impaciente. Vi um sorriso se formar nos lábios da Liz e num instante ela se levantou da cadeira partindo a corda deixando suas mãos livres. Seus olhos mudaram rapidamente: o branco tomando conta de tudo, de todo o azul. Deixando o rosto antes delicado, agora assustador.

Só tive tempo de erguer minhas mãos por instinto, antes da luz branca me acertar e no segundo seguinte meu corpo bater na parede da sala pequena. Escorreguei caindo no chão e vi tudo girar.

– Sabe qual é o problema dos dominadores do ar e fogo? – ouvi os passos leves dela até conseguir ver seus sapatos brancos. – São intrometidos demais. E isso me irrita de uma maneira.

Olhei para o lado vendo a Claire esfregar a testa.

– Não adianta vocês tentarem. Tudo o que eu preciso já foi feito e vocês vão sentir o poder do meu feitiço agindo. – ela se agachou na nossa frente. – Está começando pela doce e inocente Bianca. Mas vai acontecer com todos. Vão enlouque um por um. Lentamente.

Vi a Liz sair do chão e logo bater na cadeira, as mãos sendo puxadas para trás como se o.... vento. Olhei para o lado vendo a Claire já de pé.

– É mesmo? – a Claire falou devagar e suas mãos estavam fechadas. – Não se o feitiço for quebrado.

***

Bianca

Ele andava rapidamente pelo quarto colocando várias peças de roupas numa bolsa preta e pequena.

– Felipe. – vi ele contornar o quarto e depois vir me puxar pela mão. – O que está fazendo?

– Vamos sair da cidade. – finalmente ele me respondeu.

– O que? Vamos pra onde? Quem devia sair da cidade sou eu, e não você. – protestei tentando lutar contra suas mãos que seguravam meu pulso me puxando pelo corredor.

– Nós vamos. – repetiu, continuando a me puxar sem esforço algum.

– Pra onde? – tentei ir para o lado contrário sem sucesso.

Ele me ignorou e agora me arrastava pelas escadas. Tentei ao máximo não tropeçar e despencar dali levando ele junto.

– Me responde. – falei segurando com a mão livre na parede da esquina nos fazendo parar bruscamente.

Ele se virou e vi que estava zangado. Estreitou os olhos e soltou meu pulso que já estava vermelho e dolorido.

– A FEM está vindo Bia. Não vou deixar que levem você. – ele se aproximou de mim segurando meu rosto entre as mãos para me perfurar com seus olhos incrivelmente verdes e estonteantes. – Anda. Por favor.

Fiquei paralisada no lugar enquanto seu olhar me esmagava fazendo minha mente ficar tonta.

– Vem. – ele se afastou e estendeu a mão para mim me olhando apreensivo.

Soltei a respiração e peguei sua mão deixando ele me guiar pela rua. O céu assumia um tom alaranjado mostrando que a noite estava chegando. Só me dei conta que estávamos na casa da Kate quando ele abriu a porta e me empurrou delicadamente para dentro.

Fiquei parada na porta olhando as figuras na sala. O Rick estava sentado com a Lucy ao seu lado e os dois deram um meio sorriso para mim. A Kate estava parada na porta da cozinha com algo brilhante nas mãos. A Claire estava perto da janela segurando o braço da Liz, que por sinal não parecia muito feliz em me ver. E a Caroline estava sentada no sofá com expressão cansada.

– O que houve? – o Felipe perguntou. – Isso tudo é para não deixar o Vicente sair?

– Não vai ser mais preciso impedi-lo. – o Jonny saiu de repente vindo da cozinha arrastando duas correntes que iam direto nas mãos do Vicente.

– O que está acontecendo? – o Felipe voltou a perguntar.

– A doutora Liz tem que fazer uma confissão Lipezinho. – o Rick falou dando um sorriso torto.

Eu e o Felipe olhamos a Liz, enquanto a Claire a empurrava para perto de nós.

– Faz. – a Claire mandou assim que ficaram na minha frente.

Olhei confusa para o Felipe e depois a Claire que sorriu como se dissesse: “vai ficar tudo bem”.

A Liz suspirou e a Claire soltou seu braço a empurrando para mais perto de mim. A Kate num segundo atravessou a sala e entregou a Liz o objeto brilhante que ela estava nas mãos: uma faca comprida e afiada.

– O que está fazendo? – perguntei confusa.

– É para o seu bem Bia. – a Kate falo, e em seguida puxou os meus pulsos os virando para cima na direção da Liz. – Vai.

– O que está fazendo Kate? – o Felipe parecia aflito do meu lado.

Olhei para ele que estava esticando a mão na minha direção. Nem vi o Rick se levantar, mas ele já estava ao lado do Felipe e também segurou os pulsos dele os virando para cima colocando perto dos meus.

– Rick o que está havendo? – perguntei tentando me soltar do aperto de aço da Kate.

A Claire esticou uma das mãos também mostrando os pulsos. A Liz respirou fundo e num movimento rápido passou a faca no pulso da Claire fazendo o liquido vermelho brotar da sua pele clara. Ela não esperou e fez o mesmo no Felipe que se contorcia. O sangue pingava lentamente no chão. O Rick soltou o Felipe e esticou a mão. Mais um corte e mais sangue.

A Kate ainda me apertava quando a Liz aproximou a faca ainda dando um sorriso malicioso antes de colocar a ponta afiada e passar com força fazendo a dor vir.

– Não. – sussurrei sentindo meu corpo ficar fraco.

– Donum caede reducit et statera. Ponit omnia in locum suum, et confringet alica intensionado malum. –a Liz falou rapidamente fechando os olhos. - Educam veni, rediit.

Começou a reptir isso sem parar como um disco arranhado. Mas isso causou efeito. Alguma coisa dentro de mim começou a pulsar, esfriando, querendo sair. A dor daquela tarde estava de volta, mas ainda pior. Eu pensei que não fosse possível, mas era.

Fechei os olhos ouvindo os rugidos saírem da minha garganta.

– Nunquam separata quasi coalescerent. – ouvi a Liz começar a repetir isso.

Minha respiração, não sei onde encontra-la e nem a minha visão, apenas ouço. Senti meu corpo cair e a dor foi nos joelhos. O cheiro de sangue estava me sufocando. Vozes a minha volta não me deixaram ouvir mais nada. A dor dominou tudo, todo o meu corpo, todo o meu ser. Senti a garganta queimar e o grito sair. O grito de dor.


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Notas finais do capítulo

Gente semana que vem não vou postar, porque vou viajar amanha e não vai ter jeito. Espero que na outra semana eu consiga.
Obrigado e beijocas.



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