Amor Além Da Vida escrita por Isabelle Masen


Capítulo 8
Parte VIII


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Desculpem a demora, mas aí está!

— Obrigada Jennifer Freire, camila almeida e Danila pelos reviews do cap passado! Esse capítulo é inteiramente de vocês!



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(...) --- Bella? – chamei quando abri novamente a porta do quarto com uma caixa de pizza na mão.



–-- Aqui – ela acenou e pude vê-la no banheiro de costas pra mim, nua enquanto colocava uma blusa minha. Engoli em seco e, sem parar de olhá-la, coloquei lentamente a caixa na cômoda.




Ela virou a cabeça pelos ombros e, ao notar que eu quase a comia com os olhos, riu. Bufei e mexi nervosamente nos cabelos.




Andou rebolando em minha direção, propositalmente. Ficou na ponta dos pés e me deu um beijo no canto da boca, pra logo pular na cama.





–-- Qual é o sabor? – perguntou abrindo a tampa de papelão e sorriu quando viu que a pizza de calabresa estava fatiada em “BELLA”.





–-- Legal, né? – perguntei sentando ao seu lado. Ela virou o rosto pra me encarar e sorriu.





–-- Que maneiro! Uma pizza com o meu nome!





–-- Deu muito trabalho para fazer isso, sabia? – perguntei fazendo pose de cansado. Ela olhou pra minhas mãos.





–-- Você não fez isso – me empurrou de leve.





–-- Não, mas eu paguei pro garçom com tanto carinho... – falei e ela riu, pegando o B com um guardanapo e começou a degustar. Fui até o frigobar e tirei de lá uma latinha de coca cola e dois copos. Partilhei o refrigerante com ela e peguei o L.





–-- Esses havaianos são tão criativos – ela comentou revirando os olhos.





–-- Não acho. Eu sei fazer uma pizza assim – dei de ombros e ela semicerrou os olhos – sério, eu já escrevi “Mamãe” com ovos e bacon – ela riu.





–-- Eu já fiz uma coisa parecida – disse e deu um gole na coca – uma borboleta com uma maçã.





–-- Um teclado de computador com uma barra de chocolate – falei e ela riu. Dei uma dentada na pizza.





–-- Meu próprio rosto em uma espiga de milho – piscou pra mim – supera essa, eu duvido! – falou mordendo mais um pedaço do B.





–-- O rosto da minha mãe com alfaces – falei e ela abriu um O na boca.





–-- Não acredito nisso.





–-- Vou te mostrar quando formos pra casa – pisquei e ela engoliu em seco.





–-- Você deveria fazer um curso de arte comestível – falou limpando a boca e pegando um outro L.





Tirei só mais um pedaço do L e larguei o resto no papelão. Ela me olhou incrédula.





–-- Não gostou?





–-- Estou sem fome – sorri amarelo.





–-- E se eu te der na boca? – piscou e eu ri.





–-- Sabe, não quero me gabar, mas eu sou muito bom em desenhos – admiti mudando de assunto rapidamente. Ela franziu o cenho e mastigou com um sorriso desafiador.





–-- Desenha com modelos ao vivo?





–-- Desenho o que eu quiser.





–-- Então faça um desenho meu – disse e riu – quero só ver.





–-- Estou sentindo o cheiro de uma aposta – falei com um sorriso de canto.




–-- Deixa eu pensar... Se você conseguir me desenhar, eu vou ser sua escrava por duas horas. E se você não conseguir, vai ser meu escravo por duas horas.




–-- Fechado – apertamos nossas mãos e ela continuou devorando as pizzas enquanto eu preparava uma folha limpa da lista telefônica da pousada e uma caneta preta. Encostei as costas na parede e fui descendo até ficar sentado no chão enquanto começava a rabiscar Bella.





Imaginei-nos na lua de mel, em algum lugar exótico e afastado da pacata cidade de Forks, como um mundo só nosso. Fiz a linha de sua cintura de lado, sombreei todos os detalhes com o dedo enquanto a observava comer e passar os canais da TV. Depois passei para o rosto e destaquei cada detalhe; seus lábios sempre entreabertos, os olhos intensamente fechados, seu nariz arrebitado e suas mãos pequenas fechadas em punho em meu pescoço. Censurei seu traseiro com riscos pretos, como se estivéssemos no mar. Me desenhar não foi muito fácil, já que meu cabelo tem quase três tons de cobre, castanho avermelhado e marrom. Mas consegui deixa-lo o mais perto possível do original. Fiz minhas mão em volta de sua cintura e costas, e meu rosto bem próximo ao seu.





Quando terminei, por fim, assinei meu nome como se fosse um artista prestigiado. Levantei e caminhei até Bella na cama, mas notei que ela dormia de braços abertos e a cabeça totalmente virada pro lado. Ri notando que ainda tinha alguns resquícios de pizza em sua mão direita.





Fechei o papelão com a última letra de seu nome e deixei-o em cima da cômoda. Endireitei Bella na cama e coloquei sua cabeça corretamente no travesseiro, para evitar um torcicolo pela manhã. Deitei ao seu lado e desliguei a TV e a luz do quarto, cobrindo-a até as costas. Seu rosto angelical ressonava tranquilamente, como uma gatinha.





Depositei um beijo doce no alto de sua cabeça e a abracei por trás, mergulhando em um mundo de sonhos.





(...)





6 Dias para Bella – 0 Dias para Edward





Hora do óbito: 23h






9h30min






Tudo já estava arrumado e faltava apenas o pagamento e a devolução das chaves do quarto. Foi meio difícil conseguir um café da manhã à tempo do prazo do Open Bar acabar. Eu precisei pagar uma taxa extra de trinta reais, porque a cozinheira demorou quase oito minutos pra preparar um suco natural.





Bella fora se despedir de Alice há quase doze minutos, e estou quase pensando em chamar os bombeiros atrás dela.





Enquanto carregava uma única mala pequena, mais ou menos na altura do meu pé à minha panturrilha e um violão nas costas, olhei o local exótico e pude escutar as águas salgadas colidindo contra algumas poucas rochas no mar. A sensação era aprazível. Fechei os olhos e fiquei feliz ao saber quie eu poderia voltar a este lugar. Quem sabe a lua de mel não poderá ser aqui? Hoje eu estaria curado e livre; eu renasceria, seria um novo homem.





A vida pode ser bastante engraçada. Um dia estamos morrendo, no outro renascendo, mutuamente. Você passa a vida toda pensando que tido é um mar de rosas sem saber que as raízes dos caules carregam espinhos. Existem dois tipos de fracos: aqueles que não lutam porque não enxergam a luz e aqueles fracos que não tem motivos pra lutar. Todos nós precisamos ter ambições na vida, desde as mais simples, como riqueza material até a riqueza vital (o meu caso).





Minha ambição é Bella. Minha ambição, obsessão, razão, preocupação, motivação. É dela que eu preciso, é dela que eu tiro forças pra lutar, é dela a energia que eu tenho pra continuar, é dela que eu sou. Ela é minha, e eu sou dela, Bella e Edward, Edward e Bella, nós, aqueles, eles, a batida, a música, a rima, o poema, a carta, o remetente. Assim eu sou pra ela, assim ela é pra mim. Ela me completa, ela é perfeita. Tão minha que até me sinto egoísta por deseja-la tanto.





Abri os olhos e sorri quando ouvi seus passos se aproximando de mim.





–-- Pronto? – ela me deu um sorriso e abraçou minha cintura. Encostei o queixo em sua cabeça e a envolvi com o braço livre.





–-- É difícil ir embora – admiti e ela riu de leve.





–-- É, mas podemos voltar nas próximas férias – ela disse quando se afastou de mim, e então notei sua expressão meio confusa.





–-- O que foi? – perguntei e ela balançou a cabeça negativamente.





–-- A Alice me disse umas coisas... Nada demais. Enfim, vamos ou eu vou acabar me agarrando em um nesses coqueiros, e não vai ser nada fácil pra você me tirar – disse e eu ri, passando um braço por seus ombros quando começamos a caminhar.





–-- Duvido se você iria ficar aqui sozinha.





–-- Eu ficaria, mas a Alice me caçaria em todos os lugares. Ela queria me empurrar um vestido rosa cheio de brilhantes – ri.





–-- Ela está com o Nic?





–-- Sim, mas não acho que vá durar muito tempo. Ela está falando até em ter filhos com ele – não resisti e gargalhei, assim como ela.





–-- Devíamos apresentar ela pra algum amigo seu.





–-- Pro Emmett, ele é engraçado.





–-- O Emmett não, seria estranho – fiz uma careta e ela riu. --- Deixa eu pensar... O Jasper – eu ri.





–-- Por quê o Jasper? Ele é muito conciso.





–-- A Alice gosta de conversar, o Jasper daria um bom ouvinte.





–-- É verdade – pensei e quando me dei conta já estávamos próximos ao Ferry Boat.





Para nossa sorte ele estava vazio, então fizemos o pagamento e entramos, nos acomodando calmamente em nossas poltronas na frente, no local próximo à TV, que passava um programa qualquer.





Bella encostou a cabeça em meu ombro enquanto dava adeus aos mares agitados do Havaí. O pélago estava agitado com a pressão do motor do barco contra as águas, criando uma trilha temporária na parte superior. Pude até ver um golfinho nadando ao lado.





–-- Está com sono? – sussurrei pra Bella, que balançou a cabeça negativamente.





–-- Não, só um pouco cansada. Acha que voltaremos algum dia? – perguntou e eu sorri, afagando seus cabelos.





–-- Claro que sim. Muitas vezes.





–-- Eu estou parecendo um camarão – disse se referindo à sua pele e eu ri.





–-- Não, está mais branca do que eu. Você não consegue escurecer – falei.





–-- Infelizmente. Cara, eu não quero ficar entediada à viagem toda.





–-- Ontem você dormiu enquanto comia – falei segurando o riso e ela suspirou.





–-- Você conseguiu desenhar?





–-- Claro, eu sou um artista! – falei parecendo ofendido e ela levantou a cabeça pra me encarar. Tirei do bolso o papel com o nosso desenho e ela sorriu, ansiosa enquanto o desdobrava.





Sorri levemente e senti meu celular vibrar. Fiz um gesto avisando que já voltaria e ela assentiu.






Levantei da minha poltrona e andei até a parte de fora do ferry boat, observando o mar à minha volta.







–-- Pai?







–-- Edward! Como está, filho?






–-- Bem, eu acho. Tem dois dias que não sinto nada, é estranho. Como se só de eu saber que ficaria bem eu já estivesse curado – falei coçando a nuca.






–-- É assim mesmo, você não deve sentir nada além de uma dor de cabeça uma vez ou outra.






–-- Como assim? É normal? – franzi o cenho.






–-- Sim, é como levar um tiro. Se doer é bom, se não doer é porque você irá morrer. Mas como os seus glóbulos brancos não sabem que você tomará uma vacina, você não sente dor nenhuma.






–-- Entendi. E a mamãe?





–-- Está felicíssima. Não só salvaremos você, como também descobrimos o soro de cura para a leucemia! – disse feliz. Sorri mostrando os dentes, apoiando os braços no parapeito.





–-- Há, eu sabia que meus pais eram inteligentes – e comecei a rir.





–-- Muito engraçado. E como vai a Bella?





–-- Ah, ela está bem.





–-- Charlie liga pra cá de dez em dez minutos perguntando porque ela não ligou pra ele.






–-- Pai, eu tenho uma novidade – falei ansioso.






–-- O que?





–-- Eu pedi a Bella em casamento! – falei com um sorriso de orelha a orelha, quase gritando. Uma mulher que vomitava incessantemente tirou a cabeça do saco plástico pra me fitar.





–-- Edward... Eu não sei o que dizer. Quer dizer, você tem só 18 anos e...





–-- Eu amo ela, pai.





–-- Eu sei filho, mas vocês ainda tem muita coisa pela frente, não acham que deviam esperar a formatura ou a faculdade? – perguntou mudando seu tom brincalhão pra um mais sério. Minha expressão se fechou.





–-- Pensei que gostasse dela.





–-- Filho, não se trata de Bella, mas sim de seu futuro. Eu sei que você tem um futuro brilhante, sei que você vai se tornar um... – desliguei o telefone e o apertei entre os dedos de olhos fechados. A raiva me possuindo.





–-- Edward? – ouvi a voz de Bella e sorri, me virando e a encarei. Ela estava há alguns passos de mim, na soleira da entrada para as poltronas. Ela timidamente me mostrou um sorriso. Chamei-a com o dedo indicador e assim ela veio, e a abracei, colocando o queixo em sua testa.





Fechei os olhos e tentei esquecer as palavras de meu pai. Não queria me estressar hoje.





–-- Bem, eu... Eu vi o desenho, e se quer saber é muito pervertido – ela murmurou e eu ri fraco, aspirando o doce aroma de seus cabelos, sentindo, milagrosamente, a maré de raiva passar como um vácuo.





–-- Como pode ser pervertido se eu censurei nossas partes íntimas? – perguntei ainda de olhos fechados com um meio sorriso.






–-- Você é um pervertido. Mas até que desenha bem – admitiu e eu ri, abrindo os olhos e me afastando um pouco para fita-la.






Ela tinha um sorriso tímido no rosto, visto que algumas pessoas nos olhavam com curiosidade. Mas depois notei que sua expressão era um pouco cólera por causa de uma loira que me encarava descaradamente.





–-- Sabe, eu descobri uma maneira de nos distrairmos até chegarmos ao cais – falou brincando com o botão de minha blusa com o dedo indicador.





–-- E qual seria? – perguntei erguendo uma sobrancelha, os olhos fixos em sua boca entreaberta. Juro que se não tivesse ninguém olhando, a jogaria contra a parede e a agarraria aqui mesmo.





Ela parou de olhar pro botão de minha blusa e olhou para uma porta marrom que estava além das poltronas, e reconheci que era o banheiro. Olhei pra ela novamente e ela tinha um sorriso malicioso, e não pude evitar o meu. Sem hesitar, peguei a mão de Bella e a puxei até o banheiro, ignorando os olhares curiosos que caíram como uma luva sobre nós. Só com o pensamento de transar com Bella dentro do ferry boat em movimento já me deixou excitado.






Parei em frente à porta do banheiro e a abri, mas quando enfiei minha cara dentro do local me deparei com um garoto de pelo menos 15 anos, obeso e com cachos cor chocolate, com as bochechas vermelhas e suadas pela força que fazia.






–-- Feche seu idiota! – ele gritou irritado e fiz uma careta, sentindo o cheiro fétido que emanava de lá. Fechei bruscamente a porta e Bella prendia o riso.





Abri novamente a porta depois de cinco segundos.






–-- A tranca do banheiro é pra ser usada, garoto! – falei e fechei novamente a porta.







–-- Eu tenho claustrofobia! – ele rebateu e eu ignorei, cruzando os braços em frente ao peito e bufando alto. Bella não aguentou e riu de meu estado.






–-- Tá rindo né? – falei com um meio sorriso, ainda irritado. Dei um passo e puxei sua cintura contra mim, fazendo ela arfar com o contato - Pois você será castigada por isso – sussurrei em sua orelha e mordi o lóbulo em seguida.





Me afastei e ri quando vi ela corar violentamente.






A porta do banheiro se abriu e o garoto passou reto. Sem esperar, Bella deu um passo largo pra dentro do minúsculo banheiro, comigo atrás, mas estacamos e nossas expressões empolgadas se transformaram em uma careta de nojo e enjôo.






–-- Eca – ela disse e eu repeti, saindo daquele banheiro fedorento.





–-- Respira pela boca – ela assentiu pra mim sem desmanchar a careta. Sorri malicioso tocando seu braço.





–-- Ela vai estar ocupada – falei e a puxei, ouvindo sua risada.






Bati a porta do banheiro e rimos, quando colei meus lábios ao dela enquanto ela passava os braços por minha nuca, me encostando na parede. Minhas mãos foram para sua cintura, apertando e massageando o local até descer aos seus quadris e logo a sua coxa. Bella arfava entre o beijo voraz.






Paramos de nos beijar quando o ar nos faltou, mas em uma fração de segundos beijei seu pescoço, querendo dissimular o odor do banheiro com seu cheiro inebriante. Fiz uma trilha de beijos de sua clavícula até seu colo, enquanto Bella arfava e puxava meus cabelos mais pra baixo. Quando ergui novamente a cabeça ela me empurrou contra a outra parede, mas eu, desequilibrado, enfiei o pé dentro do vaso.






–-- Que droga! – falei quando nos afastamos, seus braços ainda em mim e minhas mãos ainda em sua cintura. Ela riu, assim como eu. Sacudi o pé mas ele estava entalado dentro do vaso.







–-- Oh meu Deus, espera, vamos puxar – falou entre risos e se posicionou ficando de costas pra mim, a coluna levemente inclinada pra frente, esfregando seu traseiro em minha perna. Ofeguei e coloquei as mãos em meu joelho, tentando puxar a droga do meu pé.







–-- Um... dois... três! – contei puxei o joelho, me agachando um pouco. Um erro. Ela foi abruptamente pra trás, batendo sua cabeça em meu nariz.






–-- AAAH! – gritei de olhos fechados batendo a cabeça na parede. Ela deu uma crise de risos enquanto virava pra mim e tocava meu rosto. Não tive como não rir, apesar da imensa vontade de espirrar.





Ela pegou um papel higiênico e eu o segurei em meu nariz, gemendo um pouco pela dor.





–- Vamos tentar denovo – falei com a voz dolorosa. Ela assentiu e se posicionou em minha frente denovo. Ouvimos alguém bater na porta.





–-- Com licença, eu quero usar o banheiro! – uma voz feminina disse, mas tenho certeza que já a ouvi antes. Ela estava enraivecida.





–-- A gente já vai sair! – Bella respondeu, ainda tentando puxar meu pé.





–-- Se eu conseguisse tirar o sapato... – murmurei puxando o joelho com força, mas estava entalado.





–-- Esse é o momento mais erótico e mais engraçado da minha vida – ela disse e gargalhamos.





–-- Ok, eu tive uma ideia – falei e ela me olhou. Fiquei ereto na postura e dei espaço pra ela se encaixar atrás de mim. Ela entendeu e foi, me abraçando por trás.





–-- Um... Dois... Três! – disse e me puxou batendo seu tronco na parede em um baque audível. Ela soltou um gemido abafado, visto que eu estava a esmagando contra a parede como se ela fosse um inseto.




–-- Desculpe! Bella! – falei exasperado, puxando-a para meus braços e a abracei tateando seu rosto e seus cabelos, a procura de algum ferimento. Ela ainda estava com os olhos fechados.




–-- Tudo bem – deu um sorriso fraco quando abriu os olhos. Arfei e dei um beijo em sua testa, terrivelmente arrependido.





–-- Desculpe, é sério.





–-- Tudo bem, Edward – disse tocando em meu braço que estava em sua cintura para se afastar e me puxar em direção à porta. Uma interrogação se formou em minha cara e quando eu notei a minha perna começando a folgar compreendi.





–-- Será que dá pra sair logo deste banheiro? Isso aqui não é um motel! – a mulher estava ficando apreensiva.





–-- Ah, vai se ferrar – Bella gritou e eu ri, fazendo ela me olhar e sorrir enquanto encaixava as mãos em baixo de meus braços, se preparando pra puxar.





–-- Eu vou arrombar! Um...





–-- Agora vai dar certo! – ela disse e eu assenti.





–-- Um... – comecei a contar.





–-- Dois...





–-- Dois...





–-- Três! – a mulher gritou ao mesmo tempo que eu, e me joguei em cima de Bella com força enquanto a mesma me puxava. Acabamos batendo violentamente contra a porta, destrancando-a e dando um golpe na mulher que arrombaria a porta fazendo a mesma cambalear e ir de cara no chão.






Caí na barriga de Bella, sentindo uma dor horrorosa no pé.






–-- Conseguimos – ela disse erguendo um braço com o punho fechado em sinal de vitória. Eu ri, notando que algumas pessoas se aproximavam pra ajudar a mulher que derrubamos.





Ajudei Bella a levantar, sacudindo o pé dolorido enquanto a mesma desamassava suas roupas.





–-- Ah... Edward... – ela me chamou e eu a olhei, ela apontava para a mulher sendo carregada por um homem forte enquanto algumas pessoas estavam chocadas.





–-- Vamos antes que as pessoas nos vejam! – sussurrei e enlacei meus dedos nos seus, passando de fininho para a proa do ferry boat.





–-- O que faremos agora? – perguntei depois de alguns segundos após chegarmos lá. Mas antes que Bella respondesse, ouvimos o apito alertando que era pra pegarmos nossas malas. Suspiramos frustrados e entramos para buscar nossas coisas.





Alguns minutos depois de fazermos os procedimentos finais, fomos de encontro a minha moto. Não pude evitar o sorriso quando a vi.





–-- Sentiu saudade dela, não é? – disse Bella com um sorriso de canto.





–-- Sinceramente pensei que ela seria roubada – falei passando a mão nos cabelos. Ela riu e enlaçou seus dedos nos meus.





–-- Sério que você se preocupou com isso? – fez uma careta e eu suspirei, fazendo ela gargalhar enquanto montava na moto. Ajudei-a a colocar seu capacete e coloquei o meu.





–-- Eu acho esses capacetes tão desnecessários – disse balançando a cabeça e abraçando minha cintura.




Subi a trava da moto com o pé e girei a mão, acelerando a moto.




–-- Eles previnem acidentes, Bella.





–-- Capacetes são moleza. Sabe, eu me acho bastante forte – falou e eu ri.





–-- “Como uma flor”





–-- Há Há, muito engraçadinho sr. Cullen. Pois fique sabendo que eu ganhei um prêmio sendo escoteira quando tinha 9 anos.





–-- Bella, você é delicada como uma taça.





–-- Só com você – murmurou pra si mas pude escutar. Não pude evitar o sorriso que brotou em meus lábios.





–-- Fico feliz em saber disso... – torturei-a ouvindo ela gemer em desgosto. Ri e aumentei um pouco a velocidade da moto.





Logo pudemos avistar uma fenda entre as árvores nunca vista antes. Uni as sobrancelhas e fui relaxando aos poucos minha mão do acelerador.





Tratava-se de um espaço amplo coberto por uma grama bem aparada na altura certa e inexplicavelmente forrada por um lago liso, o qual a água era tão límpida que refletia o reflexo das nuvens do céu. Alguns casais, que ao meu ver eram turistas, faziam cooper, outros piquenique e outros ouviam música enquanto olhavam pro céu. Alguns cães de raças encafifas corriam com os donos, outras pessoas tiravam fotos e ao fundo um doce tilintar de gargalhadas de crianças. Mesmo que seja em outro idioma, a risada de uma criança é contagiante.





Parei a moto, mas ela só parou 50 segundos depois, há quatro árvores depois do lago. Estranhei, mas decidi ignorar. Chutei a trava e saí dela, ajudando Bella a sair. Ela não perguntou o por quê de eu parar, estava tão enternecida quanto eu. Seus olhos tinham um brilho quase palpável pela beleza natural do lugar. Ele era tão magnífico que duvidei ser uma foto do Instagram.





Enlacei meus dedos nos dela, sentindo as correntes elétricas percorrerem meus dedos e deixarem as pontas dos mesmos gelada. Caminhamos juntos até uns sete palmos depois do meio fio, até eu sentir um flash tapar minha visão. Bella estava com a maldita câmera na mão, fotografando todo o local. Ela deu um giro exato sem tirar o dedo do botão de tirar a foto, mas parou ao notar um único cão vira-lata com a coleira vermelha presa em uma moto. O animal estava sentado e olhava pra câmera com a cabeça torta. Quando Bella se aproximou, o mesmo balançou o rabo, contente. Bella soltou minha mão e sentou ao seu lado, acariciando-o enquanto ele lambia seus braços. Ri e sentei ao seu lado, mas o animal, que se assemelhava à um mastiff inglês, tentou montar em cima de mim e acabei deitando a cabeça no chão.





–-- Ei, calma aí – falei tentando empurra-lo e Bella riu, dando leves empurrões nele. Logo começou a brincar distraidamente com o cachorro, deixando-o morder de leve seus dedos enquanto esfregava a mão em seu rosto ou costas.





Aproveitei para fotografa-la, mas a porcaria do flash chamou a atenção dos dois. O cachorro voou pra cima de mim e Bella também, porém me abraçou, fazendo o animal tentar cavar um buraco entre nós. Coloquei minhas mãos em sua cintura e ri.





Ela me olhou, beijou meu queixo e deitou a cabeça em meu peito, sem sair de cima de mim.





–-- Sabe, eu até poderia ter um cachorro – ela disse me abraçando.





–-- Au au – brinquei e ela riu.





–-- É, tem razão. Charlie não gosta muito de você, então também não gostaria de um cachorro.





–-- Me chamou de cachorro?





–-- Não, você se chamou de cachorro – disse e riu. Mordi sua bochecha e ela rolou novamente pra grama, levando meu braço e passando-o por baixo de sua cabeça.





Então olhamos novamente pro cachorro e o vimos paralisado enquanto observava um casal perto da moto onde estava preso, então denominei que fossem os donos. Eles discutiam em albanês, algo sobre confiança.





–-- Ju jeni aq i kalbur sa flokët sqetull e nënes së tij! a mulher gritou, e parecia puta da vida. O homem deu uma risada sarcástica.





–-- Së paku nëna ime e di se si të flasë "problemi" fjalën! – o homem respondeu e vi a mulher se contorcer de raiva.





–-- Aquele casal será nós um dia – Bella refletiu ao meu lado. Ri.





–-- Claro que não. Porque eu chamaria alguém de “Cabelo de sovaco”? – ela virou o rosto pra me encarar, confusa.





–-- Você fala albanês?





–-- Algumas coisas – dei de ombros. A boca dela se contorceu em um O perfeito.





–-- Você é um terrorista? – ri – tem uma ficha criminal? Por que raio você nunca me disse que falava albanês? – me curvaria de tanto rir se não estivesse deitado.





–-- Porque nunca perguntou – respondi simplesmente e ela riu, balançando a cabeça e voltando a olhar pro cachorro.





–-- Quando me casar com você, ao invés de Bella Cullen, serei Bella Bin Laden – brincou e eu ri. Ela virou pra mim e eu beijei sua testa, erguendo sua cabeça com meu braço.





–-- Bella Cullen. Soa tão bem... – comentei e ela corou, olhando pro céu.





–-- Spike é um nome legal para um cachorro – ela tentou mudar de assunto.





–-- Eu gosto de Bellinha – falei olhando pro céu e ela riu, me dando um tapa leve na barriga. Ri com isso.





–-- Muito engraçado.





–-- Não, é justo. Você me chamou de cachorro há alguns minutos atrás.





–-- Nada disso – ela piscou e eu sorri. Assobiei e estralei os dedos no ar.





–-- Bellinha... Bellinha... – chamei e o cachorro que Bella brincava balançou o rabo em minha direção, reconhecendo que aquele era seu nome. A gargalhada foi inevitável.





–-- Não acredito nisso – Bella murmurou, envergonhada.



Estava de olhos fechados há alguns minutos enquanto Bella fala sobre seus sonhos infantis mais bobos, entre eles ser a princesa da Disney e ter um pônei. Senti-me em uma bolha particular e indestrutível. Uma paz tão grande...



–-- Olha só, acho que o casal parou de brigar – Bella disse virando a cabeça pros albaneses, os quais estavam olhando pro cachorro de forma solidária.





Deram as mãos e encontraram o olhar um do outro. Bella os analisou com atenção.





–-- Më vjen keq për çdo gjë, çdo gjë. Ti nuk e di se sa shumë të dua ... – o homem disse e a mulher sorriu, começando a chorar.





–-- O que ele disse? Ele xingou ela? – Bella questionou virando o rosto ansiosamente pra mim. Dei um meio sorriso e continuei a encarar o casal.





–-- Unë të dua – a mulher disse e o casal se abraçou. Bella ficou ainda mais confusa e virou pra mim, à procura de uma resposta. Senti meu corpo começar a ficar internamente quente e algumas gotículas de suor se formaram em minha testa. Ignorei.





–-- Estão brigando? O que ela disse? Xingou a mãe dele? – ela estava ansiosa.





Olhei pra ela intensamente por alguns segundos, sentindo toda a onda de ansiedade que emanava de seu corpo e olhar dar lugar à serenidade absoluta de seus sentidos. Seus músculos relaxaram e ela mordeu o lábio inferior. Ri internamente. Sempre que a olho por muito tempo, seus sentidos paralisam. É bom ter tal poder sobre ela.





Enquanto continha a risada, não pude evitar que um sorriso torto brotasse em meus lábios. Bella sorriu também.





–-- Unë të dua – repeti as palavras da albanesa e ela riu.





–-- Essa é a coisa mais romântica que já ouvi... Mas pode me dizer o que significa?





Disse e ri, rolando meu corpo por cima do dela e colando meus lábios com os seus.





Minhas mãos foram automaticamente para sua cintura enquanto ela colocou as suas em meu pescoço e nuca. Parou abruptamente, com o semblante preocupado.





Levou as costas da mão à minha testa e a olhei confuso.





–-- Edward, você está com febre – ela anunciou e eu lembrei do suor repentino que senti há um minuto. Coloquei uma máscara invisível.





–-- Eu estou legal – disfarcei e ela sentou em meu colo, tomando meu rosto em suas mãos.





–-- Deve ser fome. Tem três horas que não comemos, melhor irmos logo – ela disse se levantando.





–-- Uma pessoa pode ter febre por causa de fome? – falei enquanto ia atrás dela.





–-- Sei lá – deu de ombros – mas se não for, eu não quero descobrir – falou e eu sentei na moto com ela e meu enlaço, xingando mentalmente a maldita febre.





(...)





A moto demorou um pouco a ligar, mas logo já estava roncando por entre as árvores.





Já eram 16h da tarde e ainda não achamos um restaurante aberto. Deveras, pois era domingo e ninguém almoça as quatro horas da tarde. Mas mesmo assim...





Finalmente encontramos um fast food próximo à um posto de gasolina. O cretino do funcionário não queria mais atender ninguém, mas eu sei ser bastante persuasivo. Compramos dois sanduíches e já que o local estava vazio – incluindo o posto de gasolina -, decidimos por comer no meio da estrada mesmo.





–-- Edward, se você pudesse mudar alguma coisa em mim, o que mudaria? – perguntou tomando um gole do refrigerante que dividíamos.





–-- Nada.





–-- Seja sincero – falou e eu tirei os olhos do meu sanduíche para fita-la. Ergui uma sobrancelha.





–-- Mudaria sua obsessão em colocar defeitos em si mesma – falei e ela suspirou, meio risonha.





–-- Jura? Eu mudaria minhas orelhas – disse passando o cabelo pra trás da orelha esquerda – elas são muito – e gesticulou um “para dentro”.





–-- Suas orelhas são ótimas – falei e mordisquei seu lóbulo, fazendo ela rir.





–-- Edward, apenas você me acha perfeita. Acho que se eu arrotasse você diria “Ah, faz denovo!”.





–-- Sei lá, você é... – balancei a cabeça e ela me fitou, esperando uma resposta, meio esperançosa -... Diferente. Não de um jeito convencional ou ruim, você se destaca, sabe? Você não é bonita como Tanya Denali ou inteligente como Angela Weber, você é linda do seu jeito e sábia como uma enciclopédia – ela riu – você consegue se destacar até quando pisca os olhos. Eu te vejo e não consigo apontar um defeito... É como se você tivesse sido moldada especialmente pra mim. Na medida certa.





Ela corava violentamente com minha sinceridade. Até eu estava surpreso com minhas próprias palavras.





–-- E a minha personalidade? – perguntou mexendo no cabelo e depois pousou o cotovelo no joelho arqueado.





–-- Você é linda tanto exteriormente quanto internamente. É altruísta, tímida e engraçada, esperta e brincalhona. Há defeito nisso?





–-- Eu sou complicada. Fala sério.





–-- Você é misteriosa. E isso é sexy – pisquei pra ela e ela riu.





–-- Misteriosa?





–-- Bella, se quiser que eu cante denovo é só falar – falei já me levantando e ela riu, ficando de joelhos e puxando minha mão.





–-- Não, não... Edward? – disse e seu sorriso murchou. Ela se levantou rapidamente.





–-- O que foi?





–-- Meu deus, você está... – falou olhando pra algum ponto de meu rosto. Passei os dedos pela minha face e senti meu nariz sangrar.





–-- Bella, não é...





–-- Vamos, vamos logo pra Forks – falou nervosa, passando em minha frente pra ir para a moto. Desisti de argumentar.





Subi na moto e ela sentou atrás de mim. Chutei a trava e liguei a moto, começando a acelerar. Mas ela do nada começou a tomar velocidades no ponto de eu mal conseguir enxergar a seta do velocímetro.





–--Vai devagar, estou com medo - disse Bella agarrando minha barriga. Eu até tentei frear algumas vezes, mas o freio não funcionava. Foi aí que me lembrei que o freio estava dando defeito há algumas semanas, e eu esqueci de levar no mecânico. Fechei os olhos e as lágrimas se espalharam por meu rosto.



–-- Não, isso é divertido - falei tentando disfarçar a voz triste.


–-- Está me assustando!



–-- Então diz que me ama - falei convicto de que ela não sairia machucada daquela moto.




–-- Eu te amo, agora vai devagar - pediu e aquelas palavras fizeram meu coração acelerar.





–-- Então me abraça - ela me deu um abraço forte o bastante pra me fazer sentir o cheiro que passou dela pra mim. Comecei a respirar mais rápido enquanto meu coração parecia que ia sair pela minha boca.





–-- Agora vai devagar pediu mais uma vez.





–-- Tira o meu capacete e coloca em você, ele está me machucando - falei sorrindo. Eu estava feliz, apesar da morte estar próxima. Eu ouvi a garota que eu mais amo dizer que me ama, e senti seu cheiro maravilhoso. Eu, definitivamente, estou pronto para a morte.





–-- Está bem - disse e prendeu as pernas perto do motor, colocando o capacete nela. Fechei e apertei bem os olhos, sem tirar o sorriso de meu rosto.





–-- Eu te amo, Bella - falei com convicção. Eu iria em seu lugar, pois não conseguiria viver em um mundo no qual ela não existisse. Uma lágrima desceu por minha bochecha, e então, uma dor insuportável me atingiu e meus olhos foram fechados à força. E as palavras de Bella ecoaram em minha mente, até o momento de eu cair na inconsciência e fechar os olhos eternamente.











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Notas finais do capítulo

O grande momento chegou... *o*

Gente, eu to louquinha pra dar um spoiler, mas eu não posso... KKKKKKKKK será que o Ed vai morrer?


Só terá mais um ou dois capítulos, isso cabe a vocês decidirem: querem um bônus ou só um epílogo?


E agora uma pergunta: vocês até agora não se perguntaram por que raios a Bella não tem um POV na história? Ok, vou dar um spoilerzinho de nada: o próximo capítulo vai ser todinho dela - e isso aumenta a curiosidade de vocês sobre a possível morte de Edward - mostrando como ela se sente com tudo, algumas lembrancinhas do passado, algumas descobertas... LOL, chega de falar! :X


Deixem reviews com a resposta da pergunta que fiz, para que eu possa logo escrever o último!


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