Amor Além Da Vida escrita por Isabelle Masen


Capítulo 7
Parte VII


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui denovo!


Quero dar boas vindas as leitoras novas e um mega agradecimento a Jennifer Freire, que fez a segunda recomendação da fic. Puxa vida, duas recomendações, de um capítulo para o outro! Tem como eu estar mais feliz! Jennifer, amei o que você escreveu, você é demais, sua lindaa! Esse cap é dedicado a você!


Bom, galera, o Nyah! está dando alguns probleminhas de formatação de texto enviado do Word, então se tiver erros não me culpem, culpem o Nyah!


Até o próximo cap!



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Deitei Bella na cama delicadamente, para que ela não despertasse. Ela dormia com tanta tranquilidade que seria um pecado acordá-la.



Pela primeira vez, chovia no Havaí desde que eu chegara. O mar ficou ainda mais lindo com as gotículas caindo na superfície, e o som era agradável de se ouvir. Quase como uma canção de ninar.



Deitei-me ao lado dela e apenas tirei a camisa e a calça. Aninhei-a em meus braços e ela rapidamente se reconfortou ali, voltando a mergulhar em seus sonhos, depois de sussurrar um “eu te amo” bem baixinho.



(...) 3h25min




Acordei sem nenhum motivo aparente. Levantei-me devagar e fui até o banheiro, onde lavei o rosto e fitei meu reflexo no espelho. Estranhei a ausência das dores em meu corpo. Nada, nenhuma dor de cabeça, nenhuma epistaxe, nenhuma dor insuportável... Parece até que tudo evaporara de mim.



Fiquei confuso, mas estranhamente feliz. Isso era algum tipo de sinal?



Saí do banheiro, subi as escadas para o lado de fora do quarto e sentei em uma espreguiçadeira que ficava protegida da chuva. Observei o mar um pouco agitado por causa da chuva e fitei a lua por um bom tempo.



Em minha mente estava apenas o futuro que eu já começara a planejar: eu me formaria em medicina, que era o meu sonho. Daria orgulho a meus pais, o orgulho merecido por terem descoberto a cura para minha doença. Isso me pegou, realmente, de surpresa. Eu sei que o amor materno é o mais poderoso que existe – depois do meu e do de Bella -, mas não fazia ideia de até aonde ele poderia ir. Eu estou plenamente feliz por saber que eles, mesmo sabendo que talvez não houvesse saída, lutaram para reverter a situação. E eles reverteriam, assim, ajudando-me, como fizeram durante toda a minha vida. Peguei um engradado da primeira bebida que eu encontrei no frigobar embutido de baixo da cadeira e dei uma golada longa. Abri a tampa da smirnorff com os próprios dedos e comecei a deglutir. Outra coisa que não sai de minha cabeça é a audácia de Jasper. Ele era meu amigo só há uns sete anos e meio, e nos afastamos por meses por conta de brigas idiotas. A coragem de ele poder arriscar a própria vida, visto que uma experiência como essas costumam falhar, por mim, é meio que irreal. Somos amigos, mas nunca imaginei que um dia precisaria de uma prova como essas para evidenciar que nossa amizade era sólida e verdadeira. Eu devia minha vida a Jasper.



Ao mesmo tempo em que agradecia, eu me entusiasmava com a nova vida que eu teria pela frente. “Novo” é como me sinto. Como um pássaro que tinha a asa quebrada quando consegue voar denovo, me sinto renovado. Pronto pra desfrutar de coisas novas, dos prazeres da vida que antes não me eram favoráveis. Como dormir à noite toda sem acordar com uma dor absurda, ou simplesmente não ter que tomar aquele remédio horrível ou ter que ir ao médico quatro vezes no mês. Eu sei, são desejos de uma criança birrenta, mas é o que eu mais fico feliz em perder.



E ainda tem a Bella... Deus, a Bella! Ela seria minha para sempre. Claro, se ela me permitisse, mas disso eu não tenho dúvidas. Eu e Bella partilhamos o sentimento mais forte que existe, e duvido que ela recuse. Ela fora moldada especialmente pra mim, com seus defeitos e qualidades, com suas manias e fobias. Ela é tão minha... Não poderia ser diferente. Nosso futuro já estava escrito. Nosso destino já está traçado. Eu seria dela e ela seria minha, para sempre. Sem mais interrupções.



Um sorriso se formou em meus lábios instantaneamente quando suas mãos taparam meus olhos.



--- Adivinha quem é?



--- Minha esposa – falei e puxei suas mãos, fazendo ela vir pra frente e sentar em meu colo. Ela riu e passou os braços por meu pescoço, me olhando nos olhos – Porque está acordada essa hora? Teve um pesadelo?



Acariciei sua bochecha e ela balançou a cabeça, negativamente.



--- Não, só senti falta de um travesseiro na cama – falou colocando uma mão em meu peito – e você acordou para beber?



Ri.



--- Claro que não. Eu já vivo embriagado sozinho, não preciso de bebida.



--- Você é um alcóolatra anônimo? – disse revirando os olhos e riu. Afaguei seus cabelos, sorrindo.



--- Sou, mas não sou anônimo, já que a cerveja que eu bebo sabe que eu sou embriagado de amores por ela – falei e ela uniu as sobrancelhas, um pouco corada.



--- Você me chamou de cerveja? – disse confusa e rimos.



--- Você me chamou de alcóolatra – falei franzindo o cenho e os lábios. Ela pensou.



--- Faz sentido – deu de ombros – você é o alcóolatra e eu sou a cerveja, você é o príncipe e eu a princesa...


--- Isso aí – falei e beijei sua bochecha. Ela sorriu, corando timidamente. Sorri e acariciei seus cabelos quando ela deitou a cabeça em meu peito. Fitei a chuva.



--- Bella... – falei depois de alguns segundos em silêncio.



--- Hm? --- Sabe que aquela proposta de casamento foi real, não é? – perguntei com um sorriso travesso.



Ela levantou a cabeça, preocupada, avaliando minha expressão, procurando por algo que demonstrasse mentira. Mas minha voz nunca soou tão verdadeira. Depois de quase um minuto eu franzi o cenho, esperando ela responder, e de repente ela explodiu em uma gargalhada, tombando a cabeça pra trás. Tive que aninha-la para que ela não caísse pra trás.



--- Você, realmente, é muito... – disse em pausas, a risada era descontrolada – engraçado... – e explodiu novamente.



Mantive a expressão quieta e aos poucos seu riso foi sumindo, deixando-a apenas ofegante e um pouco vermelha. Ela olhava em meus olhos enquanto seu sorriso se invertia, dando lugar à uma careta incrédula.



--- Edward...? – foi o que ela conseguiu dizer, bem lentamente. Franzi o cenho, inclinando um pouco a cabeça pra frente. Ela entreabriu os lábios.



--- Bella..?



--- Aquilo foi só uma brincadeira – disse assentindo, mas a dúvida era presente em seus olhos.



--- Não foi não – falei sério e ela engoliu em seco – acho que eu não brincaria com um pedido de casamento – abri um sorriso torto.



--- A... Er... Aquilo não... não valeu! – conseguiu dizer – quer dizer, eu encarei como uma brincadeira, então não valeu – disse confiante. Suspirei.



--- Você é teimosa – falei sorrindo, derrotado. Ela franziu o cenho – está com sorte. Eu não tenho uma aliança aqui, mas se tivesse...



--- Você já viu o cesto de jogos que tem aqui? – mudou de assunto, levantando e correndo pra dentro, provavelmente pra buscar um dos jogos.



Arfei e sorri, colocando os pés pra fora da espreguiçadeira, apoiando os cotovelos nos joelhos. Inclinei um pouco a cabeça, procurando por Bella.



--- Tem banco imobiliário, truco, poker... – dizia com várias caixas na mão, jogando-as ao meu lado. Bati os olhos no jogo tabuleiro de damas.



--- Sabe jogar damas, princesa? – pisquei fazendo uma careta desafiadora. Ela ergueu uma sobrancelha.



--- Os Swans não sabem jogar damas, eles dominam as damas – disse com uma voz sombria, sentando na ponta da espreguiçadeira em posição de índio, empurrando as caixas com os outros jogos pro lado enquanto eu abria a caixa que guardava o tabuleiro.



--- Eu quero os pretos – disse ela e eu olhei para seus olhos maliciosos e jogadores - dão mais sorte.



--- Isso não é justo – falei balançando a cabeça negativamente, mantendo a postura desafiadora.



Peguei a peça da rainha, demonstrando propriedade sobre a tal.



--- O mundo não é justo, E.C – piscou tentando pegar a minha peça. A segurei com mais força e Bella me olhou sugestivamente, pegando a peça da torre preta.



Ergueu-a pra mim, provocando.



--- Uma princesa lutando? – falei ironicamente, me preparando pra avançar com a rainha na torre dela. Em movimentos cautelosos, como se eu estivesse na lua.



--- Quando o reino sofre um ataque, a princesa é forçada a colocar sua armadura – disse e avançou pra cima de mim, sem avisos, montando em meu colo. Caí no encosto da espreguiçadeira, enquanto batia a rainha contra a torre dela, lutando.



(...) Dez minutos depois...



--- Eu desisto! – falei erguendo as mãos, e ela tomou a rainha de minha mão pra si, sentando em seu lugar.



--- Morreu em combate, soldado? – disse sarcástica e começou a rir, arrumando as peças pretas em posição de ataque. Imitei-a com as peças vermelhas.



--- Não, me rendi aos encantos da princesa – falei e ela ficou vermelha. Comecei a rir e ela me olhou, envergonhada.



--- Você precisa parar de fazer isso!



--- Isso o que, princesa? – falei e pisquei, fazendo uma cara sexy. Ela suspirou alto e eu ri denovo.


http://sberries.tistory.com/m/post/getImage/?f=cfile29.uf%401424644E4EDAF7310C8BE3.jpg&size=480


(N/A: Ignorem as roupas e finjam que o fundo está escuro, com chuva e mar. É difícil, mas façam um esforço, vai!)



--- Você tem um poder forte sobre mim, Edward. Eu já te expliquei isso – falou revirando os olhos, colocando o primeiro peão para andar.



--- Desculpa. Esqueci que sou sedutor. Cansa, sabia? – fingi-me de cansado, movendo meu peão. Ela bufou e eu ri.



--- Convencido – falou e deu mais um passo com seu peão. Avancei com o meu.



--- Só pra você – falei debochadamente e ela começou a rir, fitando o tabuleiro – que foi?



--- Pensei que fosse responder “como uma flor” – disse e gargalhou.



Ri e dei um xeque-mate no seu peão, e o atirei contra ela, que tentou inutilmente se proteger com os braços.



--- Ei! – resmungou, olhando pro tabuleiro, estranhando.



--- Que foi? Xeque-mate, princesa – pisquei pra ela e ela abriu a boca em um “O”. Abri um sorriso torto e malicioso.



--- Como deixei essa passar?



--- Meu “poder sedutor” pede desculpas – falei assentindo com um sorriso debochado e ela bufou, movendo o primeiro cavalo.




Vinte minutos depois...



Estávamos no clímax do jogo: Eu estava há três passos de cercar e matar o rei, mas tenho apenas uma torre, dois cavalos e um peão, que está quase tocando na linha de Bella. E ela nem percebeu isso ainda.



Ela me cercou com sua rainha e um peão, e a porcaria do rei inútil - que em minha opinião, já que é o rei tem que ser o mais foda de todos – não vai pra nenhum lugar. Só anda um quadrado em qualquer direção. E nem adianta eu tentar roubar colocando ele em outro lugar, porque já vi um manual inteiro sobre jogo de tabuleiro na casa de Bella. Ela nunca deixaria essa passar.



Eu observo seu modo de jogar. Tão concentrada, tão pensativa... Sua ruga de expressão é tão atenciosa... E essa minha blusa de botões está desabotoada, dando pra ver seu sutiã.



Ela não olha pra mim. Sempre atenta ao jogo, como se aquilo fosse uma questão de vida ou morte. Preciso segurar minha risada algumas vezes.



Bella moveu seu cavalo para perto de meu rei, e eu o matei. Bella não tinha mais saída e eu encurralei seu rei, vencendo o jogo. Para provoca-la, coloquei lentamente a peça contra a sua, empurrando-a pra fora do tabuleiro. Meu sorriso era malicioso e satisfeito, e minha sobrancelha estava levemente erguida.



Ela sorriu, olhou pra chuva e balançou os ombros, mordendo os lábios entreabertos.



--- Ganhei – falei e ela deu um sorriso forçado. Não consegui me segurar e caí na gargalhada, sendo vaiado por ela.



--- Vai ter retorno, me aguarde! – ela disse arrumando novamente o jogo na caixa de tabuleiro. Observei-a fazê-lo com um pequeno sorriso. Ela finalmente olhou em meus olhos e me deu um selinho nos lábios. Sorri com isso.



Ela bocejou.



--- Vem – falei e peguei sua mão, conduzindo-a para o quarto, especificamente para a cama. Ela deitou em meu peito e eu passei o braço por seus ombros.



https://www.youtube.com/watch?v=7RajU84dF9U



Fiz um carinho leve em seus cabelos, enquanto o sono a embalava aos poucos.



--- Ver a chuva no mar é lindo – comentou e eu ri baixo, dando um beijo em seus cabelos macios.



--- Dorme Bella – falei e ela colocou o braço em meu peito e a perna enlaçada com a minha, me prendendo à ela. Passei o outro braço pra trás da minha cabeça, como apoio.



--- Eu te amo – sussurrou e eu sorri, com os olhos entreabertos.



--- Eu te amo – falei baixo e ela suspirou e depois de alguns segundos sua respiração foi diminuindo e ficando ritmada. Ela adormeceu. Até o som de sua respiração é reconfortante pra mim.



Os sons das chuvas e das ondas agitadas do mar me deram um pouco de tontura, mas nada que eu não pudesse suportar.



Enquanto olhava para os peixes e acariciava os cabelos de Bella, lembrei do primeiro objetivo desta viagem: torna-la inesquecível por ser a nossa última.



Eu não abandonaria esse quesito só porque estarei curado; e além do mais, eu irei pedir Bella em casamento. E ela merece uma coisa especial.



Ela é especial.



Especial por ter brilho próprio, uma personalidade altruísta, por ter voracidade em seus sonhos, ou até pelos detalhes mais simples, como seu sorriso ou pelos seus olhos. Estes que me dominam de uma tal forma que não consigo pensar em mais nada que não seja fazê-la feliz, custe o que custar.



Depositei um beijo doce em seus cabelos.



Qual deve ser o melhor jeito de pedir uma pessoa em casamento? Que saudade do Google...



Depois de alguns minutos, acabei adormecendo com o rosto de Bella em minha consciência.




(...) Dia 5 pra Bella – 1 Dia para Edward



7h00min



Acordei cedo demais, tamanha era a empolgação para com o pedido de casamento. Mas antes de bolar um pedido, preciso de uma aliança.




Me enfiei em um jeans escuro já que o céu estava nublado e coloquei uma blusa de moletom verde. Sequestrei a câmera de Bella.



Saí da pousada e andei sem um rumo certo pelas ruas nubladas do Havaí. Devo acrescentar que o mar azul em contraste com o céu acinzentado faz uma mistura incrível.



Até que cheguei em uma loja nada convencional, porém vendia artigos para casamento. Preparei a câmera de Bella e fotografei os anéis que escolhera, uma foto com cada um. O que eu escolheria pra ela ainda era um mistério.



Na dúvida, comprei sete anéis. Exagerado, eu? Magina! É só que imprevistos acontecem, nunca se sabe... E também porque eu não sei qual é o que cairá melhor em seus dedos finos, roliços e delicados. Comprei cinco dourados e dois prateados.


Voltei para a pousada e fotografei o momento em que comprava os anéis. Coloquei apenas o primeiro em uma caixa de veludo vermelho, um vermelho vivo.



Pedi ao garçom que me permitisse entrar na cozinha. E é claro que ele não deixou, então precisei me vestir de cozinheiro. Fiquei engraçado, mas vale o esforço. Bella vale tudo pra mim.




Depois de preparar um macarrão parafuso à molho branco, o macarrão que ela mais gosta, escondi a aliança entre a massa. Seria um pedido diferente, mas talvez ela goste. O garçom me contara que ele pediu a mulher dele em casamento assim, e ele durou quase 37 anos!



Foi meio difícil levar pra travessa sem ser descoberto, visto que as faxineiras me reconhecem. Da última vez encontrei um telefone em meu próprio garfo!



Deixei a travessa apoiada no suporte com uma tampa, para que ninguém pegasse. Depois fui até a sala de café da manhã e peguei algumas frutas, um ou dois pedaços de bolo e um suco natural. Não queria que Bella ficasse doente, principalmente por eu não ter tomado cuidado com ela. Se eu deixar, Bella come apenas sanduíches e refrigerante 24h por dia.



Entrei no quarto e Bella ressonava com um sorriso mínimo no rosto. Ela tinha bons sonhos. Inevitavelmente sorri diante da imagem.



Lentamente caminhei até a cama e depositei a bandeja nos pés da mesma.


Sentei-me ao seu lado e fitei seu rosto por alguns segundos. Imaginei qual seria sua cara ao ver a aliança.



Ela se remexeu e despertou, erguendo os braços preguiçosamente sem abrir os olhos. Ela uniu as sobrancelhas enquanto despertava, esticando as pernas graciosamente.



–-- Edward? – disse baixo abrindo um olho, mas logo o fechou. Ri de sua preguiça e acariciei sua bochecha.



–-- Bom dia, princesa – falei e ela sorriu, abrindo os olhos. Ela sentou e suspirou devagar, olhando pra mim e em seguida para a bandeja de café da manhã.



–-- Edward...



–-- Que foi? Uma princesa não tem direito à um banquete real? – ergui uma sobrancelha e ela ofegou, rindo fraco. Quando eu me aproximei para beijá-la, ela tombou a cabeça pra trás murmurando um “hmmm” –o que?



–-- Mau hálito matinal – disse e abriu os olhos cansados e correu até o banheiro. Balancei a cabeça e ri, encostando as costas na cabeceira da cama.



Logo Bella voltou, com o rosto um pouco molhado e os cabelos com a marca de seus dedos. Provavelmente ela tentou desembaraça-los com os dedos.



Ela sorria e pulou na cama ao meu lado, pegando a bandeja no colo e deitando a cabeça em meu peito enquanto começava a degustar de uma maçã.



–-- Você não está com fome? – me perguntou e quando fiz a menção de responder, minha barriga roncou como um motor de carro. Bela riu com os lábios fechados por mastigar a maçã e pegou uma pêra pra mim.



Foi aí que eu me lembrei que saí sem comer hoje. E isso não era engraçado, já que eu ainda estou doente. A falta de qualquer fonte alimentícia dá consequências. Então, basicamente, eu sentirei dor mais tarde.



–-- Você saiu e não comeu... – disse me entregando a maçã – e pra onde o senhor foi? – perguntou me fitando e eu franzi os lábios.



–-- Mais tarde você saberá – pisquei, fazendo certo mistério. Ela me olhou de olhos semicerrados e mordeu mais um pedaço da maçã.



–-- Já viu como o céu está bonito hoje? – perguntou, mudando de assunto.



–-- Ele está cinza por causa da chuva – dei de ombros.



–-- Eu amei o contraste de prata com o azul – disse com um sorriso cintilante fitando o aquário em nossa frente. Estreitei os olhos.



–-- Então você gosta de prata?



–-- Combina com os meus olhos – deu de ombros sorrindo. Teria de tirar os três anéis dourados da lista.


–-- Hum... – sorri e ela acabou de comer a maçã e pegou um morango.



–-- Que horas são?



–-- Nove, por quê? – perguntei e ela mordeu o lábio, fitando o próprio pé, pensativa.



–-- É que vamos embora amanhã e ainda não cumprimos todos os itens da lista – deu de ombros pra mim com um sorriso pidão. Dei um sorriso torto.



–-- E o que você pretende fazer às nove da manhã? – falei me inclinando pra frente, ficando próximo à seu rosto. Ela se arrepiou ao sentir o meu hálito e eu prendi uma risadinha.



Levou um pedaço do morango aos lábios e eu o puxei com a minha boca, assim, tomando o morango dela. Ela riu e eu degustei da fruta.



Ficamos nos encarando intensamente. Seus olhos sorriam com seus lábios avermelhados por causa do morango. Sorri e quando fiz a menção de me aproximar para beijá-la, ela levantou subitamente e foi até a bancadinha ao lado da cama.



–-- Vejamos – disse pegando a lista em baixo da mesma e se sentou na cama novamente, deitando em meu peito.



1. Ver peixes com Edward


2. Comprar uma lembrança pra Charlie


3. Tirar fotos com Edward


4. Beijar Edward


5. Pular em uma cachoeira com Edward


6. Fazer trilha com Edward


7. Andar de Banana Boat com Edward


8. Ver o pôr-do-sol em uma montanha com Edward


9. Usar um vestido de princesa


10. Andar cedo pelas praias de mãos dadas com Edward


11. Passar trotes engraçados e gastar toda a conta do telefone


12. Perguntar a Edward sobre seus amores”






–-- Que tal andar pelas praias e fazer trilha? – disse animada e eu ri de sua empolgação. Pousei um beijo no alto de sua testa e ela corou.



–-- Claro, mas antes de sair para as montanhas vamos almoçar – avisei com um sorriso malicioso, com um significado oculto. Ela estranhou o tom sombrio em minha voz, mas não protestou.



–-- Você pode comer enquanto eu me visto – disse virando pra cima de mim e empurrando a bandeja pro lado, colocando uma perna em cada lado de meu quadril.



–-- Você ainda não me deu bom dia – lembrei-a e ela riu, colocando uma mão em minha bochecha para me beijar. Minhas mãos foram para sua cintura, colando-a mais ainda a mim.



Um beijo de bom dia era melhor que o morango. Mas Bella limpava de minha boca cada vestígio da fruta que restara, me fazendo rir com isso.

--- Vê se não dorme aí – falou e levantou. Dei um tapa leve em seu traseiro, fazendo ela rir.



Ela colocou uma regata azul da cor de seus olhos – minha cor favorita – sem mangas, bem simples, mas que a deixou ainda mais bonita e um short jeans preto. Não passou maquiagem e deixou seus cabelos, que estavam com algumas ondulações nas pontas, solto. Eu apenas troquei a calça por uma bermuda e sunga, sem camisa.



Quando chegamos à praia, descobri que ela estava com o jogo de tabuleiro e seu mini rádio que trouxera no outro dia. Tiramos nossas sandálias e eu segurei a dela, para que suas mãos não ficassem ocupadas. Enlacei nossas mãos.



O sol já ocupava a maior parte do céu, o que fora um alívio.



Fechou os olhos enquanto andávamos lentamente. O vento chicoteou seus cabelos para trás, dando a ela um ar exótico. Seus lábios avermelhados se entreabriram e ela suspirou sem emitir som. Tirei a máquina de Bella de meu bolso e, discretamente, tirei uma foto.



--- Linda – não consegui segurar. Ela abriu os olhos e suas bochechas coraram de imediato. Ela me olhou com raiva e vergonha.



--- Já mandei parar.



--- Só estou sendo sincero – me defendi com uma mão no peito e ela me deu um soco no ombro. Ri.



--- Vamos fazer um trato; se eu vencer você no jogo de damas, nunca mais fará isso novamente.



--- Tem certeza que não quer? – falei me aproximando de seu ouvido, mordendo seu lóbulo. Ela estremeceu. Me afastei para observar sua reação e ela estava com os olhos fechados, respirando fundo.



--- Tudo bem, eu quero – admitiu baixo – mas não de um modo que eu fique envergonhada.



--- Tem vergonha de ser bonita? – franzi o cenho e ela tacou o tabuleiro em mim. Por sorte me abaixei na hora certa e ri quando ela bufou, frustrada por não ter conseguido me atingir.



Ela marchou até um canto da praia, e eu fui atrás dela, carregando-a pela cintura e colocando-a em meu ombro, como se ela fosse uma camiseta.



--- Ei! – gemeu de surpresa.



--- Eu quero algo em troca no nosso trato – adverti soltando-a na areia e joguei nossas sandálias, sentando-me. Ela sentou ao meu lado e apoiou os braços nos joelhos.



--- Do que se trata? – tentou soar séria mas o riso era visível em sua voz.



--- Eu irei ligar o rádio, e com a música que estiver tocando, você dançará pra mim – falei com um sorriso e ela enfiou o rosto entre os joelhos, provavelmente ocultando o rubor que aparecera em seu rosto.



--- Virou um pervertido anônimo, Edward? --- Só achei bonitinho você dançando aquele dia – admiti e gargalhei. Ela suspirou alto, tirando o rosto dos joelhos e me fitando.



--- Fechado – virou-se para mim e colocou o tabuleiro entre nós. Virei pra ela em posição de índio. Ela me imitou e começamos a montar as peças.



--- Dessa vez os pretos são meus – pisquei pra ela tomando a rainha de sua mão.



Ela me olhou e suspirou alto, pegando os vermelhos e arrumando-os perfeitamente em seu lado do tabuleiro.



Comecei com meu primeiro peão e ela me imitou. Em poucos minutos, já tinha praticamente exterminado todos os vermelhos. Bella passou a demorar mais tempo pra jogar, tamanha era a vontade de vencer.



Até que em um momento de distração seu, eu empurrei seu rei e venci o jogo. Ela levantou o olhar pra mim.



--- Ganhei – falei com um sorriso debochado, pegando o mini rádio ao seu lado. Sua respiração parou e ela fechou os lábios entreabertos, e quando eu menos esperei, ela se levantou e começou a correr.



--- Ei, volta aqui! – corri atrás da bandida, que aumentou a velocidade das pernas.



(...)



Soltei ela das minhas costas e ela bufou. Ela caíra enquanto corria, e por isso estava coberta de areia nas pernas e na parte traseira do short.



Ela bufou e eu ri, me sentando com os cotovelos nos joelhos, que estavam dobrados pra cima. Liguei o rádio e um homem narrava algo sobre o trânsito.



Bella ofegou, aliviada.



--- Nada disso, não valeu – falei e antes de ela começar a protestar, mudei de estação. Tocava uma música natural da Minnie Riperton, aquela que ela grita na metade. A Lovin’You.



--- Edward, tá de brincadeira né? – disse encolhendo os ombros e eu pisquei. Ela bufou e tentou ficar na ponta dos pés, levando os braços esticados pra frente de si e as mãos em um arco. Não pude deixar de rir com a cena.



Então ela tentou ir pra trás e tropeçou nos próprios pés. Fui mais rápido e consegui me levantar e pegar sua mão, evitando um desastre.



Não fui exagerado, mas é que sempre que a Bella tenta erguer um pé o resultado é ambulâncias.



--- Viu? – ela disse com um sorriso debochado e eu suspirei, me abaixando e colocando outra música. Essa era da Amy Winehouse, He Can Only Hold Her.



Ela me olhou com uma interrogação imensa no rosto. Prendi o riso e ela olhou pros lados, verificando se haviam pessoas ali.



Tinha apenas um casal de idosos, algumas crianças e uma mulher semelhante à do anel que eu vira ontem. Ela também escrevia, mas era quase impossível que ela estivesse ali por nossa causa. Pura coincidência.



Bella sorriu maliciosa e começou a balançar sensualmente os quadris, pra um lado e pro outro. Desceu um pouco e depois subiu. Engoli em seco; o sorriso, à essa altura, já tinha sumido de meu rosto.



Ela tirou a blusa enquanto rebolava e a jogou em cima de mim, e virou de costas pra mim, ainda rebolando. Passou os dedos sensualmente nos cabelos, fazendo-os voar pra trás. Me olhou de esguelha para meus olhos e pra minha boca, com os lábios em um meio sorriso malicioso.



Depois desceu as mãos por seu corpo até chegar no short, o abaixando e revelando seu biquíni. Ofeguei e ela riu, virando novamente pra mim. Soltou um beijo e a música acabou.



Bati palmas e ela inesperadamente me puxou pra frente, me fazendo levantar. Fiquei confuso quando ela sentou e mudou várias vezes a estação da rádio, parecendo buscar alguma música específica dela.



--- Eu?



--- Sim, você – sorriu maliciosamente pra mim – sua vez, E.C – disse irônica.



--- Fique sabendo que você ficou muito sexy, Bella – rebati vendo ela corar violentamente. Ri com isso. Ela respirou fundo e mexeu mais rápido nos botões da rádio.



Quando ouvi a mesma música da Minnie Riperton gelei.



--- Seja sensual, E.C. Me convença! – deu uma gargalhada alta.



--- A princesa virou bruxa agora? – falei e ela, em resposta, aumentou o volume da música. Bufei e olhei pros lados, balançando normalmente, sem rebolar e sem nada. Tirei a blusa rápido e mexi nervosamente nos cabelos.



--- Não me convenceu! Rebola, vai! – pediu com uma expressão vitoriosa e sarcástica no rosto. Que vontade de morder esse queixo convencido...



Bufei e dei um sorriso forçado, balançando os braços pro lado. Ela balançou a cabeça negativamente.



--- Sabe que não está me convencendo? – disse com uma mão no queixo e seu olho esquerdo estava fechado. Mordi os lábios e puxei sua mão, levantando-a bruscamente e ela colou seu corpo ao meu.



Ela ofegou de imediato, revezando olhares entre minha boca e meus olhos.



Fiquei tentado à beijá-la, mas resolvi provocar.



--- Não to entendendo, acho melhor você me ensinar – sussurrei e ela estremeceu.



Dei um passo pra trás, cruzando os braços em frente ao peito. Ela me olhou incrédula pelo fato de eu conseguir me sair bem na situação.



--- Você é... é...



--- Inteligente – pisquei e ela suspirou, derrotada. Por fim sorriu maliciosa, colocando a camisa novamente.



--- Então vamos lá, você que pediu – disse e quando esperei ela começar, ela apenas pegou algo no bolso do short e correu pela areia, rumo à calçada. Uma interrogação surgiu em meu rosto e eu não sabia se corria atrás ou se esperava.



Quando já considerava a primeira possibilidade ela voltou, com um bambolê rosa com uns detalhes em prata, totalmente carnavalesco. Por um minuto lembrei da bicha que me atendera na loja de instrumentos e acabei sorrindo com o pensamento.



--- O que pretende fazer com isso? – perguntei quando ela já estava perto o suficiente pra me ouvir e ela me respondeu enfiando o bambolê ao meu redor. Segurei-o, em reflexo.



Ela trocou de música até chegar em uma de hula-hula.



--- Acontece que você é um caso perdido – me deu um sorriso sarcástico, se achando a dona da brincadeira – e nem eu mesma posso solucionar. Então deixei a natureza agir à seu favor.



--- Tecnicamente o plástico do bambolê é feito a partir do desmatamento – falei erguendo as sobrancelhas e ela ficou séria por um instante, mas por fim, sorriu novamente.



--- Dane-se – respondeu simplesmente e gargalhou, aumentando o volume da música.



Bufei e comecei a tentar rodar o bambolê, mas o maldito plástico sempre descia até os meus pés.



Na quinta vez, Bella advertiu:



--- Qual é, não consegue? Pensei que fosse inteligente – debochou e eu fui até ela, puxando seus braços e a colei a mim. Ela me olhou de lábios entreabertos, mas os mordeu em seguida abafando um suspiro.



Me abaixei e peguei o bambolê, e me agarrei mais a Bella para que ele coubesse em nós dois.



--- O que... – pigarreou – o que está fazendo?



--- Me ensina, Bella – sussurrei com um sorriso torto e ela sorriu timidamente, corando e mordendo os lábios. A vontade de beijá-la era quase incontrolável.



Ela passou as mãos por minha nuca e eu coloquei as minhas em sua cintura. Depois soltei o bambolê e rebolamos colados um ao outro, e pela primeira vez, o objeto cretino se manterá no lugar. Não desgrudamos os olhos um do outro.



Quando percebemos que estávamos ritmados com o ecoar da música, rimos. Quando ela apertou os olhos e suas bochechas se arrebitaram, não pude mais prender a vontade de beijá-la. Quando ainda gargalhávamos, colei meus lábios nos seus enquanto balançávamos com o soar da música.



Aos poucos fui envolvendo sua língua mais intensamente com a minha, entrando em nosso pequeno mundo de sensações maravilhosas, que eram sentidas com apenas um roçar de lábios. Uma de minhas mãos foi até sua bochecha e a acariciei, puxando-a mais pra mim. Sentimos o bambolê descer e ele acabou indo ao chão.



A música agora era apenas um efeito sonoro. Eu me senti interligado à Bella de uma forma tão fulgente que não conseguia, em hipótese alguma, deixar seus lábios. Eu queria mais.



A carreguei com só um braço, firmando ainda mais nossas línguas. Uma batalha por espaço começou, mas sem vencedores. Ambos nos movíamos sincronizadamente, sem pressa, sem segundas intensões; Era o amor ali, expressado em uma canção, um movimento, uma música.



O ar nos fez falta. Maldita infâmia!



Nos separamos e colamos nossas testas, com as respirações descompassadas e os batimentos irregulares. Coloquei-a no chão novamente. Ela ofegou em protesto.



--- Eu te amo – falei franzindo o cenho e balançando levemente a cabeça. Meus olhos ainda fechados.



–-- Eu te amo – ela disse com propriedade. Ri de leve e senti que ela sorria. Rocei nossos narizes e beijei sua testa, abrindo os olhos.



--- Mas eu jogo melhor que você – falei sorrindo e ela abriu os olhos, nos afastando com um empurrão. Ri e ela catou todas as peças pra dentro do tabuleiro novamente, emburrada.



--- Hoje eu ainda ganho nesse jogo, pode esperar – disse calçando os chinelos.



--- Não vai entrar na água?



--- Não, porque entraria? – disse virando pra mim.



--- Porque você está de biquíni e viemos à praia – assenti e ela pensou.



--- Não, quero ir logo fazer a escalada! – disse dando um pulinho e me puxou para a calçada. Ri.



Mal sabe ela o que está por vir.




(...)




Bella tomava banho enquanto eu tentava parecer apresentável para o pedido de casamento. Mas o meu cabelo não ia pro lugar de jeito nenhum, como se soubesse o que estava prestes a acontecer.



Por fim, bufei e baguncei-o todo, com raiva. Passei a mão no queixo, verificando se já estava na hora de fazer a barba.



--- A empregada tirou as velas do banheiro – Bella disse com uma voz confusa, e senti ela se aproximando.



Bella passou de toalha por trás de mim e bagunçou meus cabelos.



--- Não faz a barba, está lindo assim – comentou sem me olhar e foi direto pegar uma roupa. Dei um sorriso torto e fui até ela, abraçando-a pela barriga.



Foi quando ela se virou e mordeu meu queixo, de lábios umedecidos. Ela balançou duas vezes as sobrancelhas sugestivamente e eu a joguei na cama, ouvindo os risos dela.



(...)




Acabamos por chegar quase em último lugar no salão das refeições. Eu comecei a suar frio e a ficar ansioso; será que encontraram a aliança dela?



--- Pega macarronada pra mim? – Bella pediu quando sentou, com um sorriso suplicante.



--- Sim – falei divertido e ri do duplo sentido, deixando uma Bella confusa pra trás.



Peguei toda a quantidade de macarronada que cabia no prato, e nem vi vestígios da aliança. Começando a ficar preocupado, coloquei também no meu prato, mas nem um resquício de aliança ali. Fiquei confuso e nervoso.



Caminhei por entre as mesas com o prato de Bella e o meu, entupidos de macarrão parafuso. Algumas pessoas comiam normalmente os macarrões, algumas outras reclamavam o gosto de ferro por causa da aliança e eu senti que estava cada vez mais perto. Foi quando ouvi:



--- Oh! – e uma mulher desmaiou. O marido ficou sem ação, mas tentou ajuda-la. Engoli em seco quando vi a aliança prateada em sua mão. Que droga!



Praguejei um palavrão baixo e voltei à mesa de Bella.



--- Você viu o que aconteceu? – ela comentou pegando o prato em minha mão – a mulher desmaiou quando foi pedida em casamento, é inacreditável! Ele escondeu a aliança dentro do macarrão! – ela riu, abobalhada.



Dei uma gafada no meu macarrão, praticamente dobrando os ferros de sustentação. Comecei a degustar quando meus dentes começaram a doer.



--- Você gostou? – falei, ansioso e ela sorriu, corando.



--- Claro, nunca vi alguém pedir em casamento através de comida! Isso é fantástico! – disse maravilhada e eu quase engasguei.



Maldito garçom!



–-- Precisam de alguma coisa? – uma mulher apareceu me olhando descaradamente. Ela não trabalhava aqui, pois todos da pousada se serviam por conta própria. Bella, ao perceber isso, ficou vermelha de raiva.



Pegou o garfo e deu uma gafada violenta no macarrão, quase enfiando o garfo no vidro e quebrando-o no meio.



--- Não, obrigado – respondi frio, sem olhá-la. Bella gostou de minha resposta, porém continuou sendo ignorada pela suposta garçonete.



--- Fique à vontade pra ligar e mandar sugestões, críticas... Ou apenas para conhecer nosso conteúdo – disse tentando soar sexy, mas agora eu entendi que a voz de pato afogado não era minha, e sim dela.



A diferença é que o pato dela estava sendo esquartejado.



Ela colocou um papel com um número na mesa, ao lado de meu prato e saiu rebolando, encostando o traseiro em meu braço. Bella a olhou com desprezo e pegou o número dela, colocando-o no bolso de seu short.



--- Espera, vou ao banheiro – disse com um sorriso decidido.



Observei-a ir ao trajeto pisando forte e decidida, como se estivesse em uma passarela. Cheia de atitude, ia Bella ao banheiro.



Ela esbarrou na “garçonete” que agora me observava cheia de perversidade, e derrubou um prato de feijão quente em seu decote branco. E pra completar, levou o pano que forrava a mesa junto, fazendo o estrondo ecoar pelo local.



Arregalei os olhos e vi a mulher gritar devida à temperatura em contato com sua pele.



--- SUA LOUCA! – ela esbravejou se levantando abruptamente. Bella apenas fez uma carinha de inocente que, se eu não a conhecesse tão bem, diria que é real.



--- Eu não fiz de propósito querida, mas acho que se você prestasse mais atenção na sua vida isso não teria acontecido – disse com duplo sentido e voltou a caminhar graciosamente para o banheiro.



As pessoas, inclusive eu, estavam rindo da situação. A mulher ainda tentava esconder o rosto, mas nada adiantava; todos os olhares estavam nela.



Olhei pro interior e pude ver Bella, quase se jogando no chão de tanto rir. Reciprocamente ri de sua situação.



Depois que a calmaria se instalou novamente no local, Bella sentou-se na mesa, de frente pra mim.



--- Que show foi aquele? – perguntei e ela sorriu.



--- Apenas mostrei pra ela quem é que manda aqui – piscou pra mim e eu empurrei minha cadeira pro lado dela, dando-lhe um selinho.



--- Que orgulho da minha princesa guerreira – falei colando nossas testas e ela riu.



--- Quando a vida está difícil, precisamos tirar a coroa e colocar a armadura – respondeu e eu a olhei com respeito.



--- Falou tudo – assenti sério e ela me deu um sorriso.



--- Agora vamos mudar de assunto – falou pegando novamente seu garfo – você não está sentindo um gostinho de ferro nesse macarrão? – disse confusa e eu soltei um muxoxo, enfiando a cara na mesa, emburrado.



--- Hein? – ela murmurou, confusa.




14h40min





Depois do almoço colocamos nossas mochilas nas costas e seguimos rumo às montanhas. Bella queria ir de ônibus, mas eu implorei para que fôssemos andando. Quem sabe eu não bolava alguma coisa no meio do caminho? As alianças que sobraram estão no bolso de minha bermuda.



Chegamos à uma saliência de pedra, e subimos ela. Segurei a mão de Bella para que ela não escorregasse e continuamos andando. Já dava pra ver metade do Havaí da altura que estávamos.


--- Olha a pousada! – Bella enlaçou seus dedos nos meus e apontou para o mar, onde se via uma ponte e vários quartos em cabines. Sorri e observei-a.



Ela olhava intensamente para tudo que via, com um sorriso limitado, de lábios entreabertos. Como se estivesse vendo algo de beleza extraordinária. Como se estivesse se olhando no espelho.



Linda.



Discretamente tirei uma foto dela, fazendo-a despertar e me olhar emburrada. Ri disso.



--- Viu como é bom? – falei e caí na gargalhada.



Ela deu sinais que ia me atacar então eu corri, mas era tarde; ela montara em minhas costas, passando os braços pelo meu pescoço e as coxas pelos quadris.



--- Você sequestrou minha câmera! – ela disse rindo tentando tomar a câmera de minhas mãos. Inclinei-me pra baixo, abaixando o braço que segurava a câmera.



--- O que? Você gostou de eu ter tirado sua foto? – perguntei incrédulo, me colocando em postura ereta denovo. Ela ofegou, me olhando.



--- Claro, eu fico parecendo uma atriz de novela – disse e eu ri, fazendo ela rir também.



--- Você é tão natural – falei e beijei sua bochecha. Ela sorriu e eu comecei a subir novamente a montanha, com ela nas costas.



--- Upa cavalinho! – ela tirou com a minha cara e eu ri, assim como ela.



Com o tempo, parávamos em alguns lugares para beber água, tirar fotos ou simplesmente olhar a vista de onde estávamos. Foi aí que surgiu a ideia de como pedi-la em casamento.



Sorri malicioso e a coloquei no chão. Ela estranhou e ficou de frente pra mim.



--- Cansou? --- Não, acho que deixei cair alguma coisa lá em baixo – falei e ela uniu as sobrancelhas.



--- Hã... Tudo bem, eu acho – disse dando de ombros, sorrindo ainda meio confusa.



Fui até ela e lhe dei um beijo caloroso de despedida.



--- Só não demore muito, ou irei atrás de você.



--- Pode ficar sem olhar pra baixo? – falei e ela me olhou, desconfiada.



--- Por que?



--- Porque você pode tentar se inclinar pra ver algo e cair, e eu não estarei aqui pra te segurar – falei assentindo. Mas o motivo era outro.



--- Ei! Não sou tão desastrada assim – protestou cruzando os braços em frente ao peito.



--- Sei... Mas é melhor não arriscar. Me espera aqui – sorri e desci rapidamente as pedras. Quando estava há trinta metros, olhei pra cima e vi que ela não olhava.



Enquanto descia, peguei em minha mochila um caderno e uma caneta. Depois escrevi “Leia-me” em uma folha branca, em letras garrafais. Colei o papel na árvore, dei algumas instruções na parte de trás e catei várias pedras, colocando-as enfileiradas até estarmos há uns 5 metros de altura.



Depois, peguei outro papel e escrevi “siga as velas” e coloquei algumas velas que eu pegara no banheiro da pousada. Acendi uma por uma.



Continuei a descer e cheguei à areia da água do mar. O local tinha areia como a praia, mas não haviam pessoas ali. Uns bambus perto da calçada e a areia branca, livre com algumas conchas e estrelas do mar.



Peguei um palito e escrevi bem grande “Casa comigo?” e escondi a aliança de baixo de uma concha grande. Voltei até a última vela que colocara na pedra e escrevi “procure pela aliança” abaixo da mesma. Levantei e bati as mãos, limpando-as.



Subi novamente por algumas pedras e liguei a câmera de Bella em uma árvore. Fora meio complicado subir apenas pelo fato de ser um bambu alto. Eu era acostumado com as árvores escorregadias de Forks, já que ia quase sempre para o quarto de Bella escalando por árvores.



Coloquei a câmera em modo de gravação e fiz alguns testes para ver se ela funcionava. Logo já estava em solo.



Quando estava na areia, escrevi em um papel “Eu te Amo. P.S: Sim, eu sequestrei sua câmera.”



Ri nessa parte e coloquei o papel perto do pedido . Peguei um palito e fiz um grande coração em volta das palavras, com cuidado para não apaga-las com minhas pegadas.



O céu já estava começando a ficar amarelado, típico de 15h16 da tarde.



Peguei meu celular e disquei os números de Bella.



--- Caiu alguma coisa? – perguntou com a voz entediada.



--- Sim, eu caí e bati o peito – falei e ela puxou toda a respiração pela boca – Vem cá, Bella! Mas não corra!



--- Eu já estou indo, Ed! Não se mexa! – disse e desligou o telefone. Soltei uma risadinha e espionei a parte de cima da montanha.



Pude ver ela descendo com cuidado, sem correr, como eu pedi. Ela estava sem a mochila e sem o tênis, e seus óculos escuros estavam no topo da cabeça, tirando os fios de cabelo de seu rosto. Ela viu o primeiro aviso e o arrancou da árvore, lendo a parte de trás. Um sorriso aliviado surgiu em seu rosto. Provavelmente feliz por saber que eu não tivera caído.



IKO – Heart of Stone




Ela desceu prestando atenção nas pedras e quando viu as velas arregalou os olhos, com um sorriso surpreso. Avançou e deu um pulo pra alcançar a areia.



Seguiu as velas sem olhar pra frente, por isso não vira o pedido escrito na areia.



Parou na última vela e fechou a boca quando leu o pedido de casamento. Engoliu em seco e abriu a boca em um O perfeito, surpresa. Levou as mãos ao rosto, emocionada.



--- Oh meu Deus! – ouvi ela murmurar e pude jurar que vi uma lágrima escorrer de seu olho em meio ao sorriso.



Ela encontrou o papel de “procure a aliança” e se ajoelhou, procurando desesperadamente por qualquer vestígio de metal. Ri de sua euforia.



Ela desvirou uma concha e encontrou dentro da caixa de veludo a aliança em prata, em formato de 0, com diamantes brancos puros cravejados. Era de prata, como ela queria; ele brilhava com a luz do sol fraco das três da tarde, assim como os olhos lacrimejantes de Bella. Ela o fitava maravilhada, incrédula e surpresa. Estava tão vidrada que nem o tocou, ficou apenas olhando-o, mil coisas passando por sua mente. Eu queria ter o poder de ler seus pensamentos.



Do lugar que eu estava, escalei a árvore silenciosamente e consegui alcançar a câmera dela. A coloquei entre as mãos e desci pelo mesmo caminho que ela desceu, sem emitir som.



Quando toquei os pés na areia novamente, vi Bella ajoelhada, chorando de cabeça baixa enquanto segurava a caixinha com a aliança.



Sem querer pisei no meio do palito e ele quebrou, provocando um ruído. Bella virou a cabeça e quando me viu, abriu um sorriso largo entre as lágrimas. Dei um sorriso torto pra ela e abri os braços.



Ela correu até mim e pulou, me abraçando. Deixei a câmera cair em pé no chão e girei com Bella em meu colo até o meio do coração. Acho que a câmera focalizou essa parte.



Ela ria e chorava contra meu ombro, me apertando cada vez mais contra si.



Parei de girar e a coloquei no chão lentamente, sorrindo sempre. Levei minha mão à sua bochecha e a afaguei, limpando os resquícios de lágrimas. Ela tocou meu braço enquanto eu o fazia e sorriu, de olhos fechados.



Parei de limpar suas lágrimas e coloquei um joelho no chão, pegando a caixinha de veludo em sua mão. Ela me olhou surpresa, levando novamente as mãos à boca.



--- Isabella Marie Swan, eu amo você, e prometo amá-la por cada segundo de toda a minha vida. Não consigo me ver sem você me acordando todos os dias, sem o seu sorriso, sem pegar em sua mão – acariciei-a enquanto falava – e sem ver seu rosto. Meu mundo não é o mesmo sem você, e não vejo razão para não permanecer ao seu lado pela eternidade, desfrutando de seu amor. Minha vida era apenas escuridão até você aparecer, com seu raio luminoso que iluminou meu coração, me deu forças pra lutar – me emocionei nessa parte, dirigida secretamente à minha doença - e superar barreiras. Nosso amor não conhece regras, não conhece limites, não conhece o “não”. Isabella Swan, eu prometo amá-la cada dia da eternidade. Me daria a extraordinária honra de se casar comigo? – perguntei, evitando que uma lágrima descesse de meus olhos.



Seus olhos estavam marejados, e até mesmo em sua blusa eram visíveis gotas de lágrimas. Ela abriu um sorriso feliz em meio às lágrimas.



--- “Eternidade” é muito tempo, mas – começou e parou para limpar seus olhos – eu não me importaria de passar ao seu lado.



Sorri e deixei uma lágrima escapar de meu olho esquerdo. Ela balançou a cabeça e murmurou um “sim” baixo. Foi o que bastava para que eu colocasse o anel delicadamente em seu dedo anelar, o qual coube perfeitamente. Sorri, lembrando do quanto eu suei pensando que esse anel não caberia. Mas no final valeu a pena; ele combina perfeitamente com a beleza natural de Bella.



Sorri, deixando mais uma lágrima sair.



Abracei-a pela cintura enquanto me levantava, e quando estava de pé nossos lábios se moldaram um ao outro perfeitamente. Ela levou suas mãos à meus cabelos e enlaçou suas coxas em meus quadris, enquanto eu a mantinha firme com um braço e o outro segurava suas costas.



O beijo era diferente de todos os outros; era intenso, caloroso, apaixonado, maravilhoso. As sensações provocadas só poderiam ser descritas como o paraíso. Nossas bocas se moviam tão sincronizadamente que julguei que tivesse sido ensaiado. Eu nasci pra estar aqui hoje. Eu pertencia a ela, a cada centímetro de Isabella Swan. E ela pertencia a mim. Completamente minha.



A luz dos astros não podiam ser comparadas ao brilho de seus olhos ao ver a aliança. As águas límpidas e fulgentes do Havaí não chegavam perto de suas lágrimas de felicidade, e nem o próprio sol, fonte do calor e da luminosidade do mundo, poderia superar a vivacidade do fulgor de seu sorriso.



Ela era perfeita, e só minha. Minha Bella, minha princesinha perfeita.



O ar se fez necessário e nos abraçamos. Coloquei o rosto em seu pescoço e ela ao sentir minha respiração teve arrepios involuntários. Sorri com isso.



--- Eu amo você – falou em um sussurro, a voz melodiosa levemente embargada.



--- Eu amo você – falei mas não por repetição. O sentimento falou mais alto no ponto de eu não controlar mais meus pensamentos.



E colamos nossos lábios mais uma vez, ofegantes.




(...)




--- Viu aquele? – Bella apontou.



Desde que conseguimos chegar no topo da montanha – entre apostas, tropeções nos galhos e muitos, muitos beijos – estamos em um momento relax total, conversando amenidades sobre as paisagens naturais do Havaí.



Minha cabeça está no meio de suas pernas enquanto Bella relaxa as costas em nossas duas mochilas empilhadas, criando um apoio em suas costas, como um travesseiro.



Um pássaro com a cauda azul longa em penas e o corpo vermelho balançava as asas contra o vento graciosamente. Fotografei-o com uma mão, sem esforço.



--- Acho que é uma arara brasileira – comentei e ela sorriu, pegando a câmera em minha mão.



--- Edward Cullen craque em biologia? – perguntou divertida, fazendo um carinho doce em meus cabelos.



--- Quando não estou com você preciso me concentrar em alguma coisa, se não crio asas e me transporto pra onde você está – falei despreocupado e, mesmo não olhando pra ela, sabia que corava.



--- Isso foi bonito. Vai escrever em nossos votos de casamento? – brincou e eu ri.



--- Não, essa foi só uma frase solta. Meus votos serão bem mais profundos.



--- Claro, sr. “intimida a Bella” – disse e eu ri.



--- E você? O que vai escrever? – perguntei tranquilamente.



--- Bom... – ela refletiu, balançando levemente os pés – vou começar com: “Queridos companheiros, estou lisonjeada...” – começou e eu comecei a rir.



--- Isso é um voto, não a formatura – disse e ela corou fortemente.



--- Não sei bem o que escrever – admitiu, envergonhada.



--- Quer que eu te ajude? – perguntei sério e ela balançou a cabeça negativamente, de modo frenético.



--- Nem pensar! Dá azar, e tem que ser espontâneo!



--- Bella, eu não me importo com essas formalidades. O que importa é que você estará ali, comigo. Se você disser apenas um “eu te amo” vai ser emocionante – falei com sinceridade olhando pra ela.



Limpou a garganta e arfou.



--- Já tenho uma ideia - sorriu-me abobalhada. Reciprocamente retribuí seu sorriso e ela me deu um beijo na bochecha, fazendo algumas mechas de seu cabelo roçarem em minha barba por fazer. Arrepiei-me de imediato.



--- Mas se não ficar bom, promete que não vai rir?



--- Geralmente as pessoas choram em um casamento – sorri de canto.



--- Elas não iriam chorar se a noiva tropeçasse nos próprios pés – disse dando de ombros e eu ri.



--- Na verdade eles chorariam sim, só que de rir – falei e ela prendeu a risada mordendo os lábios – mas isso é impossível de acontecer. O seu pai estará ao seu lado, segurando você e as pistolas dele – ela riu – e depois eu irei te segurar. E eu nunca te deixaria cair.



Ela me olhou intensamente por um momento.



--- E a Alice vai te ajudar a andar de salto – falei e rimos.



--- A Alice? Ela já tentou me fazer andar naquilo e não deu certo. Se eu pudesse , me casaria descalça.



--- Descalça? – sorri franzindo o cenho.



--- É. Você tem sorte de ser homem, não precisa colocar a torre Eiffel nos pés – disse dando de ombros e eu franzi os lábios por um minuto.



--- O que foi? – ela me perguntou, passando o dedo por minha bochecha.



--- É que é tão... complexo falar de sapatos – desabafei e a risada fluiu, e naturalmente, a gargalhada explodiu.



--- Achei que fosse só eu que pensasse assim – disse quando nossas risadas foram se acalmando, ainda sorrindo – ah, e mais uma coisa: Nem pense em dar uma despedida de solteiro! – avisou gesticulando.



--- Despedida de solteiro é pra homens que trairão no futuro – falei com um sorriso de canto.



--- É verdade – ela pensou.



--- E a palavra “despedida de solteiro” nos meus planos é sair pra algum lugar perigoso, o qual não te levaria pra você não se machucar – admiti meus pensamentos em voz alta, pegando sua mão e brincando com seus dedos.



--- E qual lugar seria esse? --- Eu iria pro Oeste e caçaria alguns ursos – balancei a cabeça simplesmente. Ela assentiu, os lábios franzidos.



--- Bom modo de pensar. Acho que farei o mesmo.



Ri.



--- Qual a graça? – perguntou, confusa. Puxei de leve seu dedo mindinho.



--- Pra onde vai você, Bella Aventureira? – perguntei e ela riu, me dando um leve tapa na mão.



--- Bobo. Eu iria... – ela pensou olhando pro horizonte, balançando a cabeça – bem, eu tenho algumas amigas no interior. Eu iria chama-las e iríamos todas para um parque de diversões, ou simplesmente eu iria de carro à Salk Lake City e passaria um dia inteiro na Family History Library (N/A: A maior biblioteca dos EUA).



Eu sempre soube que Bella era adepta à leitura, e o fato de ela admitir que ia à uma biblioteca era fascinante. Quer dizer, ela prefere enfiar a cara nos livros à strippers de tanguinha.



Bella consegue ser bonita e ter conteúdo ao mesmo tempo; uma mistura de Angela Weber com Tanya Denali.



Sorri com tal pensamento.



--- Que foi? Não ria, por favor – começou com a voz arrependida e corava levemente, levando as mãos ao rosto.



--- Não é isso – peguei uma de suas mãos – apenas acho incrível você trocar homens de cueca por livros.



Ela riu, corando novamente. Enlacei minha mão na sua e beijei cada um de seus dedos.



--- Eu vou ser ainda mais incrível quando ganhar de você nas damas – disse beijando a ponta de meu nariz e eu ri. Tirou sua mochila das costas e puxou o jogo de tabuleiro. Sentei-me e ri da sua ambição pela vitória.



Ela sentou no meio de minhas pernas enquanto arrumava no tabuleiro as respectivas peças. Brinquei com algumas madeixas de seu cabelo, distraído.



--- Por que insiste tanto?



--- Porque não li 3 livros de instruções pra nada – respondeu e eu ri, beijando suas costas e abraçando-a por trás.



--- Se eu te dissesse que trapaceei você ficaria mais feliz? – perguntei e tirei uma mecha de cabelo de seu rosto. Ela me olhou por cima do ombro.



--- Você trapaceou? – perguntou com os olhos brilhando. Prendi o riso.



--- Não – falei e explodi em uma gargalhada, abraçando sua barriga. Ela tirou meus braços de si e sentou de frente pra mim.



Olhei para minhas peças e fitei Bella, que sorria debochada pra mim.



--- Vermelhas... – comecei.



--- Quando você ganha no jogo, tem o direito de permanecer com as peças.



--- Não... Quem ganha tem o direito de escolher as peças – falei e virei o tabuleiro para o meu lado, ficando com o naipe preto.



Ela soltou um muxoxo.



--- Bella, não é justo. Você ficou com as pretas antes, agora é a minha vez – falei e toquei meu primeiro peão.



--- Tudo bem, quem sabe os vermelhos não me dão sorte? – me sorriu – e... – colocou meu peão pra trás – os vermelhos começam – sorriu maliciosa e eu ri, esperando ela jogar.



(...)



--- Me conta um segredo? – perguntei movendo a rainha.


--- Bom, eu sou um livro aberto – sorriu ainda vidrada no jogo.


--- Uma coisa que... Sei lá, o seu pai não saiba – dei de ombros.



--- Você é um cara legal – disse e eu ri – ele não sabe disso. Aliás, nem desconfia. Você é muito, muito legal.



--- Eu já sabia – pisquei.



--- Convencido. Agora me fala um defeito seu.



--- Você acabou de dizer – demorou alguns segundos pra ela entender, mas, por fim, riu – só que eu acho que é amor próprio. Não sou tipo “Olá mundo, eu sou lindo e perfeito, meu cabelo – o toquei – é natural e meu sorriso faz as pessoas perderem a linha de raciocínio e blá blá blá...” – gesticulei com uma careta.



Bella me encarava com um sorriso bobo e estava pensando em algo, já que passou uns 15 segundos calada apenas me observando.



Estralei os dedos em frente aos seus olhos e ela sacudiu a cabeça, voltando ao mundo real.



--- Desculpa – pigarreou como se esquecesse de decorar um texto importante.



Ela estava apenas com dois naipes de peão, eu poderia mata-la com o meu último cavalo, mas ele está distante demais. Meu rei, que em minha opinião deveria ser o mais poderoso – já pensei nisso -, vai apenas um passo pra frente e um pro lado. Bella me derrotaria apenas com dois peões, as peças mais pobres do jogo. Mas eu posso ficar feliz por ela.



Sorri e tapei o meu sorriso colocando o cotovelo apoiado no joelho e a mão em punho na boca.



--- Agora me diga um segredo – falou cercando meu rei.



--- O segredo é que você ganhou e não percebeu – sorri e ela me olhou, confusa.



--- É, xeque-mate cercando o rei - apontei pros seus peões e um sorriso brilhante cresceu aos poucos em seus lábios.



--- Yeah! – ela gritou ficando de joelhos e socando o ar. Ri de seu entusiasmo e tirei uma foto dela.



--- Edward! – ela disse e a olhei pelo visor da câmera tarde demais.



Ela se jogou em cima de mim pra um abraço, colocando as mãos firmes em minha cabeça para que eu não batesse contra a pedra. Antes de minhas costas tocarem o chão, seus lábios doces já estavam nos meus, movendo-se em uma sincronia perfeita, numa mistura de desejo e concupiscência.



Minhas mãos foram pra sua cintura e depois passearam livres por toda extensão de seu corpo, até parar em suas coxas. Suguei sua língua lentamente.



Bella arfou e, relutante, saiu de cima de mim. Ergui as costas, ela ainda em meu colo com cada perna de um lado de meus quadris.



--- Vou deixar você ganhar mais algumas vezes – ofeguei e ri. Ela me empurrou denovo pra trás e pegou meu rei, jogando-o montanha abaixo.



(...)




Saí do chuveiro e me vesti rapidamente. Coloquei apenas uma boxer, camiseta azul escura e meias. Fazia uma temperatura agradável.



--- Edward, achei um banco imobiliário – Bella me gritou da parte de cima da suíte e eu subi, encontrando-a deitada no sofá com os joelhos agudos pra cima. Quando me viu, me olhou de cima a baixo e mordeu os lábios, prendendo um suspiro.



Dei-lhe um selinho e sentei ao seu lado, e ela imediatamente sentou-se e ficou colada a mim. Ela usava uma regata do Red Hot Chilli Peppers e uma calcinha, também com meias.



Colocou as pernas em posição de índio e eu passei o braço por seus ombros, colando-a a mim. Ela pegou a caixa com as notas falsas de dinheiro que acompanhava o tabuleiro original.



--- Sabe jogar? – me perguntou erguendo uma sobrancelha.



--- Não, onde achou isso?



--- Por aí – sorriu maliciosa – vamos inventar um jogo com isso. Vejamos... – fez uma careta pensativa e eu peguei as notas de sua mão.



--- Já sei – falei e dei-lhe uma nota de 50 pratas – o que você compraria com 50 pratas? – ela me sorriu e mordeu os lábios, entrando no jogo.



--- Um cachorro – falou e eu ri. Ela tomou algumas notas de minha mão e me deu uma de 100 – o que compraria com 100?



--- Chocolate – falei e ela revirou os olhos, me fazendo rir – e com 600?



--- Pizzas de todos os estados dos EUA – falou e quase vi duas estrelas como as de desenho animado em seus olhos – e você com 1.000?



--- Eu compraria pastas de dente – falei e ela me olhou, confusa – um dia eu vou ter os dentes bem brancos e assim vou poder tomar uma lata inteira de leite moça – sorri sonhador e ela prendeu o riso.



--- Nunca virou uma lata inteira?



--- Não – suspirei – minha mãe nunca deixou.



--- Eu já fiz – ela disse fazendo uma careta de dor, como se relembrasse o momento – é bom na hora, mas depois vem uma dor de barriga horrorosa.



--- Sua mãe te deixou fazer isso? – franzi o cenho.



--- Claro que não, fiz escondido – deu de ombros e pude jurar que minha boca estava em um “O” perfeito. Bella, a certinha, fazendo coisas por trás dos pais? – qual o problema? Eu tinha sete anos, oras.



--- Wow – foi o que consegui dizer, e ainda sim saiu lentamente. Ela riu, me empurrando de leve.



--- Todo mundo tem um sonho radical – disse e riu levemente, passando os dedos pelas notas sem valor – eu ainda sonho em tocar em um leão.



--- Um leão? Uau, garota corajosa – falei e ela sorriu – na nossa lua de mel vamos a um Safari – rimos.



--- Na minha lua de mel eu quero algo... – ela mordeu o lábio inferior, pensativa – quero uma surpresa.



Franzi o cenho e ela me olhou.



--- Chega de planejamento. Quero ir pra qualquer lugar! – abriu os braços em empolgação. Sorri.



--- Mesmo se viajarmos pra um hotel barato, com dois velhinhos no quarto do lado e uma francesa que berra palavrões estranhos com o marido no outro? – perguntei e ela deu uma tapa em minha coxa.



--- Você é tão criativo – disse com um sorriso provocante. Larguei as minhas notas falsas e joguei as dela contra o chão e subi em cima dela puxando-a para um beijo caloroso.



Ela se deitou no sofá e enlaçou as pernas em minha cintura, enquanto minha mão percorria sua coxa e sua nuca.



O beijo se tornava cada vez mais urgente e desesperado, e de repente o calor já percorria todo meu corpo.



Afastei minha boca da de Bella para que ela pudesse tirar minha blusa, mas logo voltei a tomar seus lábios com ferocidade enquanto ela se agarrava mais a mim.



Enquanto nossas línguas travavam uma luta deliciosa por espaço e autoridade, eu sentia meu membro ter cada vez mais volume. Bella arqueou as costas e conseguiu me virar pro chão, ficando por cima de mim e tirando a própria blusa. E pra facilitar a minha vida ela estava sem sutiã, o que me fez sorrir com malícia e carrega-la correndo pra cama.




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