A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 46
Londres.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/379038/chapter/46

Nicolas

 

Foi uma viagem longa e cansativa. Eu passei o caminho todo imersa na minha própria mente.

Nesse momento eu não tinha mais medo, estava segura, estável e confiante do que eu deveria fazer. As coisas que Ícaro disse sobre meu filho, e como foi o dia que ele nasceu pareciam ter aberto uma brecha na minha mente, que não tinha sido aberta antes com tanta coisa acontecendo.

Aquele dia parecia que o mundo ia acabar. Eu nunca vi uma noite daquelas em Forks. Com ameaças de tornado e furacão, a chuva foi tão intensa que no dia seguinte tinha pelo menos 4 janelas quebradas, o carro do Nicolas atolado na estrada pela árvore que caiu em cima dele.

O jornal dizendo que foi a tempestade onde mais teve queda de raios em Washington, nas últimas décadas.

Parecia que a natureza estava com raiva. Agora muita coisa fazia sentido, e ao mesmo tempo outras coisas ainda não.

Eu achava que conhecia o mundo que vivia, mas na verdade não conhecia nada.

Existiam coisas além do meu alcance. Coisas que claramente alcançaram meu filho e eu não podia fazer nada se não protege-lo.

Protege-lo do desconhecido e dele mesmo no futuro, se eu ainda estiver por aqui para isso.

Me distrai quando ouvi o piloto avisar para colocarmos o cinto, pois iriamos pousar. Nem acreditava, depois de horas presa nessa caixa preta, enfim terra firme.

—Um tanto irônico - Lauren bufou - Se algo acontecesse com esse avião, seriamos os únicos sobreviventes dessa merda.

Nicolas sorriu a observando. Os 3 passaram a viagem inteira conversando sobre estratégias, nem parecia que no geral eles queriam se matar.

—Próxima parada, Hotel. – Lucy disse empolgada quando já tínhamos descido do avião e esperávamos nossas malas.

Nicolas pegou minha mão gentilmente e sussurrou no meu ouvido.

—Você está tão quieta. Ta tudo bem?

—Sim. – Disse sorrindo.

Tentei ser convincente, mas não sei se rolou.

Ok, não faz nem 6 horas que estou longe do Ariel e já me sinto incompleta, como se uma parte de mim tivesse sido arrancada do meu corpo.

Esse papo de ser forte o tempo todo, fica meio difícil quando se tem um bebê que depende de você.

Pegamos nossas malas e seguimos para um táxi que nos levou diretamente a um Hotel no centro de Londres.

Ali iriamos avaliar nossos próximos passos.

—Eu já volto – Lauren largou suas malas no quarto e saiu.

—Ela sabe que não estamos de férias, não é? – Lucinda murmurou desfazendo sua mala.

Alugamos um quarto só, era basicamente um apart hotel.

Era lindo, enorme e luxuoso, tinha até uma cozinha simples e tudo decorado em dourado e branco. O quarto parecia banhado em ouro.

Fui até a varanda respirar ar puro e a visão também era linda. Tinha um jardim de estátuas bem na frente do nosso quarto, com um lago atrás dele. Não sei porque alugamos um quarto desses, em um hotel desses se não vamos aproveitar de fato.

Ou no caso, acho que merecemos passar a noite em um lugar assim já que não temos certeza se um dia teremos a chance de novo.

—Voltei. – Lauren abriu a porta com um sorriso de ponta a ponta. Ela colocou outra mala em cima da pequena mesa e a abriu. – E trouxe o jantar.

—Da onde arranjou isso? – Nicolas perguntou surpreso, vindo do banheiro.

—Ah, eu tenho contatos em todo canto do mundo. – Ela explicou tirando bolsas e bolsas de sangue humano da mala. – Em Londres não seria diferente.

—Isso é tão errado... – Lucy engoliu em seco.

—Ninguém morreu para que possamos comer, Lucinda. – Lauren rolou os olhos. – Peguei de um amigo, veio de um banco de sangue. E sangue humano é a única maneira de nos mantermos fortes o suficiente para as coisas darem certo. Caçar animais não vai rolar aqui em Londres.

—Ela tem razão – concordei pegando o celular. – Vou ligar para Alice.

Deixei os 3 lá dentro e fui para a varanda outra vez, discando o número da minha tia. Tocou 3 vezes até ela atender.

—Graças a Deus – ouvi a voz baixa dela do outro lado do telefone. – Se está ligando é porque ainda está viva.

Eu podia visualizar seu rosto aliviado em minha mente agora, aquilo me fez sorrir.

—Viva, por enquanto. – Disse rindo. – E Ariel?

—Ele está ótimo, está com Esmee agora, dormindo nos braços dela. – Suspirei imaginando essa cena também, me trouxe um pouco de paz no momento, sabendo que ele estava seguro nos braços da minha avó.

—Algo de novo Alice?

—Na mesma – ela pareceu respirar fundo. – Ele continua lá, no mesmo lugar.... Esperando...

Eu bufei irritada. Algo parecia não se encaixar. Ha semanas Alice disse que ele estava esperando.

Esperando o que?

—O que você vê exatamente Alice?

—Bom, as vezes vejo muito embasado porque, algo parece me bloquear. Mas ele está sempre sentado em uma poltrona, ou olhando a lareira ou uma estante cheia de livros. As vezes alguém aparece e eles sempre tem a mesma conversa...

—Quem?

—Parece ser uma enfermeira, não sei. Mas ele sempre pergunta "como estão", e a mulher responde, "chegando a hora". Depois tudo embasa de novo. Mas ele continua lá, esperando.

Ok. Não fez muito sentido para mim.

—Certo, obrigada tia. Qualquer novidade me ligue. Obrigada por tudo.

—Tomem cuidado, amo vocês – disse antes deu desligar o telefone.

Suspirei irritada. Não saber exatamente o que me esperava, me deixava frustrada.

—Com certeza não é a gente que ele está esperando. – Lauren disse da sala. Claramente tinham ouvido minha conversa com ela.

Eu voltei e os três me encaravam tão perdidos quanto eu.

—Ótimo, então o elemento surpresa ainda está de pé. – Disse pegando uma bolsa de sangue também.

Aproveitei o meu jantar com o sangue humano que Lauren trouxe, depois tomei um banho. Logo em seguida nos 4 capotamos.

Foi um dia cansativo. Casamento, horas intermináveis de voo, tensão e etc. que nem percebi quando peguei no sono.

Foi uma noite horrível.

Era difícil eu sonhar com alguma coisa, mas quando acontecia era mais difícil ainda eu esquecer.

Nesse sonho em específico, ele foi tão vivido e claro para mim, que era como se eu estivesse ali de verdade.

Eu estava em uma floresta escura, era de noite e a única luz que havia ali era a da lua. Alguém carregava Ariel nos braços, subindo uma colina no meio da escuridão. Ele chorava tanto que ecoava floresta adentro. Quando o homem de capa preta chegou no pico da colina, colocou Ariel em cima de uma pedra branca, bem no alto do morro. Ele disse algumas palavras e de repente tudo ficou mais escuro ainda, a lua que iluminava o céu parecia ter apagado ou sumido. E Ariel sumiu junto com ela.

Eu acordei sem ar as 5 da manhã com um grito que rasgou minha garganta.

—Elizabeth! – Nicolas acordou na mesma hora sentando ao meu lado.

Eu estava sem ar, vendo imagens sem nexo balançar na minha frente. Coloquei as mãos na garganta desesperada tentando respirar.

—O que houve? – Lucinda apareceu assustada junto com Lauren. As duas de pijamas, me encarando como se eu tivesse levado um tiro.

Eu tinha acabado de recuperar o ar, estava ofegante como se tivesse ficado horas debaixo d'agua e percebi que chorava também.

Algo me dizia que tinha alguma coisa errada, eu não conseguia entender o sonho que tive e nem o que eu estava sentindo agora.

—Ariel! – Disse olhando para Nicolas. – Tenho que ligar para Alice...

—Calma – ele me abraçou preocupado.

Lauren pegou o telefone dela e saiu do quarto.

Meu coração estava descompassado e eu tremia sem controle. Nicolas me prendeu ao seu corpo em um abraço forte, segurando minhas mãos enquanto eu enterrava meu rosto em seu pescoço.

—Tem alguma coisa errada... – eu sussurrava olhando o vazio. – Estou deixando passar alguma coisa...

Ele me soltou por um segundo pegando meu rosto com as duas mãos, e encarando meus olhos.

—Foi um pesadelo Elizabeth. Foi só um sonho. – Ele disse apertando meu rosto.

—Nunca é só um sonho – disse a ele.

Lauren voltou logo em seguida com o celular em mãos.

—Ariel está bem. Renesmee atendeu o telefone e disse que ele estava seguro e nos braços dela. Está tudo bem.

Quando ela disse aquilo, eu desmoronei na cama sem entender o porquê. Eu estava angustiada e aflita.

Nicolas me abraçava, mas os 3 não sabiam o que eu tinha, então ficaram olhando enquanto eu chorava sem ter um motivo aparente.

[...]

—Você está com saudades dele, é normal sonhar assim levando em consideração a tensão do que estamos fazendo. – Lucinda disse. Já era de manhã, já tínhamos levantado e nos arrumado para partir.

—Você não ouviu meu sonho? Aquilo definitivamente não é normal.

—Sonhou com isso porque está preocupada. Cada passo que der vai achar que Ariel corre perigo. Mas as vezes foi só um sonho, não é nada.

—Nunca é nada para uma sensitiva. – Eu disse irritada. – O sonho foi real. E eu sei o que eu estou sentindo desde que sonhei com isso. Não é à toa.

—Acha que foi o que então? – Lauren perguntou deitada no sofá.

—Pode ser várias coisas, uma premonição, um aviso, um alerta, uma visão...

—Renesmee disse que ele estava bem. – Ela rebateu.

—Pode não ser com ele, pode ser para a gente, ou pode não ser hoje...

—Ok. Para – Nicolas andou até mim segurando em meus ombros. – Está surtando e fazendo a gente surtar também. Acabamos de chegar em Londres e é obvio que você ia começar a ter essas coisas. Então só vamos lidar com uma delas de cada vez. Alice disse que qualquer coisa ligaria.

Eu respirei fundo frustrada novamente.

Não tinha o que eu fazer agora e Nicolas tinha razão. Talvez fosse só um sonho, ou não... Mas de qualquer forma estou aqui agora, não posso voltar atrás.

—Onde é o castelo da família Headkros? - Perguntei mudando o assunto.

—Essa é a questão, nenhum de nós nunca foi lá de fato, então vamos descobrir juntos. – Lauren disse se sentando no sofá.

Lucinda apareceu com um notebook e me puxou para sentar ao lado dela.

—Pela descrição de Alice só pode ser por aqui – disse apontando para uma pesquisa que ela fez. – Nessa região, é a mais montanhosa e inabitável do pais.

Lucy de repente tirou um mapa de dentro da bolsa.

—Um mapa? – Nicolas ergueu as sobrancelhas.

— É o jeito mais rápido de achar esse lugar, não confio muito em internet.

Ela esticou o mapa por toda a mesa e passamos a tarde toda olhando.

Enfim Lucinda parecia ter razão, descobrimos que ao Sul de onde estávamos tinha a maior floresta não explorada do pais, feita de montanhas rochosas.

O resto do lugar era muito populoso e não condizia com o que Alice descreveu.

—Façam as malas. Vou arranjar um carro - Avisou Nicolas.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(E)