A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 47
"Afaste-se, perigo!"




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/379038/chapter/47

— Acho que você poderia ter se esforçado um pouco mais, para achar um carro maior. - Murmurou Lauren se contorcendo no banco de trás.

—Porque a gente trouxe ela mesmo? - Perguntei a um passo de explodir.

—Estou me perguntando isso desde que saímos de Forks. - Nícolas bufou.

Estávamos no carro a mais ou menos 6 horas e nem estávamos perto de chegar, nem sabíamos se estávamos indo para o lugar certo para começar.

Eu já dormi, acordei, liguei para Alice várias vezes, fizemos chamada de vídeo fingindo estar aproveitando a lua de mel para que eu pudesse ver Ariel, e manter a calma sobre o sonho que tive.

Mas as horas pareciam não passar.

—Não podemos parar? Preciso ir ao banheiro. - Pediu Lucy.

—Vocês acham que estamos numa colônia de férias? - Nicolas explodiu irritado.

Era a terceira vez que elas queriam parar para ir ao banheiro.

—Eu realmente preciso ir ao banheiro Nick - Lucy fez beicinho fazendo Lauren revirar os olhos.

—Olha, acho que devíamos fazer uma pausa. Estamos estressados e famintos.

Levou quase uma hora para acharmos um lugar. Estávamos em uma estrada no meio do nada, o que conseguimos foi uma espelunca caindo aos pedaços.

O lugar era horrível, totalmente o contrário do hotel que estávamos. Mas foi o único lugar que encontramos nesse fim de mundo.

Estava começando a escurecer, então resolvemos passar a noite ali, acumular energia e nos preparar para seguir viagem bem cedo.

—Elas estão me enlouquecendo. - Nicolas disse pondo a mão na cabeça enquanto conversávamos na varanda do quarto.

—Eu sei, a mim também. Mas elas vão ajudar então... - disse dando de ombros. Estava tentando ser o mais paciente possível. - Deixa elas aí no quarto. Vamos dar uma volta e olhar o mapa.

Deixamos Lauren e Lucy lá e fomos para fora do hotel.

Bem na frente dele tinha uma cafeteria. Eu e Nicolas entramos e pegamos uma mesa. Abrimos o mapa e olhamos canto a canto dele.

Parecíamos estar andando em círculos e não chegamos a lugar algum.

—Olá, o que vão querer? - Um senhor com um sotaque engraçado apareceu.

—Dois cafés, por favor. - Pediu Nicolas.

O senhor barrigudo anotou o pedido, mas não deixou de reparar no mapa enorme estendido sobre a nossa mesa.

—Olhe só. Turistas. - Disse admirado, dando um sorriso engraçado por cima do bigode mal feito.

Eu olhei para ele e percebi que ele estava realmente surpreso, quase interessado. Então me aproveitei disso.

—Na verdade, somos exploradores.

Nicolas me olhou de canto, erguendo a sobrancelha.

—Ora, me desculpem a pergunta - disse timidamente - mas estão explorando o que por aqui?

Eu olhei para Nicolas que estava olhando para mim sem saber o que dizer.

Chequei novamente as emoções do senhor, para ver se era seguro dizer, e ele não parecia nada além de curioso e interessado.

—Na verdade, ouvimos algumas histórias sobre um castelo ou uma casa muito grande, que fica mais ou menos nessa área aqui. - Disse apontando para o mapa. - Achamos curioso uma casa em um lugar desses, tão longe da população. Então decidimos procurar por ela.

Nicolas ainda me olhava sem entender o que eu estava fazendo. Eu sorria para o homem tentando ser convincente.

Seu rosto tranquilo ficou tenso na mesma hora que eu disse minha historinha inventada.

—Ah não. - Ele fez o sinal da cruz em cima da cabeça. - Essa área é proibida. Digo, não pelo governo claro, mas ninguém entra ali. É muito perigoso.

Bingo!

—Porque? - Nicolas perguntou.

O senhor olhou para os lados desconfiado, depois voltou a falar mais baixo e perto de nós, para que ninguém ouvisse.

—Sei que vou parecer ridículo agora, mas existem lendas sobre aquele lugar. Aconteceu coisas estranhas ali. Teve gente que entrou naquela floresta, e nunca mais saiu dela. Dizem que existe um monstro lá.

Dava para sentir o medo dele enquanto falava.

—E existe mesmo uma casa ou castelo por ali? - Questionou novamente Nicolas.

—Sim. Eu acho. Na verdade, o caso desse castelo são só boatos, ninguém nunca chegou a ver se ele existe mesmo. E quem achamos que viu, nunca voltou para contar.

Olhei para Nicolas com um sorriso de vitoria.

—Pode nos dizer o caminho até lá? - Perguntei.

—Vocês não têm medo? - Ele sussurrou incrédulo por perceber que não queríamos apenas ouvir a história, mas sim ir até lá. - Do tal monstro?

Mal sabia ele que sobre o tal monstro da floresta, tinha dois agora conversando com ele.

—Não acreditamos nessas coisas. - Respondeu Nicolas sorrindo da nossa piada interna.

—Tudo bem. - Ele deu de ombros impressionado - Segue mais uns 80 quilômetros nessa direção, existe uma rua bem aqui que não aparece no mapa, exatamente para evitar que as pessoas cheguem. Quando acharem essa rua vocês vão seguir por uma avenida, lá vocês vão achar uma entrada bem fechada de terra, a direita. Mas depois dali, é impossível seguir de carro.

Eu olhei para aquele senhor curiosa, enquanto ele desenhava uma linha em nosso mapa mostrando exatamente onde ficava a rua que não aparecia.

—Como sabe de tudo isso? - Perguntei.

As emoções do senhor ficaram conflituosas.

—Eu já fui jovem senhorita, um jovem curioso. - Ele sorriu, mas estava triste agora. - Eu perdi meu irmão para esse caminho traiçoeiro quando tinha sua idade. Ele era curioso como vocês. Quando achamos a entrada da floresta, eu não quis entrar, ele foi sozinho e nunca mais voltou.

Eu respirei fundo. Com certeza ele tinha virado comida de vampiro.

—Eu sinto muito - disse sentindo sua tristeza repentina.

—Qual seu nome? - Nicolas perguntou.

—Phillipe.

—Obrigado Phillipe. Nos ajudou muito.

—Que Deus abençoe vocês - disse fazendo o sinal da cruz no peito agora. - Vou providenciar os cafés.

Ele se distanciou agora nos olhando como se fossemos malucos. Talvez fossemos mesmo, mal sabia ele.

Eu e Nicolas nós olhamos sem conseguir conter o sorriso.

—Acho que estamos mais perto do que imaginávamos - disse sorrindo.

—Você é terrível.

—Eu sei. - Disse pegando sua mão. - Mas agora devemos ter cuidado. Assim que saímos daqui vamos descansar e tomar o resto daquele sangue humano para acumular energia.

Lauren e Lucy apareceram depois.

Se sentaram na mesa e contamos a elas o que descobrimos. Phillipe voltou com o nosso café, ainda nos encarando muito. Ele estava achando que éramos loucos, dava para ver o jeito que ele olhava para nos.

Bom para ele estar assim, é porque realmente ninguém deveria ir até lá. O que me mostrava que realmente era o lugar certo.

Voltamos para o hotel e dormimos. Dessa vez sem pesadelos e gritos, consegui dormir como uma pedra. Logo de manhã me preparei para o que poderia ser minhas últimas horas de vida.

Fiz minha última ligação de vídeo com Ariel e o restante da minha família. Mentalizei que tudo desse certo enquanto agarrava meu colar, como se dependesse dele que as coisas fluíssem como o desejado.

Horas depois nos saímos em direção ao que Phillipe nos disse. 80 quilômetros à frente, nesse dia nublado e cinzento, com aquela neblina foi difícil achar o que procurávamos.

—Ali está. - Lucy quase gritou pulando do carro.

Tinha tantas árvores que era quase imperceptível encontrá-la. A entrada de terra que Phillipe avisou.

Nicolas estacionou o carro na viga entre a floresta e a calçada e nos descemos. Tinha uma placa enorme na frente, dizendo: "AFASTE-SE, PERIGO"

—É aqui mesmo. - Disse olhando a placa.

Entramos na floresta pela entrada de terra e ela era totalmente diferente do que eu esperava.

Muito escura, mesmo de dia, as arvores eram tão altas e cheias que escondiam a luz do sol. O dia já estava nublado, então não fez tanta diferença.

Mas entrar ali, parecia que era como entrar em um labirinto escuro e escorregadio.

Tinham muitas rochas por ali e montes de lama. A terra sempre molhada por causa de uma pequena correnteza que passava. Pedras e mais pedras pelo caminho, por diversas vezes quase cai.

Nicolas nos parou no caminho enquanto andávamos.

—Vamos caçar. Esse lugar é traiçoeiro, e a partir daqui não sabemos o que encontrar. - Avisou ele.

Começamos a nossa corrida pela floresta, quanto mais distante da avenida, mais animais tinham. Por fim caçamos o suficiente, eu mesma estava cheia, pois tínhamos acabado com as bolsas de sangue de Lauren.

E então, começamos a nossa busca pelo castelo.

Quanto mais corria, mais a floresta ficava diferente e mais traiçoeira a ponto de nos perdemos estando juntos. Tinham muitas armadilhas ali e a pouca luz não ajudava.

As árvores mudavam a todo instante, estavam mudando de tamanho e cores. Por diversas vezes eu achava que estava em um lugar diferente, quando na verdade estava no mesmo lugar.

Depois de horas e horas correndo, chegamos a um lugar onde não havia mais árvores. Era apenas um campo amplo que não conseguíamos ver muito além dele, por conta do tempo nublado.

Decidimos parar um pouco.

—É por isso que ninguém nunca viu esse lugar. Olha a distância... - Lauren ofegou.

Realmente, fazia mais ou menos umas 3 horas que estávamos correndo, entre dificuldades e outras no percurso.

—Isso porque nem chegamos ainda. - Disse sentando no chão úmido. Eu mal sentia minhas pernas direito.

—Vamos andando. - Incentivou Nicolas.

Ele pegou na minha mão me puxando do chão e eu fui sobre protestos.

Começamos a andar mais devagar enquanto conversávamos para nos distrair, depois de quase uma hora andando eu o vi primeiro que todo mundo.

Se erguendo diante daquela nevoa escura sob meus olhos.

—Gente, olhem. - Disse apontando bem a nossa frente.

Todos pararam no lugar e arfaram.

—O penhasco. - Nicolas disse animado. Era exatamente como Alice disse.

Alice nos alertara sobre um penhasco que aparecia em suas visões quando ela procurava Ícaro. Fora as montanhas em volta dele, essa era a única referência que ela tinha do castelo, e ela estava diante de nós agora.

—Acho que agora estamos chegando a algum lugar. - Lucy falou.

—Vamos, o castelo deve estar depois dele. - Lauren disse animada

Então começamos a correr novamente.

Passamos pelo penhasco e em minutos chegamos em uma parte onde só se via mato, nada de floresta nem árvores ou pedras. Um matagal alto que batia na minha cintura. Mas era um lugar totalmente solo, assim como o campo.

Melhor se dizendo montanhas, estávamos percorrendo as montanhas da qual Alice dissera. E então ele surgiu, assim como o penhasco ele apareceu no meu campo de visão aos poucos.

Aquilo nos fez parar de novo.

Ele não era grande. Ele era enorme.

Feito de pedras e grandes vigas que cobriam quase todo o resto da zona florestal. Um muro, ou melhor muralha estava em volta dele. E bem no centro uma porta de madeira gigante com um "H" fixado em ouro.

Eu perdi o ar.

Finalmente ele estava ali. O castelo. E Ícaro estava lá, como Alice dizia, esperando...

—Acho que chegamos. - Lucinda disse.

—Controla seu coração ou ele vai saber que estamos aqui. - Lauren disse me encarando. Eu não tinha como controlar isso. A hora finalmente tinha chegado e minha ansiedade estava a mil. - Vamos lá então!

Lauren já saiu andando determinada.

—Calma gafanhoto. - Nicolas riu a puxando para trás. - Vamos observar, montar um plano e esperar anoitecer. Esse horário ele não deve estar sozinho.

Ela bufou ansiosa. Se dependesse dela, já teríamos arrombado as portas e matado ele.

—Ele tem razão. De noite atacamos - Lucy concordou.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(E)