A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 18
Um novo mundo


Notas iniciais do capítulo




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Eu ainda estava digerindo tudo que ele me contou.

Era muita coisa.

Um mundo totalmente diferente estava começando a se abrir para mim, um mundo a propósito que eu pareço fazer parte desde que nasci, mas não sabia.

Não consegui ficar com raiva de Nícolas, nem por mais um minuto, eramos vítimas da situação e eu me deixei levar pela emoção daquele momento só meu e dele.

Eu havia passado o dia todo com ele, estávamos no carro voltando para Darthmouth, o tempo havia fechado e ele dirigia com calma agora, enquanto ainda me contava as coisas.

—Lembra a família que mencionei, a qual meu pai lutou e foi morto? - perguntou e eu assenti. - São os Headkros, são os segundos na linha de sucessão depois da minha família. Agora eles são a nossa lei, meu tio renunciou cuidar dos Filhos da Lua depois que eu abri mão disso. Eu não queria , depois de tudo que aconteceu com meu pais, eu também renunciei...

—Não acredito que fez isso.

—Fiz por você também - ele disse - Os Headkros não podem saber sobre você, nem sobre nosso Elo. Se Lauren descobrir que você é parte vampira, ela vai contar a eles. É isso que vai nos matar.

Eu engoli em seco. Sempre achei minha vida monótona depois da infância e agora eu estava vivendo um drama terrível.

Tinha achado a pessoa da minha vida e o destino não queria me deixar ficar com ela.

—Isso é tão injusto - murmurei com raiva - Mas não me importo, se essa marca nasceu em mim e esse colar me escolheu, é por um motivo. E eu vou lutar por esse motivo.

Ele me olhou surpreso enquanto dirigia pela estrada recém molhada da chuva forte.

Eu queria que ele entendesse que agora não era um sacrifício só dele, mas meu também. Ele era parte de mim agora, eu o queria, mesmo que isso me mata-se.

—Vou dar um jeito de tirar minha família daqui, não os quero correndo risco. - disse - E depois resolvemos a questão com sua irmã.

—Na verdade - ele começou a dizer fazendo uma careta - Eu preciso que me faça um favor... - ele me olhou pelo canto do olho e continuou. - Preciso que haja somente como humana por um tempo, sabe. A Lauren, os Headkros...

Eu o encarei indignada como se ele tivesse me pedido pra ser a bailarina do Faustão.

—O que?

Nícolas estacionou o carro na frente do campus da faculdade, que já estava vazio pelo horário e pela chuva pesada que caia do lado de fora.

—Liz - ele suspiro meu nome. Eu não aguentava quando ele me chamava assim. - Ela vai estar por perto vendo cada deslize nosso, cada passo, cada coisa que ela possa relatar aos Headkros, você precisa agir como humana, por um tempo...

—Não dá - disse quase sem ar - Você mesmo disse, eu sou a coisa mais sobrenatural que você conhece. Sou mais vampira do que humana.

—Eu sei, estou pedindo demais, mas é só até tudo isso ser resolvido. Não quero que as coisas comecem entre a gente no meio de um caos.

—Tarde demais, não acha? - perguntei rindo e ele riu também. Tocou minha mão sutilmente passeando os dedos sobre ela. - Ou seja, não vou poder ficar perto de você também...

Ele suspirou.

—É melhor que não saibam ainda, por proteção sua e da sua família.

—As escondidas? - disse o encarando - Gosto disso.

Ele sorriu e seus dedos passearam da minha mão para meu braço, percorreu devagar o caminho do meu ombro até chegar na minha nuca. Aquilo me causou arrepios em lugares que nem sei explicar.

Eu estava em um clima tão bom, com Nícolas tão próximo de mim, sua mão quente na minha nuca, a atração dentro daquele carro me arrancando suspiros, mas não conseguia me concentrar.

Eu podia sentir uma enxurrada de emoções vindo do prédio do dormitório da faculdade. Aquilo estava me atacando com força desde que ele estacionou o carro.

Encarei a janela com desgosto.

—Qual o problema? - ele sussurrou.

—Posso sentir minha família me julgando por trás de cada bloco desse prédio. Mais intensamente, meu pai por trás da penúltima janela a esquerda...

—Não consigo ver nada - disse olhando na mesma direção que eu, mas a chuva estava muito intensa.

Eu sorri e ele me olhou estreitando os olhos.

—Não da para ver. Mas eu consigo sentir. - ele me olhou com os olhos curiosos e eu suspirei me concentrando. - Renesmee está no refeitório com minhas tias. As 3 estão empolgadas, Nessie parece um pouco preocupada, as emoções de Jacob no dormitório masculino estão indefinidas, ele deve estar dormindo. Meu pai e meus tios estão no quarto. Emmett e Jasper estão discutindo, e meu pai... parece preocupado, confuso, bravo, e até magoado eu diria... - eu respirei fundo sem saber o porque disso. - E minha mãe, bom, não sei definir o que está sentindo, mas ela parece estar me esperando na entrada do dormitório feminino.

Enquanto eu falava, Nícolas olhava para mim como quem observasse um quadro.

—Eu te observo a muitos anos, mas ouvir você falar sobre isso em voz alta, me deixa sem fôlego. Você é incrível. Parece um radar.

—Nem sempre capito coisas boas, odeio isso.

—Não devia, te faz especial.

—Não. Me faz estranha, num mundo cheio de estranhos. Sou uma aberração no meio das aberrações...

—Para de falar assim. - seu dedo voou para a minha boca e eu me calei. - Você é teimosa, eu detesto isso.

Eu gargalhei.

—Convivendo comigo de verdade vai detestar ainda mais - ele revirou os olhos - Olha, ter que fingir para todos que não esta acontecendo nada, sendo que toda vez que você aparece meu corpo me denúncia, vai ser o ponto alto da minha semana.

—Conheço sua família, vou saber lidar com eles. - me garantiu.

O problema é que eu não sabia.

E eu ainda não estava acostumada com o fato dele me conhecer há tanto tempo e que consequentemente conhecia minha família também.

Era estranho.

—Preciso ir, ou meu pai vai descer a qualquer momento e perguntar o que estou fazendo no seu carro.

Ele beijou minha testa e depois minha mão a soltando para que eu pudesse sair.

—Te vejo amanhã - eu abri a porta do carro e a chuva me atingiu com força. - Ou mais tarde, deixe a janela aberta. - ele sorriu ao dizer antes que eu fechasse a porta.

Nícolas saiu com o carro e foi embora.

Eu caminhei devagar pela chuva forte, deixando ela lavar minha alma enquanto eu ia sem pressa para a entrada do dormitório.

Passei pela janela e dei uma rápida olhada enquanto meu pai me observava pela fresta da cortina do quarto dele. Eu o ignorei e segui para o dormitório feminino.

—Filha - minha mãe estava me esperando na ponta da escada como eu já sabia. Suas emoções eram confusas, mas ela me abraçou forte quando me viu. - Está congelando Elizabeth. Vamos, suba e vá tomar um banho.

[...]

Minutos depois eu estava imersa na banheira e minha mãe em meu quarto. Nessie ainda aproveitava nossa família no refeitório e eu só queria ficar sozinha com meus pensamentos.

Eu olhava as rachaduras da parede a minha frente e minha mente só vinha todas as histórias que Nícolas me contou hoje.

—Vai morar ai dentro? - Bella abriu a porta do banheiro impaciente. Quando viu que eu a ignorei ela entrou fechando a porta. - O que houve?

Ela sentou na privada de frente para mim enquanto eu olhava meu colar com os pensamentos distantes.

—Vocês precisam ir embora.

—Acabamos de chegar Liza, não dá pra curtir sua família um pouco pelo menos?

Eu suspirei e me sentei melhor encarando minha mãe.

—Mamãe é sério - ela suspirou quando me ouviu chama-la assim. Raramente eu o fazia. - Eu vim aqui atrás da minha liberdade, vocês estão tirando isso de mim de novo. Vocês precisam ir embora. Vão achar em outro lugar o que estão querendo aqui em Hanover, mas não dá pra ficarem aqui comigo...

—Esta acontecendo algo e você não quer me dizer. - concluiu.

—Por favor mãe...

—Eu te puis nesse mundo Elizabeth, posso não ser a mãe mais perfeita do mundo, ou a que você gostaria que eu fosse, mas eu a conheço. - ela disse se inclinando mais sobre mim - Conheço cada fala, passo e jeito seu. Seu comportamento desde que chegamos foi exatamente o que eu não estava esperando, não tente me enganar, algo está acontecendo e você não quer me dizer...

—Porque eu não posso - desabafei. Agarrei sua mão com força para que ela entendesse. - Também não sou a filha perfeita mãe, mas amo você, todos vocês. Se estou pedindo para voltarem pra casa, é porque quero protege-los. Por favor, me deixa fazer o certo.

—Proteger do que? Me preocupo filha - ela pós as mãos em meu rosto aflita - Podemos ajudar no que quer que você tenha se metido.

Eu segurei suas mãos de novo e fiz ela me olhar nos olhos.

—Vocês não podem. Vão me proteger indo embora, a chegada de vocês só me trouxe problemas. Não se preocupe comigo, vai ficar tudo bem, mas confie em mim quando peço para voltarem pra casa.

Minha mãe não falou mais nada se conformando com aquilo. Eu não me incomodava em conversar mais abertamente sobre isso com ela. Primeiro porque minha mãe não era do tipo que falaria e segundo porque sua mente assim como a minha, estava protegida.

Éramos boas nesse tipo de conversa, ela sabia me ler facilmente e eu sabia ler suas emoções e tudo ficava só entre nós duas, sem o envolvimento do meu pai.

Ela deu um beijo na minha testa e saiu do meu quarto me deixando sozinha sem dizer mais nenhuma palavra.

Eu ainda não sabia como, mas iria tira-los daqui.

[...]

—Porque sua mãe está com papo de querer voltar para Forks? - Alice me encurralou logo pela manhã.

Minha noite foi péssima, cheia de pesadelos e coisas estranhas e nada do Nícolas aparecer. Nessie decidiu dormir no quarto justo está noite.

Hoje Alice já estava me abordando antes de eu mal ter acordado.

—Você tem que perguntar isso a ela, não a mim.

Tentei ignorar minha tia e fui para o refeitório, mas a baixinha veio atrás de mim determinada.

—Você fez alguma coisa, eu sei que fez. - me acusou com o dedo minúsculo.

Eu parei de prestar atenção nela quando entrei no refeitório e Nícolas e sua família estavam lá, Lucy os levava diretamente na mesa onde estavam minha família.

Ai que droga.

Troquei um breve olhar desesperado com ele enquanto Alice correu para mesa ao vê-los.

—É ótimo conhecer todos da família Roller - minha mãe dizia assim que me aproximei.

—Ah ainda tem meus pais... - Lucy começou a dizer e minha tia a cortou.

—Ótimo, podemos marcar com Carlisle e Esme também. Seria prefeito, ambas as famílias completas. - Alice se intrometeu.

Me desesperei com o rumo daquela conversa.

—Não gosto da ideia - disse de repente e todos os olhos me encararam. Acho que era a primeira vez que me incluía em uma conversa desde que eles chegaram - Vocês já estão de saída, não é, qual a necessidade disso?

—Quem disse? - Rose perguntou olhando de mim para a família Roller.

Eu respirei fundo e tentava não manter contato visual com Nicolas.

Puxei minha tia pelo braço.

—Alice posso falar com você? - disse já a arrastando para fora do refeitório - Bom café da manhã pessoal.

Alice não disse nada enquanto eu a arrastava para o campus, longe dos ouvidos curiosos da minha família.

—Como você sabe, minha mãe está decidida a voltar pra forks - expliquei enquanto andávamos.

—Não sei o que disse para ela mudar de ideia - revirou os olhos.

—Tia - a segurei pelos ombros - Nem tudo é sobre vocês, sabia? Depois vamos sair pra que eu possa conversar com você sem ninguém ouvir. Pode ser?

—Preciso ir ao shopping e você vai comigo.

Não era bem isso que eu estava querendo, mas ok, servia no momento.

[...]

Pov. Lauren

—Por favor, Oscar eu preciso saber se eles estão juntos? - Pedi fazendo biquinho.

Eu estava tentando convencer aquele idiota a voltar a Dartmouth. Estávamos no hotel da cidade e ele não cooperava comigo.

—Se lembra do que ele fez comigo da última vez em que apareci por lá?

—Ela pode estar com raiva dele agora. - disse tentando fazer sua cabeça - Se lembra? Ele mentiu para ela, a bobinha deve estar vulnerável uma hora dessas.

—Você sabe bem que mesmo se ela o odiasse, seu irmão vai protegê-la do mesmo jeito.

Me levantei impaciente e esgotada desse imbecil.

—Você não entende? Eu quero que você vá até lá não apenas para ver se eles estão juntos, quero que faça um favorzinho pra mim. - disse com um sorriso. - Preciso deixar um recado para meu irmão.

Ele me encarou cerrando os olhos.

—O que está pensando em aprontar Lauren?

—Você vai saber, se topar voltar lá.

Ele me olhou com um sorriso de canto. Eu sabia que a curiosidade iria faze-lo voltar.

Está na hora de parar de ameaçar e começar a fazer, deixar rastros de verdade, meu irmãozinho vai começar a entender que eu não estou brincando.

 


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Notas finais do capítulo

(E)



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