A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 19
O que ele fez comigo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Pov. Liza

Depois da conversa com Alice a manhã passou tranquila, meu pai mal falou comigo, ele estava bem estranho. Na hora do almoço ele sutilmente disse que queria caçar comigo mais tarde, e isso me deixou dividida.

Era exatamente o que eu não podia fazer. Caçar, correr, matar, beber sangue, me expôr... Enquanto provavelmente estava sendo vigiada. Mas eu não podia dizer não. 

"Você prometeu" - Li a mensagem de Nícolas enquanto assistia a última aula. Ele ouviu o pedido do meu pai e o meu sim silencioso.

"Não podia dizer não. Por conta disso tudo ele mal está falando comigo desde que chegou." - eu respondi e o vi revirar os olhos ao ler. "Só dessa vez..."

"Vou estar por perto rondando a área. Tome cuidado." - eu sorri com sua resposta.

Não devia ser fácil cuidar de mim, eu sempre dava um jeito de quebrar as regras. Mas eu não podia evitar essa caçada com o Sr. Edward agora a tarde.

A aula passou rápido, durante todo esse período eu e Nícolas nem se quer trocávamos olhares.

Era difícil, eu o sentia perto de mim, meu coração acelerava quando ouvia sua voz, mas mesmo assim tinha que fingir demência sobre sua existência. 

Assim que o professor encerrou a aula eu o vi saindo e indo diretamente para floresta. Eu iria caçar e a única certeza que eu tinha é que eu seria vigiada.

Onde quer que ele estivesse, sabia que estaria ouvindo.

Meu pai estava sozinho na porta da faculdade me esperando quando sai. Sua postura séria e tensa demonstrava que nos não íamos só caçar. Estranhamente ele não disse nada quando me viu, só fez um gesto para que eu o seguisse, e eu o fiz.

Detestava esse clima estranho. Me deixava estranha também, ficava sem saber como agir.

Eu sabia que ele queria e precisava caçar, mas aquilo estava me matando...

—Pai - o chamei.

Já estávamos correndo entre as folhas secas da pequena mata atrás da faculdade. As árvores molhadas da garoa agora me lembraram forks. Ele parou e me encarou.

—Está magoado?

—Você está mesmo perguntando o que estou sentindo? - disse seco e aquilo me pegou de surpresa. - Você não parece a mesma pessoa.

 Ok. Ele não estava feliz com a Elizabeth que encontrou aqui. Essa conversa vai ser mais difícil do que eu pensava. 

—É, você não faz ideia - concordei  - Mas não entendo o que eu te fiz. Mal falou comigo desde que chegou...

—Você mal falou conosco desde que chegamos.

—Vocês chegaram em um momento que não dá pra eu dar muita atenção. - ele me olhou de cima a baixo desconfiado e balançou a cabeça irritado. - Qual o problema?

—Eu não sei, porque não me diz você? - ele cruzou os braços e agora parecia estressado. - Sua mãe disse para não ficar perguntando, mas porque conta as coisas a ela e não pra mim? 

Isabella Swan. 

Revirei os olhos. Essa mudança repentina dela de querer voltar para forks, deve ter feito ele questiona-la sobre isso e ela não falou nada.

—Eu não conto, ela adivinha muito bem, você sabe. - meu pai me olhava com dureza em seus olhos dourados, a pose estressada não condizia com o que ele estava sentindo agora. Preocupado, traído, ansioso... - Papai, me desculpa se não posso ser sincera como você gostaria que eu fosse. Sei que estou estranha, que as coisas parecem diferentes, mas a questão é que eu cresci. Você e mamãe fizeram um bom trabalho, sou uma mulher agora. Tenho meus próprios problemas, sei que querem me proteger, mas tem coisas que não dá...

—Sinto que estou te perdendo - admitiu deixando escapar sentimentos que ele ignorou para que eu não previsse. Ciúmes. - Eu não sou bobo, você pode estar sendo uma ótima atriz na frente de todos, mas eu vejo as coisas como elas estão. O jeito que esse rapaz te olha...

—Não sei do que está falando. - sussurrei.

Ele sorriu, mas não estava feliz.

—Você sabe de traz para frente a história que fez você e sua irmã vir a esse mundo. Só eu e sua mãe sabemos o tanto de coisa que passamos por nos amarmos. Hoje pode ser lindo e uma história e tanto, mas eu não queria que você passa-se pelo mesmo. Parece uma herança hereditária que eu estou te passando. São histórias bonitas de romance, mas não para os protagonistas. - Ele me encarou cansado e realmente parecia um senhor de mais de 100 anos agora. - Dói filha, amar dói. Amar sua mãe dói até hoje, e amar você e sua irmã me dói a todo instante em que existo, amar não é fácil Elizabeth, são para pessoas fortes...

Eu o abracei arrasada naquelas palavras. Meu pai era um ótimo leitor, mesmo com meus pensamentos escondidos de sua mente. Em pouco tempo aqui, ele soube entender o que estava acontecendo sem que eu precisasse dizer ou ele ouvir na minha cabeça.

Eu queria chorar, mas não queria assusta-lo. Ele me aninhou em seu tronco me abraçando forte.

—Seja o que for que você precise enfrentar por amar esse rapaz, saiba que faríamos parte disso com você. Somos uma família, se sacrificaram muitas vezes por mim e sua mãe, faríamos o mesmo por você.

—Eu não quero isso, não tem necessidade. - Disse levantando a cabeça para olha-lo. - Quero todo mundo vivo, é difícil entender? Eu não posso ficar com ele, não posso ficar com vocês aqui, a única forma de manter todo mundo vivo é estarmos longe um do outro, pelo menos por enquanto.

—Vou estar sempre de olho em você - sussurrou beijando minha cabeça. - E agora nesse garoto. Eu não deixo passar nada, você sabe, ainda é um bebê e não estou feliz com isso.

—É - disse me soltando. - Você estragou o clima.

Ele riu bagunçando meu cabelo. Segundos depois estava me puxando para caçar.

[...]

Já era de noite quando fui me encontrar com Nícolas. Meu pai passou o dia comigo e depois me deixou sozinha na mata quando disse que precisava de privacidade. 

—Eu gosto da sua tia, ela é empolgante – Nícolas falava de Alice.

—Pode ficar com ela para você - brinquei - É graças a ela que todos estão aqui. E ela não vai parar até conhecer toda a sua família.

—Qual o problema disso? – Perguntou me puxando pela cintura colando nossos corpos. 

 Soltei um suspiro antes de responder.

—Não quero que ela assuste sua família mais do que eu já devo ter assustado. - ele riu. 

Suas mãos fizeram carinho na minha nuca enquanto a outra apertou minha cintura.

Ele me beijou mordendo meus lábios e conduzindo com calma e intensidade. Ele terminou o beijo quando meu corpo ficou tenso de repente.

—Que foi?

—Não sei - os pelos do meu braço estavam todos arrepiados, eu estava meio alerta de repente como se um sentido meu tivesse aguçado. - Eu devo estar paranóica, só isso. - forcei um sorriso e dei um selinho nele. - Preciso voltar.

Nícolas me beijou mais uma vez tomando boa parte do meu tempo. Tempo esse que eu amava gastar ao lado dele, mesmo que eu tivesse perdido minha concentração agora a noite sem motivo nenhum.

Infelizmente tive que voltar e ele me levou até Dartmouth. Eu não entendi o porque daquela tensão surgir de repente como um aviso, eu precisava dormir. Não estava dormindo direito, deve ser isso.

Quando cheguei no quarto parecia tudo ok, então tomei um banho para relaxar, depois troquei de roupa indo me preparar pra dormir.

Renesmee tinha me mandando uma mensagem avisando que dormiria com Jake.

Como de costume não gostava de dormir com a garganta seca, tinha esquecido de encher minha garrafa então tomei a água da Nessie.

Quando eu fui apagar a luz minha visão começou a ficar embasada. Cada vez que eu piscava meus olhos, minha visão embasava mais e minhas pálpebras pesavam. 

 Foi nesse momento que senti alguém se aproximar. Eu queria me mover, mas meu corpo não entrava em concordância com o meu cérebro.

Tudo estava girando, eu mal conseguia ver um palmo a frente da minha mão.

Tentei me segurar na cabeceira da cama, mas meus joelhos fraquejaram e eu cai no chão deixando cair várias coisas em cima de mim.

Quando percebi eu já não estava mais sozinha, alguém estava no meu quarto. Mas minha visão estava tomada por manchas escuras que dançavam na minha frente.

—Nícolas? - tentei me levantar e ver quem era.

—Já era para você estar dormindo lindinha. – ouvi a voz se aproximando do meu ouvido e eu levantei a mão o repreendendo.

—Quem é...? – Perguntei tentando enxergar, mas só via borrões.

Por mais que eu tentasse eu não conseguia enxergar nada, estava lutando contra meu corpo para não apagar.

—Alguém que você não vai se lembrar depois. – Falou me erguendo do chão.

Quando eu fui tentar me defender minhas pernas ficaram moles e parece que minhas forças criaram asas e saíram voando.

Eu quase cai no chão ao tentar me soltar, mas ele me segurou com força, nesse momento eu não tinha mais controle algum sobre o meu corpo.

Ele me deitou na cama e eu conseguia sentir ele me tocando, mas não conseguia reagir. 

Eu queria gritar, levantar, correr, ou fazer qualquer outra coisa. Apenas reagir, mas eu simplesmente não conseguia. Ele devia pensar que eu estava dormindo, por isso continuou o que fazia.

E não demorou muito tempo pra eu desmaiar e cair na inconsciência.

[...]

Quando acordei minha cabeça doía tanto que eu mal conseguia abrir os olhos. A claridade no quarto não ajudou em nada. Me sentei na cama e a cama de Renesmee estava intacta, então ela ainda não havia chegado.

Assim que levantei, meus olhos quase saltaram. Eu estava seminua. Seminua.

Me levantei andando pelo quarto de um lado para o outro até encarar a água ao lado da minha cama e minha cabeça ser inundada por flashs.

"Alguém que você não vai se lembrar depois"

Aquela voz...

—Ah não - Deixei escapar um sussurro. Me sentei na cama encarando o chão com minhas roupas espalhadas. - Ele tocou em mim. Ele tocou em mim? 

Eu afirmava e perguntava a mim mesma enquanto revivia as imagens na minha cabeça. Isso não está acontecendo.

—Não... - Sussurrei indignada.

O que ele fez comigo?

Meus olhos ardiam enquanto eu tentava lembrar o que aconteceu.

Eu só pensava no pior, o que era e estava mais perto da verdade, porque isso estava acontecendo comigo?

Olhando para o chão vendo minhas roupas espalhadas por la, meu corpo só coberto pela lingerie bagunçada, me fez entrar em choque.

Eu queria gritar.

Enterrei meu rosto nas mãos e já não conseguia mais controlar minhas emoções.

Eu queria matar, queria gritar...

Que inferno.

—Aaaaaaa! - gritei com o rosto enfiado nas mãos.

[...]

Pov. Lauren

—Fez? – Perguntei assim que ele me encontrou.

—Do jeito que pediu. Coloquei o remédio na água da irmã no refeitório para o seu irmão não sentir meu cheiro no quarto dela, e a noite terminei o trabalho.

—E?

—Ela demorou mais que o normal para apagar - disse confuso. - Quando entrei no quarto ela até chamou pelo seu irmão. Enfim, não sei quanto tempo leva pra um humano desmaiar, mas foi bom. Aproveitei cada segundo. – Falou sorrindo e eu fiz cara feia.

—Você fez mesmo do jeito que eu mandei? - olhei para ele ameaçadora. Ele engoliu em seco - Era só pra simular que aconteceu alguma coisa, não ter feito de verdade, Oscar se eu sonhar...

—Calma, eu sei, só estava brincando.

—Espero que sim, agora vá e seja um bom ator. Entregue o bilhete a minha família, você tem que parecer uma vítima... – Disse entregando o papel a ele - Vê se faz direito.

[...]

Pov. Renesmee

Depois de dormir no quarto com Jake e tomar café da manhã com a minha família, eu fui indo para meu quarto me arrumar para a primeira aula.

No caminho pra lá levei um susto ao encontrar Liza no corredor.

Ela estava chorando, mas com o rosto paralisado sem expressão. Dos seus olhos inchados só escorriam as lágrimas, e estes estavam totalmente vermelhos.

Eu me assustei e corri na direção dela.

—O que aconteceu? – Perguntei e ela nem se quer olhou pra mim. - Estou falando com você.

—Nada - Sussurrou entre dentes. 

Parecia que ela ia explodir a qualquer momento.

—Como nada? Olha só pra você, seu estado... – Ela me olhou com os olhos ainda escorrendo lágrimas e balançou a cabeça.

—Não foi nada, só esquece que me viu.

—Eu não vou esquecer, se não me falar eu vou arrancar de você. Você está me assustando Elizabeth.

—Eu não consigo falar... - sua voz embargou.

—Então tira o colar. - pedi e ela me encarou confusa – Tira a droga do colar.

E então ela o tirou. 

Toquei seu rosto sugando seus pensamentos. Meu pai e tio Jasper me ajudaram a chegar nesse nível dos meus poderes. Em vez de só transmitir meus pensamentos aos outros, faz um tempo que já posso sugar o das outras pessoas.

E esses pensamentos de Liza...

O que era aquilo? 

Depois de ver o que aconteceu eu não sabia o que dizer a ela nem o que fazer. Fiquei horrorizada e ela devia estar também.

Eu a olhei e lhe abracei colocando o colar de volta em seu pescoço, ela se soltou de mim e saiu correndo.

—LIZA! –A chamei, mas ela não me deu ouvidos. 

Eu não estava esperando ver aquilo. Era pior do que eu imaginava, e ela transtornada desse jeito, tenho medo do que ela vá fazer.

Sai da faculdade atrás dela, mas eu a perdi de vista, ela já devia estar longe. 

Ai senhor, não deixe ela fazer nenhuma besteira. Não consigo nem imaginar se fosse comigo o que eu faria agora ou como reagiria.

Voltei a procura-la e então acabei esbarrando com Nícolas no caminho. Ele me segurou pra eu não cair.

—Tudo bem? – Perguntou me endireitando no chão.

—Estou... Não estou... Não sei, minha irmã, ela... - as palavras estavam saindo todas erradas.

—Elizabeth? O que tem ela?

Respirei fundo o encarando e ele ainda não havia me soltado.

—Minha irmã precisa de mim, eu tenho que ir. – Eu tentei me soltar, mas a mão dele pareciam rocha nos meus braços me segurando no lugar.

— O que aconteceu? - seu rosto estava sério e ele só faltou me chacoalhar - Por favor, Renesmee.

Como eu estava perdendo tempo, e quando se tratava de Elizabeth, cada segundo era valioso. Toquei o rosto de Nícolas mostrando a ele os pensamentos da minha irmã e todas as imagens que ela me mostrou, assim como seu estado quando eu a encontrei minutos atrás. 

Assim que ele viu foi como um foguete, não dá pra decifrar a reação que ele teve, ele me largou e saiu correndo antes que eu pudesse alcança-lo, ele sumiu da minha vista.

[...]

Pov. Liza

Eu estava queimando.

Queimando de raiva, de ódio, de dor...

Tinham tantas sensações que passavam por mim que eu não sabia dizer qual era a pior delas. Me sentia violada, de todas as maneiras possíveis, aquilo estava acabando comigo em cada momento que eu respirava.

O ruim é que algo na minha cabeça dizia que aquilo só acabaria quando aquele infeliz morresse, eu queria ele morto. Ele tinha que morrer pra que eu ficasse bem.

 Na floresta atrás da escola eu senti o cheiro dele, sua presença ficava cada vez mais forte, ele ainda estava por aqui. Eu não ia descansar até vê-lo morto. Parei de correr quando cheguei perto da casa de Nícolas. 

Me deparei com a família dele na entrada e de frente para eles no gramado, tinha um homem. 

Era ele, eu tinha certeza que era.

Seu cheiro me deu ânsia na mesma hora em que o vi. Fui me aproximando até ficar visível para todos. De repente todos os olhos estavam em mim.

Mas quando ele me olhou, quando seus olhos atingiram meu rosto... 

Eu perdi tudo e voei até ele o atingindo com um soco que o fez bater as costas na árvore do outro lado do quintal e cair sentado no chão. 

A família Roller ficou em choque. Antes que eles pudessem intervir eu já tinha corrido na direção dele, e ele me olhava assustado.

—O que é você? – Perguntou tentando se levantar.

—O seu maior pesadelo.

Eu o ergui do chão pelo pescoço enquanto ele ficou se debatendo no ar.

—O que você fez comigo? – Perguntei apertando seu pescoço.

Eu só precisava ouvir ele dizer.

Eu ainda tinha uma ponta de esperança de que ele dissesse que não fez nada. Mas essa esperança se esvaiu quando ele me olhou sorrindo.

—Você sabe o que eu fiz.  

 Nessa hora eu o deixei cair no chão junto com o meu mundo.

Eu me senti suja quando ele me olhou com um sorriso de canto mesmo caído no chão e sem ar.

Nícolas apareceu de repente como um raio partindo para cima dele sem me dar chances. Na mesma hora minha família apareceu também.

Todos ao mesmo tempo queriam falar comigo e eu não respondia, não conseguia. Estava sem reação. 

 Daniel e Tyler tentavam tirar Nícolas de cima daquele homem. Eu só queria sair dali, dei as costas para aquela loucura e sai correndo.

 


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Notas finais do capítulo

(E)



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