A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 17
O Filho da Lua


Notas iniciais do capítulo

Mais um com duas partes pessoal. Boa leitura.



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PARTE 1:

 

Eu estava ali entre os dois sem entender o que estava rolando.

A mulher se aproximou com um sorriso debochado estampado em seu rosto. Seu cabelo cumprido e escuro balançava contra o vento. Seu vestido longo e verde escuro, dava a ela um ar tenebroso.

Quem era essa mulher?

—Estamos nos conhecendo, finalmente - Falou com um sorriso falso. - Elizabeth, certo?

Eu a encarei erguendo as sobrancelhas.

—Te conheço?

—Vai conhecer...

Antes que ela terminasse de falar, Nícolas agarrou meu braço e me encarou com suplica e desespero no olhar.

—Por que você não vai aproveitar o resto da festa? - Sua mão estava tensa em meu braço, quase me puxando dali a força. - Por favor, eu só preciso falar um minuto com ela.

—Ah Nícolas - ah garota o reprovou com o olhar - Você não aprende mesmo. Ainda privando a garota de saber a verdade?

—Verdade? - Perguntei.

Me sentia no meio do fogo cruzado. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo aqui e eu parecia ser o frango assado da ceia.

Eu era o propósito de alguma coisa.

—Liza, por favor, faça o que eu pedi. Confie em mim. - suplicou.

Eu estava dividida, queria confiar nele, mas queria saber o que estava acontecendo.

Não aguentava mais tantas dúvidas, tantas perguntas e ninguém me dava uma resposta em que eu pudesse acreditar de verdade.

—Pare de engana-la Nícolas - Disse seria. - Isso é ridículo, até quando vai fazer isso?

Então ele a olhou com ódio serrando o punho.

—Isso não é da sua conta, veio aqui pra que Lauren? Me destruir? Vai embora - ele mandou com autoridade e foi notável quando ela engoliu em seco. - Eu não vou pedir de novo.

—Eu quero saber. - falei de repente ansiosa. - Deixe-a falar.

—Liza não... - Nícolas me olhou desesperado. A tal de Lauren estava radiante nesse momento.

—Tenho o prazer de me apresentar. - ela disse antes que ele a impedisse. - Sou Lauren Roller

—Roller? - perguntei.

—Sim. Nícolas e eu somos irmãos.

Eu encarei os dois e claro, fazia sentido. Na verdade os 3 se pareciam muito, não era atoa que a confundi com Lucy.

Ela parecia uma versão mais selvagem de Lucinda, sendo um pouco mais alta e tendo o rosto mais oval e fino.

—Então agora você é minha irmã? - Nícolas elevou a voz e ela nem deu importância ao que ele disse. Continuou a falar como se ele nem estivesse ali.

—Nícolas é especial Elizabeth. Assim como eu, como Lucy... Como todos da nossa espécie.

—Cala a boca Lauren. - Gritou avançando um passo em direção dela.

—Especial? - Perguntei.

—Liza volte para festa agora, por favor, não a escute. - Suplicou olhando nos meus olhos.

Respirei fundo totalmente desconfortável com aquela situação.

O que ela iria dizer de tão horrível que ele não queria que eu ouvisse? Seu desespero só me fazia querer ouvi-la ainda mais.

—Deixe-a falar Nícolas, quando ela terminar, vejo se acredito ou não.

Ele bufou soltando meu braço ressentido.

—Ele é um vampiro. - Lauren continuou e eu sorri - Por que esta sorrindo humana?

Ela acha que sou humana?

—Já sabia disso.

—Então a parte menos pior ele te contou. - Deu de ombros não muito surpresa - Mas ele não contou que é um vampiro especial, contou? Ele disse que é um vampiro Filho da Lua? - Falou cuspindo as palavras com desdém.

Filho da lua?

Carlisle já me falou sobre essa espécie antes...

—Sabe essa marca que você tem em sua cintura? Chama-se Elo.

Minhas mãos foram parar la automaticamente. Como ela sabia daquilo?

—Do que você está falando?

—Ele tem uma igual na cintura dele. A dele apareceu no dia em que você nasceu. - Seu sorriso forçado se desfez, ela parou de me encarar e olhou para Nícolas. Os dois trocaram um olhar de puro ódio. - Ele deve vigia-la desde então, é o que eles fazem, nos protegem. Você foi à escolhida Elizabeth. Meu irmãozinho tem um Elo com você. Você estava predestinada a ele, como ele estava a você, desde o ventre da sua mãe.

Olhei nos olhos dele e não sabia o que dizer, o que sentir, o que fazer. Minha mente parou de funcionar com aquelas informações.

No fim das contas eu não estava ficando louca. Minha mente tentou me avisar desde que pus os pés em Hanover de que havia algo errado.

Eu idiota a ignorei.

Muitas emoções vieram de repente dentro de mim. Estava me sentindo traída, usada, exposta, abandonada, excluída e muitas outras coisas. Foi como uma dinamite repentina de emoções.

Aquilo nem parecia real.

Nícolas veio em minha direção ficando entre mim e sua irmã, eu o olhei com raiva.

—Por que não me contou?

—Elizabeth você precisa sair daqui - ele sussurrou olhando em meus olhos e eu quis soca-lo. - Agora. Saia daqui agora.

No meio de toda aquela palhaçada era aquilo que ele ia me dizia? Para sair dali?

Eu devia ser uma piada mesmo.

Eu fugi pra floresta antes que eu matasse alguém de raiva. Queria surtar sozinha, não me conformava e nem acreditava em tudo que tinha ouvido.

Parecia uma história muito improvável, o tipo de história que se conta a uma criança antes de dormir.

No caminho tirei minhas botas, o arquinho e fui desfazendo toda a fantasia. Sentei numa pedra com o choro engasgando na garganta, eu não sabia o que estava sentindo naquele momento e aquilo estava me matando, porque eram tantas coisas, que eu não conseguia definir uma emoção específica.

Tudo começou a fazer sentido para mim de repente. Os dias em que eu acordava com minha mãe brigando comigo por dormir com a janela aberta, sendo que eu sabia que a tinha fechado antes de deitar.

As vezes em que me senti segura mesmo estando sozinha. Os sonhos que tive com aqueles olhos azuis me encarando, momentos do meu dia em que eu achava que alguém estava me observando...

Quando sai de casa e provei sangue pela primeira vez.

Essa jornada longe da minha família eu nunca me senti sozinha. Porque na verdade nunca estive sozinha.

O momento em que o vi pela primeira vez naquele refeitório. Quando seu rosto entrou na minha órbita e minha mente me enlouqueceu no mesmo minuto, foi como se eu despertasse de uma realidade que só eu vivia.

Porque? Porque nunca me contou? Nunca apareceu? Isso não faz sentido, tanta coisa poderia ter sido diferente se eu soubesse da existência dele...

—Liza... - dei um pulo da pedra quando percebi ele atrás de mim.

—Quero ficar sozinha, saia.

—Calma, me escuta. - disse se aproximando.

Sua voz estava desesperada, machucada, mas eu estava com tanta raiva dele, ou sei lá o que, que eu estivesse sentindo.

—Fica longe de mim - pedi me afastando.

—Não posso. Não consigo. - implorou - Me deixe explicar...

Levantei as mãos o impedindo de falar. Meus olhos estavam ardendo e eu não queria chorar na frente dele, por isso engoli em seco.

—Explicar o que? Não quero que se sinta obrigado a ficar comigo, ou a cuidar de mim como uma babá.

—O que? - Me olhou pasmo - Acha que me sinto obrigado a ficar com você? Elizabeth o Elo não é como o Inprinting. Eu posso escolher se quero ou não ficar com você, mesmo com tantas coisas me dizendo que não, eu escolhi você. Eu sempre quis você.

Ele não era obrigado?

Eu o olhei mais surpresa do que antes. Ele tinha me escolhido. Ele devia ter algum problema, não é possível...

—Por que eu?

—Você pode não acreditar agora, mas você é o sentido da minha vida, e eu esperei por muito tempo até você nascer, eu não posso te perder. - Meus olhos se encheram de lágrimas. Porque isso ta acontecendo? - Tem muita coisa que você não entende, muita coisa que eu preciso contar, mas agora não dá... Eu preciso ir atrás dela...

—Você me mandou ir embora... - disse lembrando dele me falando pra sair dali minutos atrás. - Disse pra eu sair de lá como se eu não fosse nada.

Ele revirou os olhos irritado.

—Porque a porcaria dos seus olhos estão vermelhos Elizabeth! Vermelhos! - ele explodiu de raiva. - Ela não pode saber que você não é apenas uma humana! Eu estou tentando salvar sua vida aqui droga!

Isso fez eu me calar e engolir em seco.

Ficamos em silêncio por um momento e então eu percebi que todas aquelas emoções estranhas que eu estava sentindo, estavam mexendo com a cor dos meus olhos.

—Eu preciso ir agora. - disse e eu não falei nada. - Tenho que ir atrás dela ou... - falou tentando parecer calmo, mas pareceu pensar melhor nas palavras. - Lauren é minha irmã do meio e nos temos um... Impasse - disse fazendo uma cara estranha. - Ela é perigosa, e há outras coisas que são mais perigosas do que ela. Essas coisas não podem saber que você é uma híbrida. Vocês tem os Volturi que é o mais perto da lei no mundo de vocês. No meu mundo isso também existe, só que de um jeito diferente que não da pra explicar agora.

—Você mentiu - eu sussurrei.

—Eu não estava mentindo.

—Poderia ter me contado já que me conhecesse desde que eu nasci, não é mesmo? - disse amarga - Mas não, esperou sua irmã que te odeia atravessar o pais pra contar o que você é. O que você e sua família são. Ou, o que eu e você somos.

—Esta enganada - ele disse cansado. - Me desculpe se escondi isso de você, mas acredite, foi pra te manter viva.

—Porque? - eu surtei - Fica falando o tempo todo que quer me proteger, que está tentando salvar minha vida. De quem? Lauren?

—Não - ele respondeu no mesmo tom de voz - Algo maior do que ela, maior do que eu e você, ou até os Volturi. E se eu não for atrás dela agora, algo muito pior pode acontecer. - ele respirou fundo e colocou a mão na cabeça. - Amanhã depois da aula eu vou contar tudo a você, absolutamente tudo, eu juro. Mas tem que me prometer que vai me esperar para conversarmos. Eu prometo que de tarde depois da aula você saberá de tudo.

Eu assenti com a cabeça inconscientemente e ele saiu pela floresta como vento, me deixando com mais incógnitas do que antes.

Eu queria chorar, gritar, matar alguém, dilacerar alguma coisa...

Mas acima de tudo queria saber a verdade, e já estava contando no relógio os minutos até ele voltar. Minha mente estava travada, eu não conseguia pensar e nem queria até conversar com ele.

Estava em estado vegetativo.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei na floresta ruminando esses sentimentos estranhos, enquanto pensava em varias formas de matar Nícolas se ele não voltasse hoje e cumprisse sua promessa. Queria a cor dos meus olhos de volta, mas seria difícil conseguir isso agora no meio dessa loucura.

Estava amanhecendo quando eu voltei para o campus, tinha alguns alunos bêbados por ali e outros que já se preparavam para as aulas daqui a algumas horas.

Mas foi outra visão que me fez perder tudo.

Absolutamente tudo.

O pouco de sanidade que ainda se agarrava em mim com esforço, sucumbiu no instante em que vi dois táxis estacionando na frente da faculdade e minha família saindo de dentro deles.

—Isso não está acontecendo - murmurei pra mim mesma, não como um choro, um grito ou um gemido, mas uma junção dos três, enquanto via Alice tirar uma mala enorme do porta malas do táxi, e acenar pra mim empolgada.

Deus se você existe, me mata agora...



/////////////////////////////////////////////

 

PARTE 2:

 

Eu ainda estava parada no meio do Campus parecendo uma estátua de cera. Pedia a Deus que aquilo fosse apenas uma miragem ou um pesadelo muito ruim. 

 Não sei em que momento, mas Renesmee surgiu ao meu lado vendo minha expressão.

—O que foi?

Ela se assustou quando viu meus olhos vermelhos e minha cara nada boa. Mal sabia ela que a família Addams descendo do táxi não era o motivo, mas estava ajudando a piorar. 

Hoje definitivamente não era o meu dia.

Eu peguei seu rosto e virei na direção de onde nossa família entrava pelo Campus. Ela fez uma careta enquanto Alice arrastava sua mala rosa Pink e o resto da família sorria bobamente ao nos ver.

—Não surta - pediu mantendo a calma e eu encarei a safada. 

—Você sabia - a acusei e ela deu de ombros.

Meus pais vieram até nos eufóricos, como se estivessem morrendo de saudades.

Fala sério, não faz nem 1 mês que viemos para cá. Bella foi a primeira a me agarrar com seus braços maternos e sufocantes.

—Eu te amo meu neném, que saudades - ela dizia enquanto me esmagava. Ela estava passando tempo demais com Alice.

—Não acredito que perdemos a primeira festa. - Alice tirou seus óculos de sol olhando em volta.

Meu pai me avaliou de cima a baixo, principalmente minha fantasia escandalosa já com itens perdidos, mas não foi isso que o incomodou.

—Elizabeth você não...? - Perguntou alarmado parando seus olhos nos meus, que ainda brilhavam vermelhos rubi, sugerindo que eu tinha enfiado meus dentes em algum humano por ai.

—Claro que não - respondi amarga.

—Então o que houve?

Suspirei.

—Nada - menti com a voz baixa e ele sabia que aquele nada queria dizer tudo. - Afinal, estão fazendo o que aqui?

—Estudar gatinha - Tio Emm surgiu ao meu lado passando o braço em meu ombro. - Não estava aguentando o tédio de Forks sem você para arrumar confusão pra nos divertir.

—Qual a parte do "não quero que vocês apareçam lá" vocês não entenderam?

—Sentimos muito a sua falta também - Tio Emm respondeu.

—Sabe como foi difícil convencer Carlisle a nos deixar vir? - Tia Rose disse encantada com a faculdade - Vai ser muito mais legal aqui, mais tempo sem nos mudarmos, cidade nova, faculdade...

—Fora que Carlisle conseguiu um emprego a algumas horas daqui, vai ser perfeito. Estarmos todos juntos novamente... - Tio Jasper apoiou.

Eu pus a mão na cabeça achando que ela fosse explodir de cansaço, raiva e ódio. Eram muitas informações em poucas horas pra minha mente lidar.

Pelo canto do olho vi Tyler passar apressado com Lucy pelo Campus. Os dois trocaram um rápido olhar comigo e sumiram no meio das árvores. Aquilo fez meu coração disparar.

Nícolas.

Onde ele estaria agora? Será que ele estaria bem? 

—Qual o problema? - Minha mãe seguiu meu olhar para a floresta e me olhou preocupada. 

 Todos me olharam também, porque minha cara estava péssima, meu coração descontrolado, meus olhos vermelhos, e o humor estranho...

—Nada - sussurrei novamente - To sem cabeça para surtar agora, grito com vocês outra hora. 

Dei as costas a minha família sabendo que os olhos deles estavam presos em mim, enquanto eu me afastava. 

Se isso tivesse acontecido em outra ocasião, eu provavelmente teria enfiado um por um de volta no táxi e os mandado de volta a forks. Mas não dá, minha cabeça só consegue pensar nele.

Esse homem esta me levando a loucura.

[...]

Eu estava aérea, cansada e preocupada. Ficou por conta de Renesmee fazer um tour com nossa família pela faculdade, e logo depois eles efetuaram a matrícula.

Coloquei minhas lentes de contato e segui sem muito animo para as aulas.

Para piorar minha preocupação, nem Nícolas nem ninguém da sua família apareceu nas aulas hoje. Eu tinha o número de Lucy e já tinha mandando dezenas de mensagens, mas ela não respondeu e nem visualizou. Eu mantinha meu celular por perto caso ela resolvesse dar algum sinal.

—Que estranho os Roller não aparecem hoje - Jacob comentou observando a mesa deles vazia. 

 Meu coração perdeu o controle no mesmo momento denunciando o motivo do meu humor estranho.

—Quem são essas pessoas? - Rose perguntou enquanto eu era observada meticulosamente pelo meu pai e minha mãe, tentando a todo custo controlar minhas feições e reações.

—Nossos novos amigos - Ness respondeu.

—Humanos chatos? - tio Emm perguntou.

Antes fosse, ai eu não estaria nessa situação.

—São uma família como a nossa - Renesmee respondeu comendo um saco de batatas. Meu pai olhou para ela e depois para mim, eu o ignorei.

Olhei o celular de novo e nada de Lucy. Já estava pensando em ligar para ela assim que acabasse as aulas.

—O que conversamos sobre isso? - Tio Jazz disse, antes que meu pai pudesse dar sermão sobre nossas novas amizades.

—Elizabeth garantiu que não tinha nada de errado com eles - Ness afirmou e agora todos me encararam. - Inclusive pensei que soubesse o porque deles não terem vindo, Lucy ou Nícolas te falaram algo?

Quando ela tocou no nome dele eu perdi o controle de novo e deixei transparecer minha preocupação. Eu engoli em seco, levando um tempo pra me reajeitar.

—Não sei de nada - sussurrei encarando meu prato.

[...]

Pov. Renesmee

Eu esperava um surto do tamanho do furacão Catrina vindo da minha irmã, mas ela parecia absorta. 

Eu estava preocupada com ela, quando nos trombamos no corredor toquei seu braço mostrando a ela toda minha preocupação desde que a vi hoje de manhã. Ela deu de ombros e disse que não era nada.

Toda a família estava falando sobre seu estado distante, suas respostas curtas e falta de interesse em se envolver nos assuntos. Esperavam encontrar uma Elizabeth mais empolgada em Hanover.

Eu pelo contrario já tinha descrito os Roller a nossa família de todas as formas possíveis, todos estavam ansiosos para serem apresentados a eles.

Quando as aulas acabaram Liza voou para o Campus e nos fomos atrás, nossa família estava louca para conhecer a cidade, os pontos turísticos...

—Hey, onde você vai? - Perguntei pegando Liza pelo braço quando ela quase me escapou. Ela parecia com pressa.

—Ah vamos sair para algum lugar - Rose deu a ideia.

—Preciso fazer uma ligação - Elizabeth avisou com o celular em mãos toda apressada e esquisita. Quando passamos pela porta da faculdade demos de cara com Lucy. - Que susto.

Elizabeth disse com a mão no peito, ela pareceu aliviada, mas seu rosto estava estranho.

—Desculpe - Lucy disse baixinho. Ela e Liza se encararam como se falassem em códigos e foi esquisito. - Liza...

—Vem cá Lucy - a interrompi puxando-a pelo braço - Tem que conhecer minha família.

Eu apresentei Lucy a todos eles. Minha família a adorou, por mais que ela não estivesse no seu estado normal de euforia e agitação, ela foi educada com todos eles, mas não tirava os olhos da minha irmã.

—Nós vamos dar um passeio, quer vir junto? - Alice a convidou - Acho que ninguém conhece Hanover como você.

Ela sorriu gentil e concordou.

—Claro, vamos sim - então ela encarou minha irmã e disse com uma cara estranha. - Elizabeth, ele está te esperando.

 Ela apontou com a cabeça para o campus.

Nícolas estava encostado em um carro todo preto que reconheci como um Audi a7. Sim. eu entendia de carros.

Ele encarava minha irmã sério e ela devolveu o olhar com raiva. Ninguém entendeu o que estava acontecendo ali, mas também ninguém teve chance de perguntar.

Meus pais principalmente olharam da minha irmã pra ele diversas vezes, e a reação do corpo dela ao vê-lo era algo que nunca presenciamos.

[...]

Pov. Liza

Nícolas.

Graças a Deus, mas que ódio.

Todos estavam me encarando inclusive ele e eu não ia perder mais nenhum minuto precioso entre eu e a verdade, então me apressei.

—Bom passeio a vocês - disse sem olhar pra trás.

Nícolas encarou enquanto eu me aproximava, antes que eu chegasse ele abriu a porta do carro para mim e eu entrei sem fazer perguntas. Ele entrou logo em seguida, arrancou com o carro dali sem que eu pudesse ver a reação da minha família.

Em menos de 3 minutos já estávamos em uma estrada e ele a mais de 100 km por hora.

—Achou que eu não viria? - perguntou vendo minha cara amarrada.

—Tive minhas dúvidas.

Ele suspirou

—Não ia quebrar uma promessa que fiz a você.

E esse foi nosso único diálogo durante o caminho que ele fez dirigindo como um louco. Eu não perguntei aonde estava me levando e ele também não falou, mas não demorou muito pra chegar.

De repente ele seguiu por uma estrada de terra que foi parar numa entrada de uma trilha. Ele desligou o carro e desceu.

—Vamos - pediu.

Eu o segui e corremos por entre algumas árvores até chegar no destino final. Era uma paisagem impressionante não vou negar.

Era o pico de um penhasco, na frente dele um punhado de montanhas e árvores, e entre elas o sol brilhando alto. Eu fiquei sem fôlego com a cena.

Totalmente diferente de Forks, onde tudo é sombrio e molhado.

—Gosto de vir aqui. A paisagem me tira o estresse. - Falou chutando a grama verde. - Pensei que te contar aqui, amenizaria o peso das informações.

—Então pode começar - disse sem rodeios.

Me sentei em um tronco de árvore enquanto ele manteve distância, encostado em uma rocha bem a minha frente.

—Primeiro, quero pedir desculpas. Não era para aquilo ter acontecido ontem, não queria te fazer passar por isso. E também por ter escondido tudo isso. Eu não queria e não foi uma escolha minha. - ele começou - Sinceramente, é tanta coisa que eu nem sei por onde começar.

Ele parecia perdido, cansado e preocupado.

Não sei como foi a conversa com sua irmã depois que nos vimos, mas decidi facilitar as coisas para ele fazendo perguntas.

—Porque nunca me contou, ou apareceu antes?

—Eu não podia, já disse, estava protegendo sua vida.

—Então me explica porque eu corro risco de vida.

—É difícil para mim falar sobre isso. Me sinto culpado - ele respirou fundo olhando pro céu - Mas eu prometi, então...

—Então fala.

Ele me fitou com os olhos azuis intensos, eles pareceram mais brilhantes ainda na luz do sol.

—Vamos do começo então. Filhos da Lua são vampiros que não são transformados ou criados. Nos nascemos assim, temos mães humanas. Para isso acontecer, você tem que ter o genes, e precisa nascer em noite de lua cheia. Por isso não existem muitos da nossa espécie.

—Seu irmão Tyler não parece um Filho da Lua. - disse conseguindo diferenciar pela cor dos olhos.

—Porque ele não é. - disse sorrindo. - E nem meu irmão.

—Como assim?

—Tyler é meu primo. Sara e Daniel são meus tios. Bom, ele tinha o genes por que meu tio é um Filho da Lua, mas Tyler não nasceu em dia de lua cheia, então quando fez 18 anos foi transformado. Meu pai se chamava Damon e ele também era um Filho da Lua. Ele e minha mãe biológica, Suzana, morreram a muitos anos. Então meu tio nos adotou e cuidou de mim e Lucy como seus próprios filhos.

—Porque morreram? - perguntei curiosa. - Seus pais?

—Os vampiros Filhos da Lua são bem mais antigos do que a sua espécie. Eramos da época da monarquia, dos reis e rainhas. - Ele sorriu com o pensamento distante - Meus pais eram, séculos atrás, os reis da nossa espécie. Principalmente porque o sangue dele falou muito mais alto, e os 3 filhos nasceram Filhos da Lua. Primeiro eu, 2 anos depois Lauren e 3 anos depois Lucinda. Todos em noite de lua cheia. Isso nos consolidou naquela época, e porque também eramos a família mais antiga. Haviam tradições e coisas que até hoje não entendemos, como magia talvez. - Eu o olhei confusa - Como as mulheres eram humanas naquela época, a rainha era a portadora do colar Lunam, vem do latim, significa lua preciosa.

Automaticamente olhei para meu colar em meu pescoço, e percebi que Nícolas também o olhava.

—Meu pai morreu em uma batalha contra outra família e em seguida minha mãe ficou doente, piorando pouco a pouco até nos deixar também. Agora eramos só eu, Lauren e Lucy, e quem ficaria com o colar? Bom, é ele quem escolhe. Quando a dona do colar morre, existe uma cerimônia com as herdeiras para ver qual delas ele vai pertencer dali em diante. O colar teria que fechar no pescoço de uma das duas e ai saberíamos quem foi a escolhida. O problema é que ele não fechou. Não fechou no pescoço da Lucy nem no pescoço da Lauren.

Ele enfiou o rosto nas mãos e ouvi ele soltar o ar perdido em memorias do passado. Devia ser difícil para ele falar dessa época.

—Tempos depois eu descobri que Lauren matou nossa mãe envenenada. Ela queria o trono e queria o colar, e não conseguiu nenhum dos dois. Minha mãe já sabia que o colar não ficaria com nenhuma de suas filhas, então me escreveu uma carta pedindo para ser o guardião dele. Disse que o colar me guiaria para pessoa certa, a pessoa digna de usa-lo. Lauren o roubou anos depois e conseguiu ter a proeza de perde-lo, e ainda me pedir ajuda para acha-lo. E foi ali que tudo começou. - Ele me encarou como se estivesse vendo algo precioso e eu perdi o ar. - Minha marca já tinha nascido a pelo menos 2 anos antes do colar ser perdido. Quando o procurei, não imaginei que fosse encontra-lo e a minha outra metade ao mesmo tempo. O meu Elo. Quando eu o achei, eu encontrei você Elizabeth. Você já estava com ele.

Eu engoli em seco perdida na intensidade das suas palavras e do seu olhar.

—Ele foi parar em Forks. Como? - ele deu de ombros com sorriso indignado. - Magia talvez. Você e Nessie estavam brincando numa lagoa perto da praia La push e ele estava pendurado no seu pescoço. Eu só conseguia pensar, como que aquele colar foi para ali e como aquela criança conseguiu fecha-lo em volta do seu pequeno pescoço? Mas ele tinha escolhido você, e você já estava predestinada a ser parte da minha vida, eu podia enxergar a marca na sua cintura mesmo que ela ainda não estivesse ali. Eu sucumbi a loucura naquele momento Elizabeth Cullen, no momento em que descobri o que você era, sua família, o que se tornaria, eu sabia. Você ia ser a minha ruína.

Eu me levantei nessa hora sem fôlego, quanto mais ele falava minha memoria despertava de um sono profundo e poucos flashbacks vinham surgindo desse momento.

—Me lembro até a roupa que estava vestindo. Um vestido branco, o cabelo solto cheio de cachinhos enquanto você e Ness pegavam conchas na lagoa. O colar pendurado no seu pescoço, seus pezinhos pequenos na água, você devia ter o tamanho de uns 5 ou 6 anos, ninguém estava ali por perto...

—Então você se aproximou e sorriu para mim - eu disse sem ar, as memorias inundando minha cabeça, me lembrava dessa cena, mas com outro contexto. Nícolas se aproximou - Eu pensei que isso fosse a lembrança de um sonho.

—Não era - ele sussurrou. - Era eu, ali com você, em Forks.

—Porque isso sumiu da minha memória? 

—Porque você achava que era um sonho, mas não foi. - ele disse e eu estava confusa. - Foi difícil fazer você entregar o colar para mim, sabe que não dá pra arranca-lo. Ele tem mecanismo de defesa e você já era muito difícil naquela época. - disse dando um sorriso - Mas eu consegui te convencer. O pouco que conversamos me fez ficar fascinado em sua personalidade com aquela pouca idade. Naquele dia eu sabia que não podia deixar consolidar o nosso Elo. Lauren não podia saber que você era meu Elo, e o que colar tinha te escolhido, ela ainda o queria, ainda o quer.

—Por isso ela quer me matar. - conclui.

—Na cabeça dela, você roubou algo que é dela.

—Eu não roubei, você mesmo disse, ele me escolheu.

—Eu sei disso, ela também sabe, mas não aceita. E tem feito da minha vida um inferno desde que eu o guardei. Não ia deixar o Lunam com você naquela época, você era uma criança. Eu guardei e me afastei contra minha vontade, mas não consegui por muito tempo. Mas se você lembra bem, eu o devolvi a você, no tempo certo...

—Porque não apareceu quando me deu o colar naquela noite?

—Como eu disse, você é a minha ruína Elizabeth. - ele disse intenso enquanto se aproximava mais. - A regra mais absoluta sobre os Filhos da Lua é terem Elo somente por humanas. Você não é só uma humana. Você é mais sobrenatural do que qualquer coisa que eu já tenha conhecido em toda minha vida. Mas o Elo só estaria oficializado quando sua marca nascesse, enquanto isso você estaria segura. Eu lutei contra mim mesmo, eu não queria arruinar você, nem a mim, isso nos condenaria. Meu tio pediu pra que eu me afastasse, eu só teria direito a ter outro Elo se você morresse, e eu não ia suportar aquilo porque eu já te amava. Você já era um pedaço da minha alma, eu não ia aguentar te perder... Quando te devolvi o colar, vi a mulher que se tornou, todo o meu plano de não me apaixonar por você caiu por terra naquela noite. Eu me apaixonei por cada traço seu e isso está implantado em mim como uma doença. Eu te vigiei, te protegi, cuidei de você, eu menti para o meu tio e me mantive por perto para caso precisasse de mim e pra ver você, esse era meu prazer. Você.

Enquanto as palavras saiam de sua boca ele se aproximava cada vez mais, enquanto eu só escutava sem ter reação alguma.

—O problema... É que você é um problema. Não bastava todo esse dilema interno, você tinha que aparecer aqui não, é? Tem noção do quanto eu surtei quando você pós seus pés em Hanover? Elizabeth, eu perdi o controle de tudo. Eu me mantinha longe o suficiente para você não me conhecer, para minha irmã não saber sobre você e não satisfeita... Você veio até mim.

—Eu senti, eu precisava vir, não sei explicar...

—Eu sabia que isso ia acontecer uma hora, mas não quando Lauren tinha acabado de descobrir sobre você. - ele tocou meu rosto com as duas mãos, eu me arrepiei com seu toque sem me afastar. - Eu me sinto culpado, por te colocar nisso, por você correr risco de vida por minha causa, porque eu te amo, eu teria percorrido o mundo para me afastar de você se isso te mantivesse segura...

—E eu provavelmente teria percorrido o mundo para encontrar você. - disse sincera - Não percebe? Foi o que eu fiz durante todo esse tempo, durante minha vida toda. Te procurei, sem saber que estava te procurando. Ser sensitiva só intensificou tudo, não é atoa que meus sentidos me atraíram pra cá. Eu senti, eu sabia, minha mente me dizia que alguma coisa estava me esperando aqui. E estava, era você. Nícolas, aonde quer que você fosse, eu ia acabar te achando.

—Me desculpa - ele pediu com o rosto contorcido em remorso, coloquei minhas mãos em seu rosto dessa vez encarando a grande intensidade de seus olhos azuis. 

—Porque vamos morrer?

Ele me encarou devolvendo a intensidade no olhar e suspirou.

—Se eu não me afastar de você, sim, nós vamos.

 Eu acabei com a pouca distância que restava entre nossos corpos e colei meu rosto no dele, eu podia sentir seu coração batendo contra o meu peito..

—Então, acho que vamos morrer. - sussurrei contra sua boca.

 No minuto seguinte eu o beijei, toda a raiva, angustia e medo sumiram naquele instante. 

 Parece que tudo finalmente começou a fazer sentido para mim. Eu tinha nascido para ser dele, e ele tinha nascido para ser meu. Se isso significava que iriamos morrer, então que seja.





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Notas finais do capítulo

(E)



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