A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 6
O grande botão vermelho escrito "Não aperte" e silêncios constrangedores


Notas iniciais do capítulo

E ai o quanto vocês acham que a Luna está lascada? kkkkk Será que ela se apaixonou pelo bratva?



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Acordei sobressaltada com uma luz forte no meu rosto. Eu não sabia onde estava, nem o que estava acontecendo, tudo que eu conseguia ver eram as manchas brancas causadas pelo flash de luz e risadas masculinas. Tentei alcançar minha adaga, mas lembrei que não havia levado armas. Eu sai com a Ava pra boate, então...

— O que está acontecendo? – Gemeu uma voz de sono masculina ao meu lado. Certo, tinha uma pessoa deitada do meu lado. Um cara. Porque minha cabeça doía tanto? Ah eu bati, eu lembro disso, na boate.

— Bom dia bela adormecida. – Brincou outra voz masculina em meio as risadas. Outro flash de luz. Aquilo era bem irritante.

— Cala a boca, idiota. – Respondeu a voz ao meu lado. Aquela voz. Yuri. As memorias estavam voltando. Os rapazes na minha frente estavam claramente muito bêbados. Coloquei as mãos na cabeça começando a avaliar toda a merda que acontecera nas ultimas horas. Eu dormi?

— Que horas são? – Perguntei ainda meio grogue. Caramba, onde diabos eu havia me metido? – Miguel? – Perguntei reconhecendo o rapaz bêbado que havia falado e que estava causando todos aqueles flashes.

— E ai? – Perguntou ele falando arrastado e com a língua embolada. – Pensei que tinha ido embora, senhora “estou tentando evitar ser morta”. – Falou ele caindo no chão e gargalhando. Meu sangue gelou. Olhei de relance para Yuri, ele me encarava tentando fazer as peças se encaixarem. Devo dizer que ele com cara de sono era ainda mais lindo e sexy do que acordado? Acho melhor ficar calada. – Sua amiga foi embora há horas. - Avisou Miguel tentando controlar o riso. Coloquei as mãos na cabeça de novo tentando resolver aquele problema. Os meninos perderam o interesse em nos dois esparramados na cadeira e começaram a brigar, rindo e fazendo a maior bagunça e barulheira com as garrafas de cerveja vazias no chão.

— Que horas são? – Perguntei novamente, dessa vez olhando para Yuri.

— Umas quatro da manha mais ou menos. – Ele parecia irritado com todo o barulho. – Parem de tirar fotos! – ralhou ele irritado com Miguel que novamente apontavam os flashes para nós enquanto os outros dois discutiam sobre quem tinha ganhado a briga.

— Quatro horas? Ai meu deus. Eu tenho que ir! – Falei nervosa e me levantando de supetão. Yuri segurou meu pulso.

— Fica, amanha eu te deixo em casa, bem cedo.

— Não posso, tenho aula. Muito cedo. Tipo assim, daqui a uma hora e meia! – Ele franziu a sobrancelha confuso e sorriu.

— Que tipo de escola tem aula cinco e meia da manha? – Eu segurei sua mão e o puxei enquanto ele ria. Mordi a língua tentando não passar mais nenhuma informação comprometedora e sorri sem jeito.

— É serio, tenho que ir. – Yuri puxou minha cintura e ponderou por alguns segundos sem me encarar mordendo os lábios.

— Não sei não... Acho que vou te sequestrar. – Disse me olhando com uma cara maliciosa que me fez perder um pouco do ar. Empurrei seu peito fingindo uma certa indignação desconcertada. – Certo, mas me dê seu numero em troca.

— Eu... Não tenho um... – Falei mordendo os lábios. Ele suspirou franzindo a testa. Parecia meio chateado. Puxei seu queixo e o beijei devagar. Ele apertou minha cintura confuso.

— Quando vou te ver de novo?

— Eu te encontro. – Falei rindo meio sem jeito por saber que eu não falava a verdade. Aquilo não poderia se repetir. Tipo, nunca. Olhei ao redor meio deslocada em meio aquele cenário urbano e devastado. Os meninos conversavam e riam olhando para nós.

Algo fez barulho bem próximo e eu me assustei, se não fossem seus braços fortes me segurando para eu não fugir teria saltado uns dez metros. Yuri puxou uma pequena caixinha e um brilho se acendeu com uma imagem de nos dois dormindo na cadeira agarrados. Ele riu e olhou para trás vendo os meninos nos imitando de maneira fantasiosa. Sorri sem jeito e uma sensação de pânico se instalou. Era como provas de que aquele relacionamento existia. Me mexi desconfortável. Calma, aquilo não provava nada.

— O que... - Tentava formular uma frase que não demonstrasse minha total falta de conhecimento. Foto, acho que esse era o nome. Eu estava me arrependendo amargamente não ter prestado atenção na aula de tecnologia humana. - Essa foto não pode existir. - Eu estava conseguindo esconder o pânico? Nem nos meus sonhos mais loucos.

— Não ligue para eles. Dou um jeito nisso depois. – Yuri tocou meu rosto delicadamente. – Vamos, vou te deixar em casa. – Concordei em silencio e ele me arrastou entrelaçando suas mãos na minha. Eu tentava mandar mensagens pro meu corpo, por favor, não sue como uma porca nas mãos desse cara maravilhoso. Mas parece que meu corpo não estava a fim de me obedecer. Eu não podia leva-lo para muito próximo do instituto, o que é claro significava que eu teria que correr naquele vestido ridiculamente apertado. 

Onde eu estava com a cabeça? Era o que eu queria saber. Yuri me encarava pelo retrovisor, me deixando vermelha e sem graça. Tentar prender meu cabelo era uma tarefa quase impossível com aquele capacete então eu não estava nada graciosa com aquela quantidade de cabelos voando por ai. Eu apenas conseguia me focar em não vomitar por conta do enjoo que aquela maquina estúpida me causava. 

— Você é famosa ou algo do tipo? - Perguntou ele apertando os olhos por conta do vento.

— O que? - Aquilo era além de absurdo. Eu era absolutamente um zero a esquerda. Quer dizer, não que eu fosse inútil, mas sério meu objetivo era me misturar ao máximo e não chamar atenção para outra coisa que não minhas habilidades de luta. Era até meio cômico sequer considerar essa possibilidade. Yuri pareceu ficar sem graça com a ideia maluca.

— Esquece, eu não deveria tentar descobrir - Eu não sabia muito bem como responder àquilo. Não é como se eu pudesse explicar e expor todos os meus segredos à um humano sem ser morta. E acredite eu queria muito. Muito mais do que eu deveria se você quer mesmo saber. Muito mais do que o bom senso e o medo de morrer exigem. Além disso, não poderia simplesmente chegar e falar: Então sabe aqueles seres mitológicos que você ouviu falar quando criança? De orelha pontuda e tal? Pois é eu sou uma. Nós existimos, surpresa!

— Me desculpa. - Seu olhar era muito intenso para eu conseguir encara-lo. Como se ele estivesse lendo meus pensamentos e descobrindo meus segredos. Ele deu de ombros parecendo estar meio frustrado e permaneceu pensativo. Pelo meu senso de localização estávamos chegando perto e isso significava que agora eu tinha coisas muito mais importantes para me preocupar que o silêncio desconfortável. - Ok, para aqui. - Bati em seu ombro e ele desacelerou a moto. - Nossa - Enjoo nem começava a descrever. - Esse negócio... - Apontei freneticamente para a moto enquanto descia.

— O que houve, está passando mal? - Ele parecia genuinamente preocupado e correu para descer da moto. - Foi por isso que pediu para parar?

— Sim, quer dizer não. - Falei tentando recuperar o fôlego e me abanando. Yuri soltou uma gargalhada e acariciou meus cabelos em uma tentativa de ajudar. Não estava ajudando. - Então, muito obrigada pela carona e tal. - O vento fresco que corria e a proximidade com a floresta me ajudava a melhorar mais rápido. Acho que haviam sido muitas emoções por um dia.

— Mas... Nos estamos no meio do nada. - Me sentia um pouco mal por deixa-lo no escuro. Do ponto de vista dele eu também estaria frustrada, confusa e preocupada.

— Não se preocupe. Já estou pertinho. - Garanti com o máximo de confiança que eu conseguia passar com o meu charme élfico. Sempre bom ter um empurrãozinho. Mesmo que eu me sentisse um pouco culpada de usar meus atributos nele. Uma parte de mim bem grande não queria que ele fosse e principalmente eu não queria ter poder de decisão sobre ele.

Por que a questão é que nós elfos temos um poder de influência muito forte sobre os humanos. Principalmente por toda a questão de que eles não conseguem processar muito bem o sobrenatural, que no caso sou eu mesma. Claro que com outras raças também conseguimos alguma coisa, mas em uma proporção bem menor, até porque não funciona com quem já sabe desse truque. Humanos estão mais indefesos contra isso. De qualquer forma o ponto é que eu não queria decidir por ele, não queria mudar quem ele era ou sua forma de agir. Não me pergunte porque.

— Certo. - Ele não parecia nada tranquilo e também meio confuso porque ele concordaria com isso. Mas eu realmente estava sem tempo. Ainda tinha um problema bem grande me esperando quando eu chegasse no perímetro do instituto: Entrar.

Enquanto minha mente passeava ele se aproximou de mim e antes que eu pudesse perceber seus braços me envolviam novamente. Lá estava seu perfume embriagante, sua pele tocando a minha e seus lábios macios nos meus roubando qualquer fôlego, força ou pensamento que eu pudesse ter. Eu não conseguia pensar, apenas sentir. Aquela bolha de emoções subindo pelo meu estômago prestes a explodir. Meu coração parecia estar quase quebrando minhas costelas de tão rápido. Não sabia se por medo ou...

Não sei por quanto tempo permaneci perdida até que minha mente começou a mandar sinais de alerta e perigo. Eu estava perto do instituto o que significava que alguém poderia nos ver e então eu estaria morta em dois segundos. Meus olhos se abriram de pavor e eu me desvencilhei dele. Assustada e com minhas veias quentes.

— Não me siga. - Falei com todo o charme élfico que eu era capaz de impor em um humano. Mesmo assim ele sorriu como se nada houvesse acontecido, com aquele sorriso torto que me deixava louca.

— Tentador. - Cruzando os braços e me deixando confusa ele se encostou na moto. Mas eu não esperei para entender sai correndo pela floresta antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. 


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Notas finais do capítulo

Quem já está ansioso pelo reencontro deles? Ou será que ela vai tomar juízo e nunca mais voltar?



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