A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 3
Entre atiradores de facas e o garçom-da-verruga


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo leitoras lindas! Estou inspirada para reformar esse conto então espero que gostem desse capitulo. Eu me diverti escrevendo. Beijos e até lá em baixo! *-*



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Depois de vinte minutos de puro tédio e repudio com dois serfantines, seres asquerosos em minha opinião, eu decidi que se não chegássemos em vinte segundos eu iria me matar asfixiada com meu próprio vomito. Foram vinte minutos de piadas infames sem pausa. 

E o pior é que aquelas criaturas das trevas – Seres que se parecem remotamente com humanos se não fosse por todas as escamas, os sibilos, aquela linguinha idiota, que eu estava morrendo de vontade de comer no espeto, e seus rabos. Sim rabos, acreditem não é nada bonito. – não gostavam nada nada de serem contrariados, da maneira que fosse. Então nos tínhamos que rir de todas, eu disse TODAS, as piadas ridículas e intransigentes que aqueles idiotas contavam.

Eu estava me sentindo uma louca bêbada. Ou seja, não sabia se ria ou se chorava e ainda sim poderia trucidar ou morder a jugular de qualquer um dos dois a qualquer momento apesar de só ficar guinchando como uma louca e dando olhares significativos para Ava que parecia de alguma maneira louca estar até gostando. Serio, eu não entendo essa garota. Seria uma história linda e um tremendo romance policial se não tivéssemos chegado para alegria geral da nação. Eles engoliram que éramos humanas – prova do total retardo mental e da não evolução da espécie daqueles condenados – então eu estava pouco me lixando.

Saltamos do carro em uma avenida relativamente movimentada levando-se em consideração que já era madrugada alta. Eu não sei o que vai acontecer essa noite, mas tirando pela prévia com os serfantines eu suspeito que coisa boa não será. Ava me arrastou meio a esmo por algumas ruas até pararmos em frente à um prédio humano chamado Follow que tocava as músicas tão alto que o som fazia as paredes tremerem e luzes giravam para todos os lados me cegando.

As pessoas chegavam de todos os lugares e por um segundo toda aquela luz em cima dos meus olhos me fizeram surtar um pouco de modo que comecei a rir desesperadamente. As pessoas até começaram a nos encarar, é eu sou um bicho do mato, literalmente. Ava me olhava meio apreensiva como se estivesse pisando em ovos. E vamos e convenhamos depois de uma eternidade de piadas horríveis, risadas forçadas, ódios mascarados, línguas no espeto, luzes e musica alta ela estava mesmo.

— Você está louca mulher? – Perguntei sufocada entre uma gargalhada e outra. Precisei de um minuto para me recompor. Minha face estava corada e eu estava meio ofegante. – Sabe que não podemos nos envolver com humanos. É contra a lei, esqueceu? Isso é uma tentativa de homicídio por acaso? Quer que eu me junte ao Hans agora?

— Não sei do que está falando. – Disse ela voltando ao seu estado normal e abrindo um sorriso para um grupo de rapazes que passou por nós.

— Terra para Ava? Esqueça ok? Vamos voltar e fingir que nada disso aconteceu.

— Bom eu vou dar uma olhada lá dentro. Pode voltar se quiser.

— Sem chance, você volta comigo, agora. Mesmo que tenhamos que ir andando. – Falei agarrando seu braço.

— Ah cala a boca Luna. De qualquer modo não vou me envolver com ninguém, só vou dançar e me divertir um pouco. – Disse ela se soltando do meu aperto e correndo para dentro da boate.

Ótimo! Eu devia deixa-la morrer sozinha e ir embora enquanto sua carne apodrecia. Eu devia dar meia volta e voltar andando para o instituto. Mas eu sabia que aquela desmiolada ia acabar se metendo em alguma confusão mais cedo ou mais tarde. E além do mais, sem envolvimentos só garantir a segurança dela e depois ir embora. Se eu ficasse com ela até o final quem sabe eu conseguisse evitar uma tragédia. Não quero sangue em minhas mãos, só isso. Não tem nenhuma ligação com a remota possibilidade de eu gostar dela. Ok, talvez tenha e talvez eu esteja curiosa, mas ninguém precisa saber.

Lá dentro a música estava alta demais, o local estava abafado com o suor dos corpos se mexendo, a névoa do gelo seco me impedia de enxergar claramente e o cheiro irritava minhas narinas sensíveis. Era irritantemente humano. Cheiro de bebida aguada e suja, drogas, misturado com perfumes baratos e caros. Me sentia uma farsa naquele lugar, uma hipócrita. Como poderia julgar o Hans estando cercada de humanos. 

Apesar de tudo isso Ava parecia estar adorando o lugar. Sua pele quase brilhava em meio aos humanos que a olhavam, uns cobiçosos outros apenas recalcados mesmo. E sim eu me refiro àquelas biscates no canto direito. Deixei-a rodar por ali até se infiltrar na pista de dança e me dirigi até o bar.

— Me dê um drinque da bebida mais forte que você tiver ai, por favor. – O barman me olhou com estranheza e curiosidade enquanto eu o encarava com tédio e mal humor. Não sei o nome dele e não tem nenhum daqueles crachazinhos idiotas com o nome escrito então vou apelida-lo de garçom-da-verruga pra que possamos nos familiarizar quando eu já estiver bêbada. O garçom-da-verruga me trouxe um copo minúsculo e com uma bebida amarela chamada – segundo ele – Uisque. – Eu pedi um drinque para beber e não para lavar a parte de trás das minhas orelhas. – Reclamei.

— Sinto muito senhorita. – Disse o garçom-da-verruga. – Mas acho melhor pegar leve com essa bebida. – Mas era inacreditável mesmo que eu estava levando uma lição de moral de um humano. É triste G.D.V., mas nosso relacionamento acaba aqui. Uma lágrima quase escorreu pelo meu rosto junto com o sarcasmo.

Resmunguei um pouco e virei o copinho. Arrependi-me quase imediatamente. Queria cuspir aquilo, se já não tivesse engolido. Que bosta é essa é água pura com um aromatizador sabor fel. Eca. Humanos e seu sangue fraco. Desembolsei uma pequena garrafa prateada que peguei no ultimo segundo sem que Ava visse e despejei uma parte do conteúdo em um copo que dava sopa na bandeja do garçom.

Encarei o líquido escuro por um segundo e dei um longo gole em seguida. Bem melhor...Na metade do copo três caras se inclinaram no balcão me cercando.

— E ai gata, o que está bebendo? – Perguntou o idiota que parecia ser o líder dos três patetas enquanto segurava uma mecha do meu cabelo entre os dedos.

— Por que você não descobre sozinho? – Perguntei estendendo o braço e oferecendo meu copo a ele. O humano deu um gole e fez uma careta horrível, ficando extremamente pálido logo em seguida. 3, 2... Ele fez um gesto com a mão como se quisesse dizer algo, mas caiu no chão desacordado. Bebi o resto do copo em um só gole encarei o corpo estendido no chão. Seus amigos me olharam estupefatos... Patético. Abaixei-me e chequei sua pulsação. É um idiota, mas um idiota de sorte. – Ele deu sorte. – Falei para os amigos dele. – Ele está vivo. Levem-no para o hospital, está apenas em coma alcoólico.

Comecei a rodar a procura da Ava. Depois de vários goles da bebida da garrafa – Uma delicinha chamada slotorn – o local começou a ficar um pouco mais agradável e até permiti que minha cabeça se movesse no ritmo da música.

O corpo da elfa se movia quase suavemente entre os corpos pesados. Sua pele brilhava levemente com seu suor, parecia quase magico se não fosse tão mecânico. Ele definitivamente herdara a graciosidade dos elfos, coisa que parecia não se aplicar corretamente a mim. Encostei-me em uma grande coluna e fiquei observando um grupo de caras exageradamente fortes e levemente bêbados tentarem acertar facas em um alvo próximo que alguém grudara na parede com um plástico transparente.

Algo me dizia que o dono não iria ficar muito satisfeito. Se bem que eles raramente acertavam então não era uma grande problema pro dono e sim para as pessoas próximas que tinham sorte de estar tentando dançar com tanto empenho que não paravam de se mexer de um lado para o outro e acabavam por escapar de uma faca ou duas.

Três caras estavam em pé e se revezavam para atirar as facas, fazendo o mesmo com uma garrafa de cerveja. Outros dois maiores estavam sentados próximos dividindo uma garota, ou pelo menos foi o que me pareceu. O garoto que arremessava era até charmoso, para um humano. E era algo diferente das belezas exuberantes que povoavam o instituto.

Ele era de longe o mais sóbrio dos três e mesmo assim sua jaqueta já estava do avesso. Olhei ao redor e avistei novamente Ava ainda dançando. Ela parecia estar realmente se divertindo naquele lugar e a música apesar de alta não era tão ruim. Era no mínimo engraçado assistir tantos bêbados reunidos em um só lugar. Além dos drogados, fediam até a alma. Mas esses eram mais paradões.

Mesmo assim as pessoas pareciam estar gostando do lugar. Estavam realmente aproveitando a festa. Olhei novamente para o grupo de amigos bêbados. Os três ainda jogavam as facas e até quebraram uma garrafa que estava em cima da mesa deles e os outros dois estavam entretidos com a garota. Bom já que Ava insistiu tanto em vir, não vai fazer mal eu me divertir um pouco vai? Andei devagar, enquanto esvaziava a garrafa prata, em direção aos arremessadores. Agora sim a noite vai começar a ficar boa.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? O que será que vai acontecer? Comentem!!! Beijoss! :****