Lost West: Laços De Sangue escrita por Cavaleiro Branco, Yoru, Mast


Capítulo 4
Capítulo III - Sol Nascente


Notas iniciais do capítulo


Hello!

Para os que me desconhecem ainda, sou Darth Dorfo (O cara que escreveu o prólogo), e venho hoje aos senhores não para um prólogo, mas sim como um legítimo Capítulo III

Boa Leitura!



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Ah... que manhã tediosa...

 Esse dia pareceu nascer, estar vivendo e irá morrer bem como todos os outros dias que eu já vivi por aqui: Tédio, medo, e um susto ocasional. Rotina básica de Konoha City.

 E o que era pior que isso, sinceramente? Esperar meu irmão.

 Ah é... acho que vocês merecem uma explicação disso, não?

 No típico calor da avenida principal de Konoha City (O que não passava de uma rua de terra seca, cheia de prédios velhos cercando-a), eu aguardava enfrente a Guns Store, apenas aguardando que meu irmão chato e sonolento resolvesse aparecer por aqui. Acho que eu era o único naquela casa que acordava antes do sol nascer... Esses preguiçosos... depois reclamam que eu gosto de ver o sol nascer na colina que cerca a cidade. Eles é que não sabem o que estão perdendo! Aquilo é que era vista.

 Deveriam ser umas 8 da manhã, ou 9... isso pela posição do sol. A circulação era ainda menor na cidade essa hora do dia... as pessoas acordavam para abrirem seus estabelecimentos. Sinceramente, não sei porque eles ainda abrem essas lojas. Deve ser só pra passar o dia, porque vender algo é o que eles menos esperam por aqui.

 Ah! Aleluia o preguiçoso chega!

 Shikamaru era, na verdade, meu meio-irmão. O cara já tinha uns 20 e poucos anos de idade, 5 a mais que eu. Cabelos negros amarrados em um rabo de cavalo combinado com um par de olhos negros o fazia uma pequena “atração visual” para algumas garotas da cidade. Vestia um grosso colete verde, cheio de bolsos para colocar equipamentos e tudo mais. Calças pretas e botas completavam o visual dele com o típico estilo daqui. A pele era bem branca, e geralmente ele precisava se proteger com roupas compridas pra não se queimar. Quase todo mundo aqui precisava, alias.

-Está atrasado – comentei o obvio.

-Ninguém manda você acordar cedo desse jeito, Raj.

-Ninguém manda você acordar na hora que acorda.

-Ninguém manda você me esperar aqui todo santo dia que deixa as suas coisas aqui.

 No final, demos uns leves risos entre nós. Shikamaru e eu adorávamos treinar nossas mentes com essas... digamos... “briguinhas”. Somos irmãos, afinal.

-Vai abrir logo lá pra eu pegar minhas coisas? – perguntei.

-Pega aqui a chave – ele me arremessa uma chave prateada – tenho que limpar aqui na frente ainda. Pode ir pegar. Já sabe bem onde está.

 Rapidamente eu dei a volta pelo edifício da loja. A maioria dessas lojas tinha fachada bonita, placa, e um comprimento longo e estreito. Bom que entre as lojas existe um pequeno vão, assim não é preciso contornar a fileira inteira de lojas.

 Cada edifício possuía uma pequena porta dos fundos. Foi na da loja de armas que eu entrei, dando apenas dois giros com a chave na fechadura. Logo já estava dentro do aposento.

 A salinha que tinha nos fundos da loja era como um depósito e uma oficina, ao mesmo tempo. E apenas uma pequena janela trazia a luz quente e gostosa do sol para aquela sala empoeirada e cheia de trecos.

 Mas, entre esses trecos, estavam os MEUS trecos.

-Onde foi que eu deixei...?

 Aquilo estava realmente uma bela de uma bagunça. Caixas pra lá, ferramentas pra cá... e tudo isso enfiado em uma sala pequena. Não dava pra achar quase nada ali... onde deveria estar...

 Ah, claro! Bem debaixo da mesa!

 De lá retirei minha boa e velha conhecida. A machadinha lembrava o estilo dos Cherokee de fazê-las (Eles faziam ótimas machadinhas), com cabo de madeira clara, bem resistente, e uma grossa lâmina, com vários detalhes entalhados. No meio do cabo, havia duas penas de águia, amarradas fortemente por um cordão. Para mim, isso dava um estilo espirituoso e motivador na sua arma. Eu sempre customizava as minhas assim.

 Analisei-o por uns minutos. Eu o tinha afiado bem ontem a noite, sem estragar nenhum dos desenhos, claro. Tive a infeliz preguiça de larga-lo aqui. Agora, o recoloco no seu lugar devido; um espaço no meu cinto de couro, à minha direita.

-Tudo bem... uma já foi...

 Faltava o melhor de todos, claro.

 No final, eu acabei o encontrando atrás da mesma mesa. Eu tinha ganho esse bom e velho arco quando eu tinha 9 anos, e me lembro bem até hoje. Era meio longo, e feito de uma madeira escura flexível, porém bem forte. Este também havia sido customizado, com vários desenhos por todo o arco. A corda, infelizmente, estava tão velha que ontem estourou, e enquanto eu praticava ainda! Doeu bastante a mão, e o rosto.

 Esse é um que eu precisava concertar. Rapidamente procuro pelo pequeno rolo de corda para arcos, que eu sempre deixei ali, pra acaso de emergências como essa rolarem. Assim que o achei, fui logo para o lado exterior. Eu precisava concertar aquilo... mas naquele quarto empoeirado? Nem sonhando.

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 Nada melhor do que concertar sua arma favorita ao ar livre, mesmo que seja o bom e seco ar do deserto.

 Agora eu estava encostado em um dos pilares, que ostentava parte do Escritório do Xerife. Enquanto eu tentava concertar meu arco, observava o escasso movimento da cidade... e pensando na vida. Realmente não se tinham tantas coisas pra fazer, principalmente em um lugar como Konoha City.

 Bem... teriam sim motivos pra eu estar justamente ali. Graças a insistência da minha mãe, e do próprio Naruto... eu acabei pegando um trabalho, uma espécie de ajudante do Xerife, aqui no escritório. Eu fazia alguma coisa? Sabe... na verdade não. Eu mais fazia o café, pegava uns papéis, e patrulhava a cidade. O Xerife era um sujeito muito agradável, e provavelmente o mais (e único) dessa cidade. Era muito bom trabalhar com ele por aí.

 Ele tinha saído para patrulhar as margens do rio... nas proximidades da cidade, e disse que ia voltar até o meio-dia. O que me restava, a não ser esperar ele? Pelo menos eu sabia bem como matar meu tempo.

 Ah... mas esse povo sempre tinha um jeito de arrancar a paz celestial da minha alma. E pior: adoravam pisar nela logo depois.

 Para cada 5 cidadãos que passavam na minha frente, 3 me olhavam com medo, ou nojo. E os outros 2 corriam de mim assim que se davam conta que eu estava perto. Argh... era isso que eu detestava nesse povo... dentre mais umas outras coisas... De tantas coisas que eles poderiam (Alias; DEVERIAM) se preocupar, vão elevar para o topo o Racismo com um cara pacífico como eu?

 Argh... um dos muitos motivos de eu odiar esse lugar. Eu queria ir pras montanhas do norte. Lá era muito mais agradável, o clima era um pouco mais fresco, e o melhor: PAZ! Não tinha ninguém racista, ninguém esnobe, ninguém que pudesse te incomodar. Muitas vezes eu me arrependo tremendamente de não ter ido para lá ainda...

 Mas minha linha de pensamento foram interrompidos por passos. Passos bem apressados, nervosos e rápidos. Direção? Acho que era pra mim.

 Me arrisquei... e elevei os olhos lentamente, para encarar quem via ao meu encontro.

-Chouji?

 Sim... eu conhecia o gorducho que corria em minha direção muito bem. O jovem tinha, mais ou menos, a mesma idade do meu irmão. Chouji era um dos sócios da “Mercearia Akimichi”, juntamente com seu pai. O Ser vestia calças cinzas, sapatos pretos empoeirados, camiseta de botões, um avental meio sujo, e um chapeuzinho branco. No começo nem dei muita bola... aí que percebi que mostrava uma cara de medo no rosto.

-RAJ! Que bom... – ele parou enfrente a mim, e respirava ofegante – O Xerife está?

-Não... saiu para patrulhar o rio... porque?

-Oh... venha tu então! Siga-me!

 OK... digamos que eu estranhei bastante isso. Geralmente não vinham cidadãos nesse estado... nem para o Naruto, muito menos para mim. Poderia ser algo totalmente tosco... ou algo totalmente monstruoso.

 E, acreditem: Eu sei BEM do que estou falando.

 Fiquei apreensivo... e decidi seguir Chouji. Só faltava dar a tensão no arco... mas já deu para coloca-lo pelo ombro, e carrega-lo nas costas. Abandonamos a avenida central (centrada no comércio), e partimos para um dos lados abandonados e em ruínas da cidade.

 Ao fim, Chouji me leva para uma rua, cheia de casas pequenas e abandonadas. A maioria estava destruída parcialmente... a madeira começava a enegrecer com o sol constante, e a areia entra nas casas. Mas... afinal, porque Chouji me levaria aqui?

 Paramos no meio da rua... onde Chouji aponta para a última casa da rua; um pequeno casebre, mas que ainda estava em pé.

-Eu ouvi muitos sons estranhos vindos dali... conversas, barulhos e até vi gente saindo! E agora a pouco eu ouvi um grito!

 OK... isso é estranho.

-Desde quando você tem percebido isso tudo?

-Faz uns dois dias. Você sabe; eu moro aqui perto. Dá pra perceber coisas assim em noites silenciosas como as nossas.

-Sim...

 Hum... Isso me fez parar para pensar. Se tratavam de intrusos... disso eu sabia bem... Mas isso geralmente não era boa coisa. Quem chegava aqui desavisado era ou um assassino, ou uma criatura demoníaca, ou um infeliz, sendo perseguido por criaturas demoníacas. Em todos os casos... NUNCA é bom. Estranhos só podem se instalar aqui se não apresentarem nenhum perigo... e se passarem pelo olhar do Xerife.

 Confesso que agora eu fiquei nervoso. Eu tinha que ir lá... de toda a forma. Mas poderia ser qualquer coisa que estaria lá dentro! Dependendo do que fosse... eu poderia cair morto antes de saber o que era.

 No final das contas... comecei a seguir para a casa.

-Fique aqui, Chouji – disse eu, enquanto caminhava – vou checar.

 Enquanto me aproximava da casa, desci meu punho para a machadinha. Eu tinha que estar preparado e alerta pra qualquer coisa... Ah... porque eu não peguei meu revolver quando saí de casa?

 Encostei-me de lado na porta da casa, de madeira seca. Conseguia escutar vários ruídos vindos do interior da casa... Argh... a cada segundo que passava, eu suava cada vez mais. Eu nunca fiquei nervoso assim... não depois de um bom tempo. Eu tinha que ir!

 Foi aí que eu escutei uma voz... parecia um garoto

-Vou tentar ser rápido – logo escutei paços.

 Era aquela a hora.

 Com um forte chute, a porta foi abaixo. Nem pensei mais, e imediatamente entro na casa. Logo parei em posição de defesa, segurando a machadinha em minha frente, ofegante e assustado.

 Bem... só depois dessa cena toda, prestei atenção no que tinha no interior. Me assustou? Não... mas impressionado eu fiquei.

 De primeira, vi um garoto em minha frente. O cara parecia ter... sei lá... a minha idade. Possuía cabelos negros, bem desarrumados. Os olhos, também da mesma cor, agora estavam me encarando com um olhar bem surpreso, mas sem perder um pouco de certa seriedade e calma na situação. Também notei que vestia nada mais que uma calça preta, e uma camiseta branca meio solta, e um par de sapatos. Logo abaixou seus braços, ajeitando a camisa branca, estranhamente limpa.

--O que você quer? -perguntou, com um tom tranquilo... tranquilo até demais...

 Não abaixei a guarda nenhum segundo. Continuei encarando-o. Esse garoto... esse garoto me é estranho...

-Quem é você? E o que faz aqui?

-Sou um forasteiro, e vim aqui tratar da garota.

 Só aí que eu notei. Atrás dele, se encontrava uma garota. Parecia ser mais nova que eu, ou ele. Tinha cabelos negros bem volumosos, e uma pele medonhamente pálida. Mas o que assustava eram suas roupas... nem tinha cor direito, de tão ensanguentadas que aparentavam. E, assim que me viu, ficou ainda mais assustada.

 Sim, aquilo estava muito... muito tenso. Eu já desconfiava muito daquele garoto... e não queria ameaçar mais do que o necessário.

-Seus nomes?

-A... Antonnium Sammuel Filho.

 Na hora, ergui uma das sombrancelhas. Não confiava nada naquele cara... mas... Resolvi deixar passar. Encarei por uns segundos a garota, que ainda me encarava, sem responder. Ela parecia... traumatizada. Apesar da situação... também decidi deixa-la onde estava. Aquilo era muito delicado...

 Oh... foi aí que caiu a ficha... Aquele garoto... ele era...

- Lamento, mas vocês tem que vir comigo. De uma maneira, ou de outra – eu disse com firmeza, e sem nenhum ressentimento. Eu tinha que ter o controle da situação.

 Não sei se estava quente naturalmente... mas juro que senti a temperatura do ar subir por um breve momento. Logo depois... o garoto bufa, revirando os olhos.

-Ela tem de ir também?

-E você quer deixa-la aqui? – confesso que isso saiu meio irônico. Se ele estava ali para cuidar dela, teria que leva-la, oras.

 Ele pareceu com um ar de decepcionado, e certa frustração. Mas eu nem mostrei sinais que me importava com isso. Tinha que permanecer firme.

-Venha, pequena Alexis. – ele chamou a garota, pelo suposto nome dela. Logo, esta também se levanta lentamente, mas não saiu do lugar.

-Ótimo... agora, me sigam...

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 Sinceramente... foi mais rápido e simples do que eu estaria esperando. Na hora eu estava meio nervoso, claro... Mas os conduzi lentamente e tranquilamente até o escritório. Não teve outro jeito... teve que ser pela avenida principal. Isso chamou atenção? Muito mais do que eu pensava.

 Enquanto eu percorria a rua, escoltando eles com a machadinha atrás, pude ouvir todo tipo de comentário.

-Olha só... o que vem agora?

-Será que são monstros?

-Olha só o estado da garota! Só pode ser!

-E, além do mais... tem que ser “ele” quem está os escoltando...

-Ele é que deveria estar no meio desses!

 E... claro... eu fiquei irado com os últimos comentários da lista. Por mais “inteligente” que esse povo fosse, eles sabiam me incluir em qualquer coisa que rolava. Tá... só porque eu...

-Ei!

 O garoto deu uma súbita parada, no meio da rua. Será que ele iria atacar? Ou apenas se recusava a andar?

 Aí notei que ele parou em frente a Mercearia, a mesma do Chouji. Logo percebi que ele encarava umas maças... Ah... era só o que me faltava...

-Dá para ir andando?

 Ele vira os olhos pra mim. Imediatamente... um arrepio passa pela minha espinha. Aqueles olhos... eram assustadores!

-Eu quero umas maças – ele disse, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

 Respirei fundo.

-Quando chegarmos lá, eu dou alguma coisa pra você. Mas temos que...

-Eu quero AGORA!

 Uh... o modo que saiu a última palavra foi mais assustador que os olhos. A voz saiu de um modo... mais... demoníaco? Não sei... pelo que aquele cara parecia ser...

-Escute... garoto...

 Todos nos viramos, para ver apenas Chouji emergir da loja, com um olhar interrogativo.

-Se quiser, tudo bem. Mas tem que pagar. 5 Centavos por maça.

 Bem... eu não esperei o que poderia acontecer. O tal Antonnium apenas encarou Chouji, com um olhar pensativo.

-5 Centavos...? Isso aqui dá?

 A mão dele se dirigiu para o bolso. Fiquei alerta, pois ele poderia muito bem tirar de lá algum tipo de arma. Mas o que saiu foi ainda mais surpreendente.

-Isso... isso são...? – Chouji gaguejava.

-Rubis? Sim... eu os tenho já faz tempo. Um deles serve?

 OK... tanto eu quanto Chouji nem sabíamos como reagir.

-S-Se quiser... pode levar todas por uma pedra!

 Pela primeira vez desde que eu vi esse cara, ele deu um sorriso caloroso.

-Obrigado. Tem uma sacola?

-Claro, Claro! Aguarde um momento!

 Desde quando um forasteiro esquisito e com uma garota era rico?? Eu achava que tinha visto de tudo... mas eu não cheguei nem na metade, aparentemente. Eu precisava me aprofundar mais nesse garoto... e naquela também...

 No fim, nós saímos da mercearia, e o garoto com uma sacola de tecido, lotada de maças. Logo, ele pega uma, e oferece para a garota.

-Você quer? É gostoso, acho.

-Eu... eu... não...

-Chegamos.

 Os dois pararam de se olhar, e encararam o mesmo lugar que eu encarava.

 O Escritório do Xerife era igual aos outros prédios, basicamente. Mas havia detalhes diferenciados em sua fachada. Portas duplas, estrutura relativamente mais nova, e ostentava uma grande placa, com “Sheriff” escrita, em letras que já estavam com a tinta preta descascando, e uma estrela amarela ao lado.

-Bem... entrando.

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 O Xerife nos encarava com um olhar estranho.

 Ele não deveria ter nem 25 anos, e apresentava muitas vezes uma aparência meio energética e infantil. Apesar disso, eu o admirava e sempre o apoiava, assim como metade dos habitantes de Konoha City. Os cabelos dele o faziam parecer ainda mais elétrico, do jeito arrepiado. Os olhos nos encaravam com um olhar... meio surpreso, até.

-O que é isso?

 Uma das vantagens de trabalhar como ajudante de Naruto era que ele nunca parecia estar deprimido, sério, ou nem ver o lado negativo das coisas. Por mais que possa parecer surpreso, estava longe de aparentar que estava aborrecido com isso, ou qualquer outra coisa negativa.

-Estranhos, Xerife. Chouji veio reclamar algo comigo, e eu fui verificar. Estavam em uma casa abandonada, no Norte da cidade.

 Naruto agora deu uma rápida olhada nos dois.

-SAKURA! VENHA AQUI!

 Ah... ele sempre a chamava em coisas assim, e em muito mais.

 Uma porta adjacente da sala se abre, revelando uma outra mulher. Sakura funcionava como “Secretária” do Xerife, mas na verdade era ela que ajeitava mais as partes burocráticas da cidade. Alta e bela, ela tinha cabelos curtos em um tom estranhamente rosado, e olhos de um tom escuro, e pele bem clara. Vestia uma calça marrom claro, e altas botas negras. Camiseta branca de botões, bem limpa por acaso... cinto de couro negro, e um laço rosa no cabelo. Tinha a idade do Xerife... apesar de não ter o mesmo senso de humor.

-Naruto? O que é dessa vez?

 Ele aponta para nós.

-Olha só o que o Raj encontrou.

 Sakura nos encarou com um olhar de tédio primeiro, mas logo depois lhe surge um certo interesse. Eu gostava desses dois... eles também não ficavam me encarando com “aquele” olhar.

-O que planeja, Xerife?

 Naruto pareceu dar de ombros.

-Para mim, eles não me parecem mal. A garota precisa é de ajuda, ainda por cima!

-Disso tem razão...

-Quem são vocês, novatos? – Naruto pergunta, com entusiasmo.

-Sou Antonnium Sammuel Filho – o garoto repetiu o que me disse no primeiro contato.

 O Xerife olha um pouco para a garota, esperando uma resposta. Porém, o que ela fez foi apenas se encolher um pouco.

-Ela é Alexis – o garoto disse, simplesmente – eu estava... andando por aí, quando a encontrei. Sem ter onde leva-la, eu pensei rápido, e fui para a casa em que esse aqui me achou.

 Ele apontou o polegar para mim... E do jeito que ele fez, parecia que nem se importava com a minha pessoa.

-Fez certo... – reflete Naruto – mas, primeiro, vamos tratar dessa Alexis. Sakura, leve-a para a clínica imediatamente!

-Claro, é para já.

-Eu vou junto – Antonnium disse na hora.

-Sem problemas. Só estejam de volta aqui, assim que der.

 Assim que disse isso, Sakura faz um movimento, indicando a porta. Os dois estrangeiros nem pareceram resistir, e seguiram tranquilamente para a porta.

-Você vai ficar bem, acho... fique tranquila... – o garoto tentava acalmar a companheira, que continuava andando lentamente, e com a cabeça baixa.

 Eu logo comecei a ir atrás deles.

-Raj, espere – a voz de Naruto me fez parar na hora – preciso conversar um pouco com você.

 Foi breve... mas eu não gostei nada da ideia.

-Mas... mas... Xerife!

-Qual é o problema? Vai ser ótimo para vocês!

-Xerife... o senhor sabe que eu não sou o melhor para isso!

-E nem o pior! Vamos, é só mostrar para eles a cidade e ficar de olho. O que isso tem demais?

 Eu não ia gostar disso, certeza. Eu estou aqui para ajudar o Xerife... e não ser espião e guia turístico.

 Nem sabia direito o que essas palavras significavam até semana passada, quando li isso em um jornal. É... o mundo se renova.

 Suspirei

-E onde eles vão ficar?

 Um sorriso se ilustra na face dele.

-Pensei com o Kakashi. Você sabe... tá bem silencioso por lá ultimamente.

-Sempre esteve.

-Então! Não quer ajudar nosso querido vizinho a ganhar uns lucros?

 É simplesmente incrível o jeito que ele fala. Mas... isso ainda não ia me ajudar.

-E eu tenho escolha?

 Novamente, ele ri.

-Esse é o Raj que conheço! Agora vá dar alguma orientação para esses novatos.

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 Na verdade, não havia se passado nem duas horas, quando a garota resolveu sair dali.

-E-Eu to bem... – ela estava murmurando – não preciso ficar aqui...

 Os três ali presentes na sala estavam encarando Alexis com o mesmo olhar que eu fazia isso. Além de mim e do garoto, também havia ali Shizune, a Médica-Chefe da Clínica. Ela tinha se encarregado dos cuidados de Alexis. E não pareceu muito feliz com a reação dela.

-Pode estar se sentindo bem. Mas é recomendável que fique mais um pouco. Você sabe: Para garantir que esteja boa.

-Ela está certa – o garoto disse, de repente – certeza que está bem?

 Vi ela assentir rapidamente. E aparentemente, parecia que ela não queria ficar ali nem mais um minuto.

 O garoto se vira para Shizune.

-Se ela está dizendo, é porque está tudo bem. Ela pode sair?

 Shizune bufa, derrotada.

-Claro. E, qualquer futuro problema, sabe onde trazê-la.

 Logo, saímos da clínica. Não era tão diferente dos outros prédios... a não ser pelo fato de estar pintado de branco, e ter insígnias espalhadas por ele. O garoto saiu, ajudando Alexis a descer o degrau. Na minha sincera opinião, ela não precisava de um cuidado tão excessivo assim... ainda mais por um...

-O que vamos fazer agora? – ele me perguntou, para variar.

-O xerife me pediu para lhes mostrar a cidade. E, depois, mostrar a vocês uma estadia.

-Não precisamos que o seu líder nos dê um lugar para ficar. Não se meta nisso...

 Apesar de ele ter falado isso com um certo tom... o meu teve que ficar mais sério.

-Se quiserem ficar aqui, lamento, mas terão que fazer isso. Por mim, eu nem os deixaria entrar. Mas... ordens do Xerife.

 Vi que o garoto estava prestes a protestar, mas hesitou.

-Tá bem... tá bem... onde vamos primeiro?

 Não sorri, mas estava fazendo isso no meu interior. Até alguém como ele saberia que sair por aí criticando tudo não ia ajudar em nada, muito menos aqui.

 Mais pacificamente do que eu imaginava que ia ser, fomos caminhando pela cidade. Conforme os prédios iam aparecendo, eu só apontava, dizia o nome e alguma coisa que precisavam saber. Coisa simples.

-Aquela é Gun Store da cidade. É útil, se você quiser arranjar uma proteção extra. Shikamaru é seu dono agora, e abre todos os dias...

 Notei um certo desconforto na cabeça. Olhei para trás, apenas para ver os dois me encarando com aquele mesmo olhar estranho, analisador. Ignorei, e continuei.

-Ali na esquina é o nosso Saloon. O “Red Sand Saloon” fica sempre cheio, e é muito útil se quiser comer e ver coisas diferentes em sua noite.

 Percebi que Alexis deu um passo atrás, ao olhar para a grande construção, a maior dali, eu acho. Ficava na esquina, e no meio da cidade, e tinha o nome em uma grande placa. Já o garoto... percebi que ele encarava o edifício com um certo interesse.

 Continuamos a andar. Depois de uns pontos, eu os levei um pouco mais longe da área da cidade, mais para suas fronteiras. No canto da cidade, havia a igreja.

-A primeira e única igreja da cidade. Não tem uma religião oficial nela, por isso virou um templo universal: Qualquer um pode vir aí, fazer suas orações. Temos um tipo de “Pastor” aqui. Mas ele geralmente conversa, faz umas orações e confessa. Podem encontra-lo lá todos os dias.

-E... o que é aquilo envolta? – Alexis perguntou algo, que tinha uma resposta obvia

-É o cemitério de Konoha City.

 A igreja era uma construção pequena, porém goticamente elegante. Feita de um mármore branco, possuía portas de madeira grossas, e vitrais coloridos. Uma torre na entrada sustentava o sino. Se fosse só por isso, seria até uma bela visão. Mas o que cresceu em torno dela estragou a beleza da igreja.

 Um enorme cemitério circundava a igreja, onde podia-se ver uma enorme quantia de lápides. A igreja parecia uma ilhazinha no meio da enorme extensão daquele cemitério.

-Não é aconselhável vir aqui a noite... uns bandidos costumam roubar túmulos. E, além do mais, metade deles nem tem identificação.

-Porque? – pergunta o garoto.

-Não foi possível reconhecer a face deles depois do “Massacre”. Continuando...

 Percebi que houveram duas caras ali. A garota expressava uma enorme dúvida. Já o garoto... parecia estar se lembrando de algo. Mas... acho que não era nada.

 No final, os conduzi para a segunda maior construção da cidade. O “Blue Sky Hotel” tinha dois andares, e era estreito como os outros. Sinceramente, nem sei porque construíram isso aqui. Não costumamos receber visitantes interessados em ficar aqui... nem um pouco.

-Vocês vão ficar hospedados aqui – disse eu – é confortável, e café da manhã de graça. Kakashi é um bom dono, e vai lhes providenciar o que pedir.

-Isso também tem que “pagar com dinheiro”? – a expressão parecia nova para ele.

-Uhum... tomem.

 O garoto encarou as quatro moedas de 5 cents na minha mão.

-Pagam duas noites, para vocês dois. 5 centavos por noite e por pessoa.

-Porque está nos dando isso?

-Kakashi não vai ter troco para suas... pedrinhas. Considere um presente.

-Eu não preciso de presentes de um vira-lata como você.

 Ora... mas aquele...

-Depois não reclame se ficar passando frio com essa aí aqui fora esta noite.

 Acho que, se fosse pelo garoto, ele nem aceitaria as moedas. Mas ele sentiu a garota tremer em seus braços. Ele estava andando dando uma mão a ela.

-Tá... mas é a última vez que me ajuda.

 Ele agarra as moedas da minha mão, bufando. Parecia que uma “honra” dele tinha sido sujada. Eu ainda não entendia bem como funcionava esse negócio de honra por aqui. Eu achava algo totalmente sem sentido.

 Mas... não vinha ao caso.

-Mais algo que eu precise saber? – dava pra perceber uma certa irritação em sua voz.

-Provavelmente vamos nos encontrar de novo. Sinto que o Xerife não vá te deixar por aí dando sopa.

 Ele me olha com um último olhar mortal.

-Eu espero que esse momento demore a chegar... não vai ser nada agradável...

-Pela primeira vez hoje, concordo com você.

 Trocamos um rápido olhar gelado, e ele finalmente entrou no Hotel. Logo, passei as mãos pelo rosto, cansado.

 O que quer que fosse que o Xerife planeja para aquele cara... eu sabia que tinha eu envolvido. E... claro... já deu para perceber desde cedo. Eu com esse aí...

 Não parece nada bom.


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Notas finais do capítulo


Estás longos e com qualidade decadente... mas é o que é.

Deixe seu review, please! E nos vemos na próxima!