Scarlet Blood I - One Last Heartbeat escrita por Léo Prime


Capítulo 37
Capítulo 36




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/374995/chapter/37

  Mason acomodou-se na poltrona e começou a contar sua história.

 "A história que eu te contei no jardim da escola era verdade, Annie. Pelo menos, grande parte dela era... O garoto a ser transformado primeiro fui eu, Mason. Heinrik, o líder dos vampiros, me 'criou'. De princípio, não aceitei minha situação. Como alguém poderia, sabendo que era um vampiro? Mas, naquela mesma noite, quando ele me trouxe minha primeira vítima e eu finalmente senti o gosto de sangue, descobri que aquela era a melhor coisa que existia. Eu sempre fui essa máquina de matar que você conheceu através de Matthew Spencer. Um certo dia, encontrei aquele garoto sozinho na rua, triste. Eu o drenei. Porém, Heinrik quis transformá-lo em vampiro. E assim ele fez. O garoto era Oliver Spencer."

 "Digamos que até aí eu apenas tinha invertido os papeis na história. Em seguida, eu disse que o garoto virou um assassino e que eu parei de beber sangue. Mentira! Oliver nunca aceitou sua condição e foi ele que jamais bebeu sangue direto da veia. Eu, por outro lado, continuei o mesmo monstro sem coração e frio. Matava a todos sem dó nem piedade para poder me alimentar, sentir prazer e fazer crescer meu ego. Danem-se as vidas alheias, apenas quero aproveitar a vida, mesmo que isso signifique algumas mortes pelo caminho. Bastante egocêntrico, não?"

 "Oliver era o bom moço. Ele começou bebendo sangue animal, depois trocou para as bolsas hospitalares. Como com qualquer outro vampiro 'vegetariano', Heinrik queria Oliver morto. Segundo ele, esse tipo de gente corrompe a verdadeira identidade de um vampiro. No entanto que, fazendo uma pequena observação, Oliver jamais pôde andar à luz do dia. Foi a mim, Mason, que Heinrik dera aquela benção. Por não ter medo de matar, eu sempre fui seu favorito. Enfim... Oliver jamais me perdoou por eu ter tornado sua vida um inferno. E eu podia dizer o mesmo dele! Por ser o mais competente, foi dada a mim a missão de matá-lo. Eu vinha o perseguindo por um bom tempo."

 "Agora, Annie, nós chegamos à noite do beco. Bem, Oliver era um garoto do interior. Ele nasceu em Decatur e, mesmo sendo um vampiro e tendo o poder de sair mundo afora, ele preferiu passar grande parte de seus 91 anos como vampiro na velha e pequena cidade de Decatur - como qualquer um de nossa espécie, Oliver podia ter o mundo em suas mãos. Quando o achei em Decatur, era uma noite fria de julho - mesmo considerando que é época de verão, foi um dia gelado. Eu o atraí até lá. Oliver apareceu sem pestanejar. Eu estava prestes a matá-lo... Como ele era um molenga. Me fazia rir! Subitamente, Oliver começou a lutar. De alguma forma - e odeio dizer isso -, ele conseguiu virar a luta. Oliver estava prestes a me golpear, mas escutamos barulho de sirenes. O ridículo Spencer se distraiu... Foi a minha oportunidade! Quando ele olhou de volta para frente, eu tinha 'fugido'. Mentira! Eu tinha me escondido atrás dele, simplesmente. Quando ele não me viu a sua frente, agarrei-o por trás e enfiei uma estaca no coração dele. Oliver Spencer evaporou naquela noite fria. Infelizmente, a polícia já tinha chego e eu não poderia mais escapar. Minha única alternativa foi se passar pela vítima... E no fim, isso acabou sendo ótimo!"

 "Eu fiquei conhecido em toda a pequena Decatur. Mas, claro, usei outro nome. Matthew Spencer. Eu não poderia usar 'Oliver' como meu nome, afinal, os amigos dele saberiam que aquele não era Oliver Spencer. Da mesma forma, eu não podia usar 'Mason' como meu sobrenome. Chamaria a atenção dos vampiros... Sim, Annie, é exatamente isso que você está pensando, enganei até os vampiros, inclusive Heinrik. Todos achavam que Spencer continuava vivo. Tolos! Quando eu vi a popularidade do caso e... fui a pessoa mais falada da cidade. Aquilo... aquilo me excitava Annie!"

 "Mas, entenda, eu queria mais do que aquilo, Annie. Muito mais! Meu problema foi que Heinrik ainda acreditava que Oliver estava vivo e queria ele morto. Eu aproveitei a deixa e, então, comecei a atacar as pessoas próximas a Oliver. Bom, na realidade, aquele mesquinho vampiro tinha apenas uma amiga. Rainy Miller. Era uma excelente garota, mas, ela tinha um fraco... O mesmo fraco que eu tenho. Sexo! Rainy foi uma das melhores, Annie. Eu senti tanto prazer aquele dia... Tento me lembrar de outra vez que foi tão marcante quanto aquela. Depois de ter matado ela, deixei o apartamento. Porém, como eu disse, eu queria algo maior do que a simples Decatur. De alguma maneira, eu precisa ter um motivo para sair de lá. A solução foi voltar para o apartamento de Rainy fingindo ser Matthew Spencer. Liguei para o polícia. Quando eles chegaram, fiz toda uma ‘ceninha’ especial. Depois disso, parti de Decatur com a desculpa de estar fugindo de Mason."

 "Eu queria vir para Chicago. Contudo, dizer a Heinrik que Oliver estava fugindo para cá quando, na realidade, nem mais vivo ele estava, seria idiotice! Então decidi ir para Springfield. Naquela mesma noite em que matei Rainy, peguei um ônibus em Decatur que iria para a capital de Illinois. Como o veículo seguiria viagem, ele não parou exatamente em Springfield, mas sim numa estradinha que daria na entrada da cidade. Junto comigo desceu uma moça jovial, porém bastante séria. Ela estava cheia de bagagens e falei que a ajudaria. Nós fizemos sexo no ponto de ônibus que existia na estrada e, bem, foi assim que Rosalie Duncan morreu."

 "Meu próximo passo foi procurar uma escola. A questão era que eu não queria ser reconhecido aqui como o Matthew Spencer de Decatur. Então, um dia, eu observava a saída dos alunos. Era o primeiro dia de aula do ano. Sue Gibbs passou por mim. Eu perguntei se ela conhecia algum Matthew Spencer e ela negou. Em seguida, ela me ignorou completamente. Foi uma das pouquíssimas garotas que me rejeitaram. Não ficaria barato."

 "Depois de ter sido dispensado por Sue, eu fui até a escola. Por sorte, havia uma vaga na sua sala, Annie. Eu começaria no dia seguinte. Ou seja, meu primeiro dia de aula foi, na verdade, o segundo dia letivo. Na primeira semana de aula, comecei a perseguir Sue, até que um dia, acabou que ela não resistiu a mim e fomos para a cama juntos. Assim como Rainy, Sue era excelente! E foi assim que a amada e queridinha de toda a escola, Sue Gibbs, viu seu fim."

 "Passou o mês de agosto. Chegou setembro. Foi no meio do mês quando você veio até mim. Eu detesto admitir isso, Annie, mas alguma coisa em você realmente tinha mexido comigo desde o primeiro dia de aula. Quando notei que você me observava na sala, eu percebi que sabia seu nome. Quando você veio a mim e me apresentou ao seu grupo, fiquei muito feliz de estarmos começando a nos 'socializar'. Eu precisava descobrir o que em você me chamava tanto a atenção. Eu confesso que realmente fiquei surpreso quando descobri que você já tinha ouvido falar em Matthew Spencer de Decatur. No final das contas, veio a calhar! Conhecer seus amigos expandiu meus horizontes. Eu vi que, entre aquele seu grupinho medíocre, poderia fazer minha diversão."

 "Naquela mesma noite, eu estava em meu apartamento. Percebi como eu estava faminto. Passei uma semana inteira sem me alimentar, tudo isso devido à escola e ao enigma chamado Annie Amberden. Foi um recorde! Contudo, eu sai para caçar e matei sem dó! ... Por que ser bonzinho é para os fracos!"

 "Na manhã seguinte, fiquei com seu grupo, sondando, observando vocês. Os dias foram passando e eu fui me inserindo cada vez mais. Foi no quinto dia andando com vocês que alguém questionou sobre o sumiço de Sue. Por fora, me fiz de desentendido. Como eu poderia conheceu Sue, afinal, sendo novo na escola? Mas, por dentro, eu comecei a rir descaradamente. Eu já tinha matado aquela líder de torcida há mais de um mês. Foi uma situação divertida! Curioso foi que, no dia seguinte, acharam o corpo dela. Digamos que talvez aquele mendigo que encontrou Sue possa ter tido uma pequena ajudinha... Ah, como eu adorei todo aquele festival de luto que atingiu toda a escola!"

 "Em outubro eu comecei a me aproximar de você com um único objetivo. Bem, há muito tempo que o enigma Annie já não era mais um enigma, mas continuava sendo um ótimo jogo! Você quer saber o que tanto me intrigava em você? Seu sangue, Annie! Há alguma coisa no seu sangue que mexe comigo de uma maneira que nenhum outro 'sangue' jamais conseguiu. É curioso, eu sei, mas sentir o cheiro desse líquido escarlate que corre por suas veias me excita."

 "Continuei a fazer incontáveis vítimas. Certo dia, quando eu estava enterrando uma delas num terreno baldio, conheci Shane Langston, um garoto que morava num trailer abandonado. Coitado, ele estava sofrendo tanto ali, completamente sozinho, passando fome e frio... Por que não acabar com o sofrimento dele? Além do mais, ele tinha visto mais do que devia. Eu tentei me controlar pelo fato de ele ser uma criança, mas, quer saber, eu pensei 'dane-se, esse não sou eu' e, em seguida, matei o pobre garoto. Pelo menos ele saiu deste mundo cruel."

 "Em novembro foi quando eu contei primeiramente a Drew sobre meu interesse em você. Apesar de ser rude quanto ao quesito 'se eu te magoasse', ele apoiou o relacionamento. Mais tarde, no mesmo dia, te pedi em namoro. Porém, esse nem foi o auge do meu dia. Enquanto estávamos lá, na praça, mesmo sem ter olhado, percebi que Carly estava lá também. E ela não estava sozinha... Tinha alguém com ela. Sebastian Armstrong, um vampirinho furreca cheio de teorias conspiratórias que sempre teve inveja de mim por não ser tão bom quanto eu. Escutei ele perguntando a Carly sobre Matthew Spencer. O maldito miserável tinha me descoberto. Para minha sorte, assim que sai da praça, cuidei dele. De volta em casa, à noite, toda aquela besteirinha romântica com você me enojou e eu precisava de sexo. Liv Bishop foi a sortuda. Novembro acabou."

 "Dezembro... passou bem rápido. Perto do Natal, eu precisava da desculpa para me ausentar um pouco daquele grude de amor. Cruz credo! Falei, então, que estava indo passar as festas de fim de ano com minha família. Claro, na época você ainda não sabia que eu era um vampiro, entretanto, se soubesse, seria grotesco acreditar que eu estava com minha família. Eles já teriam morrido há anos. Vim para Chicago atualizar Heinrik da situação do Spencer. Para minha alegria, ele não tinha percebido que era tudo uma farsa, diferente de Sebastian. Contei sobre o grupinho e a namorada de Spencer."

 "Depois de meu encontro com Heinrik, eu precisava me manter em Chicago, certo? Aproveitei para caçar alguém. Ah, a inesquecível Alexis Clark. Acredita que ela conseguiu escapar de mim? Não pode algo desse tipo! Ela foi a primeira em 108 anos! Você pode até pensar 'graças a Deus que ela escapou de você, Mason!', mas fique sabendo que a vida dela teve um preço. Em troca, duas pequenas crianças e uma mãe morreram... Triste, não?"

 "Voltei a Springfield na véspera de Natal e aproveitei para observar você e seus amigos. Ah, como adoro bancar o espião! Agora nós começamos com a parte interessante. Véspera de ano novo, o amigo de ‘Matthew’, Mason, liga para a namoradinha de Matt. Sério, eu realmente tinha minhas dúvidas se aquilo funcionaria... Quão estúpida és tu, Annie? Como pôde não reconhecer a voz do seu próprio namorado? Só por causa de uma simples mudança no timbre de voz e no sotaque? Inacreditável! Quando eu vi que realmente funcionou, aquilo me divertiu. Como eu adoro fazer isso... Eu acho que, quando criei Matthew Spencer, fui bastante meticuloso com a caracterização do personagem. Consegui recriar um bom moço."

 "Quando 'retornei' de Decatur como Matt Spencer e encarei você... Ah, e a ouvi contando sobre o telefonema. Sabe, treinei muito aquela cena para fazer cara de surpresa e indignação. E eu consegui com louvor! Acho que eu devia tentar ser ator. Eu poderia até ganhar um Oscar, não concorda? Sou muito convincente! Quando te puxei para o jardim e contei-lhe tudo, foi ótimo também. Assistir sua reação... Principalmente na hora que mostrei as presas e os olhos vermelhos. Vale ressaltar, Annie, que quando um vampiro tem olhos vermelhos, é por que ele se alimenta direto da veia. Se o olho dele for preto, quer dizer que ele bebe sangue de bolsas ou de animais. Há uma terceira opção ainda, quando os olhos ficam meio esbranquiçados, significa que o vampiro está desidratado, não se alimenta há muito tempo - seria quase como uma anemia vampírica."

 "Quanto à história da minha vida, já esclarecemos essa parte. Vamos para a próxima... Quando você quis que eu contasse ao grupo sobre ser vampiro e eu relutei a princípio, era exatamente o que eu estava esperando. Você caiu direitinho - não que isso me surpreenda. Eu queria que eles soubessem porque já estava na hora do Mason - eu - dar as caras e começar a chacina. Eu estava atraindo o grupo direto para minha armadilha quando falei das coisas que podiam afetar um vampiro: água benta, alho... Era tudo mentira! E vocês caíram feito ratos numa ratoeira - sem surpresas novamente. A questão foi que, a partir desse dia, eu vi que teria sérios problemas com Drew. Desde o começo eu tinha planos especiais para ele, mas sua intromissão poderia pôr tudo em risco."

 "Depois que você foi embora porque estava brava comigo e Drew brigando, logo todos saíram. Então eu resolvi te seguir e te ligar, bela Annie. Sua reação ao receber outro telefonema meu foi o que me motivou a assombrar vocês pelo resto daquela semana inteira. A única coisa que eu me questiono é: como vocês nunca perceberam que 'Matthew' e 'Mason' jamais apareceram no mesmo momento. Todos os telefonemas de 'Mason' se deram quando Matthew Spencer não estava por perto. Isso não podia significar uma mera coincidência do destino... Até por que, quem 'Mason' queria, era 'Matthew'. Enfim. Decidi que era hora de cessar para poder então, finalmente, aplicar o golpe definitivo. Só que, quando digo que eu 'cessei', quero dizer que parei de incomodar a vocês, mas eu continuava trabalhando com afinco. Carly, sua irmãzinha, era louca por mim. Ela sempre tentara chamar minha atenção e, então, eu me aproveitei da situação."

 "Comecei a seduzir Carly durante todo o mês de janeiro. A princípio ela se sentiu mal por trair você, Annie - no fim, ela tinha coração e se importava contigo, não era só mais uma vadia prestes a furar o olho da própria irmã por causa de um garoto. Emocionante! Contudo, por mais forte que ela fosse, Carly me desejava. Ela desejava ter meu corpo... Por mais que lutasse, ela acabaria cedendo. E, quando ela cedeu, foi a hora do golpe. Passamos a tarde inteirinha 'festejando', Annie. Cá entre nós, sua irmã mandava muito bem! Melhor do que você, por sinal... Mas, eu entendo, tu és só uma mera novata nesses assuntos. Pulando essas questões triviais... Eu decidi contar a ela que era um vampiro. Assim como eu esperava, Carly implorou para que eu a mordesse. Eu não a drenei, mas restou pouquíssimo sangue em seu organismo, então ela acabou morrendo por causas naturais. Porém, isso eu já havia deixado explícito no nosso prévio encontro naquele beco."

 "Eu escondi o corpo de Carly até quando eu achei que seria o momento propício para revelar sua morte - apesar de que, pelo tempo de seu sumiço, já era óbvio, certo? Assim que os policiais foram embora naquela madrugada, lá estava eu, passando por sua rua e observando a movimentação em sua casa. Imagino a tristeza..."

 "Na escola, no dia seguinte, eu vi uma ótima oportunidade para que você conhecesse o Mason após saber que estava sendo dispensada. Assim como os telefonemas, essa é uma parte que eu adoro! Essa é, acredito eu, uma das partes da nossa história que mais deve ter te deixado intrigada ao saber que eu sou o Mason. Bem, há uma explicação bastante simples e lógica para tudo isso!  Assim que você saiu da escola, eu meio que cabulei aula. O professor não estava na sala, os garotos ficaram muito distraídos se lamentando por Carly... Ninguém notou minha saída. Como o bom vampiro que sou, fugir de uma escola é uma tarefa facílima."

 "Comecei a seguir você, de longe. Quando finalmente parou naquele ponto de ônibus, tive o cuidado de vestir outra roupa que eu trazia na mochila. Sabe como é, eu sou praticamente um gótico, mas Matthew Spencer não podia se vestir dessa maneira... Ele era mais o estilo camisas xadrez, calças skinny. Eu prefiro um visual mais dark! Troquei de roupa para chegar até você, de modo que ficaria difícil me reconhecer pelas vestimentas. Eu sabia que você ainda estava chorando - oh, a pobre Annie perdeu a irmã -, então seus óculos estariam embaçados. Arranquei-os de você, pois sabia que sem eles, tu mal poderia enxergar. Então eu levei você até aquele beco, Annie, onde tivemos nossa pequena conversinha. Foi um grande risco a se correr, eu sei, mas eu precisa tentar aquilo. As coisas precisavam 'esquentar' mais. Diversão, Annie! Apenas não se esqueça de minhas palavras no beco..."

 "Voltar para a escola e me trocar novamente foi tão fácil quanto ter escapado. E lá estava eu para te consolar quando você voltou correndo desesperada. Um movimento óbvio de sua parte. Já havia previsto que exatamente aquilo aconteceria. Tola Annie e seus amigos, sempre fazendo exatamente o que eu queria... Ah, eu sou muito bom! O único porém eram as atitudes de Drew. Ele estava fugindo do meu planejamento. Naquele dia, quando ele me 'atacou', me descontrolei, não consegui conter a minha fúria. Minha vontade foi trucidar aquele garoto miserável ali mesmo! Quem ele achava que era para lutar com um vampiro? Tolo! Contudo, só o que importa é que, no final das contas, recuperei a consciência e não o ataquei, do contrário, eu seria desmascarado. E ninguém queria isso, é claro..."

 "Quando Drew puxou você daquela sala e todos seguiram, até que veio a calhar, de certa forma. Eu permaneci lá, sozinho, até que vocês se distanciassem o suficiente. Entretanto, quando Andrew, o super-herói do dia, e o resto de vocês chegaram lá fora, eu já estava escondido entre a multidão de alunos, observando..."

 "Sabe, eu nem tinha o intuito de atacar tão cedo novamente. Eu queria fazer tudo lenta e dolorosamente para o grupo de vocês. Pegar um de cada vez e perturbá-los antes de os matar. Só que, como falei, Drew estava passando dos limites. Então, eu achei que vocês estavam merecendo umas poucas e boas lições... Além do mais, meus ânimos ficaram muito alterados e eu precisava me acalmar. Junta-se o útil ao agradável, como diz o ditado e... Voilà! Era hora de eu atacar de novo!"

 "Decidi escolher a pessoa mais insignificante do grupinho de vocês: Max Hunter. Ele era um mongoloide sem graça. Naquela mesma noite, para a minha felicidade, ele foi à igreja. Veio totalmente a calhar! Ele estava rezando – talvez por sua falecida irmã. Sabe como era Max com todo aquele seu lado religioso... Devia estar pedindo proteção. Quanta tolice! Quando ele se levantou para ir embora, eu apareci e comecei a atormentá-lo. Ele estava perplexo de medo. O garoto deve ter se borrado, provavelmente... Max tentou usar a água benta, mas, como eu disse, nada daquelas baboseiras realmente funcionavam. Tudo que eu disse como Matthew Spencer era uma mentira - exceto, é claro, pela estaca. Antes de ele morrer, conseguiu, finalmente, ver meu rosto. Sabe quais foram - ou melhor, quais seriam - as últimas palavras dele? 'Seu traidor'. Porém, ele não viveu tempo o suficiente para terminar a sentença."

 "Deixei o corpo exatamente como estava. Agora, conte para mim, você não estranhou Max não ter comparecido ao velório de sua irmã? Claro que sim! Você apenas não esperava que fosse por que ele tinha morrido, certo Annie? Imagino como foi ter chego em casa após o enterro da irmã e ver notícias na televisão de que seu amigo tinha morrido... Além do mais, o fato de eu ter chegado atrasado no velório da Carly foi exatamente por isso. Antes que eu me esqueça, belo discurso você fez lá para a sua irmã fura olho. Duvido que teria dito aquelas coisas se soubesse da queda que ela tinha por Matthew. Se soubesse que ela tinha dormido com ele... comigo. Bom, dá no mesmo!”

 “Decidi que não iria ao velório de Max. Seria irônico, não? O assassino ir ao enterro de sua vítima. Apesar de que foi exatamente isso que aconteceu com Carly... Eu estive no velório dela. Santa ironia! Além do mais, se Matthew Spencer aparecesse por lá no enterro de Max, eu acredito que Drew teria quebrado a cara dele. Considerando minha falta de paciência com Drew, o super garotinho metido, e também todo o desdém que eu sentia por Max, resolvi ficar de folga."

 "Depois de tudo o que aconteceu, meio que seria ilógico continuar na cidade. Afinal, como o próprio Drew uma vez dissera, Mason queria a 'mim', Matthew. Se eu morresse - ou fosse embora - 'ele' iria atrás de 'mim' e deixaria a todos vocês em paz. Matthew Spencer, tão bondoso quanto era, resolveu abandonar a cidade, para afastar o nêmesis dele de vocês. Sendo assim, deixei aquela mensagenzinha tristonha e ridícula no seu correio telefônico. O único porém é que, durante todo o mês de fevereiro e março, eu nunca cheguei a sair de fato de Springfield. Apenas me isolei de vocês..."

 "Foi em abril que decidi reaparecer. Já era hora. Como sabe, Annie, eu, Mason, jamais teria me contentado apenas com aquilo. Eu iria até o fim! Foi por isso que 'voltei' a Springfield. O estilo 'bad boy' que eu tinha adotado não era devido ao fato de eu ter vindo de Chicago, mas aquele era o meu próprio estilo -  ou quase, pelo menos, afinal, não era tão sombrio quanto eu costumo ser. E, como eu já sabia, lá estava Drew, prestes a encrencar comigo. Tolice a dele querer enfrentar um vampiro, não? Mesmo que o vampiro fosse Matthew Spencer. A sua reação de me ignorar também era exatamente o que eu esperava. Era apenas uma proteção que você tinha criado no tempo que me ausentei, uma autodefesa. Uma farsa. Porque, bem lá no fundo, eu e você sabíamos que tu continuava a velha Annie de quando eu partira. Quão patética... O modo como você agiu era pura diversão para mim."

 "Confesso, chegou um certo momento que aquilo começou a me estressar. Passamos um mês inteiro naquela papagaiada de você me ignorando. Então, no finzinho de abril, me ausentei para ir até Heinrik e contar-lhe das novidades. Ele me deu uns conselhos para que eu esquecesse Spencer e deixasse ele e seus amiguinhos viverem felizes e saltitando pelo bosque. Só que Heinrik ainda não sabia que eu era o Spencer. Minha farsa continuava funcionando perfeitamente bem. Voltei para Springfield no comecinho de maio. E eu já sabia exatamente o que iria fazer a seguir."

 "Drew. Agora ele era meu foco. Uma bela noite, ele se lembrou que deveria entregar um trabalho na manhã seguinte. Foi até a escola para fazer a pesquisa porque o professor não aceitava trabalhos feitos na internet. Como eu já estava o observando, a mente esquecida de Drew acabou por ser meu trunfo! Segui ele até a escola. Assim que ele terminou de fazer a pesquisa, decidi que era hora de atacar..."

 "Curiosamente, quando eu me revelei para ele, Drew não ficou tão surpreso. Porém, isso era o de menos. Eu continuava tendo a vantagem ali. Como já comentei anteriormente, eu tinha planos especiais para ele, Annie... E era hora de colocá-los em prática. De começo, eu consegui dominá-lo, mas Drew é um cara grande e forte. A tarefa acabou sendo um pouco mais difícil do que eu esperava. Talvez eu estivesse tão convencido de que Drew não era tudo aquilo, que acabei ignorando seus músculos e sua força de vontade. Ele começou a, tolamente, lutar comigo. Quero dizer, ele tentou lutar. Mesmo que tenha sido uma surpresa ver a resistência de Drew, acabou que eu decidi me divertir. Deixei com que ele me batesse e desse umas rápidas escapadas. Era idiotice ele continuar fazendo aquilo, mas Drew não desistia. Só que, logo, acabei me cansando daquilo e resolvi pôr um fim... 'Detonar' o fortão foi muito fácil. Toda a força de vontade dele em continuar lutando foi proporcional à facilidade de derrotá-lo. Eu drenei todo o sangue dele. Drew estava morto, mas não por muito tempo... Os planos especiais para ele era transformá-lo num vampiro."

 "O mais curioso de tudo isso é que, para todos vocês, eu fui o responsável pela morte de Chris e daquele velho guarda. Mas, não. Foi Drew quem matou eles! Assim que eu o transformei em vampiro, abandonei seu corpo na escola e fui embora. Bem, não exatamente embora. Apenas me afastei e fiquei observando sua transformação de longe. Acabou que aquela cena fora muitíssimo melhor do que eu jamais poderia imaginar!"

 "Não demorou muito para que Drew voltasse à vida. Aconteceu em questão de minutos. Porém, ele ainda estava cheio de machucados que eu fiz propositalmente. Para se curar, ele precisaria se alimentar. Essa é a ideia. Ele chupou seu próprio sangue e se deu conta do que acontecera. Assim que percebeu, ele pegou o celular e ligou para o melhor amigo, Chris. Quando ele chegou na escola, encontrou Drew no mesmo lugar onde eu tinha o deixado. Chris correu e tentou ajudá-lo. Estava carregando o amigo quando aquele impulso pela necessidade de sangue fez Drew avançar no pescoço de Chris. Sabe, eu não o culpo, é extremamente normal isso. Quando se tem contato com alguém pela primeira vez após se tornar um vampiro, o cheiro do sangue da pessoa toma conta de você. Te hipnotiza. É como uma droga. Assim que Drew matou Chris, o velho guarda apareceu e acabou sendo drenado também. Eu me deliciei com a cena. Como disse, foi muito melhor do que eu poderia prever. Só foi uma pena porque, cá entre nós, eu gostava de Chris... Entretanto, ele morreria de qualquer maneira. Fosse por mim ou por Drew."

 "O coitado do Drew ficou sem reação e correu para casa. Tadinho! No dia seguinte seria o enterro do pobre Chris. Acho que uma maldição pairava sobre o grupo de vocês, Annie, porque com tantas mortes assim... Até parece que vocês colecionam cadáveres! Enfim. Quando Drew estava prestes a sair de casa, eu estava lá. De começo eu realmente tive dúvidas se ele seria tão cara de pau ao ponto de aparecer no enterro, mas o garoto era dissimulado. Irônico, não? O porém era que eu sabia o que aconteceria se Drew tentasse ir. Quando ele abriu a porta de casa para ir ao cemitério, ah, que diversão! A luz do Sol começou a queimá-lo. É por isso que Drew não apareceu no velório. Ele era um vampiro. E vampiros não andam à luz solar. A menos, é claro, que tenham uma benção. A mesma benção que eu tenho."

 "Foi exatamente por isso que o Drew não deu mais as caras, Annie. Ele não podia sair de dia. Além do mais, percebi que ele era muito bondoso e resolveu se isolar do resto do mundo para não machucar ninguém. Assim como o Oliver agiu há anos atrás. A grande diferença entre os dois é que, no fim, Drew é um fraco e não consegue se controlar. Oliver sempre foi mais forte que suas necessidades."

 "Cinco dias após a transformação e eu comecei a ficar preocupado. Não tinha visto Drew deixar a casa ainda. Mas, no fim das contas, que obrigações eu tinha para com ele? Cada um por si, certo? Eu estava indo para sua casa, Annie, porém, assim que adentrei na rua, senti um cheiro intenso de sangue. Imediatamente, eu soube de onde vinha. Corri para a residência de Drew e, assim que entrei lá - pode-se dizer que eu invadi, se você preferir -, tive uma enorme surpresa... Os corpos dos pais dele estavam caídos no corredor de entrada da casa. Eu lembro de ter pensado 'Deus, esse garoto é um monstro compulsivo e sem controle'. Tivemos uma conversinha de vampiro para vampiro, entende? Drew disse que jamais beberia sangue de novo. Então, eu percebi que era um desperdício um vampiro tão jovem e tão cheio de moral... Decidi que eu o faria gostar de sangue. Desde o princípio, eu vi que Drew tinha um grande potencial como vampiro, mas ele estava me decepcionando. Eu precisava mudar o quadro dele. Disse que traria bolsas de sangue para ele beber e se saciar de vez em quando."

 "Engraçado é que, nos quatro dias seguintes, enquanto vocês tentavam de todas as maneiras possíveis contato com a família do Drew, indo até a casa deles e batendo incontáveis vezes na porta, na verdade, ela já estava aberta. Eu tinha quebrado a fechadura para poder entrar. Contudo, assim que sai, fiz um esquema para a porta parecer - e permanecer - fechada. Não seria bom para Drew passar a sua eterna juventude na cadeia, certo? Acredito que ninguém ia querer isso... Por sinal, você é uma bocuda, Annie! Contou à polícia sobre a situação. Graças a Deus que ninguém te deu ouvidos! Do contrário, seu amiguinho estaria preso a uma hora dessas. E lá, na cadeia, definitivamente, ele iria morrer de fome. Ainda bem que ele tinha a mim também, senão estaria morto já. Como o cara legal que sou, um dia desses atrás, levei três bolsas de sangue para Drew."

 "Era o décimo dia após o sumiço de Drew, quando o doce Matthew Spencer resolveu fazer uma visita. Sabe, não foi dificuldade nenhuma abrir a porta. Como o vampiro do grupo, eu precisava fazer algo, entende? E, cá entre nós, eu era o único que realmente poderia fazer algo, afinal, você e suas amiguinhas molengas do jeito que são... Sobrou para o Matthew Spencer! Eu precisei fingir surpresa ao entrar e me deparar com aquela cena. Não que realmente fosse necessário, afinal, Drew já sabia de tudo, mas eu precisava fazer aquela encenação. Tinha prometido que levaria sangue a Drew até o fim do mês. Porém, eu apenas pensei: 'Quer saber? Dane-se! Drew é um vampiro e tem que começar a se virar. Conseguir seu próprio alimento. Assim como eu e todos os outros de nossa espécie fazem'. E, afinal, eu fui lá como Matthew Spencer – não Mason. Além do mais, se vocês soubessem que eu tinha ocultado aquilo, que Drew era um vampiro, acabaria suspeito para o meu lado. Então, decidi, era hora de pôr um pouco de diversão a tudo aquilo."

 "Assim que sai da casa de Drew, corri para você, Annie. 'Nós temos que sair daqui agora, Annie'... 'Oh, para onde vamos, Matthew?'. Patético! Eu sabia que você pararia com toda aquela frescura de não falar comigo. E eu consegui! Mais uma vez, vitória minha... Tinha quebrado sua ‘autodefesa’. Você simplesmente fez tudo que eu disse. Então, em uma hora, lá estávamos nós a caminho daqui. Chicago, a Cidade dos Ventos..."

 "Matthew Spencer, Mason... Tínhamos uma conexão especial. Tudo que 'Matthew' sabia, 'Mason' também sabia. É por isso que, quando eu lhe chamei para vir a Chicago, 'Mason' ficou sabendo de tudo. É por isso que, quando nós, 'Matthew' e Annie, estávamos no ônibus, 'Mason' também estava. Ah, claro, lembra-se daquela hora na rodoviária que eu me ausentei 'para ir ao banheiro'? Na verdade, fui ligar para Heinrik e dizer que o Spencer estava vindo para Chicago. No ônibus, eu mandei que as garotas ficassem longe de Drew porque ninguém deveria descobrir sobre ele. Poderia ficar suspeito para mim. O vampiro não quis ajudar o amigo recém-transformado. Por quê?"

 "Me admira você não ter estranhado o fato de que Matthew Spencer podia pagar por um quarto na Trump Tower. Por acaso você já tinha visto meu apartamento em Springfield, caindo aos pedaços? Foi duro viver ali, naquele muquifo, mas tudo fazia parte do papel. Se Matthew realmente tinha todas essas economias guardadas, por que ele não pagaria por algo melhor em Springfield? Esse é apenas mais um dos fatores que mostra o quanto você estava cega devido à sua paixão por Matthew Spencer."

 "Agora, respondendo as questões mais atuais... Lembra-se de Alexis Clark? A única vítima que escapou de mim? Ela é a explicação para a camiseta cheia de sangue que você segurava. Vingança, Annie! Eu não deixaria barato o fato dela ter escapado. Como eu disse, foi a única em 108 anos. Agora, porém, Alexis não escapou de mim. Tudo tem um preço nessa vida. E o preço pela demora em pegá-la, resultou na morte de toda a família. Inclusive do pequeno Noah, irmãozinho da Alexis. De onde você acha que eu estava chegando hoje de manhã? Seu ursinho foi apenas foi um pretexto. E, para terminar, você não devia ter mexido nas minhas coisas!"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Scarlet Blood I - One Last Heartbeat" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.