Clichê. Mas Nunca Igual. escrita por Biscoita Bis


Capítulo 10
Professor Evans




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O dia que eu realmente não queria que chegasse, chegou. Segunda-feira pós teste. Os nomes estavam no mural e a classificação de 1 à 150 estava estampado no corredor pra quem quisesse ver o seu fracasso.

O corredor estava intransitável, era gente pra todo lado querendo saber em que colocação tinha ficado. Eu e Meg achamos um jeito de passar pela multidão e chegamos à frente. Percorri meu dedo da primeira colocação e fui descendo: vigésimo terceiro, vigésimo quarto: Megan Stwart. Fui descendo mais procurando meu nome: centésimo vigésimo quinto, centésimo vigésimo sexto, centésimo vigésimo sétimo: Melanie Gabriela Strauss. Arregalei meus olhos incrédula. Eu sempre fui bem nesse tipo de teste. Eu não era nerd, mas me esforçava o máximo que podia e eu simplesmente não poderia estar em centésimo vigésimo sétimo lugar. Meg olhou pra mim espantada e me levou pra longe da multidão.

— Mel, o que aconteceu com você? - disse ela olhando nos meus olhos.

Desviei o olhar dela e respondi:

— Eu não estudei Meg, só isso.

— Impossível Mel, até mesmo Matt, que tem o cérebro da do tamanho da cabeça de um alfinete ficou em trigésimo quinto. Isso não é normal acontecer com você. Anda me conta.

Eu queria contar tudo pra Meg, sério. Eu precisava despejar meus problemas em alguém. Eu necessitava de alguém me dizer que tudo daria certo. Cerrei meus punhos, umedeci meus lábios e quando ia começar a falar o sinal tocou.

Fomos para classe e os alunos estavam agitados por causa do teste. Ouvia comentários do tipo:

— Você viu? O tal do Caio da classe A ficou em primeiro lugar.

— Eu achei que tinha ido melhor, décimo segundo não é uma posição aceitável pra mim.

O dia passou tão lentamente que eu achei que Deus tinha dado pause no mundo pra dar uma saidinha e tinha esquecido de dar play. Quando finalmente pude ouvir o sinal da saída, o professor de matemática disse:

— Senhorita Strauss, Senhor Evans, podem esperar um minuto por favor?

Neste exato momento meu coração parou e pude sentir minha barriga gelar. Uma boa parte da Classe olhou para mim e pra Matt e depois foram se dispersando e saindo rumo aos corredores. Meg guardou suas coisas e me disse:

— Mel, te espero la na cantina.

— Tudo bem Meg, você pode ir embora, vai se atrasar para o serviço.

— De jeito nenhum Mel, a gente precisa conversar.

Ela saiu logo em seguida, ficando na sala somente Matt, o professor Aurélio e eu. Sentei Em frente à sua mesa e Matt ficou em pé alguns metros de mim.

Pude perceber durante a aula que ele olhava à todo instante pra mim, esperando que eu olhasse para ele a fim de passar alguma mensagem pelos olhos. Não tive coragem de olhar na cara dele, nem por um segundo. Já se tinha passado 5 minutos quando o professor finalmente decidiu falar:

— Senhor Evans, estou impressionado! Trigésimo quinto é uma ótima posição.

Matt Evans em trigésimo quinto. Não é de se surpreender. Matt era ótimo nos esportes, era bonito, charmoso, mas também era ótimo na matéria de exatas. O cara arrebentava em matemática, e apesar de nao fazer parte da proposta curricular, ele tinha habilidades em física e química. Mas, qualquer um que visse ele arrebentar nos jogos de basquete e arrancar suspiros de garotas no corredor se surpreenderia pela sua colocação. Pensando nisso eu me pergunto, porque Matt repetiu 2 vezes se é tão inteligente?

— Obrigado professor. - disse ele sorrindo e passando uma das mãos pela nuca (ele fazia isso quando estava em situações constrangedoras, apesar de não ser muito tímido).

Esperei mais alguns segundos esperando uma bronca do professor mas ele apenas disse:

— E você, senhorita Strauss, precisa melhorar.

Jura? Pensei em tom irônico e fiquei impressionada por até em pensamentos eu desenvolver esse dom. Melhorar? Magina. Centésimo vigésimo sétimo de cento e cinquenta é uma ótima colocação. O senhor é professor de matemática, devia saber que não é tão ruim assim.

— Existem vinte e três muito piores que eu. - foi o que eu disse, mas me arrependi segundos depois.

— Temos cinco turmas de oitava série senhora Strauss, e levando em consideração o nível dos alunos da classe B uma posição abaixo de 50 é inaceitável.

Rolei os olhos e fiquei em silêncio. Então ele retornou a falar:

— Mas não te chamei aqui pra dar broncas, mas sim uma oportunidade.

Não disse nada na esperança que ele continuasse e foi isso que ele fez:

— Conversei com o conselho de professores e irei propor aulas de reforço particulares.

Desviei meus olhos que até agora estavam direcionados para minhas próprias mãos onde eu descascava um esmalte preto de duas semanas atrás e disse:

— Tá brincando né?

— Pareço estar brincando? E ainda não conclui. As aulas serão com o senhor Evans. - Ok, agora eu quase caí da cadeira. Levantei em um pulo com as minhas mãos apoiando firmemente na mesa e disse sem delongas:

— Nem morta!

O professor arregalou seus grandes olhos azuis cinzentos cobertos por uma lente de no minimo 4 graus e quando me virei para Matt ele estava, literalmente, de queixo caído.

— Isso não é uma proposta, é uma ordem. E vocês não poderão usar a biblioteca pois ela está em reforma.

Deixa eu ver se entendi. Eu, Melanie tendo aulas particulares com esse aborto mal sucedido? Tá ok que ele tem mais capacidade intelectual que eu , mas não fui mal no teste porque sou burra. Eu estava mal, na verdade eu ainda estou. Tudo de errado deu para acontecer na mesma semana e ele queria que eu estivesse com a sanidade mental perfeita depois da - suposta - separação dos meus pais, a vinda de um amigo da minha mãe em casa e o meu primeiro beijo com um cara que tem namorada e ela viu toda a cena.

Não tive como revidar. Minha vontade era de chocar a cabeça de Matt e do professor e simplesmente sair correndo. Mas eu já tinha problemas demais na minha cabeça, e simplesmente disse:

— Onde estudaremos?

— Possivelmente na casa dele. Está de acordo senhor Evans?

— Totalmente de acordo!

Eu, na casa de Matt? Mas nem carregada.

— Professor, acho que minha mãe não gostaria de saber que eu vou estudar na casa de um garoto sem os pais dele lá para supervisionar toda a situ-

— Isso não é problema - ele me interrompeu - Ontem mesmo ela já veio aqui e assinou uma permissão para você estudar por duas horas e meia, três vezes por semana na casa do senhor Evans, já está tudo decido.

Senti meu sangue subir. Eu não ficaria sozinha com Matt de novo nem que me paguem! Não, espera. Pagar? Quanto é a oferta, quem sabe eu aceito.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler!
Aos poucos estou conseguindo escrever mais e mais. Obrigada pelos comentários, especialmente para os (as) gatinhos (as) que comentaram o capitulo anterior: Lyon, Echo Chan, ZodiacAne, Ichigo Puddi, Carol Siqueira, Allie Próvier e Days Cullen!
Vocês me motivam à continuar!



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