Agora eu serei corajoso, assim como forte, usarei minha cabeça junto com o coração. Então pegue meu corpo e conserte meus olhos e minha mente presa livre de mentiras. Levante minhas mãos, pinte meu espírito e curve minha cabeça, mantenha meu coração calmo. E eu irei esperar, eu irei esperar por você.

— I Will Wait - Mumford & Sons.

(http://www.youtube.com/watch?v=giNZhTWpKXk)

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17 de Agosto de 1991.

Edward mal dormiu naquela noite e mesmo assim acordou primeiro que Riley, seu colega de quarto, então pegou sua nécessaire de viagem azul marinho – onde deixava todos seus produtos de higiene pessoal e beleza básicos – e foi para o chuveiro.

Ali era como a vida em dormitórios universitários, apesar de ser militarmente mais rígido e disciplinado; os mais antigos dividiam o quarto com pelo menos um colega e os recém-chegados tinham até quatro, já os soldados superiores tinham a opção de viver fora da base ou em dormitórios particulares ou pequenas casas pré-fabricadas, dependendo se estivesse sozinho ou com família. A base, no geral, era como uma comunidade – em um terreno enorme – com treinamento militar e de sobrevivência acontecendo por todos os lados. E, dentre todas as rígidas regras, uma das principais era a higiene e limpeza, então dividir o banheiro e chuveiro com um bando de homens não era tão desagradável quanto poderia parecer, porque eles mesmos tinham que limpar a bagunça. No geral, era um bom lugar para viver se estivesse realmente dedicado a esse estilo de vida.

E com Isabella Swan morando ali, era tudo ainda melhor.

Tomou um banho rápido, fez sua higiene matinal e a barba, passou desodorante resistente para durar o dia todo – o que era bem difícil quando suava como um porco nos treinamentos – e vestiu seu uniforme de treinamento camuflado com "Recruta Cullen" bordado sobre o peito; que em breve se transformaria em "Cabo Cullen"; calçou suas botas de combate e colocou o quepe sobre sua cabeça raspada – estupidamente, era a pior parte pra ele, já que sentia falta de seu cabelo desgrenhado para passar a mão nervosa e freneticamente o tempo inteiro, uma mania que tinha desde que se conhecia por gente; era estranho passar a mão na cabeça raspada por reflexo. Passou no refeitório rapidamente, agradecendo pelo lugar ainda não estar lotado e com uma fila imensa – não era estúpido para tentar aguentar o dia de estômago vazio, independente da pressa que estava –, pegou sua bandeja com café da manhã reforçado de acordo com a dieta feita pela nutricionista da base, comeu rapidamente sentado em uma das mesas e depois pegou uma maçã, que foi comendo até chegar à biblioteca. Quando chegou ao lugar, jogou o resto da fruta no lixo, limpou a mão na própria calça e entrou. Para sua decepção, o lugar estava vazio.

Mas devia ser cedo, seu otimismo sussurrou em sua cabeça, ela devia esperar o pai sair antes de sair também ou como explicaria a súbita vontade de ir a biblioteca pouco depois das 7:30? Parecia uma desculpa boa suficiente, então ele foi para entre as prateleiras dar uma olhada nos livros que ele conhecia de cor e salteado.

Poucos minutos depois, ergueu a cabeça ao escutar passos. E seu coração bateu forte e rapidamente, ela estava ali.

Bella escondia um sorriso mordendo o canto do lábio inferior, tinha as mãos enterradas no bolso do casaco e seu rosto ainda parecia meio amassado pelo sono, mas estava adorável. Era incrível o quanto mesmo sem nenhuma maquiagem, provavelmente apenas um lápis de olho, usando um jeans surrado, um moletom preto que parecia maior que ela, um All Star sujo e os cabelos castanhos soltos em ondas meio bagunçadas, ela ainda ficava linda. A mulher mais malditamente linda que ele já tivera a sorte de conhecer.

E aparentava sua pouca idade em sua aparência frágil, ela tinha apenas dezesseis anos – iria fazer dezessete no mês seguinte –, enquanto ele tinha vinte anos e agia como se tivesse algum direito de tê-la; podia não ser crime, mas devia ser errado, não é? Ele era um homem fadado a ser soldado, passar meses longe de casa e correr riscos, o que no inferno teria a oferecer a mulher tão linda e de futuro promissor quanto ela?

Mas suas inseguranças sumiam quando a via, que tudo se fodesse e fosse para o inferno, porque era torturante, ou melhor, impossível se afastar dela. E se ela estava ali naquele momento devia pensar e sentir da mesma maneira. E isso o encorajou.

— Oi. — ela disse timidamente ao se aproximar com as bochechas coradas.

Mas mesmo encorajado, ainda não sabia como começar.

— É... Você está bem? Dormiu bem? — perguntou tentando começar um assunto. E se xingou mentalmente, tinha sido apenas estúpido.

— Na verdade, não. — Bella deu uma risadinha obviamente envergonhada. — Foi... Meio difícil cair no sono com tantos... Pensamentos.

Edward riu, tirou o quepe e passou a mão pela cabeça.

— Ao menos eu não fui o único.

"Edward... – Bella...", eles começaram ao mesmo tempo e riram.

— Fala você primeiro. — Bella disse.

— Eu acho que minha frase falou por mim e você mandou a continuação da frase, então... Jesus, você faz eu me sentir um maldito e ridículo adolescente inseguro, mas eu gosto de você e você...

— Eu gosto de você também, Edward. — confessou corada.

Edward sorriu e se aproximou; com a delicadeza de quem segura uma peça frágil e preciosa, ele segurou o rosto dela entre as mãos.

— Vou te beijar agora, Isabella.

Lentamente, esperando que ela se afastasse e rejeitasse seu avanço, ele abaixou a cabeça e então a boca sobre a dela. E Bella não recuou ou se afastou, apenas deixou que ele a beijasse. Edward não se mexeu por alguns instantes, os lábios dela eram tão macios sob os seus que pareciam perfeitos, mas ainda não era suficiente, queria um pouco de seu gosto. Quando colocou a língua pra fora e acariciou os lábios dela, os tocando suavemente, Bella os entreabriu com um suspirou e o deixou experimentá-la. Era quente, doce, perfeito... E ele foi lentamente apreciando a boca dela, memorizando cada instante daquele momento que duraria para sempre – mesmo que apenas em suas lembranças.

O beijo acabou com um suspiro e um sorriso, um sobre a boca do outro.

— Uau... — Bella suspirou novamente, de olhos fechados.

— Eu sei. Isso foi... — Edward abriu os olhos e sorriu. — Perfeito.

— Exatamente como eu sonhei que seria.

— Nosso beijo?

Bella abriu os olhos e encontrou os dele.

— Meu primeiro beijo.

— O que... Você nunca... Ei — ele ergueu a cabeça dela pelo queixo. — Eu não estou te julgando, apenas estou... Surpreso.

— Por quê? Eu vivi minha vida inteira viajando por bases militares pelo país e eu era muito nova para me envolver com os soldados. Quando comecei meu intercâmbio pela Europa, eu estava mais interessada em estudar, conhecer os países e trabalhar nos projetos sociais que encontrei por lá, não estava exatamente buscando o amor da minha vida ou alguém pra beijar sem sentido, além do mais, eu não sou exatamente interessante né, eu nem sei como você... — suspirou. — Bem, de qualquer maneira, eu só queria ter um primeiro beijo especial, sei que pra você não deve ter sido um pedaço de bolo beijar alguém tão inexperiente, mas pra mim foi exatamente sonhei, muito obrigada, Edward.

— Você é tão... Absurda, senhorita Swan. — Edward riu. — Você é a mulher mais interessante que eu já conheci, tanto que me interessei por você. E seu beijo foi... O melhor que já experimentei em toda minha vida e já até posso me ver viciado nele. Espero que você tenha realmente gostado do meu, porque eu quero te beijar pra sempre.

Bella corou e acabou sorrindo.

— Eu... Eu iria adorar isso. Mas... Meu pai, ele... Eu meio que... Bem, eu não posso me envolver com ninguém até ter... Dezoito anos, Edward. Essas são as Regras do Sargento Swan e acho que ele meio que... Chutaria seu traseiro se descobrisse que você me beijou e eu não quero isso.

— Você é menor de idade, Bella, tem apenas dezesseis anos e eu tenho vinte.

— Vou fazer dezessete no mês que vem. — Bella disse prontamente.

— E ainda assim faltará um ano para os seus dezoito.

— Eu sinto muito. — baixou os olhos.

— Eu vou esperar por você. — Edward sussurrou.

— O que?! — ela os ergueu rapidamente, surpresa.

— Estava falando de verdade quando disse que gosto de você. E quando meu trecho dizia que estava apaixonado, eu queria dizer aquilo também, Isabella. Eu nunca conheci ninguém como você, ninguém que eu quisesse como você e não é algo só... Físico, é mais. E eu quero isso, eu quero você, eu quero ‘nós’. E se tiver que esperar um ano para estar realmente com você, pra gritar isso ao mundo, tudo bem, eu espero. É só você me dizer que quer isso tanto quanto eu.

— Eu quero. Não acho que direito de te pedir, mas... Espera por mim porque eu quero você.

Edward sorriu como jamais tinha sorrido em sua vida.

— Claro, meu futuro. Eu nunca pensei que meu futuro fosse ser tão... Lindo. — sorrindo, se inclinou para ela e roçou seus narizes. — Minha Futurinha.

— Mas sabe que ainda podemos nos encontrar e beijar, nesse tempo, não é? Então, meu futurinho, será que enquanto esperamos você pode... Me beijar de novo?

Sorrindo, ele a beijou.