Palavras & Promessas escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 49
Epílogo 2, pt3 - You are my sunshine... ♫


Notas iniciais do capítulo

Hey doçuras, como estão?
Mais um pedaço do epílogo da Luz do Sol pra você. Ela crescendo, passando por alguns acontecimentos, mas sempre tendo o pai ao seu lado. Espero que gostem.



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You are my sunshine... ♫

Você é meu raio de sol, meu único raio de sol, você me faz feliz quando o céu está nublado, você nunca saberá, querida, o quanto eu te amo, por favor, não leve meu raio de sol para longe. — Carly Simon - You Are My Sunshine

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20 de Outubro de 2012.

Edward odiava aquele dia. Era apenas duas horas da tarde e ele detestava aquele dia com todas as suas forças. Sentado no sofá, ele esperava para a pior coisa que poderia ter lhe acontecido nos últimos anos.

E tudo dia começado no dia anterior...

— Pai, eu preciso ter uma conversa séria com você. — Nessie tinha dito durante o jantar, quando estavam todos comendo na mesa de jantar.

— O que? — Edward disse levando uma garfada de comida a boca.

— Eu vou cinema amanhã...

Edward assentiu.

— Com o meu namorado.

Com uma exclamação de surpresa, Edward se engasgou.

— Edward! — Bella exclamou assustada, mas não conseguiu controlar a gargalhada, enquanto o marido tossia compulsivamente com os braços erguidos. Pegou o copo de suco dele. — Aqui, bebe. Vamos, bebe.

Ele continuou tossindo, pegou o suco e bebeu devagar alguns goles, parando ofegante.

— Deus! Isso foi... — ofegava.

— Engraçado. — EJ disse e gargalhou, arrastando Nate e Ally pra risada também.

— Nessie, querida, será que você pode repetir o que você disse de novo, por favor, porque eu acho que meu engasgo me fez escutar errado.

— Não, pai, você escutou certo. Acho que eu tenho idade suficiente pra isso.

— Não, você não tem!

— Edward... — Bella disse suavemente e tocou a mão do marido.

— Não me venha com essa de Edward, Bella. — puxou a mão. — Ela é muito nova e... Por que você não parece surpresa com isso? Oh Deus, você sabia?

— Talvez?

— Bella!

— Nessie and Dean sitting in a tree, K-I-S-S-I-N-G. First comes love, then comes marriage, then comes baby in a baby carriage. — EJ cantarolou e gargalhou.

— Dean? Quem é Dean? E como EJ sabe disso? Será que eu estou sendo o último a saber dessa história?

— Sim. — Nate disse rindo e levou um pedaço de carne a boca.

— Até o Nathan? A Ally também sabia? Deus! Quem é Dean, Renesmee?

— É um garoto da minha classe, ele me pediu pra ser namorada dele e eu aceitei. A gente vai ao cinema amanhã, mas não precisa se preocupar, o pai dele vai levar a gente e vai passar aqui antes pra conhecer você.

— O que? Isso é... — Edward não conseguia achar palavras para descrever aquilo, mas seu rosto franzido de horror demonstrava tudo. — O que?!

— Fica calmo, amor. O Dean é um garoto legal e os pais dele são bem responsáveis, está tudo bem.

— Está tudo bem? A gente vai conversar sobre você estar me escondendo segredos em alguns minutos, Isabella, porque minha conversa agora é com a sua filha. Você pode tirando o seu cavalinho da chuva, Renesmee, nada de cinema, nada de namoro, nada de Dean, isso não está acontecendo. Deus, eu perdi o apetite. — Edward se levantou e saiu da sala de jantar.

— Mãe! Você disse que se eu contasse a verdade pra ele ficaria tudo bem, ele deixaria.

— Está tudo bem, querida. Terminem o jantar de vocês e eu vou falar com o seu pai.

Bella se levantou e foi atrás de Edward, mas ele já tinha subido pro quarto.

— Por que você está exagerando tanto sobre isso, Edward? — ela perguntou ao entrar no quarto.

— Exagerando? Ela tem quatorze anos, Isabella. Ela é uma criança, pelo amor de Deus! Você não pode esperar que eu apoiasse... Isso. — cuspiu a palavra, não podia nem falar 'namoro', não quando se referindo a sua filhinha.

— Você está exagerando sim, Edward. Eu sei a idade dela, é você quem precisa aceitar a idade dela, a Renesmee não é mais uma criança, é uma pré-adolescente, daqui a pouco será adolescente e você precisa aceitar isso.

— Eu não preciso aceitar nada. E há quanto tempo você sabia disso e estava me escondendo?

— Eu não estava te escondendo nada, Edward, ela me contou sobre o interesse num coleguinha, que mandou bilhetinhos e deu uma caixa de chocolate pra ela, então ele a pediu em namoro com um poeminha, isso é adorável, amor.

— Adorável? Pelo amor de Deus, mulher, de que lado você está? — Edward disse exasperado e deu as costas à mulher, passando a mão nervosamente no cabelo. — Claro que isso não é adorável, nenhum pouco, isso é... — voltou a encarar a esposa. — Eu quero chutar esse menino.

— Ele tem quatorze anos também, Edward, para de ser tão dramático. — Bella riu. — Eles trocaram cartinhas e bilhetinhos, isso não te faz lembrar a nós dois?

— Não! Claro que não! Nós dois éramos crescidos, não duas crianças.

— Edward, eu era menor de idade, lembra?

— Bem, sim, mas eu era um soldado, um homem sério e ia te respeitar. E não tô mexendo com a garotinha de ninguém.

— Como você é hipócrita, eu era a garotinha do meu pai.

— Bem, não posso ser culpado se você se perdeu tão cedo, não vou deixar o mesmo acontecer com a minha filha.

— Eu me perdi? — rindo, Bella se aproximou e deu um soco em seu braço. — Seu idiota.

— Tudo bem, eu tô brincando, é que... — suspirou. — Bella, ela é a Nessie, minha Nessie, minha Luz do Sol.

— Oh meu deus, tadinho do meu marido. — ela zombou rindo, principalmente do beicinho dele. Bella colocou os braços sobre o ombro dele e Edward abaixou a cabeça no dela, segurando sua cintura. — Tudo bem, olha pra mim. O que você acha que eles vão fazer juntos?

— Bem, eu posso pensar em muitas coisas que eu queria fazer quando tinha quatorze anos, sabe.

— Seu pervertido. — Bella riu. — Mas o Dean não é assim, além do mais, nós ensinamos muito bem a nossa filha. Eles só vão assistir a um filme, talvez ficar de mãos dadas, talvez compartilhar alguns beijinhos e só.

— Só?! Eu já acho a coisa de mãos dadas demais, quem dirá beijinhos, ainda por cima no plural, desnecessário demais.

— Escuta, a Nessie veio falar comigo e eu a incentivei a conversar com você, porque eu quero a nossa filha se sinta confortável e confiante pra falar com a gente sobre qualquer coisa, sabendo que não vai ser julgada ou condenada por isso. Você tem que fazê-la saber que pode contar com a gente ou então ela vai começar a manter segredos e fazer as coisas pelas nossas costas.

— Eu tenho mesmo? — Edward choramingou.

Bella gargalhou.

...E agora Edward estava ali, naquela situação.

Quando a campanhinha tocou, ele se enrijeceu. Dean, o nome veio com um gosto amargo em sua boca.

— Eu abro. — Nate pulou do sofá e correu para a porta.

— Deve ser ele. — EJ disse sentado ao seu lado.

— É.

Foi tudo que conseguiu dizer e Nate voltou seguido por Dean. Então aquele era o Dean? O menino não parecia ter quatorze anos, talvez quinze ou dezesseis. (Mas tudo bem, não podia ser hipócrita, porque Nessie também não parecia ter quatorze – um grande problema, em seu ponto de vista). O garoto era mais do alto que do Nessie e um pouco mais moreno, com cabelos lisos meio jogados para o lado como um cantor teen – se vestia como um também, com calça justa, all star e uma blusa preta pichada.

Ele parecia meio assustado ou envergonhado, Edward gostou disso. Levantou-se e EJ fez o mesmo, sempre ficando ao seu lado – aquele era seu garoto.

— Sim, senhor. — Dean disse com a voz trêmula. — É... Um prazer conhecer você, Senhor Edward.

— Senhor Cullen. — Edward o corrigiu. Iria mandá-lo chamar de Capitão Cullen, mas iria ser exagero. Aliás, fazia tempo que não usava seu tom de voz de Capitão, aquele era um ótimo momento.

— Oh sim, perdão, Senhor Cullen.

— E eu sou o Senhor EJ. — EJ disse indo pra frente e tentando imitar o tom de voz do pai.

— Eu posso ser o Senhor Nate também?

Edward teve que segurar a postura ou acabaria rindo dos filhos.

— Sim, você pode, agora sobe e avisa pra sua irmã que o coleguinha dela chegou. E onde está o seu pai, Dean? Porque eu fiquei sabendo que poderia conhecê-lo.

— Meu pai também está ansioso para conhecê-lo, Senhor Cullen, ele me deixou aqui para que a Nessie não pensasse que eu estou atrasado e foi encher o tanque do carro, ele já volta.

— Ah sim. Sente-se Dean, ela está terminando de se arrumar, você sabe como são as mulheres.

— Sim, eu sei. — o menino riu.

Edward estreitou os olhos.

— E como você sabe Dean? Teve muitas namoradas?

— Não! Não, senhor! — disse rapidamente. — Eu tenho duas irmãs mais velhas e elas demoram pra se arrumar também, senhor.

— Ah sim. Então sente.

Edward sentou na poltrona e Dean no sofá, parecendo bem desconfortável de tão encolhido, com EJ ao seu lado.

— A mamãe mandou falar que a Nessie já vem. — Nate disse enquanto descia as escadas correndo e sentou do outro lado de Dean.

Dean olhava ao redor, tentando disfarçar, sob os olhares firmes de Edward, Nate e EJ.

Ally desceu as escadas segundos depois e parou no meio da sala, encarando o estranho.

— Oi. — acenou animadamente. — Eu sou a Ally.

— Oi Ally, eu sou o Dean.

— Eu sei. — Ally deu uma risadinha. — Você é o namorado da Nessie, você é bonito. Vocês vão se beijar igual nos filmes?

— Eca. — Nate disse com o nariz franzido.

— Ok Alison, chega. — Edward disse. Já não era fácil encarar que Nessie saindo, quem dirá sua filha de quatro anos dizendo esse tipo de coisa. — Vem aqui.

Alison foi rindo para o pai e sentou em sua coxa.

—Escuta Dean, eu vou ser direto com você, eu não gosto dessa situação.

— Senhor...

— Nessie, ela é a minha filha, minha garotinha.

— Eu também sua garotinha. — Ally disse firme, agarrando seu queixo. — Eu sou a mais nova.

— Sim, princesa. — Edward disse com um sorriso bobo, pegou a mão da filha e beijou. — Você também é minha garotinha, mas ainda tenho algum tempo antes de sofrer com você.

Voltou à carranca séria pra encarar o menino.

— Nessie te contou que eu sou soldado?

— Sim senhor, ela contou que você era capitão.

— Eu era, mas uma vez militar sempre militar. E sabe qual é uma das principais regras da vida? Nunca mexa com a filha de um militar. Então aqui suas regras, você vai respeitar a minha filha e tratar ela melhor do que você trata a sua coisa mais preciosa, porque ela é a minha coisa mais preciosa e se alguma coisa acontecer com ela, você vai ter que se ver comigo.

— Sim senhor, pode confiar em mim, vou respeitá-la e tratá-la bem. — Dean disse nervosamente com os olhos arregalados.

— Eu não confio em você, mas sei que vai, porque agora você sabe que nunca deve se mexer com a filha de um militar.

— Edward. — Bella o repreendeu suavemente enquanto descia. — Dean, é um prazer revê-lo.

— Senhora Cullen, o meu prazer é meu. — ele se levantou e se aproximou.

— Já não falei com você sobre esse ‘senhora’? É apenas Bella, querido. — Bella o abraçou e beijou seu rosto.

— É que o papai mandou chamar ele de Senhor Cullen, ai eu sou o senhor Nate e o EJ é o senhor EJ. — Nate disse rindo.

— Não ligue pra ele, querido, está sendo apenas um pai bobo e ciumento, está tudo bem. A Nessie já está... — Bella olhou pra trás e viu a filha descer as escadas. — Olha ela ali.

Edward estava pronto para reclamar com Bella – sobre como ela não devia tirar sua moral com o moleque –, mas todos os pensamentos foram ofuscados com a visão da sua Luz do Sol.

Ele colocou Ally no chão e se levantou, caminhando para perto da escada.

Sua pequena garotinha estava crescida, estonteante e de tirar o fôlego. Ela estava puxando sua altura, mas tomando as curvas da mãe. Seus cabelos estavam semipresos com suaves ondas até o meio das suas costas na mesma cor-de-bronze dos dele; o vestido azul escuro era muito parecido com um que Bella tinha e parecia ser feito em camadas até a altura de seu joelho e nos pés um surrado all star. Sem maquiagem a não ser o suave brilho rosado de gloss nos lábios, sua pele branca e seus olhos verdes se destacavam, enquanto nos braços ela segurava um casaquinho creme e uma pequena bolsa sobre o ombro.

Edward se aproximou da filha e pegou sua mão quando ela chegou ao último degrau.

— Você está tão linda, Luz do Sol.

— Obrigada, papai.

Nessie abriu um grande sorriso iluminado – e aquela era sua Luz do Sol indo a seu primeiro encontro.

Bella começou a dar instruções aos dois, mas Edward não conseguia tirar os olhos de sua garotinha. Sua pequena bebezinha doce agora estava crescendo dando os primeiros passos para longe de suas asas, pronta para abrir as próprias asas. Respirou fundo antes que começasse a chorar e a abraçou.

Nessie foi surpreendida, mas abraçou o pai de volta com força, fechando os braços ao redor da cintura dele e o rosto em seu peito. Edward a apertou suavemente, enterrando o rosto em seus cabelos e esperando que ela entendesse o que ele estava tentando falar – eu sei que você está pronta para começar a voar sozinha, mas não vai muito longe ou eu vou sentir sua falta.

— Eu amo você, Luz do Sol. — Edward sussurrou.

. . .

17 de Novembro de 2013.

— Alguma novidade?

— Ainda nada. — Edward respondeu ao telefone.

— Eu sinto muito, Edward. — Rosalie disse do outro lado da linha. — Vocês vão achá-la e vai ficar tudo bem, você vai ver.

Edward nem soube como responder, estava com tanto medo que ficava difícil até respirar. Nem em seus dias de militar tinha sentido tanto medo quanto estava sentindo naquele momento. Nessie tinha desaparecido.

Era um sábado e seu horário de chegar era às dez horas da noite – no mais tardar onze horas. Claro que Edward gostaria que ela chegasse mais cedo, mas não podia ser hipócrita e impedir sua filha de quinze anos de ter alguma diversão, além do mais, ela era responsável suficiente para obedecer às regras e cumprir seus horários. O problema era: naquele momento era 00:27 e Nessie não tinha voltado para casa ou ligado para avisar que iria se atrasar. Seu celular apenas tocava e caia na caixa de mensagens, as amigas com Nessie saía não atendiam o celular e aquelas que ligou em casa diziam não saber onde ela estava. Tinha ligado também para o resto da família perguntando se alguém sabia de Nessie, mas até agora nada.

As crianças estavam dormindo e Bella estava ao telefone, ainda tentando ligar para Nessie. Edward colocou o celular na mesinha de centro ao mesmo tempo em que Bella devolveu o celular ao gancho.

— Ela não atende, por que ela não atende Edward? — Bella disse nervosa e Edward viu as lágrimas descerem por seu rosto. — Será que aconteceu alguma coisa com a nossa Nessie?

— Shhh, não aconteceu nada, vem aqui. — de abraços abertos, ele a recebeu para um abraço, acariciando seus cabelos. — Vai ver nós estamos apenas reagindo exageradamente por ser a primeira vez que isso acontece e ela está apenas sendo adolescente.

— Não, você sabe que ela não é de fazer isso, ela teria nos ligado ou atendido o celular. — Bella choramingou. — Eu quero minha filha, Edward. Eu quero nossa filha.

— Vai ficar tudo bem. — Edward a tranquilizou, tentando a passar confiança quando ele mesmo não a tinha, e beijou os cabelos da esposa.

Bella saiu de seu abraço e agarrou a camisa dele.

— Talvez a gente devesse chamar a polícia, eles têm que ir atrás dela ou... Eu não sei, só faz alguma coisa, é a nossa filha. — Bella chorou e Edward a abraçou novamente.

— Eu vou... — ele foi interrompido pelo toque do celular.

Bella se afastou com o rosto cheio de expectativa e Edward pegou o celular na mesinha de centro. Mostrava no visor: 'Luz do Sol'.

— É ela. — Edward anunciou antes de atender: — Nessie?

Nenhuma resposta, mas Edward conseguiu escutar um pequeno soluço e fungada junto com a respiração de alguém. Ela estava chorando.

— Nessie é você?

— Papai? — ela disse do outro lado, sua voz estava tão baixinha e sofrida que apertou o coração de Edward.

— Sou eu, Luz do Sol. — disse suavemente. — O que aconteceu?

— Papai, você pode vim me buscar, por favor?

— Querida, onde você está? Me diz e eu vou te buscar.

— Eu... — soluçou. — Eu não sei, eu só... Eu quero ir pra casa, papai.

— Tudo bem, meu amor. Com quem você está?

— Sozinha.

— E como você foi parar aí, querida?

— Eu estava com... — ela voltou a chorar. — Eu quero ir pra casa, pai, por favor.

— Você está segura, querida?

— Agora sim.

— Tudo bem. Fique exatamente onde você está e eu vou ir te buscar, está bem? Não saia daí.

— Tá. — fungou. E ela desligou.

— Merda. — Edward rosnou e correu para o quarto.

Já estava colocando uma calça jeans quando Bella entrou.

— O que aconteceu? Onde ela está? Edward, onde ela está?

Fechou a calça e colocou um casaco de moletom preto.

— Droga, Edward, fala comigo! — Bella gritou nervosamente.

— Eu não sei, ok? — suspirou frustrado e passou a mão no cabelo. — Ela parecia estar chorando, implorou que eu fosse buscá-la, mas não sabe onde está.

— O que? E como você vai saber onde buscá-la?

— Vou rastrear o celular dela.

— Ela... Oh meu deus, minha filha. — colocando a mão sobre a boca para abafar seus gritos, Bella chorou. Por um momento reviveu o momento em que recebeu a notícia sobre a "morte do marido". — Não, a minha filha não, por favor, não.

Rosnando um palavrão, Edward passos os braços ao redor de Bella e a abraçou forte.

— Nessie está bem e eu vou garantir que nada vai acontecer com ela, Bella.

— Eu vou com você. — ela se afastou um pouco para olhar em seu rosto, arfante pelo choro.

— Não, você vai ficar aqui e cuidar das crianças. Eu não sei o que aconteceu, mas a Nessie parece abalada, eu vou buscá-la e você prepara algum chá ou bebida quente, separa o pijama, tudo que ela vá precisar.

— Eu... Tudo bem. Mas você promete que vai trazer nossa filha de volta?

— Eu te prometo, meu amor. — beijou a testa dela. Respirou fundo, enquanto as lágrimas cresciam em seus olhos. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas ele não deixaria que nada acontecesse a sua filha.

Meia hora depois, Edward estava a toda velocidade dentro do carro sendo guiado pelo GPS e acabou num maldito lugar estranho.

Nem ele sabia onde diabo estava, nunca tinha ido naquele lugar, mas parecia o lugar onde adolescentes se reuniriam para matar aula ou usar drogas. Ficava na parte baixa de Seattle, mas próximo da floresta do que da cidade.

Quando o GPS marcou que estava no lugar certo, ele desceu com o celular e olhou ao redor.

— Nessie?! — gritou. — Luz do Sol?

Escutou um ruído e olhou para o lado, na direção do barulho. Nessie saiu de trás de uma árvore meio assustada, parecendo um animal acossado e assustado. Seus cabelos estavam desgrenhados, seu rosto vermelho pelo choro e segurava uma das alças de sua blusa, que parecia arrebentada.

A primeira coisa que Edward sentiu foi ódio; um ódio mortal por quem tinha feito aquilo com sua garotinha. Depois medo; um medo de gelar seu sangue do que podia ter acontecido com ela. Sentiu alívio; porque ao menos ela estava viva. E seu coração se apertou quando ela soltou um pequeno soluço e voltou a chorar, correndo em sua direção.

Edward guardou o celular no bolso e a recebeu num abraço.

— Papai. — ela chorou com o rosto em seu peito.

— O que aconteceu, Luz do Sol? O que aconteceu com você? Quem fez isso com você?

— Por favor, papai, por favor, me tira daqui, eu quero ir pra casa, eu quero ir pra casa, por favor, papai. — ela implorou freneticamente entre o choro.

— Tudo bem, Luz do Sol, tudo bem. — beijou os cabelos dela e abraçou mais forte.

Edward guiou a filha para o banco do passageiro e ajudou a entrar. Nessie disse que sua bolsa e celular ainda estavam atrás da árvore, então ele foi pegar depois de fechar a porta de seu lado. Voltou com suas coisas e entrou no carro também, dirigindo silenciosamente para casa.

Pelo canto dos olhos, ele via a situação de sua filha. Ela tinha marcas vermelhas em seu pescoço e no braço, não era difícil ver ser marca de dedos, além de ter o lábio inferior estar ligeiramente inchado – mas ele não sabia se tinha sido outra pessoa ou ela mesma, mastigando o lábio nervosamente. Nessie mantinha a cabeça para a janela, de olhos fechados e parecendo sufocar pequenos soluços.

Por mais que quisesse interrogá-la, descobrir quem tinha feito aquilo e ir chutar seu traseiro, Edward resolveu dar a ela algum descanso.

Quando estacionou na frente de casa, pagou as coisas dela e, antes que pudesse ajudá-la a descer, ela já tinha descido. Fechou o carro e ativou o alarme, e foi em seu encalço para casa.

Foram recebidos por uma Bella nervosa. Nessie não disse nada, apenas correu para os braços da mãe e lhe abraçou chorando, enquanto Bella chorava da mesma maneira.

— O que aconteceu, Nessie? O que fizeram com você? — Bella perguntou acariciando os cabelos da filha.

— Eu não quero falar, só... Quero tomar banho, quero dormir... — Nessie soluçou com o rosto no ombro da mãe.

— Ness... — Edward começou meio desconsertado, claro que aquele seria um assunto delicado, mas se tinham feito algo fisicamente nela, não podia ir para o banho antes de fazer um corpo-delito. — Eu sei que isso é difícil, mas você precisa nos contar se alguém fez algo... Com você, seu corpo...

— Não! — Nessie se ergueu rapidamente e olhou para o pai, corando. — Ninguém me... Abusou... Eu só... Por favor, eu quero tomar banho.

— Tudo bem. — Edward suspirou. — Sua mãe vai te ajudar com isso e eu vou te preparar algo para comer, está bem?

— Eu não estou com fome.

— Então talvez um copo de leite quente, eu não vou te deixar dormir com o estômago vazio.

Nessie assentiu. Edward se aproximou da filha e beijou sua testa antes que ela subisse para o quarto com a mãe. Enquanto esquentava um pouco de leite para ela, ligou para todos e os tranquilizou, disse que explicava tudo amanhã, quando soubesse de mais detalhes.

Na última ligação, deixou o celular na cozinha, colocou o leite numa caneca roxa da Nessie e subiu para seu quarto. Deixou sobre a mesinha de cabeceira, já que ela ainda tomava banho, e sentou na cama para esperá-la.

— Papai? — se surpreendeu com a voz de EJ na porta, ainda de pijamas e parecendo assustado.

— Ei companheiro. — se levantou preocupado. — Por que está acordado nessa hora?

— Eu fui beber água, ai a mamãe tava na sala e ela tava chorando, mas você não tava, nem a Nessie, eu fiquei assustado. — ele sussurrou parecendo estar envergonhado.

— Está tudo bem, companheiro. — Edward sorriu para tranquilizá-lo.

— Mas a Nessie subiu chorando. Ela está tudo bem?

Com dez anos, EJ também aparentava ser no mínimo dois anos mais velho, mas naquele momento aparentou ser uma criança sem toda sua atitude corajosa e aventureira. Passou a mão no desgrenhado cabelo cor de bronze e a pousou no seu ombro.

— Não precisa se preocupar, ela vai ficar bem. Vem, vou te levar de volta pro seu quarto e lá conversamos.

Guiou o filho pelo ombro para o quarto e o cobriu quando subiu na cama, sentou na borda.

— Alguém machucou a Nessie, pai?

— Eu acho que sim, ainda vou conversar com ela e saber direitinho.

— Quando você souber quem foi, me conta e eu vou dar um golpe de judô nele, eu já aprendi alguns golpes legais na aula.

Edward sorriu orgulhoso do seu pequeno filho se tornando cada vez mais super protetor com os irmãos. Nem sempre com Nessie, porque ela sempre dizia ser a mais velha, mas com Nate e Ally, EJ era como um pequeno leão defendendo os irmãozinhos filhotes, mesmo com pouca idade.

— Assim que eu descobri quem foi, vamos nós dois chutá-lo, está bem? Agora você precisa dormir.

— Tá. — EJ suspirou sonolento, fechando os olhos. — Noite, papai.

— Te amo, companheiro. — sussurrou e beijou sua testa.

Ficou mais alguns segundos observando seu filho dormir, ressonando suavemente, antes de voltar para o quarto de Nessie.

Ela já estava fora do banheiro, usando uma camisola lilás e os cabelos presos em um alto rabo-de-cavalo, bebendo o leite com Bella sentada na sua frente. Deu a volta na cama e sentou do outro lado.

Nessie parecia frágil e vulnerável naquele momento, sem o seu habitual sorriso e a animação brilhando em seus olhos, apenas uma aparência triste e assustada que lhe apertava o coração.

Ela terminou lambendo os lábios e entregou a caneca à mãe.

— Você precisa nos contar o que aconteceu, Nessie. — Edward disse.

— Pai...

— O que aconteceu?

— Eu... — ela abaixou a cabeça com as lágrimas descendo por seu rosto. — Fui idiota, só isso.

— Isso não é suficiente, Renesmee. Você disse que ia numa festa da Jane e acabou machucada no meio do nada? Eu quero saber o que aconteceu. — Edward exigiu.

— A gente estava na festa da Jane e... Um garoto do quarto ano veio falar comigo e... Eu só pensei que ele tivesse gostado de mim, eu disse que precisava ir embora e ele me ofereceu uma carona, sei que não devia ter aceitado, eu só... Queria que ele gostasse de mim. — Nessie choramingou.

— Querida... — Bella sussurrou e pegou a mão dela.

— E eu disse onde morava, mas ele foi por outro caminho e me levou lá, disse que queria ficar comigo porque eu era a mais bonita do primeiro ano e... Era só pra ficarmos, mas ele começou a... Passar a mão... — fungou e ergueu a cabeça pra encarar o pai com um beicinho. — Eu disse não, pai, eu juro que disse não, eu não queria...

— Eu acredito em você, Luz do Sol.

Edward foi para o lado da filha e a puxou para seu peito, depositando um beijo em seus cabelos enquanto a abraçava.

— Ele ficou me apertando e me machucou — Nessie continuou. — dizendo que eu ia gostar e devia parar de ser idiota, foi horrível, ele só me soltou quando eu disse que você era soldado e que tinha amigos soldados também, ai ele disse que eu era uma filhinha de papai ridícula e que ninguém jamais ia se interessar por mim desse jeito, me mandou descer do carro e foi embora.

Se não fosse por Nessie agarrada ao seu moletom e chorando em seus braços, Edward já teria se levantado e ido atrás do filho da puta. Mas tudo bem, ele podia esperar até o dia seguinte.

— Nós vamos até a polícia e prestar queixa sobre ele. — Bella disse firme.

— O que? — Nessie se ergueu rapidamente. — Não! Isso vai arruinar minha vida! Ele é popular na escola, vai contar alguma mentira e eles vão achar que eu sou uma vadia mentirosa, nunca vou conseguir voltar pra escola, por favor, mãe, não, por favor!

— Qual é o nome dele?

— Pai...

— Eu vou resolver isso de um jeito ou de outro, Nessie.

— Ele é... — suspirou. — Caius.

— Amanhã é domingo, você sabe onde ele fica habitualmente?

— Naquele mesmo lugar, mas por quê? O que você vai fazer?

— Amanhã vamos resolver isso e agora você vai dormir.

Nessie estava tão exausta que nem discutiu. Edward e Bella se levantaram pra que ela pudesse deitar sob as coberturas.

— Será que vocês... Poderiam ficar um pouco comigo? —Nessie pediu num sussurro.

— Claro, meu amor. —Bella respondeu sorrindo e deitou do seu lado. Edward deitou do outro.

Sua Luz do Sol só precisou lhe olhar pra Edward saber o que ela precisava naquele momento, enquanto Bella acariciava o cabelo dela, ele começou a cantar sua música.

Vários minutos depois Nessie estava dormindo sob os olhares atentos dos pais. Os dois não falaram nada, apenas velaram carinhosamente seu sono até adormecerem também, agradecendo pela filha dormir em uma cama grande. Nessie acordou gritando durante a madrugada com um pesadelo sobre o que tinha acontecido, mas os pais a tranquilizaram com sua música até que ela dormisse novamente.

No dia seguinte, Edward foi o primeiro a acordar. Beijou os cabelos da filha novamente e a mão de sua esposa, então saiu da cama. Pegando o celular, ele ligou para Jasper e pediu ajuda, depois ligou para o resto de seus irmãos de farda.

Estava na cozinha preparando panquecas quando Nessie apareceu ainda de pijamas e parecendo bem desanimada. Deixou a panela do fogo e se aproximou dela.

— Bom dia, Luz do Sol. — sorrindo a recebeu para um abraço e beijou seus cabelos. — Cadê sua mãe?

— Ally acordou a gente, então a mamãe foi dar banho nela.

— Você está bem?

Nessie assentiu apertando os lábios, mas era óbvio que não estava, mas Edward não insistiu.

Depois do café, ela subiu para o quarto pra tomar café, enquanto EJ e Nate disputavam as últimas panquecas, Bella tentava explicar que podiam fazer mais panquecas e Ally ria. Edward resolveu se certificar de que Nessie estava bem e a encontrou na cama, chorando abraçada aos joelhos.

— Nessie...

A menina se assustou com a presença do pai e ergueu a cabeça, secando o rosto rapidamente.

— Eu tô bem, eu já...

— Você puxou bem eu e sua mãe, não? — Edward sorriu de lado e sentou ao seu lado. — Sempre tentando parecer mais forte do que realmente é. Ser forte não é nunca ter momentos de fraquezas, mas sim ser forte pra superar esses momentos. Tudo bem não estar bem de vez em quando, sabe?

Ela respirou algumas vezes antes de voltar a chorar. Edward a abraçou e deixou chorar em seu peito, acariciando suas costas.

— Pai?

— Sim, querida?

— Você... Você que eu sou... Ridícula ou que alguém algum dia vai se interessar por mim?

— Nessie... — ele a fez levantar a cabeça e olhou em seus olhos. — Você é maravilhosa. E não estou dizendo isso apenas porque você é minha filha, mas porque é verdade. Infelizmente pra mim e minha sanidade, muitas pessoas ainda vão se interessar por você.

Nessie riu suavemente.

— Você vai conhecer muitos idiotas na sua vida, querida. Não idiotas que te machuquem fisicamente, esses você vai ter que aprender a manter distância ou denunciar independente de qualquer coisa, eu quero dizer aqueles que vão machucar seu coração. Você vai quebrar alguns corações e talvez vá ter o coração quebrado algumas vezes, mas é assim que a vida é, sabe? Faz parte das experiências. Quem quebrar seu coração, um dia vai acordar e perceber o erro que cometeu, então vai se arrepender disso todos os dias. E quem conquistar seu coração e valorizar isso vai ser o homem mais sortudo desse mundo por saber que é dono de algo tão precioso, então vai mantê-lo pra sempre.

— Obrigada, papai. — Nessie sorriu emocionada.

— Mas você precisa saber de algo desde agora, Nessie. Algum dia um homem vai te amar e você me amá-lo, mas ninguém nunca vai te amar mais do que eu, Luz do Sol.

— E eu nunca vou amar alguém mais do que você, papai. — garantiu antes de abraçá-lo novamente.

Nessie passou o resto da manhã desanimada ao ponto de até seus irmãos perceberam e passaram o dia tentando animá-la.

Era hora do almoço quando Edward subiu para o quarto, pegou uma mala camuflada que há muito tempo não mexia no fundo do closet e foi para o banheiro.

Nessie estava no sofá da sala assistindo EJ e Nate disputando uma partida de corrida no vídeo game com Ally pulando na torcida ao lado, mudando pra quem torcia de acordo com quem estava vencendo, fazendo Nessie gargalhar.

Quando a campainha tocou, Ally corou para atender e então gritou por sua mãe. Nessie se surpreendeu ao ver seus tios de consideração entrando na sala –

Jasper, Garrett, Magnus, Mallory, Ethan e Micah – todos fardados com a roupa militar, incluindo até as botas.

— Isso é tão legal! — Nate gritou jogando o controle do vídeo game no sofá.

— Quem era? — Bella perguntou vindo da cozinha e parou surpreendida ao vê-los. — Wow, o que... O que vocês estão fazendo? Por que estão vestidos assim?

— Estamos em missão. — Jasper disse sério, parecendo prestes a chutar algum traseiro.

— Edward falou com a gente sobre o que aconteceu ontem. — Mallory disse e olhou para Nessie. — Você está bem, querida?

— Tô sim, tia. — ela sorriu. — Obrigada.

— Vem aqui, menina.

Nessie se levantou e foi para perto deles, sendo recebida por Mallory em um grande abraço, depois abraçou a todos da mesma maneira até acabar em Jasper, que foi o que a abraçou mais longamente.

— Eu me lembro de quando você era pequena e tomei como missão sempre proteger você, Ness. E se eu não pude protegê-la, pode ter certeza que vou vingá-la.

— O que?

— Papai! — Nate gritou olhando pra escada.

Capitão Cullen descia as escadas.

Edward não tinha mais trauma algum sobre aquela roupa, agora podia usá-la recordando apenas os momentos bons e do orgulho que tinha de tudo que fizera enquanto a usava. Já a tinha usado algumas vezes – em uma homenagem ao soldado Nathan Malone, quando os pais deles conheceram o pequeno Nate e se emocionaram com a homenagem; numa homenagem a outros soldados mortos; em uma vez que foi na escola de EJ contar sobre a vida de soldado. E agora usaria para resolver o problema de sua filha.

Nate correu em sua direção e Edward o pegou no colo quando saiu das escadas.

— Você está incrível, papai, será que eu posso ter uma roupa dessas? Eu quero ser soldado igual você, papai, eu quero ser o Capitão Nate. — o pequeno disse animado, passando a mão sobre o ombro do pai, alisando sua farda com adoração.

Edward sorriu. Talvez a vida militar não fosse o destino que queria ao seu filho, porque sabia exatamente pelo que ele teria que passar, mas sempre iria respeitar e apoiar suas decisões, como seus pais tinham feito.

— Talvez um dia você consiga uma dessas, só precisa se esforçar pra isso. — beijou a têmpora dele.

— Meu Deus, onde vocês estão indo e o que estão planejando fazer, Edward? — Bella perguntou parecendo assustada.

— Ensinar a um moleque porque não se deve mexer com a filha de um militar. Você quer vim com a gente, Nessie?

— Eu... — ela ficou atordoada por alguns segundos antes de desenrolar um sorriso. — Sim!

— Ótimo. E você, Bella, arruma as crianças porque depois vamos pra casa dos meus pais, vão estar todos nos esperando lá.

Bella nem tentou fazê-lo mudar de ideia, sabia que não conseguiria isso, além do que, sabia que sua filha precisava disso pra ter seu orgulho de volta. Beijou o rosto da filha e o marido, pedindo pra que tomasse cuidado e não exagerasse muito, depois teve como missão segurar os outros filhos que queriam desesperadamente ir à missão com eles.

Edward foi com Nessie próprio carro, enquanto os outros nos próprios carros também – apenas Magnus e Mallory dividiam um, por serem casados. Edward guiou a frente o caminho até o lugar e logo estava lá.

Assim como Nessie dissera, estavam no lugar que a tinham largado na madrugada anterior e tinha apenas um carro estacionado ali, uma picape vermelha. Era um grupo de sete adolescentes que nem pareciam ter dormido ainda, apesar de ter outros dois desmaiados no chão. Estavam com roupas que usaram no sábado à noite, cercados por embalagens de fast food, latas de refrigerante e cervejas, alguns bebiam e outros fumavam cigarros de maconha.

Edward desceu do carro e viu os amigos descerem também.

Os adolescentes pareceram em pânico ao verem os militares de aproximarem com carrancas no rosto, parecendo prontos para chutar alguns traseiros. Alguns jogaram os cigarros no chão ou tentaram chutar as latinhas, mas não fugiram, apenas pareciam prontos para mijarem nas calças.

— Eu estou procurando pelo Caius. — Edward disse firme.

Nem levou um segundo pra que todos os amigos apontassem para o loiro. Edward franziu o cenho para o menino. Alto e magro, de calça preta cheia de rasgos, uma blusa de caveira e um coturno preto, os cabelos loiros estavam desgrenhados, usava algumas correntes, a orelha com uma quantidade ridícula de brincos e piercings, além de usar muito lápis de olho.

Teria que falar com Bella pra que falasse com Nessie sobre seu mau gosto, mas aquele não era o problema no momento.

— Venha aqui, garoto. — rosnou com sua melhor voz de Capitão Cullen.

— Si-sim senhor? — se aproximou com cautela.

Se não tivesse mexido com a sua garotinha, Edward até poderia ter pena, mas não teria. Quanto mais assustado estivesse, melhor.

— Você sabe quem eu sou? — perguntou ao se aproximar mais dele, ficando a poucos centímetros e olhando em seus olhos. Mesmo que tivessem quase a mesma altura, Edward era um pouco mais alto e também era mais largo, além de ter uma força de presença mais forte, então se aproveitou disso.

— N-não senhor.

Capitão Cullen. E esses são alguns soldados do meu pelotão. — apontou para trás com a cabeça e os outros se posicionaram ao redor do grupo em forma de U, intimidando-os. — Cullen. Esse nome significa alguma coisa pra você, Caius?

Caius empalideceu.

— Eu aposto que significa, porque você conheceu uma garota com esse sobrenome ontem. Renesmee Cullen, você se lembra dela? Quando eu faço uma pergunta, eu gosto de ter uma resposta. Então, você se lembra da Renesmee Cullen, Caius?

— Sim senhor. — disse engolindo seco.

— Claro que se lembra, porque você a trouxe até aqui, a machucou enquanto tentava estuprá-la e a abandonou aqui. Seu primeiro erro? Tratar uma mulher dessa maneira. Seu segundo erro? Tratar uma mulher que é minha filha assim. Você ousou colocar a mão e feriu minha filha, sabe o que eu quero fazer com você nesse momento, Caius?

— Eu... — a voz de Caius tremeu enquanto lágrimas cresciam em seus olhos. — Eu não fiz de propósito.

— Não mente pra mim, garoto, eu vi as marcas nela, marcas das suas fodidas mão na minha garotinha, sabe o que isso me dá vontade de fazer? Deixar marcas das minhas mãos em você.

— E essa vontade não é exclusiva dele, Caius. — Jasper rosnou, fazendo o garoto olhar pra trás assustada. — Renesmee é como uma filha para todos nós.

— Eu fui pra uma fodida guerra pra defender meu país, Caius. — Edward disse e Caius lhe olhou novamente. — Você acha que eu teria medo de qualquer outra coisa pra defender minha filha? Eu passei anos lutando e matando pra sobreviver num buraco de merda longe daqui, isso me fez aprender muita coisa. Coisas que eu poderia fazer com você só por ter deixado marcas dos seus dedos nos braços da minha filha.

— Você... Você não pode.

— Você acha que eu não posso? — Edward riu com escárnio e agarrou o colarinho da camisa dele, erguendo-o. — Tente novamente, garoto. Eu poderia chutar teu traseiro e te jogar num buraco de merda que ninguém nunca te acharia e nem me ligaria ao crime, afinal, quem desconfiaria de um condecorado soldado herói de guerra com outros soldados como testemunha?

— Por favor, por favor, não, não. — Caius choramingou de olhos fechados.

— A tua sorte é que eu não sujar minhas mãos com você. — Edward o soltou com força e o empurrou pra trás, o garoto só não caiu porque Ethan o segurou e o colocou de pé novamente. — Mas você vai pedir desculpas pra minha filha, você está me entendendo? Desculpas, não, perdão e de joelhos, assumir que foi um completo idiota e pedaço de bosta, mas que sente muito e que isso nunca mais vai acontecer, está me ouvindo?

— Si-sim senhor, sim.

Mallory se aproximou dele com nojo no rosto.

— Eu adoraria que você tentasse fazer comigo o que fez com ela, garoto, adoraria quebrar seu fodido braço e então lhe arrancar alguns dentes. — ela rosnou, fazendo-o dar um passo pra trás. — Mas eu não vou, mas só porque o Capitão me convenceu disso. Renesmee não vai querer prestar queixa contra você, o que me irrita profundamente por deixar um merdinha como você impune, mas não significa que isso não quer dizer que isso não terá consequências, já falei com um amigo da polícia de Seattle e você vai começar na segunda-feira com serviços comunitários no abrigo de mulheres da cidade.

— Por quanto tempo? — Caius perguntou com os olhos arregalados.

— Até você aprender. Você vai todos os dias depois da escola e ficará até as seis, nos finais de semana você vai ajudar das seis até às dez da noite então vai voltar pra casa. Não tente trapacear sobre isso, porque vou me certificar pessoalmente de que você está me obedecendo, acho que você precisa ver o que merdinhas como você fazem com mulheres quando não aprendem uma lição cedo. Você me entendeu?

— Sim senhora. — assentiu freneticamente.

— E minha última ordem é pra você e seus amigos, fiquem longe da minha filha. — Edward ordenou.

— Vocês não vão a lugares que ela esteja. Se ela chegar onde vocês estiverem, são vocês que vão embora. Se ela estiver na mesma calçada, são vocês que atravessam a rua. — Magnus rosnou olhando ao redor, se certificando de que todos entendessem seu recado.

— Vocês não vão chegar perto dela, não vão falar dela com ninguém, não vão nem pensar nela. — Edward disse olhando fundo nos olhos do loiro. — Se ela alguma dia me disser que você ou algum amigo seu disse alguma coisa que a chateou, eu vou tornar a vida de vocês tão miserável que vão se arrepender do dia que a conheceram e se acham que eu tô brincando, apenas me testem, eu vou realmente adorar isso. Vocês me entenderam?

— Sim. Sim senhor, sim. — Caius disse nervosamente e todos os amigos ao redor disseram a mesma coisa.

— Ótimo. — Edward assentiu. — Agora eu vou chamar minha filha.

Nessie foi embora com um enorme sorriso no rosto. Ver Caius de joelhos pedindo perdão foi uma das melhores coisas que já tinha visto na vida. E a fez se lembrar da vez que seu pai foi atrás de Alec também pra que parasse de lhe encher, quando ainda era criança.

— O que foi Nessie? Por que está chorando? — seu pai perguntou urgentemente.

— Que? — piscou, nem tinha percebido que estava chorando. Sorrindo, ela enxugou as lágrimas da bochecha. — Nada, eu só... Estava me lembrando da vez que você foi à escola resolver meu problema com o Alec, agora veio aqui resolver meu problema com o Caius, sabe que eu até tive vontade de dizer toooooooma?

Edward gargalhou com aquela lembrança.

— Eu tô sempre dando problemas pra você resolver, né? Eu sinto muito, pai.

— Esse não é o tipo de situação que eu gosto, mas eu sempre vou te ajudar a resolver qualquer coisa, filha.

— Eu sei. — sorriu. — Eu vejo tantas pessoas que não tem um bom relacionamento com o pai ou nem mesmo tem um pai, eu só... Eu fico muito feliz de ter você na minha vida e sempre do meu lado, é muito bom saber que eu sempre vou poder contar com você pra me defender, papai.

Você é minha Luz Sol, sempre vou defender você. Não importa o quê, sempre vou estar aqui com e por você, Luz do Sol.

— E é por isso que você é o melhor papai de todo o mundo. — Nessie sorriu com as lágrimas descendo por seu rosto. — É por isso que eu te amo mais do que tudo, mais que a lua ida e volta.

Edward sorriu com um suspiro enquanto as lágrimas brilhavam em seus olhos. Ser pai tinha que ser a melhor coisa do mundo, ainda mais ser pai da sua Luz do Sol.

. . .

3 de Julho de 2016.

— Para de enrolar e abre logo essa carta, Nessie. — Ally resmungou.

— Ou abre ou deixa a gente ir jantar. — Nate concordou.

Ela esperaria uma reclamação de EJ também, se ele não estivesse mais ocupado comendo uma maçã.

Sentada no sofá com o envelope na mão, Nessie olhou ao redor. Toda sua família ao redor lhe apoiando e saber o resultado daquela certa.

Edward estava sentado na poltrona com os braços ao redor da cintura de Bella, que estava sentada em seu colo. Ally sentada ao seu lado, Nate do outro e EJ em pé.

Como todos diziam, Ally era sua cópia quando tinha essa idade, oito anos, mas tinha uma personalidade mais geniosa – um pequeno balde de petulância com grandes cachos castanho chocolate, igual os da mãe. EJ, um lindo garoto de treze anos – lindo mesmo, ele parecia estar no primeiro ano do ensino médio e não no fundamental, todas suas amigas o queria, o que era nojento e ela não permitia. E então Nate, de onze anos, apenas de cueca – ele tinha uma grande tendência ao nudismo – e era uma versão menor de EJ, só um pouco menos terrível e mais influenciável.

Na sua mão estava uma carta de Harvard. Podia ser uma carta de aceitação para o curso de medicina ou de recusa. Já tinha sido aceita na universidade de Seattle e até em Yale, mas seu objetivo mesmo era Harvard, por isso estava com tanto medo de abrir e se decepcionar. Suas mãos até tremiam de nervosismo.

— Quer saber? Esquece. — ela disse ao se levantar — Quem eu estou querendo enganar? É Harvard, claro que eu não passei, pra que ficar me torturando? Eu posso muito bem ficar em Seattle, quem precisa de Harvard? Vamos jantar, eu não vou abrir.

— Luz do Sol? — Edward a chamou. — Como um curativo que tira logo de uma vez, abre logo de uma vez, para de se torturar.

— Mas... E se for um não?

— E daí? — Bella disse sorrindo. — Você ainda vai receber muitos nãos, querida, mas e daí? Você também vai receber muitos sim. Você é jovem, ainda tem muito pela frente, só abre.

— Tudo bem. — respirou fundo e abriu o envelope. Tirou a carta dobrada de dentro e a beijou antes de abrir. Enquanto lia, seus olhos se arregalaram e marejaram. — Oh não...

— Nessie? O que?

— Eu não... — ergueu o rosto para os pais, arfante e então sorriu. — Eu não vou ficar em Seattle porque eu passei! Ei meu deus, eu fui aceita! Harvard! Ah!

Gritando, Nessie se jogou no sofá em cima dos irmãos mais novos, abraçando e beijando os dois, que riam e tentavam se soltar. Levantou-se num pulo e abraçou EJ pela cintura, tentando levantá-lo do chão. Depois correu pros seus pais e se jogou neles, mesmo ainda na poltrona, apenas beijou o rosto de sua mão e se levantou. Bella e Edward se levantaram também para abraçar e parabenizar a filha.

Estava tão animada que não conseguia parar de rir. Ligou logo para seus padrinhos pra dar a notícia, então seus avós e o resto dos tios, depois para seus amigos e seu namorado.

Estava namorando desde o início do ano – com a permissão de seu pai, claro – e era... Legal. Matt não era o cara mais popular da escola ou capitão do time de futebol, ele era apenas normal como ela. Eram amigos desde o terceiro ano, então no quarto começaram a namorar, agora teria que dar a notícia pra ele. Em seu quarto, ela ligou.

Edward ficou na sala e aproveitou para pedir duas pizzas para comemorarem, mas estava disfarçando o próprio desconforto. Sempre se lembrava de seguir o exemplo de seus pais, respeitar e apoiar as decisões de seus filhos, mas era difícil quando isso envolvia sua Luz do Sol se mudar para Cambridge, Massachusetts, por, no mínimo, seis anos.

Meia hora depois, quando as pizzas chegaram, Edward subiu para chamar Nessie. Ela estava sentada na cama com as pernas cruzadas e encarando o celular em sua mão.

— Ei, você está bem?

Nessie assentiu erguendo o rosto, mordendo o lábio inferior.

— Estava ligando pro Matt.

— Oh. O Matt. — Edward franziu o nariz. Podia aceitar o namorado, mas isso não queria dizer que estava feliz com sua filha ter um namorado. — Como ele reagiu à notícia? Vão sair pra comemorar?

— Na verdade, a gente terminou. — ela riu sem humor.

— O que? — Edward se aproximou preocupado e sentou na borda da cama. — Você está bem?

— Estranhamente, sim. Eu quero dizer... Ele não ficou feliz, pai. Eu disse ‘hey, fui aceita em Harvard’ e ele disse ‘que bom, mas você recusou e vai ficar aqui né?’, ele nem se importou em me parabenizar.

— Sinto muito, querida. Você vai ficar bem?

— Claro que vou, papai. — Nessie sorriu. — Acho que isso foi a melhor coisa que podia acontecer pra gente, sabe? Quero dizer, eu tenho o melhor exemplo de relacionamento em casa, você e mamãe, ela te apoiou e esperou enquanto estava servindo ao exército, mas ele não pode nem ficar feliz por mim quando estou realizando meu sonho de ser aceita pra medicina em Harvard? Isso não é o que eu quero pra minha vida.

— Eu tô muito orgulhoso de você, sabe? — Edward riu. — Acho que você está absolutamente certa.

— E isso não tem nada a ver com o seu desejo de me querer solteira pro resto da minha vida, sendo sua garotinha pra sempre?

— Talvez, mas isso não vem ao caso. Eu só tô orgulhoso por você estar se colocando em primeiro lugar, isso me mostra que eu e sua mãe te criamos bem.

— Claro que criaram.

— E um dia você vai encontrar alguém.

— Isso eu duvido, acho que sou muito complicada pra essa coisa de relacionamento. — Nessie bufou. — Vai ver o amor era algo que só existia há séculos atrás, tipo na sua época, mas acabou.

— Primeiro, eu não sou assim tão velho, por favor. E segundo, não seja tão amarga, você é muito nova e ainda terá muitas experiências em sua vida.

Depois de sua frase, Edwad piscou e sorriu nostálgico. A frase tinha simplesmente saído de sua boca e então se lembrou de onde a reconhecia. Sua mãe, Esme, uma vez tinha lhe dito a mesma coisa.

— O que? Por que você tá sorrindo assim estranho?

Edward riu.

— Só lembrando que uma vez sua avó me disse isso, somos duas ervilhas na mesma vagem, aparentemente. — Edward riu. — E sabe o que mais ela me disse? Muitas vezes o amor acaba sendo uma porcaria, mas você não pode vencê-lo, ainda mais sendo um Cullen.

— E o que isso significa? — Nessie franziu o cenho.

— O amor acontece, Renesmee. É complicado, mas também é simples, acontece. Você não pode vencer ou controlar, apenas acontece. E você é um Cullen, é o seu legado, sua benção e maldição. Seu avô Carlisle também não acreditava em amor, então quando ele ficou com a sua avó, sabe o que seu bisavô disse?

— O que?

— Ele riu na cara do meu pai e disse "eu te avisei, filho, exatamente como eu, seu avô, seu bisavô, todos os Cullen, nós começamos arrogantes e cínicos, mas então encontramos uma mulher forte que nos atinge como uma grande tijolada na cara e caímos duro no amor, eu te disse que você iria encontrar o amor e ele te morderia na bunda, filho". — Edward riu. — Você é mulher, mas tem o sangue Cullen. Você vai bater na cara de alguém como um tijolo, mas vai sentir a pancada da mesma maneira. E isso eu posso te afirmar, Nessie, quando você encontrar a pessoa certa, isso vai te bater duro como uma tijolada na cara que vai fazer você cair duro no amor. E adivinhe? Assim como eu e seu mãe, vai ser sério e será para sempre. E mudará toda a sua vida.

— Uau, isso parece ser tão... Sério... E uma bobagem enorme, pai. — Nessie gargalhou.

— Mas é verdade, é tipo uma profecia da nossa família e se realiza, acredite. — Edward riu e se levantou. — Eu vim aqui te chamar pra uma pizza, mas acabei de dando um conselho sobre amor, não sou um pai assim tão ruim, hein?

— Mas e se nunca acontecer comigo?

— Eu aposto que vai.

— Mas e se?

— Mas vai, podemos apostar, se você quiser.

— Tudo bem. Se acontecer, você terá que me dar 50 dólares. — Nessie disse firme e confiante.

Edward sorriu ao se reconhecer nela, era exatamente o tinha dito.

— Tudo bem, se prepare para arranjar e perder 50 dólares pro papai, Luz do Sol. — Edward disse rindo e se inclinou para beijar sua testa.


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Notas finais do capítulo

Aquele epílogo que parece nunca ter fim porque a autora não consegue desapegar da personagem e parar de escrever. Seria mais fácil fazer uma short fic só da Luz do Sol, do jeito que tá. Candy, para.