Caminho lento pelo lago, direto ao centro da mais escura água, onde podemos abraçar as sombras na superfície, os olhos que olham sem vida, dos nossos gêmeos lá embaixo. E apesar de seus braços e pernas estarem submersos, o amor será o eco em seus ouvidos, quando tudo isso estiver perdido em pilhagens, meu amor ainda estará lá.

— Imperial Mammoth- Requiem On Water.

(http://www.youtube.com/watch?v=LjD9a3OZPL0)

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7 de Agosto de 2004.

Quando Bella se ergueu, ainda segurando sua mão, Edward pediu por mais gelo e ela deu em sua boca. Quando engoliu, olhou para Jasper.

— Jasper... Conta o que aconteceu.

— Edward, talvez... — Bella começou.

— Não, eu quero saber.

— Não queremos que você se exalte, Edward. — Alice disse.

— Tudo bem, eu não vou. Jasper?

— Você quer saber sobre a noite em que você foi ferido?

— Eu quero saber tudo, do que aconteceu naquela noite até como eu vim parar aqui. É meu direito, certo?

— Ok. — Jasper concordou. — Estávamos voltando para o nosso acampamento à noite quando vimos fumaça...

Edward escutou atentamente o relato de Jasper.

Tudo que ele contava parecia surreal demais, mas não era difícil de acreditar – se seu grupo estivesse prestes a morrer e tivesse a oportunidade de salvá-los, mesmo que fosse com a própria vida, ele o faria. Primeiro, seu coração doeu ao saber da morte de Nathan. Segundo, era difícil de acreditar a maneira que tudo aconteceu depois, Alice salvando sua vida em segredo e Jasper o encontrando depois de procurá-lo por semanas. Ele tentava lembrar, mas não conseguia, era como se nada daquilo existisse, nenhum flash de memória ou borrão.

— Edward... — Bella começou, vendo a maneira atordoada e os olhos arregalados de seu marido, assim como os batimentos cardíacos acelerados na máquina.

— Tudo bem, é suficiente. — Alice disse firme. — Edward, você precisa se acalmar ou vou mandar os dois saírem da sala, depois vou apagar você.

— Não! — Edward disse rapidamente.

— Então você precisa se acalmar, está bem? Respira fundo. Tudo isso aconteceu e passou. Esqueça o passado, tudo que você precisa se preocupar agora é a sua recuperação.

Edward assentiu, respirando fundo.

— Mais gelo... Por favor.

— Derreteu, Alice será que...

— Claro, eu vou pegar mais. — pegou o copo dela e foi buscar mais.

— Está tudo bem, amor. — Bella sussurrou, acariciando seu rosto. — Vai ficar tudo bem. Por favor, se acalma.

Edward fechou os olhos e se concentrou apenas em sua respiração, se acalmando. E aos poucos seus batimentos foram se normalizando.

Alice voltou com o copo de gelo picado e devolveu a Bella, que deu mais colheradas em sua boca.

— Então... — ele abriu um sorrisinho. — Quando eu posso ver meus filhos?

— EJ está lá fora com o meu pai e Nessie está na escola, mas talvez devêssemos deixar isso pra mais tarde, amor, esse tipo de emoção pode te causar mal.

— Não! Essa é uma emoção boa, são os meus filhos, por favor. Por favor, Alice, eu preciso ver meu filho. Não, eu preciso conhecer meu filho. Por favor.

Alice suspirou e assentiu.

— Tudo bem.

— Então eu já volto, vou buscá-lo. — Bella disse sorrindo, beijou sua mão e saiu do quarto.

— Alice, será que você pode pegar mais um travesseiro pra mim? Eu quero ver melhor meu filho. E eu... Eu não consigo me mexer direito. Eu sinto meu corpo, mas é como se estivesse dormente.

— É normal, Edward. — Alice garantiu indo pegar um novo travesseiro no armário do quarto. — Você ficou muito tempo sem se movimentar e teve uma grave lesão no cérebro, mas tenho certeza de que você vai se recuperar perfeitamente bem. Aqui, vem.

— Essa coisa na minha cabeça? Quando vou tirar?

— É apenas uma bandagem de pressão e você terá que ficar com ela mais alguns dias. Pode me ajudar aqui, Jasper?

— Claro.

Ela entregou o travesseiro a Jasper e ergueu a cabeça de Edward com as duas mãos, quando o travesseiro foi posicionado, o soltou suavemente.

E duas batidas na porta chamou sua atenção. Prendeu sua respiração e só soltou ao ver Bella entrar no quarto com seu filho nos braços.

— Oi papai... — Bella disse com um sorriso emocionado. Ela segurava a mamadeira com leite na boca de EJ. O menino tentava segurar com uma mão, mas não se esforçava muito, estava mais interessado em mexer no cabelo da mãe com a outra mão e olhar ao redor. — Ele acabou de acordar e está com fome, certo, bebê?

"Nasceu".

"Oh meu deus! Nasceu! Meu bebê nasceu! E é um menino! Eu sou pai de novo! E de um garotão, porra!"

Aquele era seu filho.

Sete meses e era a primeira vez que o estava vendo pessoalmente. A emoção cresceu em seu peito e as lágrimas em seus olhos. Seu garotão.

— Deus... — suspirou. — Ele está tão gande... Tão... Lindo.

EJ girou a cabeça, tirando a mamadeira de boca e soltou um gritinho, agitando os braços.

Edward riu emocionado. O pequeno era igual sua Luz do Sol tinha sido um dia. Podia conseguir suas coisas de duas maneiras – com sorrisos doces ou com gritinhos estridentes.

Bella entregou a mamadeira a Jasper e se aproximou da cama, deslizando EJ para seu quadril, assim Edward teria uma visão melhor dele.

— Ele parece muito com você, não acha? — Bella comentou sorrindo. — Esme me mostrou umas fotos suas na infância e ele é uma cópia sua.

— Ele... É... — ele concordou sem tirar os olhos do filho, cheio de admiração e amor. — A Nessie parecia mais com você, quando era bebê. Deus, eu queria tanto segurá-lo, mas meus braços... — suspirou. — Não sinto que tenho força suficiente.

— Por quê? — Bella olhou para Alice, preocupada.

— É completamente normal, Bella. Ele teve uma grave lesão no ombro e uma no cérebro, além de ter ficado muito tempo sem usar nenhum músculo, ele ainda precisa de algum tempo para se recuperar completamente.

— Oh, ok. — Bella suspirou aliviada e sorriu para Edward. — Mas eu posso me abaixar com ele, que tal?

— Aqui Bella. — Jasper pegou uma cadeira no canto do quarto e levou pra ela.

— Obrigada. — sorriu e sentou bem ao lado da cama com EJ em pé em suas coxas, bem perto do rosto do pai.

— Oi Edward Junior... Oi bebê... — o menino parecia curioso e animado, se esticando na direção de Edward, que ria. — Me desculpa pela demora e por estar me conhecendo só agora, EJ, mas eu sou seu pai. — anunciou orgulho e o menino balbuciou. Edward sorriu. — Sim, seu papai.

As lágrimas ardiam em seus olhos, mas o sorriso não saiu de seu rosto.

Ele estava tão crescido e tinha perdido tanta coisa e momentos importantes, momentos que pode acompanhar com Nessie. Como o nascimento, a primeira amamentação, a primeira troca de fralda, primeira noite em casa, primeiros movimentos. E tudo que queria agora era compensar isso – conhecer e amar seu garotão.

— Papai ficou longe por muito tempo, mas agora não está indo a lugar nenhum, ok? Eu prometi pra sua irmã um dia e agora prometo a você, filho, prometo ser o melhor pai do mundo, proteger e cuidar de você... E te amar pra sempre, assim eu amo a sua mamãe e sua irmã mais velha. E quando ficar maior, você vai perceber que eu levo minhas promessas muito a sério.

Bella fungou em lágrimas. Exatamente como sonhara que um dia Edward faria com o filho, lá estava à promessa. E ela tinha certeza de que ele cumpriria. Beijou a cabeça do filho, que tentava andar em suas pernas e não parava um segundo, mas sem tirar os olhos do pai.

EJ se esticou e Bella o aproximou, mas o trouxe pra trás novamente ao perceber que ele estava pronto para puxar a cânula nasal de Edward.

— Tão curioso e agitando quanto a Nessie, não? — Edward brincou.

— Ele está piorando com a idade. — Bella riu. — Ele foi um bebê fácil, chorava pouco e não dava quase nenhum trabalho, mas como Charlie sempre diz, bebês fáceis são crianças difíceis.

— Ele já anda ou fala?

— Está quase lá, como Nessie estava na idade dele. Ele é realmente muito parecido com a Nessie, só é um pouco mais fácil. Com tantos tios e tias, ele vai com as pessoas muito mais fácil do que ela, que estranhava as pessoas.

— Tantos tios e tias, como assim?

— Você nos fez prometer que estaríamos aqui, Edward. — Jasper disse. — E estamos.

— Eles são da família. — Bella anunciou sorrindo.

— Bom. — Edward sorriu. — Era exatamente o que eu precisava, além de um filho homem, mais poder de fogo pra proteger minha filha.

Bella riu.

— Aliás, quando ela chega da escola? Eu estou com tanta saudade dela.

— Charlie saiu daqui para buscá-la mais cedo. — sorriu. — E ela sente a sua. Quando dissemos a ela que você estava morto, ela...

— Deus. — Edward a interrompeu.

Sem tirar os olhos do filho, se lembrou daquele fato. Eles acreditavam que ele estava morto, não só desaparecido, mas morto. Nem podia imaginar a dor que eles tinha sentido; seus pais, sua irmã, sua esposa. Por sorte EJ era pequeno demais para entender, mas sua filha, sua Luz do Sol, tão pequena e tendo que passar por esse tipo de coisa. E agora ter o pai de volta, devia estar tão confusa.

— Está tudo bem, Edward, se acalma. — Bella pediu, colocando EJ mais ao lado pra olhar no rosto dele. — A Nessie sofreu muito quando recebeu a notícia, eu... Eu não quero passar por esse tipo de coisa nunca mais, ela ficou tão quebrada por perder o pai, você sabe o quanto ela era apaixonada por você, mas ela ficou muito feliz em te ter de volta. Ela não se importa com os detalhes, só quer ter você de volta.

— Me perdoa Bella, eu... Eu sinto muito que você tenha tido que passar por isso tudo sozinha, me perdoa.

— Não tem nada pra perdoar, meu amor. — Bella sorriu. — Eu só estou feliz em te ter de volta, eu amo você.

— Eu amo você também.

EJ se agitou, parecendo irritado por ser deixado de lado.

— Tudo bem, príncipe. — Bella disse e o colocou pra frente novamente. — Acho que agora ele quer toda atenção do papai.

— E eu fico muito feliz em dar a ele, certo, filho? — sorriu. — Deus é tão bom falar essa palavra. Filho. Meu filho. — riu ao perceber o quanto estava sendo bobo, mas não podia se importar menos. — Nosso filho. Posso dar um beijo nele?

Bella sorriu e se levantou para aproximar EJ dele. O pequeno bateu no rosto do pai com animação, fazendo-o rir e depois beijar suas mãozinhas, depois sua bochecha gordinha e sua testa.

— Meu filho... Eu amo você, filho.

Bella sorriu e voltou a sentar quando Edward pediu pra que continuasse a contar detalhes sobre EJ. Os pequenos momentos e conquistas dele. Estava sorrindo, rindo e chorando de tanta emoção, era muito bom finalmente conhecer seu filho.

-

Depois de meia hora conversando com Bella sobre EJ, Edward foi levado por Alice para fazer a tomografia. E enquanto esperava Edward voltar, Bella recebeu a ligação de Charlie avisando que já estavam no hospital. Ela saiu do quarto com Jasper, indo esperá-los na sala comum do andar.

Eles chegaram de mãos dadas em menos de um minuto; Charlie carregando a mochila de rodinha da neta, enquanto Nessie vinha com a lancheira nas costas e um sorriso enorme no rosto – os cabelos presos em duas marias-chiquinhas e ainda usando o uniforme, blusa branca e um short-saia vinho.

Bella entregou EJ a Jasper e se aproximou da filha, que veio correndo lhe abraçar.

— Oi meu amor. — beijou os cabelos dela. — Você está bem?

— Tô. — Nessie ergueu o rosto para a mãe. — Vovô disse que eu estava vindo ver o papai, é verdade?

— Sim, é verdade. — Bella sorriu. — Só precisamos esperar um minuto, porque a Alice o levou para fazer um exame.

— Hum... — ela hesitou. — Será que ele se lembra de mim, mamãe?

— Sim, ele se lembra. Na verdade, foi ele que perguntou de você, amor.

— Perguntou? — Nessie parecia surpresa.

Bella riu e beijou a testa dela.

— Perguntou. Ele disse assim 'eu quero ver minha Luz do Sol'.

— Jura?! — a pequena abriu um enorme sorriso com os olhos brilhando. — Ele lembra que eu sou a Luz do Sol dele, mamãe!

Bella se virou ao ouvir alguém chamar seu nome.

— Edward está no quarto e pronto para recebê-las. — Alice anunciou sorrindo.

— Tudo bem. Pronta, querida? Me dê sua lancheira e vamos.

Mordendo o lábio inferior, Nessie assentiu.

Bella sorriu, ela estava começando a pegar sua mania de morder o lábio quando estava nervosa. Entregou a lancheira a Charlie e pegou a mão dela, beijou seus cabelos novamente pra tentar tranquilizá-la antes de irem para o quarto. Charlie foi à frente e Jasper logo atrás com EJ.

Edward esperava ansioso na cama, não via a hora a rever sua filha, sua pequena Luz do Sol. Tinha perdido tanta coisa sobre ela também, além de tê-la feito sofrer, mesmo que sem intenção. Só podia prometer que iria tentar compensar isso por toda vida, fazendo todos os esforços para fazê-la feliz.

E finalmente a porta do quarto foi aberta. Alice foi a primeira a entrar no quarto e depois Charlie.

— Oi sogrão. — Edward disse divertido.

— Edward. — Charlie disse emocionando. — É muito bom te ter de volta, filho.

— É muito bom estar de volta, chefe.

E então Bella entrou no quarto de mãos dadas com uma criança.

"Acho que ela reconhece sua voz, Edward".

"Claro que ela reconhece. Ela sabe quem eu sou, não sabe, bebê? Quem eu sou? Eu sou papai".

Edward suspirou. Aquela era sua Luz do Sol? Estava tão grande e tão linda.

Bella se aproximou da cama, mas a pequena parecia tímida. Com a mão na boca, ela se escondeu atrás da mãe, tentando olhar sem que ele pudesse vê-la.

— Está tudo bem, querida, é seu pai. Olha, é o papai e ele quer vê-la. — Bella disse suavemente, mas Nessie nem se mexeu. — O que foi Nessie? Você quis isso todos os dias e estava tão animada sobre esse momento, por que agora está nessa timidez toda? Você não é tímida. Vamos.

— Tudo bem, Bells. — Edward garantiu. — É muita novidade de uma vez só, podemos fazer isso lentamente.

Ao ouvir a voz do pai tão diferente, Nessie esticou mais o pescoço para vê-lo e franziu o cenho.

— Minha voz está um pouco diferente, né? — ele sorriu. — Mas vai voltar ao normal, querida.

Bella se aproximou pela lateral da cama, levando Nessie com ela.

— Oi Luz do Sol. — Edward a cumprimentou emocionado, com as lágrimas voltando a arder em seus olhos.

Ouvindo o apelido, Nessie saiu de trás da mãe e ficou ao seu lado.

— Oi. — disse timidamente. — Você se lembra de mim?

— Sim, Luz do Sol, eu me lembro. — Edward sorriu. — Eu me lembro de tudo sobre você.

— Hum. E será que você se lembra da nossa musiquinha?

— You are my sunshine.

Nessie quase sorriu, se aproximando um passo.

— Se lembra dos adivinha o quanto eu te amo?

— Claro, porque eu te amo até a lua ida e volta, Luz do Sol.

Nessie finalmente sorriu. Era como se antes o estivesse testando e ele tivesse recebido nota máxima. Ela se aproximou mais e ficou junto à cama, com as mãos sobre o colchão.

— Então você também lembra que eu amo mais, né? Porque eu amo até a lua ida e volta vezes o infinito e além, papai.

Edward sorriu com as lágrimas descendo por seu rosto. E lá estava sua garotinha. A pequena que tinha tomado seu coração com uma respiração e o enrolado completamente em seu dedinho babado. Sua doce bebezinha.

— Bem, disso eu não tenho tanta certeza, querida, porque eu amo você essa quantidade vezes cinco, então...

— É que eu quis dizer vezes dez. — Nessie disse rapidamente.

— Você quis? — Edward franziu o cenho com um sorriso, ela continuava a mesma.

— Claro! Eu amo você até a lua ida e volta vezes o infinito e além vezes dez. E agora ninguém pode mudar mais. E eu ganhei. — ela sorriu vitoriosa.

Edward assentiu com o peito inchando de tanto amor. Não importava quanto tempo tinha se passado ou quanto ela tinha sido machucada, ela simplesmente tinha deixado tudo isso de lado pela felicidade de tê-lo de volta e pelo amor que sentia. Ela genuinamente o amava. Duvidava que ela o amasse mais, porque não conseguia ver ninguém amando alguém mais do que ele a amava, era mais do que a própria vida, mas podia deixar que ela ganhasse.

— Eu tava com saudades de você mais do que a lua ida e volta, papai. — Nessie sussurrou com um beicinho.

— E eu estava com saudades de você, Luz do Sol, muita.

— A mamãe disse que tinham machucado você e que você tava morto e não ia mais voltar pra casa nunca mais porque tava em lugar seguro e ninguém ia te machucar, papai, mas ai eu disse que ia cuidar de você e que ninguém ia te machucar, mas ai você não voltou. — Nessie disse com a voz chorosa e os olhos enchendo de lágrimas. — Ai eu fiquei muito triste, mas a mamãe cuidou de mim e me abraçou sempre e cantou nossa musiquinha. Ai depois de um tempão ela disse que tinham encontrado você e ai eu vim te visitar, mas você tava dormindo e ficou dormindo por outro tempão, mas eu vim te visitar sempre. E agora você acordou. Eu tava com muita saudade, papai.

— Minha Luz do Sol, eu sinto tanto... — fungou e piscou para afastar as lágrimas. — Me perdoa Luz do Sol. Papai nunca quis te deixar triste desse jeito, eu juro. Se eu tivesse tido escolha, eu iria voltar pra você em um piscar de olhos, porque eu te amo. Será que você pode acreditar em mim e me perdoar por tudo isso?

— A mamãe disse que você não teve escolha, eu sei. Mas você não vai embora mais, nem viajar pra longão, né, papai?

— Nunca mais, Luz do Sol, eu te prometo. Eu não estou indo a lugar nenhum e se eu for, vou levar vocês comigo.

— Mas eu não quero ser soldado. — Nessie franziu o cenho.

— E você não vai precisar ser. — riu suavemente. — E o papai também não, eu estou me aposentando oficialmente do exército e vou ficar só com vocês, querida.

— Promete?

— Eu te prometo, Luz do Sol. — Edward disse sorrindo.

Nessie sorriu satisfeita e passou a mão nas bochechas, enxugando as lágrimas.

— Eu queria tanto poder te abraçar, amor, mas ainda tô com problemas pra me movimentar, será que você pode abraçar o papai?

— Eu não quero te machucar, papai.

— Você não vai me machucar, querida, pode vim.

Nessie hesitou, mas se inclinou sobre a cama, colocando o bracinho sobre o corpo do pai e a cabeça em seu peito, tudo com tanto cuidado que fez Edward sorrir. Ela virou a cabeça para olhá-lo sem se erguer e sorriu.

— Eu vou te dar beijinho e seus dodóis vão ficar melhor, papai, ai você vai poder ir pra casa com a gente, tá? E depois vamos tomar sorvete. — sorrindo, ela foi mais para o lado e ficou na ponta dos pés, dando um beijo com biquinho na bochecha do pai.

— Obrigado, minha Luz do Sol. — Edward sorriu. — Minha vez, vem cá.

Nessie aproximou o rosto do pai e ele beijou sua cabeça.

— Ah, papai, olha o que eu tô usando! — Nessie se ergueu e segurou a plaqueta de identificação militar na corretinha de seu pescoço.

Edward piscou.

— Minha dog-tag. Como... Como você acabou com ela, querida?

— Tio Jasper me deu. — ela sorriu.

— Você pediu que eu entregasse a ela, Edward. Os uniformes a seus pais, suas medalhas ao EJ, a corrente a Nessie e as cartas a Bella.

Edward franziu o cenho, não se lembrava de ter feito isso. Mas cartas a Bella? Ele lembrava que tinha deixado uma carta pronta e fechada para ela, para ler se ele não voltasse para casa.

Bella observava tudo chorando, com EJ nos braços. Edward sentiu o coração apertar. Quanta dor ela devia ter sentido e aguentado por causa dele.

— Bella... Bella eu sinto muito, eu sinto tanto.

Ela fungou e sorriu, agitando a cabeça.

— Eu não... Eu não quero pensar ou falar do passado agora, Edward. Agora você está aqui, vivo e bem, eu só quero pensar no presente e futuro. Eu, você e nossos filhos.

— Ótimo plano, querida. — Edward concordou sorrindo. — E sabe o quê? Eu estou aqui pra o nascimento do terceiro, do quarto e do quinto filho.

Bella gargalhou emocionada, ele ainda se lembrava da conversa que tinham tido por telefone durante o nascimento de EJ.

— Sim, você está aqui. O que é bom, porque eu não queria que os próximos tivessem um pai diferente.

— Do que vocês estão falando? Eu vou ter um novo irmãzinho? — Nessie perguntou com o cenho franzido. — Um menino de novo, por favor.

O casal riu em harmonia.

— Acho que ela ainda se preocupa em ser a unica garotinha do papai. — Bella brincou.

— Eu não sou a garotinha do papai. — Nessie argumentou com um bico convencido. — Eu sou a Luz do Sol do papai.

— Exatamente. — Edward concordou sorrindo. — Mesmo se eu tiver outras garotinhas, ela será a Luz do Sol papai.

— Isso, mas sem outras garotinhas, tá?

— Isso eu já não posso garantir, querida. — Edward riu.

Nessie bufou decepcionada.

— Mas eu posso prometer que você será primeira e a unica Luz do Sol do papai.

E sua promessa foi suficiente para fazê-la sorrir como se fosse noite de natal.

— Papai, será que eu posso ficar com a correntinha? — ela voltou a segurara plaqueta. — Tio Jasper disse que eu devia perguntar a você, é que eu gosto dela. Ela tem seu nome, sabia? Ai você tá sempre comigo.

— Claro, querida, ela é sua. — Edward sorriu carinhosamente. — E ai eu vou estar sempre com você, como você está sempre comigo.

— Eu vou estar com você mesmo, porque eu tenho algo pra você, aqui. Calma.... — Nessie se abaixou rapidamente.

— O que? — ele riu confuso. — O que ela está fazendo? No que você está mexendo, Ness?

— Na caixa que eu guardei aqui. Ela tá cheio de cartas, papai, minhas e da mamãe. A gente escreveu quase que todo dia, ai você pode ler e saber o que aconteceu enquanto estava dormindo. Ai eu também guardei aqui isso. — ela se levantou, segurando um pequeno objeto prateado na mão.

— O que é isso?

— É a correntinha de soldado que eu comprei com o tio Jasper. Assim eu fico com a sua e você fica com a minha, que é essa. Isso não é legal? Lê o que está escrito.

Ela aproximou a plaqueta para que pudesse ler o que estava escrito. De um lado, na vertical: Bella, Nessie, EJ. Então ela virou, mostrando o outro lado, escrito do mesmo jeito: Mais do que minha própria vida.

Edward suspirou, chegando novamente as lágrimas, e sorriu para sua filha.

— Obrigado, bebê, é um lindo presente. Alice, eu posso colocar?

— Hum... — Alice piscou, passando a mão no rosto para enxugar as lágrimas, que desciam descontroladamente por seu rosto observando a cena. — Ainda não, Edward, eu sinto muito, você ainda não pode usar nenhum tipo de joia.

Nessie soltou um muxoxo e fez um beicinho.

— Ei, nada de ficar triste, porque assim que eu tiver autorização, não vou tirar essa corrente pra nada. — Edward disse, fazendo-a sorrir novamente. — Isso, eu gosto de te ver sorrindo. Mas ela pode deixar essa correntinha pendurada nessa máquina, né, Alice?

— Isso ela pode. — Alice sorrindo. — Eu te ajudo, querida.

— Deixe pendurado de um jeito que eu possa vê-la todos os dias, por favor.

Alice pegou a correntinha e pendurou em um parafuso lateral da máquina, o monitor cardíaco.

— Assim ficou legal. — Nessie disse sorrindo. — Obrigada, tia Alice.

— Por nada. — afagou a bochecha da menina e se afastou, voltando aos espectadores daquela linda cena.

— Ficou mesmo. Obrigado, Alice. Agora a primeira coisa que vou fazer todos os dias é olhar para o lado e ver essa correntinha, então me lembrar de vocês e do quanto esse presente significa pra mim, porque é a mais pura verdade.

— É? — a menina franziu o cenho, confusa.

— Sim, é mais pura verdade, Luz do Sol. — Edward sorriu. — Porque eu amo você, seu irmão e sua mãe mais do que minha própria vida.

-

Meia hora depois de muita conversa de Edward com sua Luz do Sol, Alice disse:

— Eu odeio ser a estraga prazeres, mas agora você precisa tomar sua medicação e descansar, Edward. Você já teve emoções demais por hoje e está apenas se recuperando. Sei que você está muito bem pra quem acabou de acordar, mas vamos com calma nesses primeiros dias.

Com um beicinho, Nessie se inclinou e colocou o bracinho sobre o corpo do pai novamente, em um abraço improvisado e cuidadoso.

Edward sorriu, aproveitando o carinho da filha.

— Vamos Nessie, o papai precisa descansar agora. — Bella disse suavemente, mesmo se nem ela quisesse realmente ir embora.

— Mas ele já descansou um montão, não precisa mais descansar. — Nessie choramingou. — E se ele dormir e demorar outro tempão pra acordar de novo?

— Eu já falei com você sobre isso, Ness.

— Eu não vou, Luz do Sol. — Edward a tranquilizou com um sorriso. — Eu vou dormir agora e acordar o mais rápido que a Alice deixar.

Nessie hesitou antes de se levantar e olhar para Alice.

— Não vai demorar a deixar o papai acordar, né?

— Não, querida, pode deixar. — Alice sorriu. — Quando você voltar, ele estará acordado e pronto pra você novamente.

— Promete?

— Prometo.

— Jasper, será que você pode segurá-lo? — Bella pediu e entregou EJ a ele, então foi para a sua filha. — Nós voltamos amanhã, está bem?

Depois de todos os beijos, abraços e despedidas, Alice empurrou o medicamento pela intravenosa puncionada no braço de Edward.

Com um sorriso e lentamente, ele foi apagando até adormecer por completo.

E a última coisa que viu foi o sorriso de Bella.