Eu poderia ficar acordado só para ouvir você respirar, ver você sorrir enquanto você está dormindo, enquanto você está longe e sonhando. Eu poderia passar minha vida nesta doce rendição, eu poderia ficar perdido neste momento para sempre. Cada momento gasto com você é um momento que eu valorizo. Deitado perto de você, sentindo seu coração batendo e eu estou pensando sobre o que você está sonhando, querendo saber se sou eu que você está vendo, então eu beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos e eu só quero ficar com você neste momento para sempre. Eu não quero perder um sorriso, eu não quero perder um beijo, eu só quero estar com você justo aqui com você, apenas isso. Eu só quero te abraçar, eu sinto o seu coração tão perto do meu e só ficar aqui neste momento para todo o resto do tempo. Não quero fechar meus olhos, eu não quero adormecer, porque eu perderia você, baby, e eu não quero perder nada. Porque mesmo quando eu sonho com você, o sonho mais doce que nunca tive, eu estaria te perdendo, baby, e eu não quero perder nada.

— Aerosmith- I don’t wanna miss a thing.

(http://www.youtube.com/watch?v=Ss0kFNUP4P4)

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6 de Agosto de 2004.

Rosalie estava sozinha com Edward e gostava disso. Existia um lado positivo de trabalhar no mesmo hospital em que seu irmão estava internado, mesmo não sendo o andar em que trabalhava ou sua especialidade, tinha acesso a ele a qualquer momento, enquanto os outros tinham que seguir com os horários de visita programados.

Ao lado da cama e segurando sua mão, ela beijou a cabeça dele, ainda enfaixada. Ele ainda parecia tão frágil, mas estava bem melhor e a maior prova disso era que agora respirava recebendo apenas uma pequena quantidade de oxigênio por uma cânula nasal, fazendo o resto por conta própria.

Naquele dia ela tinha um motivo especial para querer falar com o irmão, sorrindo, ela aproximou rosto.

— Oi irmãozão... — sussurrou e sorriu: — Eu tenho uma novidade pra você... Eu estou grávida.

Não era assim que ela esperava um dia contar essa novidade ao irmão. Sabia como ele era animado sobre gravidez e filhos, então sonhou que quando contasse, ele iria reagir animado, lhe abraçando e parabenizando como se fosse seu próprio filho. Mas agora ele só se mantinha dormindo serenamente.

— Ninguém sabe ainda, nem Emmett, eu queria que você fosse o primeiro saber. Eu nem fiz um exame de farmácia, fiz direto um teste aqui no hospital e deu positivo. Vou contar para o Emm hoje, mas você já sabe qual será a reação dele, né? Muito animado, claro, ele sempre quis ser pai. E ele é tão bom com a Nessie e o EJ que eu não tenho dúvidas que ele será um ótimo, pai. Agora eu preciso que você acorde, porque eu quero você comigo na hora do parto, Edward. Eu preciso de você comigo durante esses meses. E meu bebê vai precisar de um tio e um padrinho. — sussurrou entre lágrimas. — Lembra que a mamãe disse que não existia motivo para você me chamar pra ser madrinha da sua filha sendo que já seria a tia, mas você disse que não importava? Disse que madrinha é uma segunda mãe e que só podia confiar essa honra a mim? Bem, eu só posso confiar essa honra a você, então... — suspirou. E, para sua surpresa, sentiu algo em sua mão.

Olhou para a mão, ainda segurava a mão de Edward na sua. Estava com os olhos arregalados de surpresa. Ele tinha mexido os dedos ou tinha sido apenas impressão?

— Edward?

Soltou uma exclamação surpresa ao perceber que não era impressão, os dedos dele tinha se mexido e agora seus olhos se mexiam. Suas pálpebras tremiam como se tentasse abri-los. E ele os abriu, mesmo que apenas alguns milímetros, e os fechou rapidamente.

— Oh meu deus, Edward... — chorou. — Edward!

Nem teve uma reação médica de como ajudá-lo, apenas soltou sua mão e correu para o corredor.

— Alice! — gritou olhando para os dois lados. — Alice!

E Alice saiu sobressaltada de um dos quartos e assustada com seus gritos.

— O que aconteceu, Rosalie?

— É o Edward, ele tá acordando, Alice! Ele tá acordando! — Rosalie gritou freneticamente e voltou para o quarto.

Alice foi correndo e se aproximou da cama, mas Edward não parecia ter se mexido nenhum centímetro, estava desacordado e com o rosto lívido.

— Eu te juro Alice, ele abriu os olhos, eu te juro!

— Tudo bem, Rose. — a tranquilizou sorrindo. — Vou examina-lo e acredito em você.

Ela se aproxima de Edward pegando sua pequena lanterna clínica no bolso do jaleco. Seus sinais vitais nas máquinas em que ele estava ligado mostravam que ele estava estável e, tecnicamente, saudável, apesar do coração ligeiramente acelerado. Abriu os olhos dele e usou a lanterna nele, examinando seu reflexo e sua pupila reagiu à luz. Antes reagia também, mas agora foi ainda mais forte e diferença, era a reação de alguém acordado.

— Edward? — disse firme, guardando a lanterna no bolso. — Edward, eu preciso que você me dê algum sinal, está bem? Se você estiver me ouvindo e me escutando, aperta minha mão. — ela pegou a mão dele. — Tudo bem? Se estiver me ouvindo, aperta a minha mão.

Ela olhou para suas mãos juntos, esperando com expectativa.

Lentamente, os de Edward foram se fechando como se tentasse apertá-la.

. . .

Bella chegou ao hospital pouco menos de meia hora depois da ligação de seu pai. Nessie não tinha entendido porque tiveram que se apressar para ir embora, mas não reclamou, sob a promessa de Jasper que iriam tomar sorvete depois. Bella colocou a pequena no banco de elevação, EJ no bebê conforto e foi para o banco do passageiro, deixando Jasper dirigir.

A ligação de seu pai tinha lhe deixado muito nervosa, tinha até medo de se deixar ser feliz, precisava ver aquilo com os próprios olhos.

Ver Edward acordado.

Desceu do carro, ajudou Nessie a descer e pegou o filho.

— Por que estamos aqui no hospital? Vamos ver o papai? — Nessie perguntou com o cenho franzido.

— Hoje não, princesa. — Jasper disse suavemente.

— Por quê? Olha, é o vovô Charlie! Vovô! — ela gritou acenando. — E a vó Sue, tio Jake e tia Leah.

Exatamente como Nessie tinha apontado, o grupo esperava a poucos metros da porta do hospital. Nessie correu pra eles e foi direto para o colo de Charlie, recebendo um beijo no rosto.

— O que está acontecendo, mamãe? — Nessie perguntou curiosa, vendo a maneira estranha que todos se entreolhavam.

— Nada Nessie. Vem com a tia Lee. — Leah disse esticando os braços e pegou a menina. — Jesus, como você tá pesada, Ness. Isso aqui é só coisa chata de adulto, sabe? Por isso a mamãe, o vovô e o tio Jasper vão ficar aqui, enquanto você e o EJ vão comigo, vó Sue e tio Jake pra casa, que tal?

— Mas o tio Jasper tá me devendo um sorvete. — menina disse com um beicinho. Leah riu.

— Eu posso dar esse sorvete, ok?

— Pode ser um grande de chocolate? Com calda quente? E M&M? E...

— Ei! Calma, pulga. Eu tava pensando em uma casquinha de um dólar, não um sundae que vai me custar vinte pratas.

— A gente pode negociar no caminho.

— O que? — Leah franziu o cenho para as palavras sérias dela, então a pequena riu.

— Eu fico com esse. — Jacob se aproximou sorrindo e pegou EJ de seu colo.

— Ok. — Bella suspirou, passando a mão no cabelo. — Divirta-se com eles, querida, e nos vemos mais tarde.

Beijou o rosto de Nessie, depois o de EJ, então o grupo foi embora numa animada conversa sobre o sorvete que tomariam e como Jacob pagaria tudo.

Tudo bem, agora não tinha mais que se preocupar com os filhos, eles estavam em boas mãos, então se virou para o pai.

Não precisou dizer nenhuma palavra, Charlie tomou sua mão e os dois, com Jasper logo atrás, se apressaram para dentro do hospital.

— O que aconteceu? — Bella perguntou hesitante, quando estavam no elevador.

— Ele abriu os olhos algumas vezes, mas voltou a dormir.

Em segundos seus olhos estavam marejados e seu coração acelerado. Edward.

— Alice nos garantiu que é normal e que vai acontecer aos poucos.

Não teve tempo de perguntar outra coisa antes que a porta do elevador se abrisse novamente e eles descessem no andar em que Edward estava. Bella se soltou do pai e quase correu para o quarto dele.

Na porta estavam Rosalie, Emmett, Esme, Carlisle e Alice. As mulheres Cullen choravam, sendo abraçadas e consoladas por seus respectivos maridos, enquanto Alice parecia manter a imagem profissional, mas com emoção brilhando em seus olhos.

— Eu quero vê-lo. — Bella disse firme, sem dar nenhuma outra opção a eles.

Alice assente e abre a porta, deixando que todos entrassem no quarto novamente.

— Ele... Ele realmente abriu os olhos?

— Sim! — Rosalie disse sorrindo com as lágrimas descendo por seu rosto. — Parecia ainda desorientado, mas ele estava vivo e acordado!

Bella mordeu o canto o lábio inferior e se aproximou dele, segurando sua mão.

— Hey, Edward? Amor? Você pode me ouvir? Por favor, acorda. Acorda de novo pra mim, por favor. Eu preciso ver seus lindos olhos, amor, por favor, abra-os pra mim. — implorou chorosa.

— Bella, esse pode ser um processo lento e pode ser que ele só volte acordar amanhã. Precisamos ir no tempo dele e respeitar isso. — Alice disse suavemente e compreensiva.

Bella suspirou com um pequeno soluço. Não. Não queria que ele acordasse só amanhã, queria que ele abrisse os olhos pra ela hoje. Beijou a mão dele e pousou na cama, virando-se pra sua família.

De todos no grupo, Rosalie era a unica sorrindo. Claro que ela sorria, ele tinha visto o irmão acordado.

Bella detestava esse tipo de sentimento, ainda mais sobre Rosalie, uma pessoa que merecia todas as coisas boas do mundo, mas estava com inveja, ciúmes e com um pouco de raiva dela. Não era justo! Se pensasse de maneira razoável, não era injusto porque Rosalie merecia ver o irmão, mas não queria ser razoável naquele momento, tudo que conseguia pensar era que devia ter sido a primeira pessoa que Edward veria ao abrir os olhos. Ela devia tê-lo visto acordado também. Passou a mão pela bochecha, enxugando as lágrimas.

— Vem Bells, você precisa de um copo de água. — Charlie disse carinhosamente e Bella assentiu, indo em sua direção.

Queria tanto que ele acordasse papai...

Ele vai fazê-lo querida...

Vamos ficar aqui...

Edward...

Edward...

Edward...

Vozes ao longe murmuravam em sua cabeça.

Não conseguia entender ou reconhecê-las, mas estavam ali.

Sentia como se tivesse areia em seus olhos, algodão em sua boca, um peso em todo seu corpo e algo latejando em sua cabeça.

O que estava acontecendo?

Tentou lembrar, mas era tudo um borrão escuro.

Foi abrindo os olhos lentamente pra tentar saber o que estava acontecendo, mas a luminosidade parecia machucar seus olhos.

Os fechou novamente. E foi abrindo aos pouco, tentando se acostumar.

— Bella... — Jasper disse olhando para a cama.

Bella virou a cabeça no mesmo instante.

Os olhos de Edward tremiam, abrindo lentamente até pararem abertos. Ele parecia cansado, confuso e desorientado.

Bella soltou uma exclamação surpresa e seus joelhos tremeram, se não fosse por seu pai passar o braço ao redor de seu ombro, com certeza teria caído.

— Hey soldado. — Alice disse com uma voz saudável e sorriso tranquilizador possível. — Eu sou a Dra. Alice, sou sua médica, você consegue me entender?

Edward abriu a boca pra falar, mas não conseguiu, soltando algo que parecia apenas um grunhido, sentindo sua boca seca e sua garganta arranhando.

— Está tudo bem, se acalme e respire. Você está há muito tempo sem falar e teve um tubo em sua traqueia por muito tempo, esse tipo de reação é normal. Você vai recuperar o pleno uso de sua voz aos poucos, ok? Mas como temos que nos comunicar, que tal você me responder piscando? Um pra sim, dois pra não.

Edward piscou uma vez, sim.

— Ótimo. — Alice sorriu. — Você está sentindo alguma dificuldade pra respirar?

Edward piscou duas vezes, não.

— Alguma dor?

Piscou uma vez.

— Onde? Na sua cabeça?

Uma vez.

— Tudo bem, vou te conseguir algum analgésico. Você lembra como veio parar aqui, Edward?

Ele hesitou, parecendo tentar lembrar, então seus olhos se alargam de surpresa antes de piscar duas vezes.

— Ok, certo, mas você sabe quem você é?

Uma vez.

Ele olhou ao redor lentamente, passando pelo rosto de todos.

Rostos conhecidos, mas sua mente estava tão bagunçada que era difícil saber quem era quem. E ele sabia que podia descobrir quem era se estivesse se esforçando e iria tentar, mas então seus olhos pararam no rosto de uma mulher naquele grupo, a mais bonita entre elas. Longos cabelos castanhos, pele branca totalmente corada e lindos olhos verdes; ela chorava com as mãos na boca e com o braço de um homem mais velho sobre seu ombro.

Uma mulher conhecida...

"Eu gosto de você também, Edward".

"Meu futurinho".

"Você me promete Cullen?".

"Você é o homem mais incrível que eu jamais sonhei em ter".

"Você me promete? Promete Edward Anthony Cullen?"

"Sim,eu me caso com você, Edward. Eu me caso com você hoje e todos os dias. Sim, sim, sim!"

"Eu não estou desistindo de você ou de nós, porque eu sei que há coisas muito melhores a frente, no final, tudo valerá a pena".

"Eu estou feliz e eu te amo, amo muito".

"Parabéns, papai".

"Você pode me prometer também que vai voltar?"

"Bom. Eu adoro quando você cumpre suas promessas".

"Você está aqui. Nós estamos aqui. E estamos juntos novamente. E eu te amo, Edward. Muito. Sempre. Até a lua ida e volta".

"Quando você encontrar a pessoa certa, isso vai te bater duro como uma tijolada na cara que vai fazer você cair duro no amor. E adivinhe? Assim como eu e seu pai, vai ser sério e será para sempre. E mudará toda a sua vida".

“Acho que ele gostou, pensou Alice, e continuou: O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”

“Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato”.

"Hum, prazer, Bella".

Tudo lhe atingiu como um caleidoscópio de lembranças.

Edward piscou, respirando fundo.

— Bella... — ele conseguiu sussurrar, sua voz saiu tão rouca que soava raspada e do fundo de sua garganta.

Bella pareceu engasgar de surpresa, ofegando.

— Oh Deus, sim. Oh, Edward, você se lembra de mim... — choramingou e se aproximou dele tremendo. Ficando ao seu lado, pegou sua mão. — Edward... Eu achei que tivesse perdido você pra sempre, mas você acordou e voltou pra mim.

Edward quase franziu o cenho. Não entendia porque ela estava dizendo aquelas coisas e não conseguia lembrar o que aconteceu. Ainda estava muito confuso e começando a ficar tonto pelos analgésicos que Alice colocou em sua intravenosa.

Tudo que sabia era que aquela mulher era especial, mais do que especial, ela era a mulher de sua vida.

— Bella... — volta a sussurrar.

Ela sorriu entre as lágrimas.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. — ergueu e beijou sua mão. — Eu estou aqui e eu amo você. Eu amo você, Edward.

— Bella... — ele foi fechando os olhos aos poucos até adormecer novamente.

— Não! O que? O que está acontecendo? — perguntou assustada e se virou para Alice. — O que houve?

— É normal, Bella. Não podemos exigir muito dele e, se ele estava com dor, a melhor solução é lhe dar conforto. Ele vai fazer as coisas aos poucos, mas pelo que você pode ver que ele está bem. Ele acordou e isso é o que importa agora.

Ela assente, solta a mão de Edward e vai para Charlie, lhe abraçando, rindo de felicidade entre as lágrimas.

— Vamos querida. — Charlie sussurrou. — Você teve muitas emoções, vamos beber um pouco de água.

— Eu não quero ir. — Bella choramingou, saindo do abraço do pai. — Eu quero ficar aqui com ele.

— Ele não vai a lugar nenhum, Bella. Quando ele acordar, você será chamada.

Bella olhou para o marido, relutante em sair do quarto. Queria ficar com ele até que acordasse novamente e ser a primeira pessoa que ele veria, mas precisava voltar pra casa – principalmente pra contar a novidade para a Nessie.

— E o Edward não ficará sozinho nem por um minuto. Esme e Carlisle vão querer um tempo com o filho, assim como a Rose com o irmão, você é a esposa e mãe dos filhos dele, mas não pode monopolizá-lo, está bem?

Por fim, Bella finalmente concordou.

— Mas, por favor, me liguem pra qualquer novidade, ok? Me mantenham atualizada.

Quando eles prometeram fazer, Bella saiu do quarto com Charlie e Jasper.

-

— Mamãe, socorro! — Bella foi recepcionada pelo grito de Nessie. Mas não se preocupou, porque logo depois veio uma gargalhada.

Ela estava na sala, tentando fugir de Jacob e usando o sofá como barreira entre eles.

— Eu estava brincando! — Nessie gritou.

— Nem uma desculpa, Renesmee, agora você terá que sofrer as consequências por suas palavras. E sua pena será uma grande porção de cócegas. — Jacob disse fazendo garras com as mãos.

— O que você disse pra ele, amor?

— Hum... Nada. — ela disse com um sorriso sapeca. Nenhum pouco convincente.

— Ela disse que o Jacob é feio. — Leah gargalhou.

— Eu não disse isso, mamãe! — Nessie se defendeu séria, mas não resistiu soltar uma risadinha logo depois. —Eu só disse que ele não é o mais bonito homem do mundo, como ele disse que é.

Bella gargalhou, escutando Charlie e Jasper rirem atrás.

— Desculpa Jacob, mas como eu concordo com a minha filha, vou protegê-la. — se aproximou de Nessie com os braços estendidos, a pequena deu um gritinho animado e foi para seu colo.

— Isso não acaba aqui, monstrinha. — Jacob avisou. Nessie lhe mostrou a língua, então deu uma risadinha.

— Cadê o EJ? — Bella perguntou.

— Ele está banhado e alimentado, agora minha mãe está colocando-o para dormir. Já banhei a Nessie e agora ela está indo jantar.

— Que estranho.

— O que? — Leah franziu o cenho.

— Você parece uma dona de casa e mãe de família, está prontinha pra casar mesmo, hein?

Leah revirou os olhos, mas ela sorria feliz, assim como Jacob.

— Nessie, eu preciso falar com você antes de irmos jantar. — Bella disse suavemente. — Agora você precisa ir para o chão, está ficando pesada demais.

— É porque eu tô crescendo, agora eu sou grande, mamãe. — Nessie anunciou orgulhosa. — E o que foi? É sobre o papai? Ele acordou?

Bella sorriu e seus olhos marejaram instantaneamente. E como era bom, finalmente dar uma boa notícia sua filha.

— Sim, Luz do Sol, seu papai acordou.

Nessie reagiu da mesma maneira que tinha reagido quando recebeu a notícia de que seu papai estava vivo; uma exclamação surpresa, com a boca formando um círculo e os olhos arregalados. Era como se não acreditasse que um dia ia receber aquela notícia e continuasse perguntando apenas por costume, mas dessa vez tinha recebido a notícia esperada.

— Papai... — ela sussurrou e depois pulou animada. — Papai! E quando vamos vê-lo? Podemos ir agora? Podemos? Eu quero ver o papai, vamos!

— Nós vamos amanhã, querida. Agora ele precisa descansar um pouco, mas vamos vê-lo amanhã.

— Descansar? Mas ele tava dormindo até agora, mamãe. E se ele dormir e demorar pra acordar de novo?

— Isso não vai acontecer, pode ficar tranquila. Seu papai acordou do coma, agora ele vai dormir tanto quanto qualquer um e acordar no dia seguinte, então ele vai voltar pra gente.

. . .

7 de Agosto de 2004.

Na manhã seguinte, foi difícil convencer Renesmee de que ela devia ir para escola e que a tarde ia ser levada para visitar Edward, mas então ela concordou, ao saber de que ele estaria dormindo pela manhã. E resolveu mandá-la pra escola ou ela ficaria inquieta no hospital a manhã inteira até que pudesse ver o pai. Então Leah e Jacob a levaram para escola, enquanto Bella ia levando EJ, com Charlie e Jasper para o hospital.

EJ dormia em seus braços enquanto subiam para o andar de Edward e lá encontraram os outros; os Cullen e Alice.

— Como ele está? — perguntou sem rodeios.

— Ficamos aqui a noite inteira e ele está bem, querida. — Esme garantiu sorrindo. — Ele acordou novamente durante a noite, até falou algumas coisas, mas voltou a dormir.

— Já fiz alguns exames nele. — Alice disse. — E ela está fazendo isso perfeitamente bem, Bella.

Bella suspirou aliviada e ignorando a inveja por já terem falado com ele. E quando ignorou esse sentimento, percebeu que estava feliz por Esme, Carlisle e Rosalie. Nem podia imaginar como se sentiria se recebesse a notícia da morte de algum de seus filhos ou se passasse tanto tempo sem falar com eles – e esperava jamais passar por isso. E podia ser filha unica, mas Leah era o mais próximo que tinha de uma irmã e sabia que se sentiria bem desesperada se acontecesse algo com ela. Então estava sinceramente feliz por eles, eles mereciam esse reencontro.

— Vocês ficaram acordados a noite inteira? Parecem exaustos. — perguntou suavemente para os sogros e a cunhada. — Vocês podem ir pra casa descansar, eu vou ficar aqui e se acontecer alguma mudança, eu aviso.

— Tudo bem, querida. Vamos e voltamos mais tarde. — Esme disse com um sorriso materno e a abraçou com cuidado para não acordar EJ entre elas. Beijou o rosto de Bella e cabeça do neto.

Depois que eles foram embora, ela entregou EJ a Charlie e entrou no quarto com Jasper, enquanto seu pai foi tomar um café com Alice.

O único barulho do quarto eram os bipes da máquina marcando os batimentos cardíacos firmes e frequentes. Os dois ficaram juntos ao pé da cama, observando a Edward. Agora parecia mais fácil vê-lo naquela cama, sabendo que ele apenas dormia e acordaria a qualquer momento. Era até mais fácil respirar.

— Ele deve ter um anjo da guarda forte. — Jasper comentou. A voz dele era a mesma concisa de sempre e seu rosto era lívido, mas Bella tinha a impressão de aquele era um comentário divertido, como se agora estivesse à vontade para brincar.

Bella sorriu com um suspiro.

— Talvez. Mas eu também considero a opções de que ele seja o próprio anjo... Meu anjo.

— É uma boa teoria, dado o jeito que ele conseguiu salvar a vida do nosso grupo, depois Alice, então sobreviveu para nos contar essa história.

É, definitivamente, Jasper estava de bom humor. Sorrindo, Bella se virou para ele e pegou sua mão.

— E é tudo por sua causa. Obrigada, Jasper. Eu nunca vou conseguir te agradecer suficiente, não pra te mostrar o quanto eu sou realmente grata.

— Eu não...

— Você acreditou em mim quando ninguém mais fez. Você foi atrás disso quando nem eu mesma fiz. Jasper, você foi o nosso anjo da guarda. — disse com lágrimas nos olhos. — Eu sou grata por Edward ter te conhecido e por você ter entrado na minha vida, e pra minha família. Muito obrigada.

Jasper respirou fundo, lutando contra as próprias lágrimas e emoção que formava um nó em sua garganta.

— Ele fez isso, Bella. Ele pensou que ia morrer para nos salvar, mas quando sobreviveu a isso, ele decidiu viver e conseguiu.

— Ele não podia fazer de outro jeito, sabe? — sorriu. — Essa era a promessa dele, voltar pra mim.

— E... Eu não quebro minhas promessas.

Eles vivaram suas cabeças imediatamente ao som da voz tão rouca que parecia vir do fundo da garganta e com muito esforço. Encontraram os olhos de Edward abertos.

— Por que você está segurando minha esposa... Jasper?

Bella quebrou em choro e colocou as mãos na boca para não chorar alto. Edward estava acordado. E não apenas se lembrava de Jasper, mas se lembrava dela. E de que eram casados. Ele olhou em sua direção, parecendo analisá-la.

— Edward... — suspirou.

— Bella...

Com o lábio inferior tremendo e a respiração arfante, Bella se aproximou lentamente. Ao lado dele, pegou sua mão com cuidado entre as suas.

— Edward... É tão bom ver seu rosto, ver seus olhos abertos pra mim. Eu senti tanto a sua falta... Tanta coisa aconteceu, eu tenho tanta coisa pra te falar, eu... Deus, eu nem sei por onde começar, eu só... Eu amo você, Edward.

Lentamente, Edward ergueu o canto da boca em um sorriso.

— Eu senti saudades do seu sorriso, meu amor. — Bella disse sorrindo.

— E eu do seu. — ele sussurrou, fazendo-a rir de felicidade. Ergueu a mão dele e a beijou.

— Onde... Mãe, pai, Rose?

Bella piscou, é claro que ele perguntaria sobre os pais e a irmã. Não seria tão egoísta e egocêntrica em pensar que ele só iria querer saber dela. Mas e os filhos? Será que não se lembrava deles?

— Eles passaram a noite acordados aqui no hospital, foram pra casa descansar e vão voltar à tarde. — Jasper respondeu por ela.

A porta do quarto foi aberta e Alice entrou, parecendo surpresa por ver Edward acordado, mas disfarçou com um sorriso.

— Hey soldado, é bom te ver acordado. — ela se aproximou, pegando a lanterna clínica no bolso do jaleco e se aproximou de Edward pelo outro lado. Ela abriu seus olhos e fez o teste com a luz, fazendo-o soltar um gemido de desconforto. — Eu sinto muito, mas eu tenho que fazer isso. Será que você pode acompanhar a luz com os olhos? Isso, muito obrigado. Você está com dor ou alguma coisa?

— Não. — ele grunhiu. — Eu só... Água... Por favor.

— Ok, só um minuto. — sorriu. E foi realmente rápida, saiu de quarto e voltou em menos de um minuto com um copo plástico com uma colher de plástico dentro. — É gelo picado, pra evitar que você se engasgue com a água.

— Eu posso dar a ele? — Bella pediu.

— Claro. — Alice sorriu entregou o copo a ela. — Com calma e no tempo dele.

Bella assentiu, pegou um pouco do gelo na colher e levou na boca dele com cuidado. Edward fechou os olhos, sorvendo e engolindo o gelo, e abriu a boca pedindo por mais.

— Fiz a maior parte dos exames em você ontem à noite, enquanto estava desacordado, pra tentar te deixar mais confortável e a vontade agora, mas vou te levar daqui a pouco para uma tomografia, ok?

Edward acenou com a cabeça e abriu a boca pra mais gelo.

— Já conversaram com ele sobre o que aconteceu? — Jasper perguntou a Alice.

— Ele estava muito confuso ontem à noite, não chegaram a conversar realmente. Edward disse algumas poucas palavras e escutou sua família.

— Foi... — Edward começou, mas pareceu engasgar. Engoliu seco e limpou a garganta, respirando fundo. — Foi no... Iraque?

— Você não se lembra? Qual sua última memória?

— É tudo... Confuso. Eu me lembro de... Chegar ao Iraque, mas... Não de ir embora. — respirou fundo, parecia fazer um esforço pra falar, empurrando a voz pra fora. — Eu me lembro de alguns dias, então alguns borrões e mais nada.

— E do resto? — Bella perguntou hesitante. — Da sua vida?

— Eu lembro. — Edward disse com um sussurrou. — Cadê... Cadê nossos filhos, Bella? Eu quero conhecer meu garotão e ver minha Luz do Sol.

Bella riu entre as lágrimas.

— Oh, meu amor, é tão bom te ter de volta.

Edward sorriu.

— Bom. Agora me escuta, bebê, eu não sei se andam escovando meus dentes, mas eu... Eu realmente quero te beijar agora.

Sorrindo, Bella pousou o copo na cama e se inclinou cuidadosamente sobre ele, acariciando seu rosto. Juntou seus lábios com delicadeza, lenta e suavemente. Fechou os olhos, aproveitando a maciez e calor de sua boca. Ainda não era o beijo que queria dar a ele, queria fazer algo maior e melhor, algo que pudesse sentir seu gosto e fazer seu corpo se lembrar do toque dele, mas era bom para começar.

— Eu senti tanto a falta disso. — sussurrou na boca dele.

— Eu senti também.

Bella ergueu a cabeça, para olhar em seus olhos.

— A maior lembrança que eu tenho do Iraque é o quanto eu senti sua falta, bebê. E do quanto eu amo você.

Sorrindo, ela o beijou seus lábios novamente e depois sua testa.