Palavras & Promessas escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 37
When you believe... ♫


Notas iniciais do capítulo

Hey hey!
Titia Candy voltou! ♥
Agora preciso que todas leiam isso antes de qualquer coisa... Vcs queriam o Edward de volta, certo? Eu o queria de volta, Bella o queria de volta, Luz do Sol o queria de volta, todos queriam o Edward de volta, então... Yay! Então sabe aquele filme que vcs ficam "nossa, que mentira, isso nunca aconteceria na vida real"? Se vc é enfermeira, médica, está estudando p isso ou sabe algo sobre esse tipo de coisa, vai ter essa sensação, então lembrem É TUDO FICÇÃO OK?! É tudo p divertimento. Tentei deixar o mais real possível, mas se vcs querem o nosso soldado de volta, relevem isso e aproveitem.



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Muitas noites nós oramos, sem qualquer prova que alguém podia ouvir em nossos corações uma canção de esperança, nós apenas entendíamos. Agora não temos medo, embora saibamos que há muito a temer, estávamos movendo montanhas, antes que soubéssemos que poderíamos. Pode haver milagres quando você acredita, mas a esperança é frágil, é difícil de matar, quem sabe que milagres você pode conseguir quando você acredita; de alguma forma você vai, quando você acreditar. Eles nem sempre acontecem quando você pede e é fácil ceder a seus medos, mas quando você está cego pela sua dor e não pode vê-lo de forma clara através da chuva, uma voz pequena, mas ainda resistente, diz que a ajuda está muito perto. Apenas acreditar, basta acreditar.

— When you believe - Whitney Houston feat. Mariah Carey

(http://www.youtube.com/watch?v=6INAvfwazW4)

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Alice estava apavorada entre os tiros, gritos e homens caindo feridos no chão, mas tentava continuar sendo racional e permanecer viva.

Estava sendo mantida presa, com outros médicos voluntários da Cruz Vermelha, há pelo menos duas semanas e, mesmo que eles fossem violentos em alguns momentos, principalmente com os homens, ou agarrassem seu cabelo com brutalidade quando a queriam levar para algum lugar, ela nunca se sentiu o perigo tão perto, porque aquela não era uma zona de guerra.

O grupo era grande, mais de quarenta homens, mas tinham se espalhado pelo lugar para fazer a emboscada para os soldados americanos. Naquele momento apenas quinze homens estavam sobre uma espécie de banco de concreto que tinham construído junto ao muro e atirando sobre eles com suas metralhadoras. Mas aos poucos alguns deles foram atingidos. Alice tentava não demonstrar, mas ficava surpresa de como eles eram idiotas, quer dizer, tinham que ser bem idiotas para serem atingidos estando atrás de um maldito muro; mas também ficava feliz que eles fossem mortos.

Ela estava sendo obrigada a ficar do lado de fora, ajudando aos atingidos. Com luvas nas mãos, se mantinha abaixada e fazia o possível, mas a maior parte deles era atingida mortalmente na cabeça e ela ainda não fazia milagres. Mas fez alguns curativos e torniquetes rapidamente.

Um dos terroristas soltou outro médico, o irlandês Liam, para ajudar também.

— É nossa única chance de escapar, Alice. — Liam sussurrou. Ambos abaixados junto à porta, esperando algum outro ferido ou que tudo acabasse. — Vamos morrer se ficarmos aqui.

— E o que você quer fazer? — Alice perguntou com a voz trêmula, apertando as mãos sob as luvas ensanguentadas para que parassem de tremer.

— Fugir. Agora.

— Como?

— A porta de trás. Fique aqui e me dê cobertura, eu solto os outros e corremos como se os cães do inferno estivessem atrás de nós.

Alice concordou e engoliu seco. Liam voltou para dentro da casa pra soltar os outros.

Ela escutou um grito horripilante e um dos atiradores se jogou para trás, caindo do banco direto ao chão. Gritava segurando o antebraço com a mão decepada por um tiro e esguichando sangue. Alice se aproximou e o homem gritou na língua dele para que fizesse alguma coisa; ela podia entender um pouco do idioma deles, contanto que não falassem muito rápido. Ela não sabia o que fazer, então fez a primeira coisa que podia pensar, tirou o jaleco que usava e amarrou sobre o ferimento. O homem xingou mais, então se levantou e a empurrou, indo buscar outra arma.

Ela se levantou e foi para a parede lateral, de onde teria uma visão melhor de dentro da casa. Os médicos já estavam soltos e Liam lhe viu. Ele apontou para dentro da casa, apontou para ela e apontou novamente para dentro da casa. "Estamos indo e você vai depois", ele tentou dizer. Alice assentiu.

Naquela hora Alice não sabia, mas o Jeep militar vinha com velocidade na direção do muro; os terroristas tentavam pará-lo atirando em sua direção, até trincaram o vidro e a lataria, alguns tiros foram direto ao motor e ele começou a pegar fogo, mas não parou.

Antes que Alice conseguisse correr e fugir com os outros, os terroristas começaram a gritar e pularam de onde estavam, prontos para correr pra dentro da casa. Ela só viu o muro ser destruído quando a parte da frente de um carro militar invadiu.

Não teve tempo de registrar ou entender, reagiu instintivamente, se jogou para o lado e se encolheu no chão, cobrindo a cabeça com os braços. Gritou quando pedaços do concreto do muro caíram sobre seu corpo, então fechou os olhos e prendeu a respiração pra não aspirar a poeira, rezando para não morrer daquele jeito.

Não sabia quanto tempo se passou, provavelmente apenas alguns segundos que sentiram como minutos, mas ainda assim nada parecia acontecer em câmera lenta, como ela esperava em uma tragédia daquela. Com dor no corpo, ela escutou os terroristas, mas falavam tão rápido que era até difícil entender; mas sabia que xingavam ou gritavam por socorro.

Lentamente, ela se ergueu até ficar sentada. Tossindo duro por causa da cortina de poeira do concreto e com um pouco de dor, ela olhou ao redor. O carro tinha parado no meio do pátio de entrada e tinha destruído o muro, com entulho sobre ele e ao redor. Quem quer que fosse dirigindo, tinha tido um ótimo plano, porque aquilo tinha parado os terroristas; alguns estavam sob o entulho e tinha um sob o carro, todos desacordados ou mortos.

Alice só tinha uma coisa em mente, aproveitar a chance e fugir.

Já estava se erguendo quando algo chamou sua atenção na janela do carro. Uma mão parou no vidro empoeirado do carro. Algo que a lembrou da cena de Titanic, mas ao invés de deixar uma cena de vapor, deixou um rastro de sangue.

Seu lado médico falou mais alto e não pode evitar o instinto de ajudá-lo. Ergueu-se o mais rápido possível e ainda pareceu lento demais, por causa da dor na perna, tossiu mais um pouco e foi até o carro tirando suas luvas sujas. Tentou abrir a porta, mas estava emperrada pelo amassado, usou um pouco mais de força até que abrisse. E soltou uma exclamação de surpresa ao vê-lo. Era um soldado americano e não precisa estar bem, parecia estar bem ferido; estava deitado nos bancos por tentar sair do banco do motorista pela porta do passageiro.

Não sabia o que falar ou fazer, já ia tentar checar os sinais vitais dele quando o soldado ergueu a cabeça. O rosto dele estava com alguns cortes por estilhaços de vidro, estava ofegante, suado e com o cenho franzido, provavelmente de dor, mas então ele relaxou o rosto e sorriu. Alice ficou totalmente surpresa. A boca do homem estava com sangue, seus dentes estavam vermelhos e saliva ensanguentada escorria pelo lado. Aquele era o inferno e o homem estava sorrindo.

O sorriso dele era bonito e genuinamente feliz, quase aliviado. O soldado pareceu tentar murmurar alguma coisa, mas não parou de sorrir, era como se tivesse vendo algo que realmente gostasse; como um anjo salvador quando pensava estar no inferno. Aquele sorriso aqueceu e comoveu seu coração. Ele tinha arriscado a própria vida para aquela missão e agora sorria, aquele homem tinha algo especial e ela soube que não podia deixá-lo ali a própria sorte.

Ele era um soldado, eles iriam matá-lo na primeira oportunidade. O resto do grupo viria em minutos e estava saindo fumaça do motor do carro, aquilo iria causar uma explosão das grandes, tinha que tirá-lo dali.

— Ei soldado, me ajuda, eu vou tirá-lo daqui. — Alice disse ofegante.

Esticou-se, passou os braços sobre as axilas dele e o puxou para fora do carro. O homem gemeu e rosnou de dor, mas caiu para fora do carro. Ela o segurou e assim só as pernas dele bateram no chão. Ele era mais pesado e estava mais mole do que ela esperava, mas ele ainda assim achou forças para ajudá-la a erguê-lo. A frente da farda dele estava ensanguentada e parecia ser sido baleado. Alice rosnou uma maldição e colocou o braço dele sobre seu ombro, passando o braço ao redor da cintura dele para dar apoio.

— Vamos, soldado, eu vou te ajudar.

Lentamente e meio abaixados, ela tentou levá-lo sobre os destroços, mas antes que pudessem se afastar, o soldado olhou para trás sobre o ombro e se jogou sobre Alice.

Novamente ela não teve tempo de registrar, apenas gritou quando todo o peso do soldado lhe atingiu e foi direto para o chão, sobre o entulho. Dor explodiu em todo seu corpo, principalmente no peito, cabeça e do lado de seu rosto pressionado contra as pedras. E tudo explodiu.

Ela estava tonta e enjoada demais para tentar entender o que estava acontecendo. Mas ainda seguia entendendo o barulho da explosão e mais gritos. Sentiu a onda de calor e a lufada de ar causada pela explosão, mas o soldado ficou pesado sobre ela, sem se mover.

— Alice? Alice?! — alguém a chamava. Ela reconheceu o sotaque britânico do outro médico, Simon.

Piscou algumas vezes e gemeu de dor.

— Soldado...?

Nenhuma resposta. O homem estava inerte sobre ela, então percebeu que estava desacordado. Ele tinha lhe protegido com o próprio corpo, talvez com a própria vida. Merda, ela sentiu as lágrimas crescerem em seus olhos.

— Aqui... Si-Simon... Aqui... — sua voz saiu mais baixa do que gostaria e estava ficando difícil respirar com o peso do soldado, fez o possível para erguer a mão.

— Ela está aqui! Aqui! — Simon disse. Logo os outros dois, Liam e Gerard, estavam ali para ajudá-la. — Me ajudem a tirar o homem de cima dela.

Gerard pegou os braços e Liam as pernas, então o ergueram e colocaram deitado ao lado. O soldado tinha sido atingido por alguma coisa na parte de trás do crânio, um corte profundo e sangrando como uma vadia. As costas dele estavam negras pela explosão; a roupa tinha protegido bastante, mas em alguns lugares não tinha aguentado e derretido, então sua pele estava queimada. Mas nenhum dos homens deu atenção a ele, toda a atenção foi para Alice.

Gerard a virou e viu como estava com todo o lado esquerdo do rosto ralado e com o queixo com um grande corte sangrando.

— Vamos, temos que te tirar daqui, mas vamos embora. — o francês disse rapidamente.

— Não... O soldado... — engoliu seco e respirou fundo, tentando ignorar a dor. — Ele está vivo?

— Alice...

— Ele está vivo?!

Liam checou os sinais vitais do soldado pelo pescoço.

— Vivo, mas os sinais estão fracos. Alice, ele vai morrer, mas nós podemos nos salvar, temos que ir agora.

— Não, eu não vou sem ele. Ele salvou minha vida usando a própria vida, eu não vou deixá-lo aqui. Ajudem-me a levantar, então vamos levá-lo para dentro.

— Ele é um soldado, Alice, você é louca? — Simon rosnou. — Eles vão matá-lo e depois matar a gente!

— Não se ele não for um soldado.

— A pancada na cabeça tá te deixando confusa? Porque ele é um soldado!

— Só temos que tirar a farda e misturá-lo, mas preciso da ajudar de vocês, por favor.

— Merda, Alice. Merda.

Liam levantou Alice e eles foram checar o soldado.

— Tira seu jaleco e amarra ao redor da cabeça dele, Simon. Eu vou tirar toda essa farda dele e vocês me dão cobertura, se alguém chegar, eu estou cuidando de um deles. Por favor.

— Isso não é um arranhão, Alice, ele tem um traumatismo craniano grave. Nós podemos estar arriscando nossos traseiros por nada.

— Ele arriscou o dele pelo meu, eu não vou deixá-lo morrer sem nem ao menos tentar. Vamos, Gerard segura o pescoço dele e você amarra o ferimento da cabeça. Vamos virá-lo depois.

Eles a obedeceram e logo o soldado tinha um jaleco amarrado com força ao redor da cabeça, pra tentar parar o sangramento e o tecido branco foi ficando vermelho ao absorver o sangue. Alice segurou a cabeça dele e os homens o viraram como se fossem passá-lo para uma maca, usando o treinamento de paramédicos que tinham, depois o despiu o mais rápido que podiam, mas com dificuldade. Por sorte acharam uma faca militar na bota do homem e usaram para rasgar mais facilmente as peças.

— Foda. — Alice rosnou ao ver os ferimentos. O ombro dele estava aberto por uma grande bala, ela ergueu um pouco o ombro e colocou a mão do outro, a bala tinha saído do outro lado. E ele tinha outro ferimento de bala no abdômen, mas era um calibre menor e que não parecia militar, a bala continuava ali.

— Vou pegar a roupa de um desses vermes mortos e me livrar dessas. — Simon disse.

Sem cuidado, ele despiu um terrorista morto e jogou a roupa para os amigos. Com dificuldade, ele ergueu o corpo inerte e o colocou dentro do Jeep em chamas pela janela quebrada, depois jogou a farda. Voltou aos amigos, sendo encarado com surpresa.

— O que? Vocês acham que eles não iam desconfiar pela falta de um corpo ou farda dentro do carro? Eu apenas lidei com isso. Agora, esse é um dos terroristas.

— Obrigada, Simon. — Alice disse terminando de vestir o soldado.

— Obrigada? Só isso? Lembra aquele boquete que eu disse estar sentindo falta? Bem, você que vai fazê-lo para me agradecer, Brandon.

Ela deu uma risada cansada e voltou sua atenção ao soldado. Agora precariamente vestido, eles o levaram para dentro; Alice segurou sua cabeça, cada homem segurou um braço e outro suas pernas.

Quando eles o colocaram no chão, outro terrorista entrou na casa com a metralhadora na mão e falando rapidamente, apenas Alice entendeu.

— Estamos tentando ajudar. — respondeu no idioma dele e se virou para os amigos. — Vão lá fora, vejam quem está vivo e quem precisa de ajuda, vamos fazer nosso dever como médicos. — voltou a olhar o homem armado e falou no idioma dele: — Eu preciso de material ou vão todos morrer.

Ele assentiu e correu para dentro da casa. Em segundos casa estava cheia novamente, com ordens para levar todos os corpos, feridos e mortos para outra casa. Alice se certificou em sujar todo o rosto do homem com o próprio sangue dele, assim ninguém perceberia sua pele branca e traços ocidentais.

Então ela pegou do outro lado da sala a mochila que estava usando quando foi sequestrada, onde tinha algumas coisas básicas e muito necessárias em situações de emergências, como o kit para reanimação. Rapidamente, ela virou a cabeça do soldado de lado e passou os dedos o mais fundo dentro da garganta dele para desobstruir suas vias áreas o máximo possível, já que não tinha o equipamento para aspiração; pegou um tubo endotraqueal na bolsa e enfiou na boca dele, empurrando cuidadosamente até ter certeza de que estava bem posicionado, conectou o balão para ventilação mecânica e apertou algumas vezes. Pegou na bolsa esparadrapo e fixou o tubo, apertou o balão mais algumas vezes.

— Eu preciso de ajuda! — gritou no idioma deles, sem parar de apertar.

E um menino muito jovem, de quinze ou dezesseis anos, apareceu obviamente assustado.

— Vem aqui. Segura isso, aperta. É só apertar a cada segundo. Aperta, aperta, aperta, aperta... — mostrou como fazer. — Vem!

O menino se ajoelhou ao seu lado e pegou o balão.

— A cada segundo, mantenha a contagem na cabeça e aperta. Só apertar.

O menino a imitou.

— Perfeito. Isso. Continua fazendo.

Enquanto ele o mantinha respirando, Alice pegou na caixa de primeiro socorros uma seringa descartável no pacote e uma ampola de midazolam, injetou na veia da jugular dele – por ser a de mais fácil acesso – a quantidade certa para diminuir atividade em todo o corpo, o mais perto de um coma induzido sem que ele corasse perigo, evitando mais danos cerebrais pelo grave ferimento e a demora ao atendimento. Rasgou a blusa do soldado no ombro, limpou rapidamente e suturou o ombro dele dos dois lados, aquela merda tinha feito um estrago grande, provavelmente atingindo um músculo ou ligamento, mas não seria mortal se parasse o sangramento, ele ficaria a com uma cicatriz e algumas limitações de movimentos, mas vivo. Depois rasgou a blusa para ter acesso ao ferimento no abdômen; nem pensou em quão arriscado era fazer qualquer tipo de procedimento usando objetos cortantes e sangue alheio sem luvas, mas ela não tinha tempo de procurar outro par; colocou os dedos dentro do ferimento e fechou os olhos, procurando sentir à bala e saber o que ela tinha atingido, abriu os olhos ao senti-la alojada. A bala penetrou seu flanco direito e tinha entrando direto em seu rim direito. Merda. Ela ficou sem saber o que fazer, não tinha como fazer esse tipo de procedimento no chão de uma sala vazia, sem todo o equipamento necessário e com ele sangrando como um porco, precisando de uma transfusão urgentemente.

— Alice, temos que levá-lo para a outra casa, só falta ele, vamos. — Liam disse.

Ela assentiu e eles carregaram o homem para que ninguém desse uma boa olhada em seu rosto americano. Liam segurou suas pernas, Simon e Gerard seu tronco, Alice segurou sua cabeça e o jovem iraquiano permaneceu apertando o balão de oxigênio.

Foram para a casa ao lado por uma porta dos fundos. Lá tinham macas e mais materiais de hospital, era um hospital improvisado e ela nem queria saber de onde eles tinham roubado tudo aquilo.

Colocou o soldado de lado em uma das macas, assim teria acesso ao ferimento em sua cabeça e ele não iria sufocar pelo tubo de respiração em sua boca; e chamou outro jovem para segurá-lo naquela posição. Olhando o ferimento, ela sentiu as lágrimas arderem em seus olhos e sua respiração ficar irregular pelo medo e nervosismo que começaram a lhe dominar junto com a frustração pela falta de estrutura e material necessário pra salvar a vida dele. O ferimento era de no máximo oito centímetros e profundo. Ela se sentiu como uma novata inexperiente pegando um caso grave no primeiro dia de plantão; ele ia morrer porque ela não podia se acalmar e trabalhar com o que tinha, como sempre tinha feito.

Estava prestes a desistir quando viu a aliança dourada na mão dele. Tirou a aliança da mão dele e observou. O soldado era casado. Ele tinha uma esposa, talvez filhos.

Não, não. Parou, respirou fundo e lembrou a si mesma que era uma traumatologista especializada em situações de emergências e que já tinha estado em situações piores, por isso era voluntária para situações de guerra; fizera sua residência em um hospital no gueto do Bronx, onde cuidara de muitos feridos com arma de fogo na guerra de gangues por drogas ou território, estava no Iraque há alguns meses e também já estivera Afeganistão e alguns lugares bem pobres da África e América do Sul. Tinha um currículo impressionante para alguém jovem, claro que era especialista em ferimentos e amputações por arma ou bombas, mas lembrou a si mesma que podia lidar com isso.

— Me escuta aqui, soldado, você não vai morrer. Eu vou fazer o inferno pra te manter vivo e você vai me ajudar, luta contra isso e não morra. Não aqui, não em minhas mãos. É uma ordem, soldado. — rosnou para o homem desacordado. Colocando a aliança ao lado dele, respirou fundo e deixou seu lado médico assumir o controle e começou a cuidar dele; deu alguns pontos firmes no abdômen dele pra parar um pouco o sangramento, então a passou a lidar com o traumatismo craniano, suturar e virá-lo para cuidar dos outros ferimentos.

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— Agora eu sei que você é completamente louca! — Simon disse, depois de arrumar o soro na intervenosa do homem.

O soldado estava um pouco mais estabilizado, mas não fora de perigo. Alice agora apertava o balão de oxigênio, já que não tinham um tubo de oxigênio automatizado, e iria ficar ali o quanto precisasse.

— Simon, por favor.

— Você quer fazer uma transfusão de sangue? Sabe o quanto isso pode ser perigoso?

— Ele precisa de sangue e meu sangue é do tipo universal, sou saudável e essa é a melhor opção dele agora.

— Eu preciso cuidar do seu rosto, está machucado.

— Eu só estou com um pouco de dor de cabeça e depois lavo os ferimentos, agora ele é minha prioridade, vamos.

— Espero que essa sua insanidade não te mate, Alice.

Meia hora depois, exausta, sonolenta e com dor de cabeça, Alice via o sangue sendo passado intravenosamente para o soldado, junto com uma intravenosa de soro com medicamento para dor, um pouco mais do remédio para mantê-lo em coma induzido.

Ela não parou de apertar o balão de oxigênio e fechou os olhos, rezando para que ele não morresse.

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Um dia depois do grande atentando. Sem a ajuda do exército ou de qualquer outro grupo, estavam por eles mesmos. Alice só saiu do lado do soldado porque Simon e Gerard estavam com ele, mantendo-o respirando e monitorando.

— Ele disse que você salvou a vida dele e te deve isso — Alice traduziu o que o líder do grupo tinha dito para Liam.

— Diga que ele liberte vocês como pagamento, então. — Liam disse.

Alice traduziu. O homem pensou por alguns segundos, então assentiu.

Uma hora depois eles tinham um caminhão roubado.

— Vão, vocês estão livres.

— Deixem-me levar os feridos civis a um hospital de verdade. — Alice disse rapidamente ao líder. — Eles não são úteis, vão ser apenas um peso pra vocês. Por favor.

— Vão ver se reconhecem algum dos feridos ou então ajudem a colocar todos no caminhão, eles vão ser peso morto. Nós vamos embora daqui e arranjar outro lugar.

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— Ele é teimoso, huh? — Simon comentou. Estavam na traseira do caminhão, cuidando dos três feridos que tinham tido permissão para levá-los.

— É como se ele não quisesse morrer. — Alice comentou sem tirar os olhos do soldado ferido. — Como se não pudesse morrer ainda.

— Ou é um vaso ruim que não quebra logo. — Gerard ironizou.

— Não, ele é bom, eu sei. Ele arriscou a própria vida para salvar o grupo dele, arriscou novamente pra me salvar, então teve o sorriso dele... Ele é bom. Ele merece viver e vai viver. Não é, soldado?

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Em um hospital de verdade em Bagdá, em uma área controlada pela Cruz Vermelha, Alice correu para colocar o soldado ferido nas máquinas e medicamento certo, ela insistiu em estar presente em todos os procedimentos, ou melhor, foi à médica líder da equipe que o tratou e algumas enfermeiras a ajudaram. Eles o limparam e foram para a sala de cirurgia. Deixaram o homem estabilizado e coma induzido, respirando com ajuda de aparelhos e finalmente puderam ver os danos causados.

— O nosso transporte chegou, vamos finalmente sair desse inferno. — Simon comemorou. — Nossos países mandaram o transporte.

— Eu vou pra Inglaterra também, é lá que eu moro. — Alice disse. — E os civis feridos vão comigo, eles podem ser refugiados agora.

— Você não pode levar feridos iraquianos, Alice. — o capitão da força área inglesa disse, ele estava pilotando o grande avião militar que os levaria.

— Um deles salvou minha vida, eu não vou deixá-lo aqui! Eu não vou deixar nenhum deles! Eles precisam de tratamento urgente e não terão aqui, eu posso arcar com todos os gastos enquanto eles não puderem, vou ajudá-los a se reestabelecer, mas eles não vão ficar aqui, nenhum deles!

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— Eu só peço um último favor, mantenham o segredo sobre o soldado que estou levando comigo. Se eles não vieram atrás dele até agora, eles não merecem o sacrifício que o soldado fez. — Alice disse antes de entrar no avião. — Não contem a ninguém.

Os homens concordaram.

— E muito obrigada por terem me ajudado, eu nunca vou me esquecer disso e vou dever a vocês pelo resto da minha vida. Obrigada!

Depois de abraços e despedidas, Alice entrou no avião militar transformado em um UTI móvel para transportar o soldado ferido a quem ela, na frente dos outros, chamava de John Smith – um nome genérico americano, já que o homem não tinha nenhuma identificação. Intubado e ligado a máquinas, o homem parecia frágil e sereno em seu sono induzido.

Alice pegou a mão flácida e apertou suavemente, segurando a aliança dele na outra.

— Você está fazendo bem, soldado. Aguente firme e você vai sair dessa. Eu sei disso.

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22 de Maio de 2004.

— Se não quer dizer o que te deu na cabeça pra viajar assim do nada com o Emm, tudo bem. — Bella disse rindo. — Leah disse pra vocês aproveitarem e providenciarem o bebê de vocês.

— Bella, por favor, responde o que eu perguntei. — Rosalie disse do outro lado da linha.

Okaaay. Eu estou na cozinha preparando o lanche da Nessie. Ela está aqui na mesa esperando e a Leah está na sala com o EJ. Charlie e Sue saíram. Você realmente está me ligando, de onde quer que você esteja, pra perguntar onde eu estou, o que eu estou fazendo e onde está o resto das pessoas, Rose?

— Estamos em Londres, Bella.

— Londres? Uau! — Bella riu. — Emmett está assim tão entediante para estar me ligando? Espera um minuto, Rose. Aqui, Nessie.

Aproximou-se de Nessie e colocou a sua frente o prato com sanduíches de manteiga de amendoim e geleia, sem casca e cortado em triângulos, ao lado do seu copo com leite.

— Pronto, Rose, o que aconteceu?

— Bella, eu preciso que você faça o que eu estou mandando e sem me questionar, ok?

— Rose...

— Bella, por favor!

— Ok!

— Deixe a Nessie e vá para a sala. Se possível, sente. O que eu preciso falar com você é sério e muito importante.

— Rosalie, você está me assustando.

— Me avise quando chegar na sala.

Com um longo suspiro, Bella a obedeceu e foi para a sala, ficando junto ao sofá, mas sem sentar.

— Estou aqui na sala.

— Bella... Eu estou em Londres com Emmett, nós viemos aqui a pedido do Jasper.

— O que? Jasper? — perguntou confusa. Negando a confessar, mesmo que a si mesma, que na verdade estava ferida por Jasper manter contato com eles, mas não com ela; tinha falado com ele pela última vez quando ele deixou sua casa, meses atrás.

— Ele não voltou porque ele... Bella, ele estava procurando por meu irmão.

— Edward?!

— Você o convenceu com seu discurso sobre não acreditar na morte do Edward, então foi atrás de qualquer coisa que o levasse até ele.

Bella passou a mão no cabelo, sentindo seu coração acelerar junto com sua respiração, enquanto seus olhos marejavam rapidamente. Não sabia por que, geralmente conseguia manter o controle ao falar desse assunto, mas dessa vez foi como cutucar a ferida. Não queria criar esperanças e nem ser decepcionada novamente. O medo apertou seu peito e ela sentiu os joelhos tremerem.

— Bella, quem é? O que aconteceu?! — Leah perguntou preocupada, agitando EJ em seus braços.

— Bella, você continua aí?

— S-sim, eu ainda estou aqui. O que aconteceu, Rosalie? Ele... — sua voz falhou, ficando mais chorosa. — Ele achou... Alguma coisa?

— Sim, Bella, ele achou.

— Ele... Ele achou... — soluçou suavemente. — Ele achou... O cadáver do...

— Não! Não, Bella, ele não achou o cadáver, ele achou o meu irmão! — Rose disse animada, parecendo chorar e sorrir ao mesmo tempo. — Jasper achou o Edward e vivo!

Bella tentou respirar, mas o ar pareceu ficar mais denso, tudo girou ao seu redor e então foi atingida por um teto-preto.

— Bella! — Leah gritou quando Bella caiu desmaiada no sofá.

EJ em seus braços começou a chorar, assustado com seu grito. Ela passou o afilhado lado, segurando-o com apenas um abraço, e se aproximou de Bella. Checou seu batimento cardíaco com os dedos em seu pescoço e, ao ver que ela ainda viva e respirando bem, pegou o telefone de sua mão.

— Bella?! Bella! — Rosalie gritava do outro lado da linha.

— O que diabos você disse para ela, Rosalie?!

— Ela está bem?

— Não! Ela desmaiou! O que você disse?! — Leah perguntou exasperada, tentando agitar EJ.

— Mamãe está morta também? — Nessie perguntou com um beicinho trêmulo e olhos arregalados.

Leah se surpreendeu com a presença e a pergunta dela. Sentiu-se um pouco atordoada sem saber o que faz. Bella desmaiada; EJ chorando em seus braços; Nessie prestes a chorar, encarando a mãe com os olhos arregalados de medo; Rosalie perguntando freneticamente o que estava acontecendo em seu ouvido. Não era boa nesse tipo de situação de crise, sempre tinha Bella ou Jacob para lidar com isso, era melhor em animar do que arrumar a situação.

— Rosalie, espera! — disse firme. — Não, Nessie, ela está viva, ela só teve uma queda de pressão, mas vai ficar bem, será que você ajudar a tia Leah? Consegue brincar com seu irmão um pouco?

A menina hesitou, mas assentiu. Leah não tinha medo de deixar que ela cuidasse o irmãozinho, já estava mais do que acostumada, ainda mais com supervisão. Colocou EJ no carrinho e deixou que Nessie tentasse acalmá-lo, agitando brinquedos na frente dele e conversando com ele; era lindo de vê-la interagindo cuidadosamente com ele, como se fosse algo precioso e o menino olhando pra ela com adoração. Eles se amavam. E EJ foi logo se acalmando.

Voltando sua atenção para Bella, sentou rapidamente lado dela e começou a bater em seu rosto.

— Bella? Acorda Bella! Bella!

— Ela voltou?

— Não. Quer me dizer o que você disse pra ela, Rosalie? — rosnou.

— Eu não tinha outra maneira de fazer isso, Leah, não tinha um jeito melhor. Por isso eu pedi pra ela estar na sala e com alguém perto.

— O que você disse?

— Eles acharam Edward.

— O que... — Leah ficou confusa e atordoada. — O que? Você quer dizer, o cadáver?

— Não, Leah, ele está vivo. É meu irmão e ele está vivo!

— Mas que porra... — parou quando escutou uma exclamação infantil. Merda.

— Você disse uma palavra horrível, tia Leah. E agora me deve dois dólares. — a menina cantarolou, sorrindo vitoriosa.

— Depois você se acerta com a sua madrinha, querida, ela me fez falar essa palavra ruim. — quando Nessie riu e voltou à atenção ao irmãozinho, Leah voltou a falar com Rosalie: — Rosalie, você está falando sério?

— Claro que estou! Você acha que eu brincaria sobre isso? A vida do meu irmão? Estou com Emmett em Londres. Jasper estava investigando isso por conta própria há meses, desde que Bella tinha dito pra ele que algo dentro dela dizia que Edward ainda estava vivo. Eu sabia, mas como não era nada certo, mantivemos isso em segredo. Já tínhamos encontrado um corpo antes e eu mandei uma amostra de sangue para o teste de DNA, que deu negativo. Esse agora ele nem tinha dúvidas, eu entrei em um avião e fiquei sabendo de toda história e... — ela respirou ruidosamente, parecendo chorar. — É o Edward, Leah. Eu já o vi, é o meu irmão.

— Deus, Rosalie. Isso é... Calma aí, a Bella está acordando.

Lentamente, Bella foi despertando. Leah colocou o telefone sem fio no sofá e ajudou a amiga a sentar.

— Nessie, querida, será que você podia ir à cozinha e pegar um copo de água para a sua mamãe?

Sorrindo, a pequena se levantou e foi rapidamente pra cozinha.

— O que... — Bella respirou e passou a mão no cabelo. — O que aconteceu? Eu... Deus, eu tive um sonho tão estranho. Rosalie me ligando e...

— Bella... — hesitante Leah pegou o telefone novamente.

Os olhos de Bella se alargaram.

— E-Edward...?

Leah assentiu.

— Oh meu deus. — tomou o telefone e só não se levantou porque não tinha certeza se suas pernas estavam firmes suficientes, ainda sentia os joelhos tremerem, assim como suas mãos, ou melhor, assim como seu corpo inteiro. — Rosalie, onde ele está?!

.

Bella estavam tão nervosa e confusa que nem sabia exatamente o que fazer.

Era como se tivesse entrando sob o efeito de um analgésico muito forte. A dor que vinha atormentando seu peito por meses estava sendo anestesiada lentamente, mas também se sentia lenta, como se não pudesse reagir a nada com rapidez, estava atordoada demais para isso. Rosalie disse que estavam no Hospital Memorial de Londres, então era pra lá que deviam ir, mas se não fosse por Charlie assumindo o comando da situação, ainda estaria olhando ao redor esperando saber qual seria seu próximo passo, tentando descobrir se tudo não passava de um sonho esperançoso e que voltaria a realidade quando acordasse.

Leah colocou EJ para dormir e Nessie assistindo televisão em seu quarto, então contou a Charlie o que estava acontecendo. Rosalie disse que iria passar a notícia para Esme e Carlisle, então todos podiam viajar juntos. Charlie pediu para que Jacob comprasse todas as passagens para o voo mais rápido para Londres pela internet, e assim ele fez. Pediu que Leah e Sue cuidassem de preparar uma pequena mala para Bella, então uma com as coisas de Nessie e EJ, elas foram cuidar disso. Então Charlie sentou ao seu ledo e segurou seu rosto entre as mãos.

— Bella?

— Pai... Edward... — ela arfou, respirando fundo.

— Eu sei, querida. — Charlie sorriu. — Eu sei. Você foi forte até aqui, você precisa continuar assim, está bem? Você ainda não sabe qual será a situação dele, não sabe se ele...

— Ele está vivo. — o interrompeu. Piscou forte e pareceu sentir como se as palavras céticas de seu pai a trouxessem de volta a realidade. — É tudo o que eu sei. É tudo o que me importa.

— Eu sei. Agora, isso é tudo que importa mesmo, mas você sabe que isso não vai ser fácil.

— Nada foi fácil até agora.

— Isso. Mas você foi forte até agora, precisa continuar sendo. Pra quando for vê-lo, pra quando for explicar a situação a Nessie, pra quando Esme e Carlisle reencontraram o filho. Sei que pode ser difícil, mas você precisa tentar, está bem?

Ela assentiu, respirando fundo novamente.

— Você está certo. Deus, eu nem tinha pensando em como seria pra Nessie, eu... — passou a mão no cabelo. — Imagina o quanto vai ser confuso pra ela.

— Tão confuso quanto está sendo pra você, mas ainda há felicidade em você, não é?

— Sim... — sorriu, sentindo as lágrimas descerem por seu rosto. — Muita.

— Ela também ficará. Pode ser confuso, mas se essa confusão o trouxer de volta, sei que ela ficará muito feliz.

— Você vai estar lá comigo, papai?

— Sempre, querida. — beijou a testa dela e a puxou para um abraço.

— Vivo. Meu marido está vivo, papai. — ela riu histericamente, enquanto chorava da mesma maneira.

. . .

24 de Maio de 2004.

O voo mais próximo saiu de Seattle no fim da tarde do dia vinte e três. E lá estavam eles. Toda a família. E quando dizia "toda a família", incluía até aqueles que não eram de sangue.

Bella estava no assento junto à janela com Charlie ao seu lado, segurando sua mão o tempo inteiro. Ao lado dele estavam Sue e Leah. Na frente estavam Esme com EJ nos braço, Carlisle, Jacob e Nessie entre eles, sendo distraída pelos dois; se sentia uma mãe horrível novamente, por deixar os filhos aos cuidados dos outros, mas se sentia abalada demais para ser o tipo de conforto que eles precisavam – principalmente pra Nessie, que não parava de perguntar o que estava acontecendo e para onde estava indo; mas Esme, mesmo nervosa, ainda se mantinha forte por sua família e garantiu que ter o neto nos braços a tranquilizava, enquanto Carlisle disse a mesma coisa sobre a neta, brincar com ela ajudava. Então atrás deles estavam os novos membros militares de sua família, Mallory, Magnus, Micah, Garrett e Ethan; nervosos quanto qualquer outro naquele grupo. Todos unidos pelo mesmo laço, Edward.

Antes, todos unidos pelo mesmo sentimento, dor. Agora, todos unidos pelo mesmo sentimento, esperança.

E eles chegaram a Londres no meio da madrugada do dia vinte e quatro.

Nem pararam para se estabelecer em algum hotel, apenas alugaram carros no aeroporto e dirigiram para o hospital. Sorte que os soldados ali sabiam dirigir do lado oposto e conseguiam ir com a ajuda do GPS, então eles guiaram todos os quatro carros que o grupo pegou.

Quando o carro parou na frente do hospital, Bella não pensou em mais nada ou ninguém, pegou sua bolsa e desceu correndo, sendo seguida por Charlie, enquanto os outros iam estacionar o carro.

Bella pegou a mão de seu pai quando entraram no elevador, apertando freneticamente o botão do andar que Rosalie tinha dito que estariam.

Suas mãos suavam frias, sua boca estava seca e seu coração acelerado. Estava tão nervosa e ansiosa que chegava até a ficar nauseada.

Suspirou aliviada quando a porta do elevador se abriu e eles saíram dele. Puxando Charlie, eles foram pelo corredor procurar alguém ou a recepção do andar.

Ela parou no meio de uma respiração ver Rosalie, Emmett e Jasper no meio da sala comum do andar, apenas eles. Emmett foi o primeiro a vê-los, já que os outros dois conversavam de costas, virados para o grandão.

— Rose, baby. — ele disse acenando com a cabeça.

Sua cunhada e Jasper se viraram.

— Bella. — ela sorriu e veio em sua direção.

Soltou a mão de Charlie e entregou a bolsa a ele, então correu para os braços de Rosalie, abraçando-a como uma tábua de salvação. Porque abraçá-la, sentir os braços dela lhe aperta e respirar o seu doce cheiro floral tornava tudo real. Respirou fundo e não teve vergonha de chorar, ainda mais escutando Rose chorar da mesma maneira.

Não era um sonho mesmo, estava ali e a poucos minutos de seu marido.

Quando quebraram o abraço, elas deram as mãos.

— Obrigada, Rose... — sussurrou com a voz quebrada.

Ela sorriu, soltou sua mão e acariciou seu rosto.

— É ao Jasper que você tem que agradecer, Bells, é tudo graças a ele.

Bella olhou na direção dele e sorriu, nem hesitou antes se aproximar dele e se jogar em seus braços, abraçando-o ainda mais forte. Jasper retribuiu o gesto com cuidado e delicadeza.

— Obrigada... Obrigada... Obrigada... — repetiu entre o choro compulsivo. Queria poder dizer mais, mas só conseguia repetir: — Muito obrigada...

— Está tudo bem, está tudo bem. — ele sussurrou, acariciando seus cabelos. — E não é a mim que você deve agradecer também, é a ela.

Bella se soltou de Jasper e olhou para trás, onde a pequena e bonita médica, parecendo um pouco envergonhada, estava parada.

— Oi, eu sou Alice, a médica do seu marido.

— Não, Bella. — Jasper disse firme. — Ele é a mulher que salvou a vida do seu marido.

— E isso me faz eternamente grata a você também, assim como eu sou com a Rosalie e Jasper. Obrigada. — sem pensar duas vezes, abraçou a médica com força. — Obrigada, muito obrigada.

— Ele salvou minha vida, eu tive prazer em salvar a dele. — Alice sussurrou com um pequeno soluço de choro.

Soltou a médica e a encarou com o lábio inferior trêmulo.

— Eu posso vê-lo? — sussurrou. Engoliu seco e aumentou a voz, mesmo que ainda saísse chorosa e quebrada. — Eu quero vê-lo, por favor.

— Ele está em um estado delicado, Bella. — Jasper disse suavemente. — Talvez você queira saber de tudo que aconteceu, antes de...

— Não. Quero dizer, eu vou querer saber o que aconteceu, mas não agora, por favor, eu preciso vê-lo. Eu não aguento mais, por favor, não façam isso comigo, eu quero ver meu marido.

Charlie veio para o seu lado e passou o braço por seu ombro, lhe puxando para um abraço. Envergonhada por todo seu choro e voz quase patética enquanto implorava, Bella se virou e escondeu o rosto no peito no pai.

— Está tudo bem. — ele sussurrou e beijou seu cabelo.

— Eu vou levá-lo até ele, Bella. — Alice disse. — Vamos te preparar e vou te levar até o quarto dele, na UTI.

Bella respirou fundo o cheiro familiar e amadeirado de seu pai, deixando que aquele cheirinho de lar lhe desse conforto e força. Tinha que ser forte. Respirou fundo mais uma vez e ergueu a cabeça.

— Meu pai pode ir comigo? — perguntou com a voz mais firma.

Alice sorriu e assentiu.

— Eu vou ficar aqui esperando os outros. — Rosalie disse sorrindo. — Vai lá. Seja forte, ele está vivo e isso que é o que nos importa agora.

Bella assentiu. Charlie entregou a bolsa a Rosalie e eles foram com ela.

Os quartos de UTI do andar ficavam atrás de uma porta dupla no, em uma área de acesso restrito. Eles passaram por ela e estavam em outro corredor com várias portas dos dois lados. Alice os levou para a sala de preparação, onde eles colocaram toda a roupa cirúrgica – sapatilhas propés descartáveis sobre os sapatos, então os aventais de mangas cumpridas, touca na cabeça, lavaram as mãos com sabão antisséptico e colocaram luvas, por fim a máscara no rosto.

Quando estavam todos prontos para entrarem no quarto de terapia intensiva, deixaram todos os objetos ali e Alice os levou até o quarto.

Ao ver a pequena mão dela pousar na maçaneta da porta, Bella sentiu seu coração falhar por uma fração de segundos, antes de voltar ao ritmo forte e rápido de antes, enquanto sua respiração se tornava mais rápida e curta. Charlie sentiu seu nervosismo e voltou a segurar sua mão. Virou a cabeça na direção dele e seu pai apenas assentiu, dizendo com o olhar que ela podia fazer aquilo. Ela fechou os olhos e deixou as lágrimas descer por seu rosto, morrendo na máscara cirúrgica sobre seu nariz e boca, tomou uma respiração profunda e os abriu.

Sim, podia fazer aquilo.

Ar frio com cheiro de álcool cirúrgico foi a primeira coisa que lhe atingiu quando a Alice abriu a porta, então os bipes constantes das máquinas. Eles entraram silenciosamente no quarto confortável e todo em branco, parecia simples, por contar apenas com o necessário, e ainda assim luxuoso, com certeza aquela era um quarto da ala particular.

Um pequeno soluço escapou dos lábios de Bella quando viu o homem deitado na cama hospitalar, ligado as grandes máquinas, tubos, cateteres e intravenosas.

Alice permaneceu junto à porta, lhe dando espaço e o máximo de privacidade que a situação permitia. Charlie esperava o que Bella ia fazer, para então agir quando ela precisasse.

Soltando a mão de seu pai, ela se aproximou da cama lentamente.

O fino lençol branco cobria até a altura de suas axilas e ele usava um pijama hospitalar azul claro. Ele tinha um oxímetro preso ao seu dedo e sua cabeça estava enfaixada – uma faixa que cobria toda a parte de trás de sua cabeça e sua testa –, seu rosto tinha as marcas da cicatrização de alguns pequenos cortes pela bochecha e uma cicatriz de um corte que devia ter sido mais profundo sob o olho esquerdo. Do lado oposto das grandes máquinas, estavam os suportes com o soro e, possivelmente, medicamentos, ligados intravenosamente ao braço dele, assim como um suporte com uma bolsa de líquido amarelo, que ela supôs ser do cateter vesical que ele usava. Ele estava ligado a um grande monitor cardíaco, que apitava mostrando todos seus sinais estabilizados. Mas de tudo aquilo, o mais assustador era o grande tubo que ele tinha em sua boca, da ventilação mecânica – ele estava respirando com a ajuda de aparelhos.

Ao se aproximar mais dele, ficando bem ao seu lado, viu que o homem parecia desgastado e esgotado, tão magro que os ossos de seu rosto estavam mais proeminentes, parecia ser demais para uma pessoa só. Mas mesmo com tudo aquilo, ela não tinha a menor sombra de dúvidas.

— Oh papai, é o Edward. — choramingou colocando as mãos sobre a boca, mesmo que estivesse com a máscara. — É o meu Edward.

Suas mãos tremiam e seu coração estava tão apertado por vê-lo naquela situação. Seu Edward, o homem sempre animado e forte, estava agora desacordado na terapia intensiva, ligado a máquinas e respirando com a ajuda de aparelhos.

Ergueu os olhos para o monitor cardíaco e assistiu os batimentos do coração dele por alguns segundos. Vivo. Voltou os olhos para seu marido. Mas ele está vivo.

— Eu posso... Eu posso tocá-lo? — sussurrou sem tirar os olhos dele.

— Sim. — Alice respondeu.

Ficou tão próxima que suas coxas tocavam a cama, então esticou o braço lentamente para ele, mas teve medo de tocá-lo e perceber de que não era real. Tinha medo de tocá-lo e ele evaporasse como fumaça, assim como já tinha feito muitas vezes em seus sonhos. Mas quando seus dedos trêmulos tocaram as deles, ela soluçou de alívio.

Era real. Era Edward. Era seu marido.

Ele estava vivo.

— Edward... — sua voz quebrou no final, atropelada pelo seu choro. A mão dele estava flácida e parecia mais fria ao toque, ergueu-a suavemente e se inclinou, beijando um pouco acima das juntas, sem se importar com a máscara. — Meu amor...

Sem soltar a mão dele, se inclinou mais próximo de seu rosto.

— Seu idiota, como você pode fazer isso me comigo? Me assustar desse jeito? No momento em que sair dessa cama, eu vou chutar seu traseiro. Ou melhor, eu vou jogar as piores fraldas do nosso filho em você. E olha que o pequeno é uma fábrica de fralda sujas, como diz a Leah. E nem sua Luz do Sol poderá te salvar, Cullen. — deu uma risadinha e mordeu o canto do lábio inferior. — Eu senti tanto a sua falta, meu amor. Tanto que doía. Mas eu sabia... Você disse que ia voltar... E aqui você está. — usou a mão livre para afagar a bochecha dele. — Eu sempre soube que você não ia quebrar sua promessa e que jamais quebraria meu coração desse jeito. Eu amo você, Edward.

Fechou os olhos e seus ombros se agitaram enquanto chorava tentando não fazer barulho. Tinha pensando que jamais poderia dizer essas palavras pessoalmente pra ele novamente. Março de 2003 tinha sido a última vez que eles estiveram juntos fisicamente e agora era Maio de 2004. Mais de um ano, mas finalmente estava ali. Juntos. Não apenas por cartas, telefone, coração. Não, estavam fisicamente juntos novamente.

E agora ela tinha certeza, nunca mais o deixaria ir de novo.

Abriu os olhos e fungou. Nunca.

— Eu estou tão orgulhosa de você, meu amor. Você passou pela pior parte, sei que você consegue passar por essa também, não pode? Por mim, pela Nessie, pelo EJ, pelo resto da nossa grande família, você pode e você vai passar por isso. Não quebra meu coração, Edward, por favor, fica bem e volta pra mim. Eu amo você... Volta pra mim.

— Bella... — Alice disse suavemente. — Eu não quero ser rude, mas temos que sair.

— Oh. — Bella ergueu a cabeça e olhou para trás sobre o ombro. — Já?

— Bella, querida, Alice já foi boa suficiente em nos deixar entrar, não vamos abusar e arriscar o trabalho dela. — Charlie disse apaziguador.

Bella assentiu.

— É... Você está certo, eu já vou, só mais um minuto, ok?

— Tudo bem.

Voltando os olhos para Edward, ela beijou sua mão mais uma vez.

— Eu tenho que ir, mas eu vou voltar. — sussurrou. — Eu não vou te deixar sozinho nunca mais. Eu vou volta pra você... E você vai voltar pra mim, ok? Eu te dou a minha palavra, porque essa é a nossa promessa, vai ser sempre assim. — choramingou. — Eu amo e sempre vou amar você, Edward Cullen. Só você. Sempre. Sempre você.

Mesmo separados pela faixa e a máscara, se inclinou e beijou a testa dele cuidadosamente.

Com cuidado, ela repousou a mão dele de volta na cama e se afastou olhando para trás, relutante. Charlie passou o braço sobre seu ombro e a levou para fora do quarto.

Quando Alice fechou a porta, outro soluço escapou de Bella. Ela só queria voltar correndo e ficar lá até que seu marido acordasse, para que ele soubesse que não estava sozinho e que nunca estaria. Ela estava lá e sempre estaria.

Silenciosamente, eles voltaram para a sala de preparação para tirar toda a proteção que colocaram para entrar na área esterilizada. Charlie ajudou a filha e quando os dois estavam livres de tudo, ele se virou para a pequena médica.

— Obrigado, Alice. — Charlie falou por ela. — Muito obrigada.

— Eu estive com o Edward acordado por poucos segundos, mas foi suficiente pra ver o homem incrível que ele é. Eu estava preocupada que ele não tivesse ninguém por ele, mas é óbvio que ele é muito amado por todos vocês, eu fico feliz por isso. — ela disse sorrindo. Mesmo que tivesse secado o rosto, as lágrimas tinham voltado. — E eu tenho uma coisa para você, Bella.

Alice se afastou para a parede de armários de pertences da sala, devia ser o lugar onde os médicos deixavam suas coisas quando tinham que se vestir adequadamente para os procedimentos na terapia intensiva. Ela abriu um deles e pegou uma pequena caixinha de veludo vermelho.

— Aqui.

Com as mãos trêmulas, Bella a pegou e abriu.

— Oh! — surpresa, cobriu a boca. Era a aliança de Edward.

— Ele estava usando na hora. Como ele não podia ficar com nada durante nenhum dos procedimentos, eu a tirei e guardei. Sabia que ele, ou sua esposa, iria querê-la de volta depois de tudo.

— O-obrigada, obrigada.

— Muito obrigado, Alice. Por tudo que você fez ou está fazendo pro Edward, que também é fazer muito para minha filha e meus netos, obrigado. — Charlie disse com a voz mais rouca pela emoção.

— Oh papai... — Bella se virou para ele. — É o Edward.

— Eu sei querida. — Charlie sorriu.

— Ele vai ficar bem, não vai, papai? — ela perguntou hesitante.

Ele entendeu porque ela não perguntou aquilo para Alice, a médica, ela não queria termos médicos ou técnicos, ela queria uma resposta simples que pudesse lhe ajudar a continuar.

— Quando ia viajar para a Somália, ele te prometeu voltar, você se lembra disso? — ela assentiu. — Quando estávamos a sós, eu disse a ele que não devia te prometer isso, essa vida militar e perigosa e imprevisível, então se ele não cumprisse essa promessa ia quebrar seu coração, mas ele disse que não quebraria. Eu perguntei como ele sabia, ele disse que só sabia. — Charlie riu suavemente. — E sabe por quê?

— Não... Por quê? — sussurrou. — Ele me disse que sabia por que você era a vida dele. Quebrar seu coração seria como quebrar o próprio, assim como ele tinha prometido jamais teria o coração quebrado novamente, ele jamais quebraria o seu. E ele se recusava a morrer sem antes ter uma longa vida com você. E sabe o que? Eu acredito nele, querida.

— É... Você está certo... Eu acredito também. — ela deu um sorriso trêmulo. — Eu não te disse? Ele me prometeu e ele não quebra a uma promessa, papai. — balbuciou entre o choro e foi para os braços dele, chorando com o rosto em seu peito. — Ele não quebra uma promessa, papai.

Charlie a abraçou e beijou seus cabelos.

— Vai ficar tudo bem, querida. — Charlie sussurrou e beijou os cabelos dela.

— Vai porque ele está vivo, pai. Edward... Meu marido... Meu Edward.


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Notas finais do capítulo

Edwaaaaaaaaaaaaaard! ♥ ♥ ♥
Hahahaha.
Todas felizes? Se rolou alguma lágrima agora, foi de felicidade, certo? Edward está de volta! E esse foi o último capítulo dessa fase. Agora vamos p última fase, ou seja, está acabando, falta realmente pouco. Voltamos aos momentos de emoção feliz e sorrisos, awn. (Depois de tudo que eu fiz vcs passarem, é o mínimo, né? KKKKKKKKK).
Demorei nesse porque minha semana foi corrida, além do que, voltei a estudar essa semana. Pois é, triste ): kkkk Estou fazendo curso técnico de enfermagem. (Ainda tô na primeira semana, qualquer besteira médica escrita nesse capítulo deve ser relevada). Mas em compensação, voltei com um grande né? Se a "morte" do Edward foi grande, seu "retorno" tinha que ser também. Estava me organizando novamente, então voltamos ao cronograma p o final da P&P. Tá acabando, ain.
Muito, muito obrigada por cada comentário e apreciaria se continuassem comentando, é muito doce ♥ E nos vemos no próximo, bjsbjs s22

Agradecimento especial aqui hoje pra minhas lindas Carol Stew, Karine Cullen Salvatore e Nathlia Danielle. Awn, vcs me derretem demais com suas doces recomendações, muito obrigada por suas palavras, vcs não tem noção o quanto me fazem feliz. Obrigaaada ♥
Todo meu amor até a lua ida e volta p vcs ♥