Palavras & Promessas escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 35
Breath of life... ♫


Notas iniciais do capítulo

Hey hey gatitas ♥
Desculpa a pequena demora a postar esse, mas entre meu amigo passando dias aqui em casa novamente (amo!) e familiares, era difícil parar para escrever, revisar ou postar qualquer coisa. Mas finalmente voltei com mais um capítulo e... Ai cês tem que ler né, acho que vão gostar. Enjoy []



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Eu procurava por um sopro de vida, por um pequeno toque de luz celestial, mas todos os coros da minha cabeça cantaram não. Para ter um sonho de vida de novo, uma pequena visão do final, mas todos os coros da minha cabeça cantaram não. Mas eu só precisava de mais um toque, outro sabor de ímpeto divino e eu acreditei, eu acreditei tanto nisso. Eu procurava por um sopro de vida, um pequeno toque de vida celestial.

— Breath of life - Florence and The Machine.

(http://www.youtube.com/watch?v=r0EVEXX9kpk)

_______________________________

16 de Maio de 2004.

Jasper estava no meio do acampamento usado como base principal da Cruz Vermelha na Jordânia. O lugar estava cheio e ainda assim os que trabalhavam ali não pareciam ser suficientes para lidar com tantos feridos, desabrigados ou desalojados buscando refúgio.

Todos com quem tentava falar diziam estar ocupado ou não sabiam do que ele estava falando. Até conversou com uma pequena mulher, enfermeira voluntária do lugar, perguntando se ela sabia sobre os médicos internacionais sequestrados no ano passado.

— Sim, eu sei, eu os conhecia. Na verdade, um deles ainda está aqui.

— O que? Sério? Quem ele é? Onde posso encontrá-lo?

— Ele é Liam McShea, ele é Irlandês, ele é um traumatologista e está na última tenda, onde cuidam dos feridos mais graves. — a pequena disse e deu um sorrisinho divertido. — É fácil reconhecê-lo, o único ruivo do lugar.

— Muito obrigado. — e, literalmente, correu até a tenda.

E Liam era realmente o único ruivo no lugar.

— Quem é você? Você não pode estar aqui. — uma enfermeira se aproximou para impedi-lo de entrar.

— Eu preciso falar com Liam, é urgente. Eu sou Capitão Whitlock, por favor.

— Comigo? — Liam se levantou. — Tudo bem, só um minuto. Maggie continue a limpar esse ferimento e depois faça o curativo, por favor.

Liam tirou as luvas ensanguentadas e as jogou no lixo, depois a máscara e o jaleco, colocando-os em uma cadeira vazia, então seguiu Jasper para fora.

— Como eu posso te ajudar, Capitão?

— Só Jasper, por favor. Você estava no grupo de médicos sequestrados, certo?

— Sim. — ele deu um suspiro. — Eu estava.

— E estavam na casa atingida por um Jeep militar, então vocês foram libertos pouco depois.

— Algo assim. Por quê? O que exatamente você quer saber, Capitão? — Liam perguntou desconfiado.

— Eu era um dos soldados daquele grupo que trocou tiros contra os homens que sequestraram você, Liam, era nosso Jeep.

— Oh, vocês foram as vítimas do que eles planejaram naquela noite.

— Como você sabe?

— Eu não entendia muita coisa do que eles diziam, eles falavam pouco inglês, ou melhor, só falavam em inglês para nos dar ordem ou xingar, mas naquela noite eles se vangloriaram em inglês, dizendo o quanto americanos gostavam de bancar heróis e por isso iam morrer; nós apenas concluímos que eles estavam planejando algo. Algo que não deu certo, vendo a maneira que eles ficaram furiosos com o jeito que as coisas aconteceram depois. Espero que vocês não tenham perdido muitos homens naquela noite.

— Perdemos dois homens muito importantes.

— Eu lamento, sinceramente.

— Um desses homens que perdemos, existem algumas suspeitas de que ele possa estar vivo, então eu preciso que você me esclareça algumas coisas contando o que aconteceu naquela noite. Por favor.

— Claro. Bem, éramos quatro médicos; eu, um inglês, um francês e uma americana. A casa era grande, mas ficávamos sempre na sala principal, bem na entrada, no chão e amarrados com as mãos nas costas. Apenas a mulher ficava livre, ela era pequena e considerada menos perigosa, então ela cuidava dos feridos deles; quando ela necessitava de um de nós, éramos soltos e logo amarrados novamente. Estávamos naquela sala quando o tiroteio começou. Um barulho horrível, eles não paravam de gritar e falar rápido. Eles me soltaram também porque precisavam de ajuda com os feridos que vocês acertaram então eu disse a médica disse que aquela era nossa unica chance de tentar fugir ou morreríamos de qualquer jeito, então usamos a distração que vocês eram, eu soltei os outros dois médicos e ela ficou ajudando do lado de fora. Estávamos indo procurar uma saída no fundo da casa quando o carro militar derrubou o muro. O barulho foi tão grande que não pude evitar ir para a porta ver o que tinha acontecido; era o muro da casa sendo derrubado sobre um Jeep militar que tinha invadido então a próxima coisa que eu vi foi a grande explosão do carro e fui jogado para trás. Só me lembro de acordar no chão e os dois médicos tentando me acordar. Depois foi tudo uma grande bagunça, ninguém do exército veio nos ajudar e outros terroristas vieram nos forçando a ajudar e fizemos, tivemos que cuidar de quem podíamos em um hospital improvisado feito por eles na casa ao lado. Foi horrível; corpos irreconhecíveis, mutilados ou muito queimados. Naquele hospital improvisado já tinha alguns feridos graves que a gente cuidava, então foram levados mais cinco com vida; um não resistiu e morreu naquela noite mesmo, os outros quatro estavam em estado grave ou gravíssimos, vivos por pura teimosia, eu diria.

— Algum deles era o meu amigo? O motorista do carro?

— Hum... — ele hesitou. — Eu não vi nenhum militar. E, eu realmente não quero ofendê-lo ou soar pessimista, mas eles o teriam matado na hora se tivessem visto. De qualquer maneira, eu não posso ter certeza, não estava perto, realmente. Como eu era o mais velho do grupo de médicos, eles me colocaram para cuidar unicamente do líder deles. Eu salvei a vida dele, ele disse que me devia isso e eu pedi para que libertasse os outros médicos como pagamento, ele o fez. Eles roubaram um caminhão e disse para irem embora, a médica americana implorou pra que a deixasse levar quatro feridos civis para um hospital de verdade; o líder perguntou se alguém os reconhecia e como ninguém o fez, eles foram levados também. Essa americana, inclusive, estava perto da explosão, ela até foi ferida. Ela ajudava a todos e tinha livre acesso a todas as áreas, ainda mais por falar o idioma deles.

— Onde ela está agora?

— Inglaterra. Ela é americana, mas vive na Inglaterra. Ela foi com os três feridos, ela convenceu que todos eram civis e refugiados de guerra, precisavam de tratamento urgente que não tinham em Bagdá.

— Eu preciso de um endereço.

— Eu realmente gostaria de te ajudar, mas eu não posso, eu... Eu quero dizer, eles são refugiados.

— Por favor, Liam, um deles pode ser meu amigo, só... Por favor.

Liam hesitou, mas vendo o desespero e dor nos olhos de Jasper, ele em rendição.

— Dra. Alice Mary Brandon. É tudo que vou te dizer.

18 de Maio de 2004.

Jasper estava tão atordoado com tudo que Liam tinha lhe contado que não conseguia pregar os olhos. Estava agitado e cada vez mais esperançoso, mas resolveu guardar aquelas esperanças e desconfianças para si mesmo.

No dia anterior mesmo ligou para Tanya para perguntar sobre a Dra. Alice Mary Brandon.

— Alice? Eu não a conheço, mas vou ver o que posso fazer, me liga daqui a dez minutos, ok? — desligou. E dez minutos Jasper ligou novamente. — Uma enfermeira a conhece. Ela está atualmente no Hospital Memorial de Londres. Quer o telefone?

— Claro, por favor.

Ele anotou e agradeceu Tanya mais do que ela jamais poderia imaginar, então desligou. E ligou para o hospital que Alice trabalhava, sem nem se importar com fuso horário.

— Hospital Memorial de Londres, boa noite. — a voz feminina com forte sotaque britânico disse do outro lado.

— Alô, eu gostaria de falar com a doutora Brandon, Alice Brandon, por favor.

— Quem gostaria?

— Capitão Jasper Whitlock.

— Só um minuto, por favor. — e ela demorou menos do que isso. — Eu sinto muito, mas a Dra. Brandon não está disponível no momento, gostaria de deixar algum recado?

— Oh. Não, apenas avise que liguei e que tento mais tarde. — desligou. Então Alice não queria falar com ele.

Como aquilo lhe pareceu uma atitude muito suspeita, ele juntou suas coisas na única mala que tinha e finalmente pode dizer adeus aquele inferno. Foi ao aeroporto, sacou algum dinheiro e comprou uma passagem para Londres.

Horas passadas sem dormir direito, mais as horas de voo, o fuso-horário, Jet-leg, ele se sentia uma merda completa, mas não parou para descansar. Fez uma rápida pausa pra alugar um quarto em uma pequena pensão, deixar suas coisas, tomar um banho e saiu novamente; antes de pegar um táxi, comprou um sanduíche de carne e uma garrafa de coca-cola, então foi para o enorme hospital.

Algo lhe disse que se falasse que era Jasper, Alice não viria lhe atender, então usou todo seu charme sulista há tanto tempo não utilizado, abusando das covinhas e sotaque, para tirar a informação de uma auxiliar de enfermagem passando por ali. Quando ela conseguiu dizer que Alice Brandon era uma traumatologista e estava no quarto andar, agradeceu e foi para o elevador.

Olhando ao redor, procurando pela médica, ele parou ao escutar alguém dizer "Obrigada, Dra. Brandon" e então uma mulher saiu de um quarto. Ela era uma das mulheres mais lindas que tinha conhecido e, se fosse Brandon, entendia porque ela não parecia risco, ela era pequena e delicada.

— Dra. Brandon? — chamou hesitante.

A mulher se virou com um sorriso simpático no rosto, pronta para ajudar. Longos cabelos castanhos suavemente ondulados emolduravam seu rosto de fada, com traços tão pequenos e nariz arrebitado. Ela tinha uma cicatriz arredondada na maçã do rosto, mas ainda parecia linda. Jasper afastou aquela linha de pensamento e se focou no que tinha que fazer.

— Eu sou Jasper Whitlock.

O sorriso nunca falou, mas olhos dela se alargaram por uma fração de segundo enquanto reconhecia o nome, mas ela disfarçou rapidamente.

— Pois não, como eu posso ajudá-lo?

— Você sabe exatamente porque estou aqui, certo?

— Na verdade, não, eu sinto muito. Mas se me disser quem sabe não posso ajudá-lo, senhor.

— Por favor, poupe a nós dois algum tempo e não vamos fazer esse jogo, você sabe por que estou aqui e por isso não me atendeu. Dezembro, o ataque a casa em que você ficou quando estava sequestrada com outros médicos no Iraque.

— Bem, foi uma experiência difícil, tento não pensar sobre isso e estou tentando esquecer, na verdade.

— Não te culpo e não quero falar sobre aquela noite, já sei o que aconteceu. Eu quero saber sobre os sobreviventes que você trouxe para cá, onde está o militar?

— Eles não são militares, são todos civis inocentes. Agora se me der licença, eu tenho que ir.

Quando ela se virou, Jasper agarrou seu braço e a impediu de ir.

— Você está mentindo! Por quê? Ele é meu amigo!

— Primeiro, me solta. — ela puxou o braço com força. — E segundo, amigo? Uau. — riu com escárnio. — Se é assim que você trata um amigo, vamos agradecer por ele não ser seu inimigo, certo? Porque ninguém sequer procurou por ele, eu sei! Nem você e nem ninguém deu uma merda por ele! Mas isso não é de surpreender, né? Não é assim que o exército americano faz? Coloca homens armados para matar civis em um país estranho e se esse homem for ferido, dane-se, apenas repomos, é fácil. — ironizou amargamente.

— Nós achamos que ele estivesse morto, mas desde que descobrimos a menor pista que pudesse estar vivo, eu estou atrás dessa pista! Você não tem a menor ideia da merda que está falando! — Jasper rosnou.

A doutora ficou calada e aprecia assustada com seu tom de voz. Jasper suspirou pesadamente e respirou fundo.

— Eu sinto muito. É que... Alice, por favor, eu preciso saber se é o meu amigo. Esse meu amigo, é a melhor pessoa do mundo, tem esposa e filhos; uma esposa tentando que fingir ser forte pela filha pequena que está sofrendo a morte dele e um filho bebê que nem chegou a conhecer. Eu não sei se é ele, mas se for, ele merece estar perto da família.

—Eu... Eu não sei se ele é o seu amigo, mas esse homem salvou minha vida, eu devo isso a ele. — Alice sussurrou com os olhos marejados.

— Eu te entendo, porque me sinto da mesma maneira, ele também salvou a minha. Por favor, Alice. Por favor.

Alice passou a mão no rosto, enxugando as lágrimas e assentiu.

— Tudo bem, me acompanhe.


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Notas finais do capítulo

E entãããão... Estou ganhando o amor de vcs de volta? ♥ hahaha. Falta pouco, as coisas estão acontecendo e nos levando ao destino final, onde o sol vai nascer. Nem preciso dizer mais nada né? :3 kk
Nos aproximando do final dessa fase e os próximos capítulos vem com explicações mais detalhadas. Querem um pequeno spoiler torturador? "Mesmo com a boca cheia de sangue e obviamente com dor, mesmo no inferno, ele sorriu e eu soube...". Quem sorriu? O que ela soube? Ai ai... :x Não esqueçam de serem doces e comentar, eu realmente aprecio isso.

Um pequeno momento de agradecimento especial... jaqueline c e June Nobrega, muito obrigada por suas lindas recomendações, obrigada por serem doces mesmo depois de todas as lágrimas que arranquei de vcs ♥ haha. E agradeço também a todas que comentam lindamente e as leitoras novas se aproximando, obrigada!
E nos vemos no próximo ♥