Se eu tivesse apenas uma lágrima descendo pelo seu rosto, talvez eu consiga enfrentar, talvez dormisse um pouco. Se eu tivesse apenas um momento às suas custas, talvez toda minha miséria fosse bem gasta. Você pode chorar um pouco, mentir só um pouco, fingir que está sentindo um pouco mais de dor, eu dei agora eu estou querendo algo em retorno, então chore um pouco por mim.

— Cry – Cassadee Pope.

(http://www.youtube.com/watch?v=SgqK3AXEzqw)

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15 de Fevereiro de 2004.

Rosalie estava deitada em sua cama quando Edward entrou rapidamente, fechou a porta e ficou com as costas nela, soltando sua respiração com força e alívio. Não era difícil imaginar porque ele fugia, depois de tanto tempo longe, ele estava em casa para o Natal e sua mãe não conseguia manter as mãos longe dele.

— Deixa-me adivinhar, a mamãe? — ela riu.

— Dona Esme é terrível. Eu te juro que a amo e estava morrendo de saudades, mas não consigo dar um passo nessa casa sem sentir a respiração dela em meu pescoço. Deus! Imagina quando eu falar pra ela sobre a Bella. — Edward suspirou de olhos fechados.

— O que?! — Rosalie se sentou rapidamente, empolgada. — Quem é Bella?!

— Merda, tinha me esquecido que você é feito do mesmo material genético da Esme.

Rosalie riu.

— Sim, mas é em meu quarto que você veio pedir abrigo, então me conte ou fora.

— Você é uma cadela.

— Eu sei, faz parte do meu charme. — jogou o cabelo de seu ombro para trás. — Agora me conte quem é essa tal de Bella.

— Ela é... — Edward parou, procurando a palavra certa para definir quem ela era, mas todas pareciam muito pequenas para tudo que Bella significava.

— Uau! Pelo seu sorriso idiota, eu vejo que ela é realmente importante e especial pra você.

— Ela é ainda mais, Rose. — sorriu. — Ela é Isabella Swan, mas prefere apenas Bella. Ela é a garota mais linda, engraçada, inteligente, generosa, ela é... Maravilhosa.

— Você está apaixonado por ela?

— Sim, eu estou. Eu a amo, Rose. Ela me faz querer coisas que eu nunca quis, mais do que apenas uma carreira militar, ela me faz querer um futuro com casamento e filhos. Ela é minha e vai ser sempre minha.

— Eu estou... Surpresa. Meu irmãozão está apaixonado. — Rosalie sorriu com os olhos brilhando. — Então, ela é um soldado também?

— Não, ela é filha do meu sargento.

— O que? Filha do seu sargento? — ela riu. — Tudo bem. Então, além de viverem em uma base militar, você está pegando a filha do seu sargento? Posso não entender muito sobre militares, mas isso não me soa uma missão fácil. Quer dizer, como vocês, hum... Como vocês fazem para, você sabe, o coito?

— O que... Coito? — Edward franziu o cenho.

— O que? Você ainda é meu irmão, não posso perguntar como vocês fazem pra trepar né, eu ainda tenho algum respeito. — disse divertida.

— Por favor, Rosalie, nós não fazemos isso.

— O que? Não?! — ela perguntou horrorizada.

Edward não respondeu então ela começou a rir.

— Por quê? Você tem algum tipo de problema pra... Você sabe. Up! — ela ergueu o dedo indicador lentamente, simbolizando uma ereção.

— O que? Não! Ele... Eu... Oh deus, não acredito que tô falando disso com você, a gente funciona bem, ok? Ela só é nova demais e vou esperá-la. A primeira vez dela não será na traseira de um carro ou em algum lugar fuleiro, vai ser especial, ela merece isso.

— Awn, isso é tão bonitinho, irmãozão, você me assustou por alguns segundos, pensei que você tinha algum problema mais sério que iria me impedir de ser tia e madrinha.

— Essa conversa está perturbadora demais, por favor, Rosalie, você é minha irmãzinha, você não devia estar falando sobre essas coisas, não antes do seu casamento.

— Antes do casamento? — Rosalie ironizou e gargalhou.

— O que? Você está me dizendo que... Que não é virgem?

— Você é virgem? — ela rebateu.

— Rosalie!

— O que? Mulheres também têm desejos. Eu, aliás, tenho muito deles, mas não se preocupe, minha primeira vez foi linda e romântica. — ela riu ainda mais.

— Oh Deus, minha irmãzinha é uma vadia!

— Hey, mais respeito, ok? Não é porque eu abri as pernas para um que eu abro para todos, apenas para aqueles que valem a pena, você sabe.

— Rosalie...

— Sabe que você bem que poderia me apresentar alguns dos seus amigos soldados? Escuto histórias maravilhosas sobre homens de farda, quem sabe eu não posso...

— Rosalie, pelo amor de Deus, cala a boca! — colocou a mão nas orelhas.

Rosalie gargalhou.

— Você é uma decepção e vai me pagar por isso. — ele disse estreitando os olhos. Antes que ela respondesse, Edward pulou na cama e se jogou sobre ela, lhe fazendo cócegas.

Em poucos segundos Rosalie estava se contorcendo, chorando de rir e implorando para que parasse. Rindo, Edward parou e deitou ao lado dela, enquanto ela ofegava tentando parar de rir.

— Edward?

— Sim, Rose?

— Sabe que eu acho que nunca te vi tão feliz assim.

— É porque eu nunca estive tão feliz assim.

— Essa mulher, a Bella, ela te faz bem e isso já me faz gostar dela.

— Sério?

— Claro que não, preciso conhecê-la pessoalmente e ter certeza que ela é a mulher certa pra você. — disse fazendo o irmão rir. — Mas eu estou feliz por você e não vejo a hora de conhecer a menina que derreteu o maldito coração de gelo do meu irmãozão e mordeu sua bunda.

Edward gargalhou.

— Você vai gostar dela, tenho certeza.

— Ela faz meu irmão feliz, isso já é meio caminho andado.

Silêncio.

— Rose?

— Sim, Edward?

— Posso te contar um segredo?

— Claro! — ela se sentou rapidamente, empolgada novamente. — O que?

— Você é minha irmã favorita.

— Eu sou sua única irmã, idiota.

— Mas se eu tivesse outras, aposto que você ainda seria a minha favorita.

Rosalie sorriu.

— Você é meu irmão favorito também.

— Eu sei. — piscou, sorrindo convencido.

— Idiota. — se jogou sobre ele, sentindo os braços dele ao redor de sua cintura e o abraçou. — Eu já disse que senti sua falta?

— Na verdade, já. E eu também senti a sua.

— E eu também já disse que te amo?

— Também, mas é sempre bom ouvir né.

Rose riu.

— Eu te amo, seu melequento.

— Eu também te amo, sua peste.

Com lágrimas descendo por seu rosto, Rosalie voltou à realidade ao escutar seu celular tocar.

Estava sentada em um dos vários bancos de pedra do grande jardim nos fundos do hospital em que trabalhava. Era quase uma hora da manhã e estava no meio de um plantão de vinte e quatro horas; como o movimento estava tranquilo, tirou uma pausa para fumar. Tinha começado aquele vício enquanto estava cursando medicina, todo o nervosismo e horas estudando a tinha levado direito ao vício da nicotina para se acalmar e cafeína para ficar acordada; conseguiu parar logo ao se formar e começar sua residência, então voltou a fumar após a trágica notícia de Edward. Era confortada, mesmo que por poucos minutos, pela tranquilidade passageira da nicotina. Era isso ou acabaria surtando, talvez até entrando em vícios piores que podiam acabar com sua carreira profissional, como álcool ou comprimidos. Mesmo que tivesse Emmett e sua família ao redor, nunca se sentiu tão sozinha quanto naqueles dias. Tinha que ser forte por seus pais, sua cunhada, seus sobrinhos, quando estava no trabalho e quando estava em casa para não preocupar Emmett. Estava a tanto tempo fingindo ser forte que estava se sentindo sufocada e exausta. Todos achavam que ela era forte e sabia lidar bem com a dor, mas ela estava apenas reprimindo e engolindo tudo sem fazer barulho. Por dentro, estava destruída. Seu irmão tinha morrido, só queria ter um tempo para cair no colo de alguém e chorar até que seu peito parasse de doer, mas isso não parecia possível. Só se sentia a vontade para chorar quando estava sozinha no banho ou nas raras pausas de seu trabalho, quando sua mente ficava vazia e era tomada por lembranças de seu irmão, então procurava um lugar para ficar sozinho, chorava e fumava como estava fazendo naquele momento.

Fungando, ela deu uma longa tragada no cigarro que tinha entre os dedos e pegou o aparelho no bolso de seu jaleco branco. Franziu o cenho para o número desconhecido e internacional na tela, soprou a fumaça e atendeu.

— Alô?

— Rosalie? Rosalie Cullen? — a forte voz masculina com sotaque sulista veio do outro lado misturado ao chiado da linha.

— Sim, quem está falando?

— É Jasper. Jasper Whitlock, eu sou...

— O soldado amigo do meu irmão. — completou rapidamente. Jamais esqueceria o homem que estava com seu irmão quando ele foi ferido. — Eu me lembro de você.

— Isso.

— Bem, como você conseguiu meu número?

— Espero que não importe, mas eu realmente precisava falar com você, então eu peguei seu número na ficha do Edward, você era o contato para emergência.

— Eu era?

— Quando não é o tipo de emergência letal, o exército liga para família e Edward achou que você seria a melhor pessoa para receber e lidar com esse tipo de ligação.

— Ah. Sem problemas. Então, o que gostaria de falar comigo?

— Eu não tenho ideia de como falar sobre isso ou de como começar, só...

— Pelo começo, sem rodeios, vá direito ao ponto, soldado.

— Claro. Bem, é sobre seu irmão e sua cunhada. Sobre as dúvidas da Bella sobre a sobrevivência do seu irmão.

— O que?!

— Ela não falou com você a respeito?

— Não! Do que você está falando?!

— Bella me falou sobre ter a sensação de que Edward não estava morto e...

— Você... Você está brincando comigo, porra?! — com raiva, jogou o cigarro no chão e pisou. — Escuta aqui, seu idiota, se isso é algum tipo de brincadeira torcida...

— Rosalie...

— Você não tem o direito de brincar com os sentimentos da Bella, ela acabou de perder o marido e está ferida! Eu não sei que tipo de jogo você está fazendo aqui, mas fica longe da minha família, porque se você fizer algo que possa machucá-los ainda mais, então eu vou machucar você! E eu não dou uma merda se você é a porra de soldado ou se era amigo do meu irmão!

— Rosalie, me escuta, por favor!

Ela ficou em silêncio e ele continuou:

— Eu não estou brincando, jamais brincaria com uma coisa dessas. Edward era meu amigo, o mais próximo de uma família que eu já tive e me sinto da mesma maneira pela Bella e seus filhos, jamais faria nada para machucá-los.

— Oh, sério? E você acha que levantar a possibilidade de Edward estar vivo, quando sabemos que ele não está, não iria machucá-los?!

— E se ele estiver vivo?

— O que?

— Ninguém teve uma confirmação concreta, Rosalie. É uma possibilidade remota e improvável, mas e se aconteceu? Antes eu mesmo era cético a respeito, falei com meus amigos aqui e todos nos sentimos da mesma maneira, como se fossemos um bando de ateus tentando acreditar em um milagre, então resolvemos investigar isso, ir mais fundo e checar essa possibilidade.

Rosalie sentiu seu coração parecer falhar por alguns segundos, assim como sua respiração. Estavam investigando a possibilidade de Edward estar... Vivo?

— E então... — foi hesitante, com medo da resposta. — Acharam alguma coisa?

— Sim.

Lágrimas mais grossas desceram pelo rosto de Rosalie.

— O que? Você... Vocês... Acharam meu irmão?

— Esse é o problema, não sabemos.

— Como?

— Antes de entrar no maldito Jeep e ir contra os terroristas, Edward tirou sua corrente de identificação do pescoço e pediu que eu entregasse a Nessie. Muitos soldados são feridos e mortos, essa plaqueta ajuda na identificação e ele estava sem, isso complicaria, então nós... Achamos um corpo. Esse homem está muito ferido e irreconhecível, está em estado gravíssimo, mas vivo. Ninguém sabe como ele chegou aqui ou quem ele é, suas roupas estavam destruídas e foram jogadas fora quando o levaram para o tratamento, mas ninguém lembra se era uma farda ou não.

— Então como vocês concluíram que pode ser meu irmão?

— Todas suas dimensões combinam com as do seu irmão, inclusive o tipo sanguíneo bate, mas seu irmão tinha o tipo mais comum e isso não ajuda muito.

— Você... Realmente acha que é meu irmão?

— Sinceramente? Eu não sei. Talvez sim, talvez não, mas é uma chance. É a nossa unica chance no momento. Não parecia certo desperdiçá-la, mas eu também não podia dar esse tipo de esperança a Bella ou aos seus pais, porque se não for ele...

— Iria machucá-los ainda mais. — ela concluiu por ele.

— Sim.

— Ok. — respirou fundo. — Então você não pode dar a eles esse tipo de esperança, mas pode dar a mim?

— Ele sempre te achou forte, Rosalie. Sempre disse que se algo acontecesse com ele, sabia que Bella e seus filhos teriam você por perto. Às vezes eu pensava que ele te dava muito crédito, que era apenas um irmão mais velho muito orgulhoso da irmãzinha, mas eu te conheci e vi que era verdade. Eu sei que não está sendo fácil pra você, ele era seu irmão, mas ainda assim você está sendo forte por sua família. Sei que não é justo que eu te peça isso, mas vou te pedir mesmo assim, seja forte mais uma vez e me ajude a ter certeza.

Considerando em silêncio suas palavras por alguns segundos, ela inspirou profundamente e fechou os olhos, expirando lentamente.

— Tudo bem. O que você quer que eu faça?