História de Um Grande Amor escrita por Acyd-chan


Capítulo 10
Capítulo 10




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Serena suportou durante três dias, e com dignidade, a oposição. A avó mudou de tática, usando uma adulação terna.

-# Eu entendo, minha filha, que lorde Darien talvez tenha sido um pouco indolente nas suas atenções, mas ele não se esquivou diante dos deveres. Afinal, não a forçou...

-# Não precisa repetir — ela enrubesceu.

-# Bem, seu consentimento foi...

-# Eu sei, vovó.

-# Minha filha, enfim, o que há de errado com o visconde? Ele me parece uma ótima pessoa e assegurou que será capaz de prover às suas necessidades e também que cuidará com carinho da minha neta, isto é, da esposa dele.

Serena cerrou os dentes.

Na noite anterior as apresentações formais foram feitas. Em menos de uma hora sua avó já estava encantada. Aliás, Darien deveria afastar-se das mulheres de qualquer idade.

-# Não acha que ele é muito atraente? — a avó perguntou. — Claro que sim. Quem não o acharia encantador? Só um cego mesmo. Concorda comigo, minha filha?

Serena não estava com vontade de concordar.

-# É evidente que um belo rosto pode esconder uma mente mal-formada — prosseguiu a senhora —, mas o visconde mo parece muito inteligente e sensato. E bastante amável. Con venhamos, querida, sua situação poderia ser bem pior. — A avó olhou-a com severidade. — Sabe de uma coisa? Não acho que será capaz de encontrar coisa melhor.

Aquela era uma verdade dolorosa que até estava demo rando para surgir.

-# Posso ficar solteira.

A avó não considerou a opção viável e não perdeu tempo 6m discuti-la:

-# Não estou me referindo ao título ou à fortuna. Ele seria um bom partido mesmo se não tivesse um xelim.

A resposta restringiu-se a um dar de ombros, uma tossidela e uma inclinação de cabeça. E pensou ter resolvido o problema.

O engano não demorou a mostrar sua face. Darien usou o round seguinte para um apelo à natureza romântica de Serena. Grandes buquês de flores chegavam a cada duas Ou três horas, cada uma com bilhetes idênticos:

Case-se comigo, Serena.

Ela tentou ignorar as flores de todas as maneiras, mas não foi fácil. Em pouco tempo lotavam todos os cantos da casa. Darien fazia grandes progressos com a avó de Serena, que redobrava os esforços para convencê-la a casar-se com o encantador e generoso visconde.

-# Pelo amor de Deus, menina, será que perdeu comple tamente o juízo?

Serena nada respondia, mesmo porque não saberia o que dizer.

Nova tentativa e, dessa vez, com uma mensagem que apresentava um erro tático:

Eu a perdôo por haver me agredido.

Em princípio, aquilo a irritou muito, pois havia sido jus tamente aquele tom condescendente que a levara a dar-lhe um soco. Depois reconheceu o significado oculto, que soava como uma advertência sutil. Ele não toleraria por muito tem po sua teimosia.

No segundo dia do cerco, Serena deu-se conta de que ar puro era uma necessidade primordial. A fragrância de todas aquelas flores tornara-se bastante enjoativa durante a gra videz, mas agora...

Decidida, pegou o chapéu e foi até o parque das proximi dades, o Queen Street Garden, para espairecer.

Darien pôs-se a segui-la imediatamente. Não estava brin cando ao afirmar que a casa se encontrava sob vigilância cerrada. No entanto ocultara não ter contratado serviços profissionais de espreita, mas que designara seu criado de quarto para tal tarefa. Depois de oito horas de observação ininterrupta pela janela, o pobre rapaz finalmente suspirou aliviado. A dama em questão saía de casa, e ele poderia aban donar o posto.

Sorriu ao vê-la caminhar com passos rápidos e estranhou que não estivesse acompanhada de uma criada. Edimburgo não era tão perigosa como Londres, mas uma dama de boa estirpe não podia sair sozinha. Ele não toleraria esse tipo de comportamento quando estivessem casados.

E eles haveriam de se casar, o contrário estava fora de questão.

Contudo seria preciso abordar o assunto com um pouco mais de delicadeza. Fazendo uma retrospectiva, Darien re conheceu que a nota expressando seu perdão fora provavel mente um deslize. No íntimo, sabia que a irritaria, mas não conseguira controlar o ímpeto de escrever. E não era para menos. Toda vez em que olhava no espelho, via o olho roxo.

Serena chegou ao parque e andou por alguns minutos até encontrar um banco desocupado. Sentou-se e tirou um livro da sacola.

Encostado numa árvore a cerca de cinqüenta metros de distância, Darien sorriu, e a própria satisfação o surpreen deu. Comprazia-se em contemplá-la entretida na leitura. Imaginou-a sentada atrás da secretária na sala de estar Conjugada a seu quarto na Nortúmbria. Estaria escrevendo uma carta, na certa para Hotaru, relatando os últimos acon tecimentos.

Compreendeu de repente que mesmo não sendo o ideal, aquele casamento poderia ser muito bom e que tinham chan ce de ser felizes.

Assobiando, aproximou-se dela e largou-se no banco.

-# Olá, meu anjo.

Serena suspirou e revirou os olhos.

-# Ah, que surpresa — murmurou, sem convicção.

-# Acredito que não estivesse esperando outra pessoa. Serena fez uma careta ao observar-lhe o rosto.

-# Perdoe-me tê-lo atingido no olho.

-# Se está lembrada, eu já a perdoei.

-# Eu sei. — Aguardou alguns momentos e tornou a abrir livro. — Estou tentando ler.

-# Percebi. Isso é muito bom. Gosto de mulheres que ampliam seus horizontes. — Darien pegou o livro para ler o foilo. Orgulho e Preconceito. Está gostando?

-# Estava.

Ele ignorou o sarcasmo. Folheou as primeiras páginas, sem desmarcar onde ela parara.

-# É uma verdade universalmente aceita que um homem solteiro e rico deve casar-se — leu em voz alta.

Serena tentou retomar o livro, mas ele afastou-o.

-# Uma idéia interessante. Eu certamente quero uma esposa.

-# Vá para Londres. Lá, encontrará uma quantidade enorme de mulheres.

-# Caso ainda não saiba, sou dono de uma boa fortuna. — Darien inclinou-se para a frente, devolveu-lhe a obra e sorriu.

-# Nem imagina o meu alívio ao saber que a fome nunca baterá à sua porta.

-# Ah, minha querida, por que não desiste? Desta vez não poderá vencer — provocou-a com a usual maestria.

-# Não acredito que haja sacerdotes que realizem um ca samento sem o consentimento da mulher.

-# Sua anuência é ponto pacífico.

-# Como?

-# Esqueceu que afirmou me amar?

-# Isso foi há muito tempo. — Serena apertou os lábios.

-# Digamos há dois ou três meses? Não é tanto assim. O amor voltará.

-# Não diante da maneira como vem agindo.

-# Ah, que língua mordaz! E se quer saber, essa é uma das suas qualidades que mais aprecio.

Serena teve de se conter para não o enlaçar pelo pescoço.

-#Bem, já estou embriagada de tanto ar puro — anunciou, escondendo o sorriso, e levantou-se com o livro apertado de encontro ao peito. — Vou para casa.

-# Então eu a acompanharei, lady Chiba — anunciou ele, colocando-se em pé também.

-# Como é que me chamou? — indagou, prendendo a res piração por um momento.

-# Estava testando o nome. Combina bem com você. Creio que se acostumará bem com ele e, quanto antes, melhor.

Ela sacudiu a cabeça e fez o caminho de volta para casa. Embora andasse depressa, Darien não teve a menor dificul dade em alcançá-la.

-# Vou lhe dizer uma coisa. Se me der apenas um bom motivo por que não devemos nos casar, eu a deixarei em paz.

-# Não gosto do senhor.

-# Isso é mentira, portanto não vale.

Ela pensou um pouco e andou mais rápido ainda.

-# Não preciso do seu dinheiro.

-# Claro que não. No ano passado Hotaru me contou que sua mãe lhe deixou uma pequena herança, o suficiente para mantê-la com conforto. Mas é uma visão acanhada recusar um pedido de casamento por não querer ter mais dinheiro, não é verdade?

Serena cerrou os dentes e continuou andando. Logo che gou aos degraus da casa dos avós, seguida de perto por aque la presença perturbadora. Antes porém de conseguir entrar, ele a segurou pelo pulso, detendo-a.

-# Viu só? — Sorriu com presunção. — Não encontrou nenhuma razão, por menor que fosse.

-# Talvez não — constatou ela com frieza —, mas também não encontro nenhum motivo para aceitá-lo.

-# Sua reputação não seria uma boa causa?

-# Meu bom nome não está em perigo.

-# Não?

-# Não ousaria fazer o que estou pensando, Darien Endimion Chiba Rudland!

!

-# Em geral não sou um brutamontes. Mas não me su bestime. Vamos nos casar e ponto final.

Darien não teria de subir ao altar se não quisesse, nin guém o forçava a nada. Ali estava, numa bandeja de prata, a oportunidade de fugir.

-# Quer mesmo que eu seja sua esposa?

-# Sou um cavalheiro e faço questão de reparar os meus erros.

-# Então sou um erro?

-# Eu deveria ter agido com maior sensatez, e não tê-la seduzido. Muito menos poderia abandoná-la durante as se manas que se seguiram. E para isso não existe desculpa, exceto os meus defeitos. Não permitirei que o meu bom nome seja enxovalhado, por isso terá de se casar comigo. — Darien mostrava-se igualmente constrangido.

-# O senhor deseja a mim ou à sua honra?

-# As duas são a mesma coisa.

28 de agosto de 1819, Eu me casei com Darien.

A cerimônia foi simples. Os convidados resumiram-se aos avós de Serena, à esposa do vigário e, por insistência da noiva, à presença de MacDownes.

Seguindo a vontade de Darien, eles partiram para a Nortúmbria imediatamente após a cerimônia, que foi rea lizada às primeiras horas da manhã. O trajeto seria longo até Rosedale, o presbitério da época da Restauração que os recém-casados chamariam de lar.

Srena despediu-se de todos e Daren ajudou-a a subir na carruagem, segurando-a pela cintura por mais tempo do que o necessário. Ele se admirou pela satisfação que experimentava.

No tempo em que havia vivido com Rey, não tivera um minuto de paz. Fora arrastado àquela união num ímpeto vertiginoso de desejo e excitação que se transformara de pressa em desilusão e num terrível sentimento de perda. E depois de tudo acabado, restara apenas o ódio.

Admitiu agradar-lhe a idéia de ter Serena como esposa. Ela nunca o trairia, fosse com o corpo ou com o pensamento. Mesmo sem a obsessão que experimentava por Rey, de sejava Serena com uma intensidade que o surpreendia. Vê-la, sentir seu perfume, ouvir sua voz... despertava seu desejo. Tocar-lhe no braço e sentir o calor de seu corpo era imensamente aprazível. Gostava de recordar o que aconte cera entre eles.

Fechava os olhos e voltava ao pequeno pavilhão de caça. Cobria o corpo dela com o seu e voltava a ser dominado por um sentido primitivo e selvagem.

Darien entrou no veículo e sentou-se do mesmo lado, em bora mantendo uma certa distância para conter a vontade de tomá-la nos braços.

Viajariam por muitas horas naquele dia. Seria prudente esperar um pouco.

Enquanto o coche deixava Edimburgo, Darien notou que ela tinha as mãos crispadas sobre a saia verde do vestido de noiva. Os nós dos dedos brancos eram um testemunho de seu nervosismo. Por duas vezes desejou acariciá-la, mas desistiu por não saber como seria recebido.

-# Se quiser chorar — falou com suavidade —, eu não a julgarei mal.

-# Estou bem. — Ela continuou a olhar em frente.

-# Tem certeza?

-# Claro. Acabei de me casar, e isso não é o que toda mu lher deseja?

-# Era o que almejava?

-# Agora é um pouco tarde para se preocupar a respeito, não acha?

-# Não sou tão terrível assim, querida. — A afirmativa veio acompanhada por um sorriso torto.

Serena riu, nervosa.

-# Claro que não. O senhor... você é tudo o que sempre desejei. Não é isso que tem me repetido há dias? Que sempre o amei?

-# Venha cá. — Darien desejou que aquelas palavras não fossem tão irônicas. Então, apara amenizar o mal-estar, pu xou-a pelo braço.

-# Quero ficar aqui... espere... Ah! — Serena teve a im pressão de ter sido segura por uma cinta de ferro.

-# Assim é bem melhor, não é?

-# Agora não posso olhar pela janela — resmungou com azedume.

-# Ali fora não há nada que não tenha visto antes. — Darien afastou a cortina e espiou. — Gramados, árvores, umas poucas choupanas. Tudo sempre igual. — Acariciou-lhe a mão. — Gostou do anel? Sei que é simples, mas alianças apenas de ouro fazem parte dos hábitos da minha família.

A respiração dela tornou-se mais rápida ao sentir o calor dos dedos de Darien.

-# É linda. Também não gosto de muita ostentação.

-# Foi o que imaginei. Você é uma mulher elegante. Ela corou e girou o anel no dedo sem parar.

-# Hotaru é quem escolhe as minhas roupas.

-# Mas tenho certeza de que não se deixaria persuadir a usar nada espalhafatoso.

Serena fitou-o de viés. Com um sorriso bondoso e singelo, Darien ergueu-lhe a mão e beijou levemente a parte interna do pulso e anunciou:

-# Tenho um presente para você.

Ela não ousou fitá-lo para não perder a compostura.

-# Olhe para mim — Darien pediu e, com dois dedos sob o queixo de Serena, virou-lhe o rosto para ele. Tirou do bolso uma caixinha de veludo. — Por causa da correria desta semana, esqueci-me do anel de noivado.

-# Oh, mas isso não era necessário — ela alegou sem muita convicção.

-# Shh... — sorriu maliciosamente —, e aceite o ofereci mento.

-# Está bem — Serena murmurou e levantou a tampa da caixinha. Dentro brilhava um diamante oval circundado por duas safiras. — É lindo, e combina com os seus olhos.

-# Eu lhe asseguro que essa não foi a minha intenção — garantiu ele com voz rouca, tirou o anel da caixinha e o des lizou pelo dedo de Serena. — Serviu?

-# Perfeitamente.

-# Tem certeza?

-# Eu diria, se não servisse. Muito obrigada pela atenção. — Ela inclinou-se para o lado e beijou-lhe a face.

Darien segurou-lhe o rosto entre as mãos.

-# Verá que não serei um marido tão terrível. — Beijou-a levemente nos lábios, e Serena amoldou-se àquele corpo irresistível, seduzida pelo calor e pelas palavras murmura das. — Tanta doçura e suavidade... — Com agilidade tirou os grampos dos cabelos dela, correndo os dedos por entre eles. — Eu jamais poderia imaginar...

Serena expôs o pescoço para facilitar o acesso.

-# O quê?

-# Que eu te desejasse tanto, que receberia uma retribui ção à altura e que tudo seria assim — respondeu, beijando-lhe a pele alva do pescoço.

-# Eu sempre soube — ela afirmou sem refletir, mas não se importou.

Os beijos recomeçaram, dessa vez com mais intensidade.

-# Você é uma moça deveras inteligente. Eu deveria tê-la escutado há tempos.

Ele baixou-lhe o vestido nos ombros e pressionou os lábios no alto do busto. Aquilo foi demais para ela, que arqueou as costas e não ofereceu resistência ao sentir que seu corpete começava a ser desabotoado. Em segundos o vestido veio parar na cintura e Darien tomou o bico de um seio entre os lábios.

Ela gemeu tanto pelo susto como pelo prazer.

-# Ah... mais... não pare...

-# Essa é uma ordem que obedecerei com o maior prazer. — Ele repetiu a tortura no outro seio.

Enquanto beijava e sugava, Darien continuava a acari ciá-la com as mãos, ao redor da cintura, nas costas e nas pernas, como se pretendesse marcá-la para sempre como sua propriedade.

Serena sentia-se feminina e devassa. A excitação quei mava em seu interior e nos lugares mais estranhos.

-# Ah, como eu te desejo... — Ela passou os dedos nos cabelos de Darien. — Eu quero... aquilo.

Ele acariciou-lhe a parte interna das coxas e continuou subindo. Porém, antes de tocá-la, sussurrou-lhe ao ouvido:

-# Às suas ordens, lady Chiba.

Serena não teve tempo de surpreender-se com o novo sobrenome. Esforçava-se para não gritar pelos carinhos eró ticos nos quais Darien se esmerava.

Nisso, ele afastou a cabeça, mas não os dedos. Serena o mataria se tentasse abandoná-la.

-# Sei de algo que vai agradá-la ainda mais. — Darien sorriu.

Ela ficou assustada ao vê-lo de joelhos no piso da car ruagem.

-# O que vai...

Não conseguiu terminar a pergunta ao vê-lo enfiar a ca beça sob suas saias, e precisou sufocar um grito ao senti-lo fazer um trilha quente e úmida de beijos ascendentes na coxa.

Não teve mais dúvida qual seria o ponto de chegada da quela viagem alucinante, quando Darien separou-lhe as per nas e preparou-a para...

Seus lábios.

Depois disso, a razão perdeu o sentido. O que ela sentira na primeira vez, que havia sido muito bom, não era nada em comparação com o que acontecia naquele momento. A boca depravada de Darien enfeitiçou-a. E quando ela se sa cudiu e o mundo se partiu em milhões de partículas, a emo ção envolveu seu corpo e sua alma.

Serena encontrava dificuldade para respirar. Como al guém conseguiria sobreviver àquela turbilhão de loucas sensações?

De repente, ela viu o rosto sorridente de Darien.

-# Meu primeiro presente de casamento para você — ele anunciou.

-# Eu... eu...

-# Apenas um agradecimento será o suficiente.

-# Obrigada. — Serena suspirou e Darien beijou-lhe a boca.

Ele vestiu-a cuidadosamente e terminou com uma carícia no braço, parecia estar com a paixão arrefecida, enquanto a de Serena continuava em chamas.

-# Você não... quer...

Ele a fitou com intensidade.

-# Não há nada no mundo que eu mais deseje. Porém terei de abster-me, a menos que prefira passar a noite de núpcias dentro de um veículo em movimento.

-# E por que fez... isso?

-# Foi um pequeno regalo para minha esposa.

-# Ah... — Ela procurou lembrar-se por que pretendera evitar o casamento com tanta veemência.

Seria maravilhoso ter a vida inteira recheada de pequenas lembranças.

Exausta, lânguida e sonolenta, encostou-se em Darien.

-# Podemos fazer isso de novo? — perguntou, saboreando o calor do marido.

-# Com certeza. — Ele sorriu e observou-a adormecer. — Eu prometo.

De acordo com os padrões aristocráticos, Rosedale era de proporções modestas. A residência aconchegante e requin tada pertencia aos Bevelstoke havia gerações. O filho mais velho, por direito consuetudinário, utilizava a mansão rural antes de ascender ao condado e a Haverbreaks, que era mui to maior. Darien amava Rosedale, as paredes de pedra e os telhados com bordas de ameias. Amava, sobretudo, a paisa gem agreste, domesticada apenas por centenas de rosas, plantadas ao redor da casa.

O casal almoçou na fronteira e chegaram tarde da noite. Serena explicara que o movimento dos veículos a deixava sonolenta e dormira durante algum tempo. Darien não se incomodou. Gostava do silêncio da noite, quebrado apenas pelo trotar dos cavalos, das rodas e do vento. Gostava deacompanhar o luar que se infiltrava pela janela. Tinha prazer em contemplar a esposa.

Ao apear da carruagem, ele pediu silêncio aos criados que se aproximavam para ajudar, recuou e tomou a esposa nos braços. Ela nunca estivera em Rosedale, embora não fosse tão longe da região dos lagos.

E desejou começar a compartilhar a vida a partir do gosto do lugar que tanto amava. E achou que seria possível, que seriam felizes assim.

Darien se detivera em Rosedale a caminho da Escócia e tinha instruído os criados para aprontarem a casa. Por ele não haver declarado uma data precisa da volta, a criadagem não estava reunida para saudar a nova viscondessa. Darien alegrou-se, pois assim não a acordaram.

Entrou em seus aposentos e notou que a lareira já estava acesa. Embora estivessem no verão, as noites na Nortúmbria eram frias.

Deitou Serena na cama, e dois criados trouxeram a pe quena bagagem. Darien sussurrou ao mordomo que sua es posa talvez quisesse conhecer os criados pela manhã ou até mesmo mais tarde.

Serena, murmurando de maneira inconsciente, abraçou um travesseiro. Assim que o mordomo saiu, Darien aproxi mou-se dela e cochichou:

-# Não durma ainda. Vamos tirar as roupas. — Como ela estava deitada de lado e não respondeu, ele pôs-se a lidar com os botões das costas. — Pode sentar-se para eu tirar o seu vestido?

Como uma criança sonolenta, permitiu que ele a sentasse.

-# Onde estamos? — bocejou, não totalmente desperta.

-# Em Rosedale, sua nova casa. — Darien levantou-lhe o vestido até os quadris.

-# Ah, que bom. — Serena se largou de novo na cama. Ele sorriu, indulgente, e tornou a levantá-la.

-# Só mais um minuto. — Com habilidade, puxou o vestido e passou-o pela cabeça.

-# Hum... — ela murmurou e procurou entrar embaixo do acolchoado.

-# Ainda não. — Darien segurou-a pelo tornozelo. — Não costumamos dormir vestidos.

A camisa foi jogada no chão por cima do vestido. Serena, sem perceber que estava despida, finalmente cobriu-se, sus pirou e adormeceu.

Darien achou graça e observou-a. Nem notara que os cílios dela eram tão longos. Cansado, também tirou as roupas e deitou-se. Puxou-a para o centro da cama e achegou-se no calor daquele corpo frágil. A pele suave era convidativa e ele acariciou-lhe o ventre. Talvez sentindo cócegas, Serena deu um gritinho e virou-se.

-# Vai dar tudo certo — sussurrou.

Sentiam afeto e atração, o que nem todos os casais tinham. Darien beijou-lhe os lábios e traçou seu contorno com a ponta da língua.

Serena descerrou as pálpebras.

-# Está me parecendo a Bela Adormecida, que é acordada com um beijo.

-# Onde estamos?

-# Em Rosedale. Você já me perguntou isso.

-# É mesmo? Não me lembro.

-# Ah, minha querida, você é uma pessoa muito doce — constatou, tornando a beijá-la.

Serena suspirou de contentamento, mas tornou a fechar os olhos.

-# Turner?

-# Sim?

-# Desculpe-me.

-# Por quê?

-# Eu não posso... isto é, estou muito cansada. — Bocejou. — Não posso cumprir com o meu dever.

Ele sorriu, tomou-a nos braços e a beijou na testa.

-# Não pense em algo tão esplêndido como se fosse um dever. E eu não sou um patife para forçar uma mulher exaus ta. Temos muito tempo, não se preocupe.

Serena já havia adormecido e Darien beijou-lhe os ca belos.

-# Temos a vida inteira.

Serena acordou primeiro naquela manhã. Bocejou e abriu os olhos. A luz do sol se insinuava por entre as cortinas, mas não era por isso que a cama estava quente. Encontra va-se aconchegada em Darien, que a abraçava pela cintura. Era ele que irradiava calor.

Virou-se para observá-lo melhor. O rosto aparentava jovialidade, característica acentuada pelo sono. Parecia um anjo, sem nenhum traço do cinismo que às vezes lhe toldava a expressão.

-# Temos de agradecer a Rey por isso — ela murmurou e tocou-lhe a face.

Darien se mexeu e balbuciou qualquer coisa, dormindo.

-# Ainda não, meu amor. — Corajosa por ele não a escu tar, usou palavras de carinho: — Gosto de apreciar você dormindo.

Darien dormia, enquanto ela escutava sua respiração. De cididamente, estava no paraíso.

Finalmente ele se espreguiçou e abriu os olhos. Fitou-a, sonolento e sorridente.

-#Bom dia — murmurou, ainda tonto de sono.

-# Bom dia. Darien bocejou.

-# Faz tempo que está acordada?

-# Não muito.

-# Está com fome? Posso pedir o desjejum. Serena negou com um gesto de cabeça.

-# Seu rosto fica rosado pela manhã — disse sorrindo, depois de bocejar também.

-# É mesmo?

-# Sua pele está brilhando.

-# Não pode ser.

-# É verdade, acredite em mim.

-# Minha mãe sempre me dizia para desconfiar de homens que dizem isso.

-# Bem, ela não me conhecia — improvisou e tocou os lábios dela com a ponta do indicador. — Eles também estão rosados.

-# Verdade?

-# Sim, mas não tanto como outras partes do seu corpo. Serena ficou vermelha.

-# Estas, por exemplo. — Darien roçou as palmas nas pontas dos seios e depois acariciou-lhe a face. — Ontem à noite você estava muito cansada.

-# É verdade.

-# Nem mesmo teve condições de atender a certos com promissos.

Ela engoliu em seco e evitou gemer enquanto Darien lhe acariciava as costas.

-# Creio que está na hora de consumar o nosso matrimônio — ele cochichou, mordiscando-lhe a orelha.

Quando Darien a puxou de encontro a si, Serena enten deu que o assunto era urgente. Ela sorriu com fingida reprovação.

-# Se está lembrado, o caso foi resolvido prematuramente.

-# Isso não valeu — Darien contestou, alegre. — Nós não éramos casados.

-# Então não deveríamos ter subido ao altar.

-# Suponhamos que esteja certa, mas afinal tudo foi so lucionado. Não creio que vá se aborrecer comigo por eu ser tão viril.

Apesar da sua ingenuidade, Serena revirou os olhos, po rém não chegou a responder. Darien manipulava os mamilos, e a sensação se refletia entre as pernas de Serena.

Ela teve a impressão de que derreteria sob as carícias sensuais. Darien beijou-lhe os seios, o ventre e as pernas. Não havia parte do corpo da esposa que não o interessasse.

Deitada de costas, Serena não sabia o que fazer. Contorcia-se e gemia, dominada pelas prazerosas sensações.

-# Gosta disso? — Darien beijou-lhe a parte interna dos joelhos.

-# Adoro tudo o que você faz. Ele beijou-a na boca.

-# Nem pode imaginar como me agrada ouvi-la dizer isso.

-# O que talvez possa não ser respeitável.

-# Não menos do que eu lhe fiz na carruagem. Serena enrubesceu com a lembrança e teve de se conter para não pedir uma repetição.

Darien tinha a capacidade de ler sua mente ou, pelo menos, sua expressão. Com um resmungo de prazer, ele fez um caminho descendente de beijos até atingir-lhe a feminilida de. Beijou a parte interna de uma coxa e depois da outra.

-# Ah, sim... — Serena esqueceu a vergonha. Não se importava se Darien a transformava numa libertina. Só que ria sentir prazer.

-# Minha doçura...

Darien pôs a mão no monte de Vênus, sua respiração quente tocando a pele delicada. Ela ficou tensa, apesar da intensidade com que desejava o contato.

Ele inclinou-se e beijou o ponto mais sensível. Incapaz de dizer alguma coisa coerente, Serena dava gritos agudos de prazer. Agarrou-se nos cabelos do marido e movimentou sen sualmente os quadris. Darien fez um movimento para se levantar, mas ela segurou-o com firmeza, impedindo-o de sair do lugar. Depois de alguns momentos, ele soltou-se e alçou o corpo até nivelar seus lábios com os dela.

-#Pensei que não me deixaria mais respirar—murmurou.

Serena corou, e ele mordiscou-lhe a orelha.

-# Gostou disso?

Ela anuiu, incapaz de falar.

-# Há muitas coisas para você aprender.

-# Eu poderia... — Como perguntar tal coisa?

-# O que pretende fazer?

Serena procurou afastar a vergonha.

-# Eu poderia... tocar em você?

Em resposta, Darien segurou-lhe a mão, passou-a pelo pró prio corpo e, quando chegou à sua masculinidade, Serena, num ato reflexo, recuou os dedos. Era muito mais quente do que imaginara e muito mais rijo. Paciente, ele guiou a mão delicada de volta. Dessa vez Serena iniciou por conta própria os afagos e maravilhou-se com a suavidade da pele distendida.

-# É diferente e estranho.

Darien deu risada, mais para conter o desejo que o tor turava.

-# Para mim sempre pareceu normal.

-# Eu quero ver.

-# Ah, querida. — Ele teve de cerrar os dentes.

-# Espere um pouco. — Ela puxou as cobertas sem avisar e descobriu-o. — Oh, Senhor! — Serena inspirou fundo. Não podia acreditar que tudo aquilo coubesse dentro dela. Ainda curiosa, envolveu o membro com a mão e apertou-o ligeiramente.

Darien quase caiu da cama.

-# Eu o machuquei? — perguntou, largando-o imediata mente.

-# Não. Por favor, faça de novo.

Ela sorriu, satisfeita, e repetiu a carícia.

-# Posso beijá-lo?

-# Acho melhor não — Darien respondeu, embriagado de prazer.

-# Mas se você... fez isso comigo...

Ele deu um gemido, deitou-a de costas e acomodou-se en tre suas pernas.

-# Poderá fazer isso mais tarde.

Incapaz de controlar por mais tempo sua paixão, Darien beijou-a com volúpia e, apressado, afastou aquelas pernas bem torneadas com o joelho.

Serena ergueu os quadris para permitir-lhe mais facil mente o acesso. Darien penetrou-a e começou a movimen tar-se para a frente e para trás, devagar, porém com firmeza.

-# Ah, Serena... — ele gemeu. — Oh!

Ela virava a cabeça de um lado para outro. Não conseguia manter-se imóvel, mesmo presa no lugar com o peso de Darien.

-# Você é minha, Serena? — indagou ele com voz rouca, aumentando o ritmo das investidas.

Ela gemeu em resposta.

Darien parou, fitando-a com olhar arrebatado e pene trante.

-# Responda.

-# Eu sou sua — Serena sussurrou.

-# Toda minha, desde aqui... — Ele segurou-lhe um seio com a mão em concha — ...até aqui. — Passou o dedo pelo contorno do rosto. — E aqui. — Saiu de dentro dela e, logo em seguida, investiu novamente até o fim.

-# Oh, Darien! Tudo o que você quiser! — Serena ex clamou.

-# Eu quero você.

-# Eu sou sua. Juro.

-# Prometa que não conhecerá ninguém mais. — Nova mente Darien deslizou para fora.

Serena ficou desolada ao não senti-lo mais e por pouco não chorou.

-# Prometo, juro. Por favor, volte para mim.

Ele tornou a penetrá-la, e Serena inspirou com alívio e desejo renovado.

-# Jamais haverá outro homem. Entendeu?

Ela sabia que aquela agressividade toda se devia à traição de Rey, mas envolvida na paixão do momento, nem pen sou em recriminá-lo por estar sendo comparada à falecida.

-# Eu nunca desejei outro homem.

-# Nem pensará em mais ninguém — Darien afirmou, como se a verdade dependesse do que dizia.

-# Em tempo nenhum! Por favor, eu preciso... de você...

-# Sei o que está querendo.

Ele tomou um dos mamilos entre os lábios e aumentou o ritmo das arremetidas. Serena sentiu aumentar a pressão, e espasmos de prazer dardejavam em seu ventre, braços e pernas. Pensou que fosse morrer no momento em que as convulsões tomaram conta de seu corpo, que apertava aquela masculinidade como luva de seda. Gritou o nome do marido e agarrou-se nos braços fortes, enquanto seus ombros se er guiam da cama com a força do clímax.

A intensidade da realização de Serena alçou Darien a um indescritível prazer. Com um grito abafado, ele investiu pela última vez com ímpeto e até o fim. O êxtase foi tamanho que ele mesmo ficou admirado. Depois, exausto, largou-se por cima dela.

Não se recordava de ter experimentado satisfação tão grande. Era como se os toques e os movimentos tivessem um significado especial e fossem exacerbados pela certeza de que Serena era somente sua. Espantou-se pelo próprio senso de posse e por havê-la feito jurar fidelidade. Desgos tou-se pelo fato de ter manipulado a paixão de Serena para servi-lo.

Ela estaria com raiva e o odiaria por aquilo? Darien er gueu a cabeça e fitou-a. De olhos fechados, ela sorria como uma mulher satisfeita.

-# Está corada, querida.

-# Ainda? — Ela não abriu os olhos.

-# Bem mais.

Ele apoiou-se nos cotovelos para aliviar o peso e não su focá-la. Com a ponta do indicador acariciou-lhe a face, o con torno dos lábios e dos olhos. Cutucou os cílios.

-# Abra-os.

-# Bom dia. — Ela descerrou as pálpebras.

-# Um dia, aliás, que começou de modo excelente — Darien deu um sorriso maroto.

-# Não está desconfortável? — Sentiu-se envergonhada sob o olhar intenso.

-# Gosto de observá-la por cima.

-# Mas os seus braços...

-# São fortes e poderão sustentar-me por mais tempo. Embaraçada, ela virou o rosto.

-# Não, senhora. Olhe para mim. — Com a ponta do dedo no queixo, Darien a fez encará-lo. — Você é muito bonita.

-# Não sou. — Serena não ignorou a mentira.

-#Vai parar de discutir comigo sobre isso? Sou mais velho e conheço muitas mulheres.

-# Conhece? — Ela não duvidou da afirmativa.

-# Isso, minha querida esposa, é outro assunto que não requer discussão. O importante é que sou um pouco mais experimente do que você e terá de aceitar a minha opinião a respeito. Se eu digo que é bonita, significa que é verdade.

-# Sei que é boa vontade sua...

-# Está começando a me irritar, doçura.

-# Deus do céu, não tive intenção de fazê-lo.

-# Ainda bem.

-# Você é muito atraente, Darien. — Ela o fitou com um sorriso matreiro.

-# Obrigado — ele respondeu, magnânimo. — Viu como eu aceito um elogio sem hesitar?

-# Já estragou o efeito por salientar seus bons modos.

-# Ah, essa língua afiada... Terei de fazer algo a respeito.

-# Beijar-me, talvez?

-# Sem problemas. — Ele traçou-lhe com a língua o contorno dos lábios. — Muito gostoso.

-# Não sou geléia de frutas.

-# Ah, de novo a mordacidade. — Darien suspirou.

-# Acho que terá de continuar me beijando.

-# Está bem... — Ele suspirou como se o pedido fosse uma ordem, abaixou-se e beijou-a.

Depois, ergueu a cabeça e fitou aquele rosto e o corpo resplandecente. Essa talvez fosse a única palavra certa para descrever o brilho que emanava da pele tão clara.

-# Por Deus, Serena... Você é muito bonita! Darien abaixou-se, rolou de lado e tomou-a nos braços.

-# Nunca vi ninguém com este aspecto radioso. Vamos ficar deitados sob o efeito deste encantamento.

Ele adormeceu, pensando no excelente começo de seu ma trimônio.

6 de novembro de 1819,

Faz dez semanas que Darien e eu nos casamos, e esta é a terceira desde a última menstruação. Não me sur preenderia se estivesse grávida novamente e com tanta rapidez. Darien é um marido muito atencioso.

Não tenho do que me queixar.

12 de janeiro de 1820,

Quando fui tomar banho esta noite, tive a nítida im pressão de que o meu ventre estava um pouco dilatado. Creio que desta vez a gestação vingará.

30 de abril de 1820,

Ah, estou enorme e ainda faltam três meses. Darien não se cansa de adorar o meu tamanho e está convencido de que será uma menina. "Eu ", ele sussurra a toda hora para a minha barriga.

Mas somente para ela, não para mim. Para ser sin cera, eu também não pronunciei mais as três palavras, mas tenho certeza de que Darien não as esqueceu. Afi nal, eu disse que o amava antes do casamento e ele afir mou que ninguém deixa de amar com tanta facilidade.

Sei que Darien tem afeição por mim. Por que ele não pode me amar? E se me ama, por que não expressa seus sentimentos?


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