_Oi Math! – disse alguém chegando por trás de mim.

Virei-me para olhar e disse assustado:

_Você aqui?

Era Oliver Mattos, um dos amigos de Will, talvez o que ele mais confiasse. Um moreno alto, com cabelo preto, aparentando ser índio.

_O que você quer? – perguntei desconfiado – Como sabe meu nome?

_Todo mundo sabe quem é você por aqui! – Oliver respondeu sorrindo.

_O quer você quer dizer?

_Você sabe, as coisas que você faz, todos sabem!

_Desculpe?

_Não é nada! Eu só estava passando e vi você aqui.

_Você não é amigo do Will? Não devíamos estar nos falando.

_Por quê? Vocês não são inimigos, né? Ou são? – não houve resposta – De qualquer forma, eu não tenho nada a ver com isso.

_Tem razão!

_Vou voltar pra sala antes que venham atrás de mim! Ah, e se perguntarem por mim, diga que não me viu! Pode fazer isso?

_Claro, mas você não estava indo pra sala?

_Eu sei como é chato ter que mentir pra guardar um segredo. Mas, às vezes pode ser divertido! – e saiu imediatamente.

Fiquei confuso, eu não tinha entendido direito o que Oliver quis dizer. Mas de uma coisa eu tinha certeza, muitas daquelas palavras faziam sentido.

Era estranho, eu não conseguia entender porque ele foi falar comigo. Mas o que mais me incomodou foi ele dizer que todos sabiam das coisas que eu faço. De que coisas ele estava falando? Eu já começava a pensar que Will tinha pesquisado sobre minha vida. Ele seria capaz de tal coisa?

Eu já estava ficando pirado com essa história.

 –

Na última aula, eu já estava de volta à sala e novamente fui me sentar ao lado de Chris. Eu queria ter certeza que ele não contaria nada a ninguém.

_Está mais calmo? – Chris perguntou.

_Acho que sim! – respondi educadamente – Depois de uma ameaça de expulsão, tudo muda!

_A diretora ameaçou te expulsar?

_É, mas não vai acontecer.

_ Fico feliz!

_Sério? Por quê?

_Sei lá, você parece ser legal!

_Você achou mesmo? Logo hoje que eu passei todas as más impressões possíveis.

_Não é verdade! E de qualquer forma, já te conheço há um ano.

_E porque nunca nos falamos mesmo?

_Estou tendo descobrir, Matheus.

_Só Math!

_Tudo bem, só Math... Então eu sou o só Chris!

_Satisfação, só Chris.

Rimos.

_Você também é legal! – elogiei.

_Ah valeu – ele parecia sem graça ao dizer.

_Bom, sobre hoje...

_Não precisa! – ele me interrompeu.

­_Só estou tendo um dia difícil.

_Eu entendo! Pode acreditar...

_Pessoal! – chamou Will – Juntem-se aqui! Vou tirar uma foto da turma.

_Vamos? – Chris perguntou.

_Vai lá! – respondi – Eu não estou afim.

Todos se reuniram em frente ao quadro à frente da sala. Todos, exceto eu!

_Vai também, Math! – disse Will.

_Ah não! – respondi confuso

Will entregou a câmera ao professor, que tirou uma foto de todos.

Eu fiquei pensando naquilo. Will agora se faria de bonzinho?

_Você viu isso? – perguntei a Chris quando ele voltou ao seu lugar.

_O quê? – ele perguntou curioso.

_O William falando pra eu ir também. Eu sinceramente não sei o que esse garoto quer de mim.

_As pessoas são falsas, Math! – disse ele – Só até elas conseguirem o que querem!

_Depois se revelam, certo?

_Exatamente!

Chris estava certo. Sempre foi assim! E eu sempre fui um garoto fútil que acreditava facilmente nas pessoas e depois quebrava a cara. Mas não dessa vez.

A aula chegou ao fim e nós dois estávamos bem próximos, eu já conseguia confiar no Chris, pelo menos a ponto de acreditar que ele não contaria nada a ninguém, e pra mim já estava bom assim.

Eu estava indo embora com a Débora como de costume. Mas estava me sentindo um pouco traído por ela, já que ela, Jhulie e Stéffy estavam de conversinha com William. Mas nem reclamei com ela sobre isso, já que eu resolvi dedicar meu tempo na aula em me tornar amigo do Chris. E talvez a Debby só estava com as meninas, talvez elas fossem as reais traidoras. Mas naquele momento, eu não me importava com isso, pois sabia que não ia deixar mais com que Will me atingisse. E também, eu não estava muito em posição de reclamar das atitudes da Debby naquele dia, já que eu não tinha sido muito amigável com ela.

_Até que enfim esse dia acabou! – disse.

_Na verdade, ainda falta muito pra acabar. – Débora respondeu

_Eu sei, só que nada de ruim pode acontecer mais já que a aula acabou!

_Tipo ser expulso?

_É isso também!

_Sabe, você devia tentar ser amigo do Will, vocês tem muito a ver um com o outro.

_Assim você me ofende!

_De verdade, vocês são muito parecidos!

_Sabe muito de uma pessoa que acabou de conhecer, não acha?

_Se você tivesse menos preocupado em fazer o mal a ele, perceberia também!

_Ei, quem quer fazer o mal pra mim é ele! Não eu.

_Tipo o que?

E nesse instante meu celular tocou, enfiei a mão no bolso rápido e o apanhei. Era uma mensagem multimídia. Sem pensar muito no que poderia ser, abri logo a mensagem e apareceu uma foto minha com Sam no banheiro e nela estava escrita: “Você não ia gostar que seus amigos ficassem sabendo o que aconteceu no banheiro”

Fiquei incrédulo.

_O que aconteceu no banheiro? – Débora perguntou assustada.

                                           (...)