Capítulo 7 – Pela montanha acima

A estratégia do Elijah mostrou-se bastante eficaz. Fingimos que não queríamos a Cura para nada, víamos os outros a desdenharem-se para encontrarem uma peça importante para a busca de Cura e quando todos planeavam a viagem, aparecemos. Ninguém suspeitou de nada, até nos virem com mochilas e sacos de cama, prontos para a viagem até à Nova Escócia.

-Isto vai ser muito interessante – comentei baixinho com Elijah, quando começámos a peregrinação pelo meio da floresta.

Shane seguia à frente, com Damon ao lado. Rebekah, Stefan e Elena iam logo atrás. Depois íamos nós e atrás iam Bonnie e Jeremy.

-Há mais que está assustado? – perguntou Elena.

-Então vai embora – sugeriu Rebekah. – A tua presença aqui é inútil. Shane é a bússola humana, Bonnie é a bruxa, Jeremy tem o mapa, Stefan e eu temos a pedra do túmulo ,que faz sabe-se lá o quê, e Elijah e Jo querem a Cura.

-Então e eu? – indagou Damon.

-Tens um bom traseiro! – respondeu Bekah sem qualquer hesitação.

Revirei os olhos e tentei não gargalhar.

As horas foram-se passando e eventualmente tivemos que acender as lanternas. O interessante era que Shanes não parava de falar, tornando tudo interessante, porque todos nós tínhamos dúvidas.

-Séculos depois da Quetsiah ter morrido, mineiros que estavam a escavar um poço ficaram loucos, assim do nada. Morreram por perda de sangue, sem motivo aparente. Então, diz-se que estes mineiros, pela troca de uma gota de sangue, poderiam ver os seus entes queridos mortos no poço que estavam a escavar. A lenda viajou e os exploradores foram ver o poço para ver se era verdade.

-Então o poço era mágico? – indagou Bonnie.

-Algumas pessoas acreditam que as vozes dos entes queridos eram correntes de ar entre os vórtices do poço. As visões eram causadas por uma planta da ilha que tinha um veneno que causava ilusões.

-E no que acreditas tu? – perguntei e parámos todos para ouvir Shane.

-Acredito em magia. O meu filho e a minha esposa morreram com meses de diferença. Por isso decidi tentar a lenda por mim mesmo. Ofereci o meu sangue e esperei. Eu vi-a. Vi os seus olhos, o seu sorriso. O meu sangue permitiu-me vê-la.

-É, percebi. Não vamos comer plantas venenosas na ilha – disse Damon, acordando-nos do pequeno transe em que estávamos todos. Apertei a mão de Elijah, talvez com um pouco de força a mais, com medo da história de Shane.

Damon avançou e todos nós seguimos em frente, mas então Shane exclamou:

-Esperem! Parem, parem! Estão todos a tomar atenção? Primeira lição de sobrevivência – pegou numa pedra pequena e atirou-a para a frente. Uma armadilha levantou-se do chão e ergueu-se a vários metros. – Fiquem juntos e mantenham os olhos bem abertos.

Continuámos a avançar e eu murmurei para Elijah:

-O que achas de história dele?

-Acho que é um homem magoado que queria a todo o custo ver o amor da sua vida. Mas por outro lado, já vivi bastante tempo para ver que a magia consegue ser muito poderosa. Contudo, magia que exija sangue, não é magia boa. É Negra.

-Jeremy, cuidado! – gritou Elena atrás de nós e derrubou Jeremy. Uma seta passou pelo local onde eles anteriormente estavam. Avancei para eles, a tempo de ver o homem a morrer.

-O que raios acabou de acontecer aqui? – indagou Elena.

-Alguém acabou de salvar a minha vida – respondeu Jeremy, surpreendido.

-Vamos continuar a andar – sugeriu Elijah. – Já é de noite e temos que encontrar um sítio para acampar.

Continuámos a andar mais um quilómetro, quando chegámos a uma clareira que tinha uma casa de madeira.

-Que lugar é este? – perguntou Stefan a Shane.

-Uma lenda diz que um grupo de alunos veio acampar aqui nas férias da Páscoa e semanas depois foram encontrados sem um pingo de sangue.

Arregalei os olhos.

-Trágico para eles. Ótimo para nós – afirmou Rebekah. – Quem dorme cá fora?

-Vamos montar a nossa tenda – falou Elijah e pousámos as nossas coisas num canto mais afastado dos outros, perto da casa da madeira.

-Achas que é seguro acamparmos aqui?

-Temos escolha? –brincou ele e começou a pegar as coisas para montar a tenda. Comecei a ajudá-lo.

-Não. O que estou a dizer é: achas que podemos confiar nele?

Elijah olhou de soslaio para trás, onde Damon estava a falar com Shane.

-Não vejo motivos para não confiar. Até agora, ele não nos enganou.

-Que saibamos – retorqui. – Como ficámos fora de tudo por um tempo, não temos a certeza de tudo.

-Foi a melhor estratégia – argumentou.

-Eu sei, eu sei. Aliás, até estou a admitir que foi maravilhosa. Nunca pensei nessa estratégia.

-O meu irmão morreu por causa desta estúpida guerra – murmurou ele e fez um nó com um pouco mais de força.

-Eu sei. Lamento por isso. Sabes que gostava de Kol. Pelo menos, o pouco que conheci dele.

-Vamos manter o nosso plano: ficar com a Cura sem acordar Silas – disse. – Juro, nunca vi Kol tão assustado em mil anos como o vi antes de ele… - engoliu em seco e eu dei-lhe um beijo nos lábios.

-Eu sei. Vamos manter esse plano. Acho que a parte de não acordar o Silas, todos concordam – forcei um sorriso, para o animar um pouco.

©AnaTheresaC